sábado, 10 de julho de 2010 By: Fred

PEGASUS LANÇAMENTOS E PRT APRESENTAM - INSTINTO PRIMITIVO 01 - À BEIRA DA SÚPLICA








Instinto Primitivo 01 - À Beira da Súplica
Rhyannon Byrd





Livro disponibilizado da lista do PRT
Pesquisa: Safire
Tradução do inglês: Milla Nebias
Revisão inicial: Milla Nebias
Revisão Final: Cris Skau
Formatação: Ana Rosa
Logo/arte: Bia Costa







Instinto Primitivo – 00. À Beira da Paixão – Pégasus Lançamentos (distribuído)
Instinto Primitivo - 01. À Beira da Súplica – Pégasus Lançamentos (distribuído)
Instinto Primitivo - 02. À Beira do Perigo - Pégasus Lançamentos (revisão inicial)
Instinto Primitivo - 03. À Beira do Desejo - Pégasus Lançamentos (revisão inicial)
Instinto Primitivo - 04. Toque de Sedução - PRT
Instinto Primitivo - 05. Toque de Rendição - PRT
Instinto Primitivo - 06. Toque de Tentação – PRT









Querida Leitora,

Estou tão animada para apresentar Edger of Hunter, o primeiro livro da minha nova série Instinto Primitivo com HQN Books. Situada dentro de um mundo onde criaturas paranormais vivem escondidas entre humanos que simplesmente os desconhecem, a trilogia de abertura desta série Dark, conta a história provocante dos irmãos Buchanan, começando com o acidentado, deliciosamente sexy Ian Buchanan.
Ian é o último menino mau, que se encontra lutando contra uma tentação perigosa e incontrolável quando a psíquica Molly Stratton vem para a cidade, afirmando receber mensagens do fantasma de sua mãe... e um aviso de que sua vida está prestes a mudar para sempre. De repente, Ian deve abraçar sua violência, uma fome visceral para proteger Molly de um mal antigo que misteriosamente voltou ao nosso mundo, fazendo com que a escuridão que habita dentro dele desperte. A primitiva escuridão que testará os limites do controle de Ian, enquanto prova para a humanidade que a única esperança é o futuro.
Estou emocionada por estar compartilhando a história de Ian e Molly com você, e espero que você venha a amar este romance perversamente sedutor, tanto quanto eu.

Tudo de bom,
Rhyannon



Para a Erótic Romance a autora Madison Hayes, que não só é um gênio das palavras,
mas uma amiga querida que eu simplesmente não poderia deixá-la de fora.

Obrigado por todo seu apoio e por estar sempre lá quando eu mais precisava!
Você é a melhor!
Muito amor.
Rhy O LIMITE DA FOME

A fome está chegando....

"Haverá tempo, haverá tempo
Para preparar um rosto para encontrar os rostos que você conhece..."
T. S. Eliot



Comentário da revisora final

O livro é muito bom, mostra a luta entre o que você acha correto e o que você deve fazer para salvar sua vida, a vida das pessoas que ama e dos inocentes. Ian luta constantemente contra sua "fome" por Molly. Ela é persistente, nada de frágil na nossa mocinha.
Tem cenas bem quentes, mas não é o fator principal da história. Estou ansiosa pelos outros.
O próximo conta a história de Saige, irmã do nosso TDB Ian, e o escuro e sexy Michael Quinn.





















CAPÍTULO UM
Henning, Colorado, Sexta-feira a tarde

A mulher é um problema.
Ian Buchanan soube disto no segundo que ele pôs os olhos nela pela maneira como ela desceu do carro alugado, coberto de pó, azul escuro. Sabendo disto ele soltou seu martelo, assistindo ela caminhar em sua direção, sua pequena forma iluminada pelo brilho laranja sufocante do sol da tarde enquanto ela cuidadosamente passava pelo terreno irregular do caminho até o edifício.
E as primeiras palavras foram tão suaves, boca rosada — seus lábios brilhantes e o doce olhar, voz jovial com um toque sensual, um pouco rouca — confirmou suas suspeitas.
— Sr. Buchanan, meu nome é Molly Stratton e eu estou aqui porque… bem, eu sei que vai soar louco, mas sua mãe, Elaina, pediu-me para vir e achar você.
Ela não riu. Não sorriu. Ela acabou olhando fixamente para ele com o maior par de olhos marrons que ele já havia visto. Esperando.
— Isto é certo?
Ele ignorou sua pequena mão estendida enquanto empurrava seus óculos de sol para cima de sua cabeça, levantado seu Coors, e tomou um longo gole de sua cerveja. O vidro da longneck era fresco contra o suor salgado de seus lábios, a cerveja muito gelada deslizou por sua garganta seca, glacial. Ela assistiu enquanto ele bebia, seu olhar escuro acompanhando o movimento de sua garganta à medida que ele bebia. Um suave rosa cobriu seu pálido rosto, leves sardas sugiram pelas maçãs do rosto à medida que ela olhava, aqueles lábios cheios levemente abertos. Uma reação espasmódica surgiu no baixo ventre de Ian em reação. Seu sangue ferveu.
Oh, sim, ela era um problema, tudo bem.
Observou a si mesmo reagindo tão facilmente a ela. Colocou a garrafa de volta no topo do seu refrigerador golpeando com uma batida diferente, observando pelo canto do olho o jeito que ela recuou na aspereza do som. Ela estava nervosa e, obviamente, louca como o inferno. Ou isso, ou era tola, olhando para uma contagem fácil.
 — Então me diga Luz do sol, -ele demorou, injetando a quantidade certa de sarcasmo em sua voz profunda. -você fala com os mortos muitas vezes, ou é hoje apenas meu dia de sorte?
Alcançando seus cabelos que agitavam pelo vento enganchou atrás da orelha esquerda e segurou seu olhar duro sem nem mesmo bater seus longos e grossos cílios, que molduravam seus olhos de um profundo castanho canela.
— Sim de fato, eu falo. Quantas vezes depende deles... Não de mim.
Ian olhou para ela enquanto as palavras estranhas passavam através de sua mente. Ela parou a poucos metros de distância de onde ele estava. Lançou seu olhar um tanto tímido e direto dessa forma que sempre chamava a atenção de um homem. A brisa da montanha do Colorado jogava seus cabelos sobre o ombro, cachos louro-mel, carregando um aroma para seu nariz que levava a um lugar entre desejar e necessitar, e algo quente pegou fogo em seu sangue, como um brilho ardendo de calor dentro dele. Mesmo lá no fundo, nos lugares onde as coisas sempre ficavam frias e calmas... e sem vida, onde nada e ninguém poderia tocá-lo, ele sentiu uma faísca de consciência desconfortável.
Colocando seus óculos de sol de volta para proteger os olhos, Ian pegou seu martelo e voltou ao trabalho, preparando a parede que tinha acabado de levantar. Ele não mais a olhava, mas ele ainda sentia o dela, com uma tensão que vibrava muito bem de seu corpo ao dele, em um ritmo rápido e trêmulo. Que diabos?
— Eu sei que parece impossível... -ela acrescentou - mas é verdade.
 Sim, com certeza era.
— Eles não têm remédios para pessoas como você, Senhorita Stratton? - perguntou ele com uma forte dose de sarcasmo, determinado a ignorá-la... o calor ... as gotas irritantes de suor deslizando para baixo por sua coluna sob o algodão úmido de sua camiseta. Para não mencionar a fome sexual indesejada que torcia beligerante seu intestino. - O que você fez? Perder uma dose?
— Eu não sou psicótica ou delirante. -Ela suspirou, parecendo cansada. Cansada, mesmo. -E eu não estou atrás de seu dinheiro ou...
— Bom, -resmungou com uma risada baixa. Com um sorriso torto ele olhou para ela através das lentes do óculo escuro -porque eu não tenho nenhum. Você acreditaria que eu queimaria cada centavo que eu possuo na Rede de Amigos Psíquicos?
Ela franziu a testa, mas a determinação esculpida em seu delicado rosto de anjo passando a ilusão de ser dura, embora ele soubesse instintivamente que ela não era. Louca? Obviamente. Mas havia algo vulnerável e suave nela que fascinava o inferno dentro dele.
Deus, ele era tão fodido.
— Olha, eu percebo que parece algum tipo de brincadeira com você, mas eu não estou tentando brincar. - ela murmurou, a mão esquerda remexendo no botão inferior de sua camisa, logo acima da cintura de suas calças. -Eu realmente não quero seu dinheiro ou outra coisa. A única coisa que eu estou pedindo é que você preste atenção ao que eu tenho para te dizer.
— Agora veja, - respondeu ele de forma lenta deslizando as palavras tão bem quanto um verdadeiro sulista. -o problema é que eu sou um tremendo bastardo pra isto. - Apontou o martelo na direção de seu carro, indicando que partisse. Agora. Antes que ele cedesse e esquecesse que era uma má idéia levá-la para cama. -Então, por que você não levanta seu bumbum louco de Henning e voltar para o lugar de onde veio?
Um som suave de irritação retumbou em seu peito, fazendo-o sorrir de si mesmo. Foi refrescante saber que a pequena Senhorita olhar inocente tinha temperamento, e ele viu-se perguntando como seria seu temperamento apaixonado quando ela estivesse realmente irritada. O suor que surgiu na testa não tinha nada a ver com o calor que subia em ondas do chão escaldante e tudo com o pacote feminino em pé na frente dele. Era culpa dele, ele estava muito tempo sem uma mulher. Agora ele estava em maus lençóis, e Ian sabia que deveria ter ignorado o seu interesse minguante e procurado por Kendra Wilcox no início da semana. Se ele tivesse ido em frente e obtido o previsto, então talvez ele não estivesse sendo envolvido pela pequena estranha fêmea em frente a ele, falando sobre as conversas com o fantasma de sua mãe.
— Olhe Sr. Buchanan. Se esquecer essa coisa toda fosse uma opção, então acredite, eu faria. Infelizmente, não é. Eu não tenho outra escolha senão seguir adiante com isso, você agindo como um idiota arrogante ou um cavalheiro.
Resmungando ao redor da unha, que ele tinha acabado de colocar entre os lábios, Ian arqueou a sobrancelha.
— Para aflição de minha mãe, eu nunca segui todo o caminho do cavalheiro sulista na vida. Tudo começou na fatídica tarde que coloquei um sapo nas calças de Sally Simpson no jardim de infância - informou ele, definindo o prego no lugar. Ele deu um sorriso impenitente, obtendo um prazer perverso de empurrar seus botões. -E eu nunca mudei.
— E você parece extraordinariamente orgulhoso do fato. - Sua voz continha uma pitada de desafio que torcia de forma irritante em seu intestino um pouco mais apertado e ele quase quebrou o polegar para baixo enquanto balançava a cabeça do prego. - Um rebelde por completo.
— O que realmente não deve ser uma surpresa. - ele resmungou baixinho. - Se você está tão tagarela com a minha mãe, então eu tenho certeza que ela já avisou que sou um teimoso filho da puta. Você está desperdiçando seu tempo aqui, Molly.
O uso de seu nome a fez piscar com um olhar de estranha surpresa. E, caramba, se ele não sentiu aquela estranha sacudida entre eles outra vez, como algo tangível e elétrica deslizando no ar. Algo muito íntimo para o conforto. Ele não sabia por que tinha usado seu primeiro nome, mas ele não podia negar que gostava do jeito que o sentiu em seus lábios.
— Ela disse-me o suficiente para saber que você seria menos do que cooperativo - respondeu ela após um momento, enquanto o vento aumentava e moldava o algodão macio da sua camisa branca em um par de pequenos seios arredondados. - Ela também me avisou que você iria reagir desta maneira.
Ian cortou com um olhar agudo por detrás de suas lentes escuras, mas recebeu de volta uma réplica ainda mais acentuada. Foi torcida, mas quanto mais ela empurrava-o, mais ele queria.
— Então, podemos ir adiante e ter esta conversa aqui. - ela pressionou com firme convicção aproveitando o seu silêncio - ou eu posso segui-lo dia e noite até que você ceda e ouça o que tenho a dizer. Sua mãe não vai me deixar em paz até que você me ouça.
Curvado, seu peso repousando sobre um braço enquanto segurava o martelo na mão, Ian estudou-a. Estudou-a da mesma forma que um lutador estuda seu próximo adversário. Ela parecia tão confiante, mas sua linguagem corporal contava uma história diferente. Os pequenos detalhes que ele escolheu em cima. Gostava da maneira como ela continuava a lamber o lábio inferior, a mão esquerda agora apertando e desapertando enquanto a direita agarrava a correia de couro da bolsa como se fosse uma tábua de salvação, diziam uma história própria. Juntas brancas. Espinha rígida. Na base da sua garganta pálida, pulso vibrando com um sinal indicador de nervosismo. Ou seria medo? Excitação?
Fosse o que fosse Ian subitamente encontrou-se cativado pela visão íntima da veia pulsando sob a pele lisa, sem falhas. Parecia muito delicada, muito frágil, como algo que poderia tão facilmente afundar seus dentes e marcar. Gostou. Algo que era muito parecido com os sonhos que ele tinha tido e o assustou como a merda.
— Mesmo se o que você está dizendo for verdade, o que eu não acredito por um segundo, o que poderia minha mãe querer comigo? - ele perguntou em uma explosão de baixo de palavras ásperas que parecia arrancado do peito, todos os vestígios de sarcasmo e humor desapareceram. -Nós não nos falamos nos últimos dezesseis anos de sua vida e ela se foi há cinco meses. Parece um pouco tarde para começar a remendar cercas agora.
— Elaina lamenta que todos esses anos tenham sido desperdiçados. -disse ela com uma expressão séria. Ele sinceramente acreditava que ela estava comprando sua própria merda. Deus, ela realmente era uma pancada de trabalho. - Ainda assim, ela contactou-me porque há coisas que ela quer que você saiba. Coisas importantes que ela gostaria que tivesse explicado, enquanto ainda tinha tempo. Mas primeiro...
Ela fez uma pausa e ao olhar nos grandes olhos castanhos quis alcançá-la e, diabos, Ian não tinha a menor idéia do que ele teria feito. Ele foi salvo de saber quando ela limpou sua garganta e a parte inferior de seus lábios molhados com um movimento nervoso de sua língua, então disse calmamente:
— Eu sinto muito ter que dizer que alguém próximo a você está em perigo.
 Ah, merda. Que tipo de jogo doentio essa mulher estava jogando? Fosse o que fosse, a sua paciência chegou ao fim.
— No caso de você perder as pistas, Senhorita Stratton, vou ser tão claro como agradável e lento. Eu não acho esse tipo de porcaria engraçada. - Cada palavra veio de seus lábios com precisão cortante, sua voz baixa, dura, a expressão ainda mais difícil quando ele tirou os óculos e a olhou com os olhos estreitados. - Nunca, mesmo quando minha mãe estava desfilando seus amigos psíquicos dentro e fora de nossas vidas e colocando o meu irmão e minha irmã por um espremedor emocional. Estou avisando agora, volte para o lugar sujo de onde veio e leve este inferno para longe de mim.
Ela cruzou os braços sobre o peito, como se ela pudesse se proteger da explosão da sua raiva, mas ela não se moveu.
— Confie em mim, Sr. Buchanan. Ian. Eu não estou gostando disso mais do que você, mas eu fiz uma promessa a sua mãe e eu estou mantendo-a. Eu sei que cometeu erros, mas ela está tentando acertar as coisas. E se você não ouvi-la, não me ouvir... então alguém vai acabar mal. Eu posso sentir isso.
Por que em nome de Deus eu sempre tenho que ir para os psicóticos? Ele silenciosamente amaldiçoou, correndo uma mão pelo seus cabelos tão duro que o seu couro cabeludo doeu. Deve estar no meu maldito gene.
Essa foi uma das razões pelas quais ele manteve as coisas com Kendra, o simples fato de que ela era tão diferente das mulheres que geralmente ficava. A dura avaliação CPA não usou mais mentira do que Ian fez, e ambos conseguiram o que queriam uns dos outros, mesmo que seus encontros corroessem a borda de seu intestino. O deixou frio por dentro. O deixou... querendo. Sugava, com certeza, mas ele aprendeu a viver com ela.
— Como eu disse antes, minha mãe morreu há cinco meses. Agora saia do meu imóvel. Trata-se de terreno privado e você está invadindo.
Ele a olhava firmemente. Então aqueles delicados ombros estreitos puxado para trás, mostraram determinação em cada linha rígida de seu corpo macio e feminino.
— Não.
Ian baixou seu martelo e levantou em toda a sua altura, esperando que ela girasse e levasse seu rabo para fora. Com 1,90 de altura era alto e largo, com musculatura suficiente para fazer a maioria das pessoas se encolherem quando ele queria. Vestindo sua pior carranca, ele sustentou seu olhar, o olhar em seus olhos propositadamente hostil e furiosamente escuro. Quando ele finalmente falou, suas palavras vieram em um tom baixo e sedoso que ele usava para conseguir resultados mais imediatos.
 — O que você quer dizer com "não"?
O que ela quis dizer? Ela não tinha idéia. Você está louca, Molly. Definitivamente enlouqueceu. Como você explicará a morte, os fantasmas e a pura maldade, de arrepiar? Como você explicará a existência do inferno na terra... ou o fato de que os monstros realmente escondem-se nas sombras? Que algo estava observando você sobre seu ombro? Que a humanidade não está mais sozinha? Como você explicaria a alguém que o seu mundo inteiro estava prestes a mudar, para nunca mais ser o mesmo?
Molly não tinha as respostas. Ela era apenas o portador de más notícias, não sua fonte e ela pensou no velho ditado: não matar o mensageiro.
De alguma forma, ela não pensou que Ian Buchanan fosse ser tão compreensivo. Sua mente ficou tonta e ela sabia o porquê. Foi patético, mas a presença física do homem dava um curto-circuito em suas faculdades mentais. Ele era... ela hesitou procurando uma palavra para descrever sua beleza, seu poder masculino e arrogância, mas não conseguiu. Elaina tinha avisado a ela que ele estaria desconfiado, mas ela não havia mencionado como ele se tornou amargo. Ou como era lindo. Apesar da sua rudeza, o homem era no seu andar, falar e aparência a fantasia de bad-boy de toda mulher.
Bonito, escuro e delicioso, ele era tudo que Molly sempre pensou que um homem deveria ser, mas nunca tinha encontrado. Duro, linhas ásperas. Cabelos pretos, grossos e saudáveis agitados pelo vento. E os olhos, da cor do fundo insondável de um mar azul claro. Eles eram muito mais do que atraentes. Eles faziam uma fogueira. A intensidade, escura e perigosa, a fez tremer por dentro. Fez reter a respiração. Fez o ar ao seu redor parecer vivo, como se fosse percorrido com eletricidade.
Não é bom, Molly. Mantenha-se focada.
— Eu não posso lhe dar nenhuma prova Ian. - disse ela, e não faltou uma beira de desespero duro em suas palavras. -Mas se você não me ouvir, se você não vai querer trabalhar comigo, alguém vai morrer. Alguém que você gosta.
— Eu não sei o que você está tentando fazer, mas não está indo no caminho correto, porque quem me conhece pode dizer que eu não dou a mínima para ninguém, só a mim mesmo.
— Eu não acredito em você. - argumentou. -Não depois das coisas que Elaina disse-me sobre você.
Ele sorriu friamente, descrente de tudo que ela tinha dito.
— Se você quer conduzir algum sujeito em uma perseguição selvagem, tente algum outro otário, mas me deixe fora disso. Na realidade, por que você não chama o xerife local? Eu posso garantir que ele dará um pontapé para você, amada. Você é justamente o tipo do Santo Riley. Ele ficará mais que feliz de lhe ajudar a tentar salva o mundo.
— Merda, isto não é...
Ela estendeu a mão para agarrar seu braço, enquanto passava por ela, e reconheceu seu erro no segundo em que ele olhou para baixo, profundo, o olhar azul enfurecido dele diretamente nela, todo hostil e violento e estranhamente excitante.
As palavras saíram de seus lábios sem ao menos passarem por seu cérebro.
— Quando a escuridão chamar, sua mãe disse que você saberá. Que você achará — Ele enrijeceu tão depressa que a voz dela hesitou e ela soube que tinha atingido um ponto delicado. Nada parecia relaxar os músculos em chamas, poderoso em baixo de sua mão. O bíceps rígido com fúria... e algo que ela não podia pôr um nome. Respirando fundo, Molly repetiu as palavras que Elaina lhe mandou dizer.
— Quando a escuridão chamar, sua mãe disse que você saberá. Que você achará...
— Não. — Os lábios dele apenas moveram como ele cuspisse fora a palavra. – Nem fodendo.
Tentando não se perder nesses olhos azuis febris, Molly olhou para ele, implorando para acreditar nela.
— Ela quer que eu explique, Ian. Explicar as coisas que ela devia ter lhe contado antes. Avisos que ela deveria ter lhe dado antes de sair de casa. Por favor, apenas me escute!
— Você pode encontrar seu próprio caminho de volta para baixo da montanha — ele resmungou, puxando o braço que ela segurava com facilidade ridícula. — Apenas fique bem longe de mim.
Um momento depois, ele bateu a porta de seu caminhão enquanto ligava o motor, deixando-a em pé na nuvem de poeira levantada por seus pneus.
Quando ele lançou um último olhar em seu espelho retrovisor, ela ainda estava em pé no mesmo lugar, sozinha... vendo-o correr de algo que Molly sabia que não tinha chance de escapar.
Era uma das verdades elementares do universo. Noite sempre acompanha o dia. Verão sempre seguia a primavera. Morte sempre seguia a vida. E como você pode tentar, você nunca poderia ultrapassar algo que já era uma parte de você. Ela havia aprendido essa lição da maneira mais difícil e ainda levava a culpa como prova.
Se ele acreditava nela ou não... ouvi-la ou não... ceder ou para sempre lhe dizer para ir para o inferno, Molly sabia uma coisa com absoluta certeza inabalável: o passado de Ian Buchanan finalmente o tinha alcançado.











CAPÍTULO DOIS
A Meia-Noite

A Mãe de Kendra Wilcox sempre avisou sobre pegar homens estranhos. Especialmente bonitos. Aqueles que eram bons demais para ser verdade. Mas o estranho que ela conheceu lá no bar era sua melhor chance para recuperar Ian Buchanan de uma vez por todas. Nem mesmo o inferno a faria recuar.
Ela esperou por horas, mas Ian não tinha aparecido sexta à noite para o rala e rola. Agora ela estava chateada o suficiente para fazer algo imprudente. Não que ela se preocupasse com Ian Buchanan, ela jurou silenciosamente, sabendo muito bem que era uma mentira. O maldito asno tinha atravessado as defesas dela e ela sabia que ia acabar mal. Diabos, ela já estava ferida.
Ela precisava disso. Precisava nesta noite. Precisava colocar para fora de seu sistema, razão pela qual ela estava correndo pela rua com as janelas abaixadas, a meia-noite, o vento chicoteando através de seus cabelos... na carona de outro homem.
Senhor Alto e Loiro e Mortalmente Bonito seria o remédio perfeito para o que a afligia. E se Ian descobrisse mais tarde, melhor. Seu grande ego poderia sofrer um ou dois golpes.
Kendra virou a cabeça e sorriu para o estranho ao seu lado. Lembrou como ele perguntou atrás no bar, se ela gostava de ser tomada à luz do luar, sob o céu, onde pudesse gritar tão alto quanto ela gostasse, quando gozasse - e ele havia prometido que ela gozaria mais do que ela jamais havia conseguido. Pensando que iria servir para Ian se encontrasse alguém para arranhar as suas coceiras sexuais, ela só esperava que ele provasse ser tão bom como ele alegava.
Pararam em um prado a alguns quilômetros da cidade, ele deu a volta e parou em sua porta, levantando a mão para levá-la para o campo aberto verdejante. Sentiu-se selvagem e despreocupada como a noite, a tequila que tinha bebido com ele antes de sair do bar fazia a cabeça dela flutuar. Sua boca estava seca.
O alto Adonis loiro sorriu para ela, os olhos azuis gelados brilhavam deliciosamente perversos sob os raios prateados do luar que banhavam seus corpos. Sua cabeça estava cheia com os aromas férteis da floresta, o solo úmido sob seus pés e seu calor masculino. Ele estava tão quente, ela sentiu como se tivesse febre, a pele da palma das mãos queimando quando ele se curvou sobre seus ombros.
 — Você gosta duro, Kendra?
— Oh sim — ela falou, empurrando o peito para que ele pudesse ver seus mamilos claramente pressionados contra o algodão fino de sua blusa. — Quanto mais duro, melhor.
Um riso baixo retumbou acima de seu peito. Ele agarrou o algodão fino, rasgando sua camisa ao meio, fazendo-a suspirar, então se inclinou e capturou um mamilo nu no calor escuro e elétrico de sua boca. Entre as pernas, ela ficou quente, úmida e inchada. Ah, sim, essa beleza seria sua doce vingança contra Buchanan. Ela esperava que ele dissesse a todos em Henning sobre esta noite. Esperava que Ian ouvisse tudo sobre como descontroladamente ela tinha montado esse estranho lindo sob a luz da lua.
Seus dentes passavam por sua carne, fazendo-a tremer e ela começou a gritar o nome dele... só para um espaço em branco.
Puta merda! Ela não conseguia se lembrar! O pensamento atingiu Kendra comicamente e ela deu uma risadinha não característica, fazendo-o sorrir contra a parte inferior de seu peito. Ah... sua mãe nem poderia saber que um homem que ela nem sabia o nome estava pressionando sua boca contra sua pele nua, beijando o caminho até o oco de sua garganta.
— Diga-me o quão ruim você quer. — ele sussurrou, mordendo seu ombro de uma maneira que fez sangue surgir.
 Ela pegou no seu pênis coberto pelo brim e ele riu baixinho.
— Implore para mim, querida. Gosto de ouvir uma mulher pedindo por isso. — Sua respiração tomou conta de sua garganta. Enquanto ele murmurava as palavras contra sua carne sensível, deslizando as mãos em sua bunda, amassando seus dedos através do brim do seu jeans. — Implore-me para fazê-la gritar.
— Por favor — ela suspirou inclinando a cabeça para dar-lhe um melhor acesso, ignorando o súbito aviso em sua cabeça de que alguma coisa não estava indo ... muito bem.
Basta ir com ele, Kendra. Ele pode fazer você esquecer. Esqueça tudo.... Esqueça... Ian.
Quase como se o estranho tivesse lido sua mente, ele pressionou a testa contra a dela, sussurrando:
— Não se preocupe, Kendra. Depois que eu tiver acabado com você esta noite, não haverá mais nada para Buchanan.
Ela foi para trás para olhar para ele e sua respiração ofegou. Algo sobre o seu rosto parecia... ela não sabia. Diferente de algum modo. Ela piscou as pálpebras pesadas, tentando trazê-lo de volta ao foco com sua visão embaçada, mas seus olhos se recusaram a cooperar. Em seguida, uma mão levantou, indo para o rosto, o polegar acariciando suavemente... tão gentilmente contra o canto da boca. No momento, ela se esqueceu de tudo, menos de seu toque. Foi reverente. Como de um amante e ela percebeu que em todo o tempo que ela conhecia Ian ele nunca a tocou como este. Como se ela fosse especial para ele. Seu lábio inferior tremeu. Ela suspirou flutuante, de alguma forma perdida no calor escaldante do estranho olhar.
 Então, ele sorriu.
A curva de seus lábios era tão bonita, assim sua mente embebida em tequila levou um momento para perceber o que ele havia acabado de dizer.
— Buchanan! O que...? — Como este homem recém-chegado a esta montanha sabia sobre ela e Ian? — Como?
— Shh... — ele sussurrou apertando a mão sobre sua boca. — Não há mais tempo para perguntas.
Ele deu uma risada baixa e áspera e Kendra assistiu em choque seu rosto se reorganizando dentro de sua pele. Ouviu algo estalar, então rachar, seguido pelo gelado som de osso que estalam no lugar.
Em pânico, ela se virou para correr, mas tropeçou. Ele a derrubou antes que ela tivesse corrido mais do que alguns metros, o seu corpo musculoso a esmagou no chão úmido.
— Essa é a minha menina — ele murmurou, lançando-a para trás e fixando os braços acima da cabeça de maneira tão fácil e forte que tanto a impressionou quanto apavorou. Ela assistiu de olhos arregalados, nos olhos ardentes dele a sua intenção se espalhar pelas feições distorcidas de seu rosto como uma mancha, e um som estrangulado rompeu de sua garganta. Um grito seco perdido entre um soluço e um gemido. - Não há mais tempo para jogar, Kendra. - ele sussurrou. - Só o tempo suficiente para morrer.
E ele não estava mentindo.
Tudo o que aconteceu depois veio para ela em nada menos do que fragmentos de consciência abalada pelo terror, pela descrença e dor indescritível. Ela queria chorar, mas sua mente estava demasiadamente entorpecida. Ela queria lutar, mas seu corpo deitado no chão encharcado de sangue, estava quebrado e fraco.
Ela queria destruir o filho da puta aos pedaços, da mesma forma que ele a estava rasgando, mas nisto ela falhou também.
Ele cortou fatias profundas em seu estômago... seu peito? Ela não podia dizer, ela estava machucada em toda parte. Mesmo no interior profundo, onde ele havia rasgado com a batida vigorosa de seu corpo no dela. Tudo desapareceu, as estrelas no céu de safira, o cantar dos grilos, os ricos odores das árvores, até que não havia nada. Nada, somente as grandes ondas de dor rolando que fazia tudo preto, feio e bruto.
Ela pensou em Ian e percebeu como tinha sido estúpida.
Mas seu último pensamento, como os dentes se afundando em sua garganta, foi que sua mãe tinha razão, afinal. Essa vida puta não passava de um desperdício.
Então, Kendra Wilcox não pensou mais.






CAPÍTULO TRÊS
Sábado de manhã, 3:00

Ian sonhava com sua casa. Sonhando com Deep South no final do outono, quando ele era jovem. Foi o mesmo sonho estranho que tinha tido desde que ele havia fugido aos dezesseis anos. Sentou-se reunido em torno de uma lareira crepitante, com sua pequena família. Jantar cozido no fogão, o aroma rico de feijão e pão de milho enchendo a casa, enquanto o jovem Riley estava deitado no tapete puído e a pequena Saige abraçada no colo da mãe, implorando por uma outra história sobre seus antepassados.
— Muitos anos atrás — murmurou a mãe — antes que este país fosse descoberto, os nossos antepassados andaram sobre a terra, mas eles não eram como nós.
— Eles eram Merricks, não eram? — Saige interrompeu com entusiasmo, saltando de emoção.
— Sim, querida — sua mãe respondeu com um sorriso — certamente eram.
— E eles chutaram bundas, não é? — Seu irmão acrescentou, sorrindo um pouco.
Sua mãe piscou para Riley.
— Foi isso que eles fizeram.
— Até que Casus massacrou-os — Ian inseriu secamente, sentado no chão perto do fogo. Ele passou os braços finos em torno dos joelhos arranhados, seu lábio enrolado em uma expressão maliciosa que sua mãe sempre dizia ser muito desdenhosa para pertencer a um menino de doze anos de idade.
— Isso não é verdade! — Saige protestou, mostrando a língua para ele.
— Oh, não? Por que você acha que eles estão todos mortos?
— Mas eles não estão todos mortos — disse sua mãe suavemente e as três cabeças viraram-se bruscamente na direção dela, olhos grandes e curiosamente incertos. Esta foi uma estranha reviravolta, as histórias nunca tinham tomado esta direção antes. Nem uma única vez, em todas as narrativas incontáveis.
— O que quer dizer com não estão mortos? — Ele perguntou calmamente, embora suas palavras soassem beligerantes e duras contra o silêncio pesado da casa. Ele lutou contra o desejo de esquivar-se como um tronco rachado na lareira, a madeira molhada estando intensamente.
As finas sobrancelhas de sua mãe arquearam sobre as rugas de preocupação de sua testa.
— Eu alguma vez disse que eles estavam mortos?
— Se eles não estão mortos — seus olhos se estreitaram em suspeita — então onde eles estão?
— Bem debaixo do seu nariz — explicou ela com um pequeno sorriso que lhe fez sentir um pouco doente. Ela sustentou seu olhar, os cantos de sua boca curvados apenas o mais ínfimo com um brilho estranho aquecendo o profundo azul-escuro de seus olhos. — E um dia, quando a escuridão chamar você — ela sussurrou com sua voz tão baixa que mal conseguia ouvir as palavras — quando puder sentir isso em seus ossos, sentirá que ruge em suas veias, na batida do seu coração, quando seus sonhos não forem mais seus, lan, você vai encontrá-los.
Preso dentro das camadas opressivo do sono, Ian olhou para sua mãe sorrindo até a sua visão ficar turva, a silhueta do seu corpo vagar contra a escuridão espessa. Ele sabia o que iria acontecer, mas ele não podia parar o sonho recorrente de sangramento em um pesadelo. Sua garganta doía com as vibrações do início de um rosnado selvagem que tremia em seu peito, o corpo dolorido como se cada músculo estivesse rígido com uma tensão dolorosa, emocionante.
Ele lançou para baixo as cobertas encharcadas de suor, lutando para livrar-se da espessa cortina do sono, mas não conseguia, como se o sonho estivesse deitado ao longo de seu corpo em uma camada de cimento quente e úmido, prendendo-o ao lugar em que endureceu. Seus dentes rangeram, trincaram irritados, mas o sonho continuou como um filme fixado em repetição contínua.
O sonho estava mudando... sugando-lhe profundo... puxando mais para dentro, para águas traiçoeiras, onde o perigo espreitava, profundezas escuras sob seus pés. Foi a sua casa de infância, sua mãe, sua irmã sardenta, Saige, e o magro e pequeno asno do seu irmão mais novo, Riley. Agora, o cheiro maduro da floresta encheu sua cabeça, a noite úmida aglomerando em volta dele como um céu cadente, asfixiante e escuro, perto demais para seu conforto. O peso da meia-noite negra rodeava enquanto a tensão em seu intestino apertava ferindo, amarrando e enrolando... e então ele viu. O brilho cintilante de uma pequena fogueira à distância, sua luz tremulante apenas visível através da escuridão infernal. O vento aumentou, trazendo com ela o aroma rico e provocador do sexo, enquanto que um pulso rítmico da música de fundo de repente começou a encher o silêncio anormal das madeiras.
Ele ficou em silêncio, ciente do lento e pesado batimento do seu coração, do aumento intenso do redemoinho de sangue através de seu corpo rígido. Suas mãos flexionadas dos seus lados, as pontas dos dedos queimando nitidamente, formigantes sensações, enquanto a grande onda de fome passava por ele se estabelecendo pesadamente em seu pênis. Ele respirava e se abriu de alguma forma estranha metafísica, ciente de algo desabrochando dentro dele, que se estendia à existência dentro de sua pele febril. Algo que se sentiu em casa na teia do apego das trevas. Seus sentidos aguçados, agudo e predatório, enquanto seu corpo crescia, cada vez mais forte, os músculos enterrados debaixo de sua pele queimavam com um abaulamento primitivo de desejo animal, que exigiam a liberdade. Que queriam atender a chamada provocativa da escuridão.
De repente, ele estava ciente do vento quente contra o seu corpo agora nu. Do ar úmido em seus pulmões, a terra fértil debaixo de seus pés, muitos cheiros atacando-o com um enxame caótico de informações. Os detalhes consumiam-no, a aglomeração em sua mente, lutando pela supremacia, até que um surgiu precisando conquistar, dominar todos os outros. O impulso para caçar.
Levantar o nariz para o vento, ele procurou por aquilo que ele desejava, apenas para que ele pudesse persegui-lo e levá-la para baixo. Com suas narinas ele cheirou, a triagem através da ingestão de dados sensíveis correndo em sua cabeça e então ele achou.
Sim, a criatura dentro dele assobiou com satisfação. Assim mesmo.
A mudança foi quase completa. Alguma parte inerente a ele lutou contra, mas a fome era demasiada forte. Ele explodiu em ação e sentiu em execução, cobrança, pulmões arfando, coxas e panturrilhas trabalhando com força sobrenatural com ele correndo por entre o emaranhado de espessa folhagem e árvores, suas folhas e ramos chicoteavam contra o rosto, braços e pernas, deixando arranhões sangrentos em sua pele... e ele sabia o que iria acontecer a seguir.
Ele tinha tido este pesadelo na semana passada. E cada vez rasgava um pouco mais abrindo algo dentro dele. Este foi apenas um pouco mais profundo.
Não! Ian rugiu das profundezas obscuras da sua psique inconsciente, enquanto o sonho continuou cada momento zombando dele mais do que o último. Maldito! Não! Acorda seu idiota! Acorde!
Mas ele não podia parar isto. Não, algo escuro e faminto em seu intestino queria isto demais — precisava disto — e um sentimento feio, trançado, passava por ele. Vergonha amarga e suja o consumindo. Mas o desejo era muito grande para ignorar ou superar.
Ian trilhou no emaranhado de folhas úmidas, encharcadas e doloridas enquanto ele lutava para livrar-se dos laços irritantes do pesadelo. Mas suas garras afundaram profundamente em sua carne, prendendo-o no lugar. Foi o mesmo que acontecido em todos os outros sonhos. Viu-se rompendo a orla da floresta, correndo no meio de uma fogueira cigana. Ele viu o redemoinho, rápido e sensual das dançarinas enquanto elas giravam em torno das chamas, as cores ricas de suas saias batendo rapidamente na brisa, cabelos longos, fluindo para trás em uma explosão selvagem de cachos. Ao longo das bordas da sombra do parque de campismo, os casais se contorciam em êxtase, o aroma, maduro almiscarado do sexo, enchendo o ar enquanto a música pulsante ficava mais alta. Em volta do fogo, os dançarinos se mudavam em crescente urgência, batendo palmas e pés, cantando e rindo em sua festa decadente.
E um canto, baixo e misterioso começou a cantarolar. Algo grossa e rouca que parecia dizer: Merrick ... Merrick ... Merrick.
Eles sabiam que ele estava lá. Os olhos de abrunheiro escuro o acariciaram, lábios de rubi enrolando em sorrisos felinos em um convite que ele não podia negar. Ele agarrou a primeira pessoa que ousou dançar muito perto dele, levando-a exatamente até si, ciente do chiar chamuscado dos outros que estavam assistindo.
Roupas foram trituradas em segundos. Então ele foi levado da mesma forma que em cada sonho. Espalhou as longas pernas da dançarina, empurrando para a entrada escorregadia, se aninhado dentro de suas dobras carmesim, os cachos de ébano brilhando com seus sucos e martelou-a no chão duro e úmido da floresta.
Ian apertou as mãos nos lençóis até o tecido rasgar. Seu corpo esticado em cima do colchão e seu peso descansando apenas na cabeça, nos pés e no sonho, com as mãos agarradas ao solo rico, olhos apertados e quentes com a respiração ofegante da menina de olhos escuros. Ele bateu mais duro, com uma crueldade que chocou, mas ele não ia fundo o suficiente, como se ele estivesse tentando alcançar algo que ela não poderia lhe dar. A necessidade se enfureceu com ele, os rosnados selvagens preso em sua garganta, como algo selvagem e predador, mas ela não tinha medo dele. Unhas afiadas agarravam sua carne, seu corpo voluptuoso arqueando, contorcendo-se sob ele, gemendo baixos apelos que escoavam de seus lábios, enquanto os outros se alegravam por eles. A música ficou mais alta... crescendo com cada batida pulsante, até que sua cabeça rugiu com ele.
Empurrou em sua carne, buscando... consciente da dor que seu tamanho trazia, mas não conseguiu encontrar o que ele precisava. Ele rosnou, jogando a cabeça para trás, um rugido animal de rasgar o peito, o som desesperado cortou através da música e das gargalhadas. Seus olhos fecharam-se apertados, os tendões do pescoço salientes, enquanto as têmporas latejavam. Seu coração trovejou, ameaçando explodir... construindo e construindo e construindo. E então ele sentiu.
Algo... diferente. Algo que nunca havia acontecido antes na paisagem aterradora de seus pesadelos.
Foi o toque pequeno e tímido de uma mão contra o peito, apertando direto sobre a batida dolorosa de seu coração. Ian congelou em um descendente duro, sublime conhecimento da alteração deliciosa no corpo debaixo dele, seu pau rígido e grosso enterrado no fundo de um incrivelmente confortável e macio canal feminino que se apoderou dele tão apertado que realmente machucava.
Ele engoliu em seco, seus olhos ardentes de suor, abaixou a cabeça e olhou para a mulher já deitada abaixo dele. A cigana tinha ido embora, e em seu lugar um mel tímido, uma delicada loira olhando para ele, com grandes olhos castanhos.
Oh inferno. Era ela. Molly. Algo no peito de Ian agarrou, fazendo-o empurrar em cima dela. Ele não se atrevia a respirar, piscar ou falar com medo de quebrar o feitiço e perdê-la. Ele não podia deixar que isso acontecesse. Não, de repente a coisa mais importante em seu mundo era estar segurando essa mulher no seu sonho.
Segurança para a mulher.
Com o som do seu sangue rugindo em seus ouvidos, Ian mudou, prendendo-se contra ela, certificando-se que ela tinha cada centímetro dele enterrado dentro dela, a base de seu eixo esfregando contra o calor pulsante de seu clitóris. Seus olhos estavam abertos, cheios de choque e da surpresa do tipo de dor vaga que só pode ser visto no olhar de uma mulher quando ela estava sendo completamente tomada. Uma espécie estranha de dor voluptuosa aguçada pela borda cortante de prazer. Seus lábios se separaram e ele leu a palavra que caiu em silêncio de sua boca.
— Ian.
Ela sabia. Sabia quem ele era. Sabia que ele era o seu amante, forçando-a para o chão.
Ele queria sorrir para ela, queria correr as mãos cobertas de terra sobre o seu rosto, ao longo do pulso tremulo na base da garganta e dizer-lhe que estava tudo bem, que ele não iria machucá-la, mas ele não podia dizer as palavras. Seu sangue estava furioso, seu corpo quente coberto de suor e ele sabia que seus olhos pareciam selvagens. Selvagem. A intensidade da excitação sobre ele era violenta demais para disfarçar, muito rasgada e primitiva, arrancando todo fino verniz de civilização que ele conseguiu puxar normalmente em torno de si.
Ela olhou para ele, ofegante, suave e rosada, pele pálida brilhante e nivelada. Ele sabia, sem dúvida alguma, que ela era tão inocente como parecia. Não era virgem, mas... perto. Seja qual for a experiência que ela teve com os homens era limitada, breve, fugaz.
Que estava prestes a mudar.
Observando-a de perto, ele puxou de volta, em seguida afundou-se. Ele poderia ter vindo apenas de empurrão em seu caminho, mas nem no inferno ele ia deixar isso acontecer. Ele tinha de saborear... o sabor dela. Fazer isso durar e tirar tudo o que ela poderia dar. Tinha que exigir isto, fazer dela uma louca. Ele a queria gritando e chorando, se agarrando ao prazer pelo tempo que ele estivesse com ela. Queria quebrar o seu desejo, espalhando os pedaços até que ela tivesse que ter a ele para juntar tudo novamente.
Mudando de joelhos, Ian empurrou para cima suas mãos, os músculos de seus braços salientes e duros e olhou para o lugar onde seu corpo se juntou ao dela.
— Olhe-me. - Ele rosnou.
Ela estremeceu e abaixou seu olhar em choque ao ver seu poder inconfundível na aparência espessa de luxúria que fechava quente em seus olhos castanhos. O desejo correu por meio dele, destruindo o seu controle, rasgando algum tipo de som, violento e primitivo de sua garganta. Ela estava apertada e ele era grande, grande demais para apenas deslizar, não importando como ela estava escorregadia. Ele teve que colocar sua força por trás dele e guiar para ela, batendo-a no chão, o som de lamentos de seu prazer fazendo-o ver vermelho.
Com um gemido rouco, Ian abaixou-se sobre ela, necessitando as pontas de seus mamilos apertados contra a sua pele aveludada, a necessidade de cobri-la, de tê-la... e de repente ele percebeu que estava sozinho na floresta. A música tinha ido, os ciganos, a celebração selvagem — o ruído da agitação substituído pelo seu rouco choro e piso molhado, batendo os sons do seu corpo para empurrá-la. Ele levou toda a terra com seus quadris, tomando, reivindicando e deixando solta cada emoção que ele sempre havia mantida trancada, escondida — e então ela o desfez.
Ele assistiu, aturdido, como a beleza, a umidade de sua boca de seda, lábios erguidos para formar um sorriso incandescente que a iluminou, fazendo-a brilhar, e algo poderoso e terrível atravessou-o. Seu controle estalou e ele foi até a borda, firmando sua mão ao redor de sua coxa, levantando a perna dela para o alto empurrou profundamente ... então ainda mais profundo, a outra mão presa nos cabelos dela, puxando sua cabeça para o lado. Ela soluçou. Um som mais de prazer e antecipação do que dor e ele perdeu. Sua gengiva queimou quando ele sentiu o tamanho de suas terríveis presas deslizamento livre.
Ela gritou, enrijecimento abaixo dele, mas ele não podia parar. Ele enterrou o rosto na curva do pescoço, respirou um remendo úmido de luxúria contra sua garganta e avidamente afundou seus dentes nela. Molly gritou, batendo por baixo dele e ele mordeu mais fundo, o êxtase e felicidade instantânea, quente, grosso e pecaminoso.
O derramamento morno, rico do sangue dela encheu sua boca em uma corrida suave, fluindo para baixo em sua garganta e ele engoliu avidamente, rosnando contra o ferimento no pescoço dela, tonto com o prazer do saboroso sabor dela. Mais. Ele precisava de mais. Trabalhando a boca, ele puxou mais apertado contra ela, alimentando-se dos pequenos furos, cada centímetro do seu corpo consciente de seu vôo ao seu redor em um clímax perturbador que apertou seu pênis, punho de seda.
Com um rosnando, ele arrancou seus dentes dela, drogado por seu gosto, pela visão sugestiva do seu sangue escarlate escorrendo pela pele pálida de sua garganta. Ela suspirou ofegante quando ele se inclinou para baixo, arrastando a língua sobre sua carne, pegando os caminhos sinuosos de sangue para si, aprisionando-os em sua boca. Ele levantou a cabeça, olhando em seus olhos aturdidos, e pela primeira vez em sua vida, ele estava completamente focado em cada detalhe da mente da mulher embaixo dele. O tremor rápido do coração dela contra o seu. A respiração ofegante do seu hálito doce e delicado, o arrepio das suas mãos em suas costas. Ela era pequena demais para ele. Mas a sensação foi tão boa, que ele queria mais e mais e mais. Ele estava dolorosamente consciente de que nunca havia se sentido tão perfeito... tão certo. Que jamais havia sentido isso por alguém. Era dele.
Ian estremeceu com o pensamento perigoso, inquietante, já dando as costas, mesmo quando ela piscou para ele, suas bochechas suadas e coradas, tão bonita que ele ficou sem fôlego. Ele assistiu com horror os lábios doces formando um tímido sorriso, os olhos brilhando docemente, mesmo depois de ter se alimentado como um monstro sanguinário e se sentiu doente.
Perigo! Alerta vermelho! Dê o fora daqui, seu filho da puta!
Sua boca aberta, mãos pequenas segurando-o e ele pensou que a ouviu gritar seu nome em pânico, ela se sentia desprotegida, mas no instante seguinte ele estava acordado, com o corpo encharcado de suor, o coração batendo como um tambor em seu peito, dolorosamente afiado.
Rolando na cama entre os lençóis desarrumados, ele sentiu os lábios repuxarem sobre seus dentes. Lutou para conseguir controlar sua respiração irregular, para encontrar uma forma de o ar entrar sem queimar em seus pulmões, sua visão flutuava. Meio cego, através de seus olhos apertados, ele se concentrou no brilho do relógio digital sobre seu armário, o piscar dos números o faziam pensar em uma bomba relógio seguindo lentamente para a detonação.
Quando as trevas chamar, Ian...
Como o inferno! Ele tinha o suficiente para lidar com o agora! Ele não precisava das palavras de sua mãe sussurrando através de seu cérebro. Não quando ele estava na borda e a um fôlego de perder o pouco controle que ele ainda tinha.
Ele respirou profundamente, desesperadamente pelo nariz, ansioso para sentir o cheiro de algo limpo e fresco, algo que pudesse livrá-lo dos horríveis pensamentos em sua cabeça. Mas o cheiro da sala lembrava muito o sabor acre do medo. E não havia como negar que ele estava com medo, aterrorizado, sentia que o coração batia em seu corpo de forma ensurdecedora, rolando em ondas como o som do trovão.
Visões de sangue e luxúria, do sexo violento e ímpio, a fome animalesca, ainda ardia em sua mente, mas ele lutou contra as ondas da memória, tentando recuperar o controle, retardando o seu coração ... sua respiração. Lutando para afastar a vinda de todas as folhas verdes, como um garoto adolescente no meio de um sonho molhado.
Porra! Era ela! Ela tinha plantado isto na cabeça dele com os pequenos jogos mentais à tarde. Recusava-se a pensar sobre como ele tinha se sentido com ela — nela. Nenhum modo. Nem um homem é um deserto.
Marcava os segundos por que os minutos corriam lentamente, enquanto ele estava lá, lutando pelo controle de seu corpo, lutando contra o desejo de repetir o sonho, sabendo que iria destruí-lo. Mantendo-o no limite, traiçoeiramente instável de forma que só ela poderia salvá-lo. Ele puxou o ar por entre os dentes cerrados, pesado e difícil, acolhendo o palpitar monótono que começava a bater na cabeça, até que de repente tornou consciência de que alguém batia à sua porta. Alto e barulhento, ele balançou como a madeira fina do seu quadro como um junco solitário preso em um vendaval.
Rolando em suas costas, Ian fez um balanço rápido de sua condição. Ele estava encharcado de suor, seu corpo quente, dores musculares e um olhar torto para baixo mostrou que ele estava em alguma merda, e ele foi ficando mais retraído a cada minuto.
Uma nova batida sacudiu sua porta de novo, afiado e insistente. Ele jogou as pernas para o lado de sua cama, correndo uma mão trêmula pelo cabelo úmido, tentando jogar fora o sentimento de nervosismo que o sonho havia deixado em seu intestino. Era provavelmente Riley, pedindo ajuda. Novamente. Porque seu irmão pensou que iria querer correr e jogar Galahad com ele, ele não tinha idéia. Provavelmente Riley tentava manter um olho nele, certificando-se que ele ainda andava na reta.
Huh. Como se ele quisesse voltar a ser como ele era antes de vir para as montanhas. Obrigado, mas não obrigado. Ele havia deixado de viver no limite. Vigilância das 24-7. A tensão constante do combater diário o levou para baixo e ele não tinha o menor desejo de retornar.
Agarrando seu jeans no chão, Ian passou pela sala escura de seu apartamento, esperando que não fosse seu irmão... ou Kendra. Ele havia deixado uma mensagem mais cedo, apenas querendo ver como ela estava, depois de todas as coisas que Molly Stratton havia dito naquela tarde.
— Jesus, me dê um minuto, porra! — Ele gritou quando a batida ficou mais alta, impaciente e forte. Escorregando seu jeans por cima de seus quadris, ele fechou alguns botões enquanto alcançava a porta, abrindo-a.
 E lá estava ela. A pequena Senhorita Molly.
Puta merda. O que tinha sido um grave tesão transformou-se em um tubo de chumbo ardente em seu jeans, curvando-se elevado à sua esquerda, para que o jeans parcialmente fechado apenas conseguisse mantê-lo sem mostrar os seus bens.
Ela ainda usava seu jeans, mas a camisa branca tinha sido substituída por uma camiseta sálvia de cor suave. Seus mamilos pressionados contra o algodão fino, grossos e tentadores, como bagas que ele queria rolar em sua língua. Ian olhou incapaz de acreditar em seus olhos, imaginando por um momento se ele ainda estava preso de algum modo dentro do sonho.
O silêncio se estendeu, pontuado apenas por suas respirações sussurrantes, até que finalmente ele deu um passo adiante. Seu cérebro justificou sua aproximação como uma tática de intimidação, mas o seu pênis sabia melhor. Ele só queria ficar perto dela. Queria ver a flor suave resplendorosa de toda a sua pele clara. Queria o cheiro do mel quente de sua pele em sua cabeça. Ela piscou para ele, puxando seu lábio inferior através de seus pequenos dentes brancos e acabou com sua paciência.
— Como diabos você me encontrou?
— Eu perguntei ao redor.
Ele se esforçou para se concentrar em suas palavras e não no som rouco de sua voz, que parecia rolar por sua espinha, ou a aparência amarrotada de sono em seu rosto lavado, mas era impossível.
— Um adolescente no posto de gasolina me disse que está hospedado aqui enquanto termina a sua casa.
Ele passou o olhar ao longo da curva de sua boca para o brilho em seus grandes olhos marrons, nebuloso e suave sob o brilho do luar.
— Parker precisa aprender a manter sua boca fechada — ele murmurou em uma voz tranqüila. Sua boca torcida.
— Acho que ele pensou que eu estava com problemas, então, por favor, não se zangue com ele.
Seus olhos se estreitaram.
— Por quê?
 Ela piscou assustada com o tom.
— O quê?
— Por que ele achou que estava em apuros?
 — Oh.
Seu olhar deslizou longe dele, focando em seu peito, que estava nu. Ele observou, vendo o momento em que percebeu que ela estava olhando... e o calor rastejou de volta por toda a pele perfeita. Mas ela não desviou o olhar, a propagação do calor nos olhos dela, o ardente queimar bateu em sua dolorosa ereção, fazendo-o estremecer. Ele queria se reorganizar, mas não queria se afastar daquele olhar luminoso. Isso seria demais.
 — Molly — ele repreendeu, o tom duro de sua voz a fez saltar.
Ele prendeu seu olhar assustado avançando e resmungou:
— Por que Parker achou que você estava com problemas?
— Oh, desculpe — ela murmurou.
Desta vez ela não desviou o olhar de seu rosto, mantendo os olhos acima dos ombros largos, e ele quase sorriu.
— Eu estava... hum, chateada, quando falei com ele há pouco. Mas eu estou bem agora.
— Pode explicar melhor? — Ele exigiu, agarrando-lhe o queixo. Ele inclinou seu rosto para o fluxo suave de luz que mal lhes chegava da rua, e pode ver o rastro pegajoso de lágrimas que secou em sua pele. — Você estava chorando — disse ele em uma monotonia ímpar. — Será que alguém te machucou?
— Não — ela sussurrou, balançando a cabeça, o macio e sedoso cabelo roçando contra o seu pulso. — Eu estava apenas... emotiva. Mas eu não estou ferida.
Ele passou a mão ao redor de sua cabeça e deu um puxão em seus cabelos, puxando sua cabeça para trás para que ele pudesse olhar para dentro daqueles olhos castanhos. Os cabelos dela eram suaves, tão malditamente suaves. Ele só queria esfregar seu rosto no dela. Senti-la em sua pele, em seu corpo. Queria-a envolta de seu pênis, fazer coisas com ele que boas meninas como ela nunca fazem e que por este motivo ele sempre as evitou. Ele tinha percebido há muito tempo que nunca poderia fazer o bem quando se tratava de sexo. Seus impulsos eram sombrios, muito cru, muito primitivos para os gostos das delicadas mulheres. Inferno! Bastava olhar para as coisas doentias que tinha fantasiando em seu sono!
Ela alegou que não estava ferida, mas ele se recusava a pensar em como tinha sido... magoá-la em seu sonho. Fodendo-a no chão duro da floresta, afundando seus malditos dentes na frágil garganta. Bebendo seu sangue.
Garras de fome em suas entranhas afundavam com insistência viciosa quando ele olhou lentamente para ela, característica por característica, e ele sabia a hora de recuar quando ele veio.
— Se não há nada de errado, então por que diabos você está aqui? — Ele ralhou.
 Ela tremia e ele não sabia se era pelo seu olhar ou o som áspero de sua voz.
— Eu sinto muito por incomodar você, mas eu queria... para verificar você. Eu estava ... preocupada.
Ela estava preocupada com ele? Algo assustador e macio estremeceu em suas entranhas com as palavras estranhas e ele soltou-a, recusando-se a reconhecer o prazer que ele sentia de apenas tocá-la, sentir suas ondas quentes passarem através de seus dedos quando ele se afastou.
— Por que você iria se preocupar comigo?
Ela mordeu os lábios, seus olhos castanhos percorreram seu rosto, a protuberância dura de seus bíceps, e de volta ao seu peito novamente, a curva suave do seu rosto ficou vermelha. Seus braços cruzados no meio do peito, como se ela estivesse segurando-os juntos.
— Porque eu senti.
 Encostado no batente da porta, Ian cruzou os braços e olhou para ela.
— Sentiu o quê?
Suas pálpebras estavam abaixadas, protegendo o seu olhar dele.
— Seu sonho — disse ela grossa.
Algo dentro de suas entranhas tão duramente cerradas sentiu o tremor reverbar através de seu corpo como um golpe físico.
— Que diabos você está falando?
 O olhar dela se moveu até o dele.
— Você... você fez alguma coisa comigo.
O choque prendeu e ele descruzou os braços, as mãos cerradas ao seu lado. Por um momento, muito tenso, ele olhou para baixo. A energia em si foi bombardeando, fazendo-o sentir-se por um fio, na borda, rastejando até sua espinha, ondulando em torno das costas até seus ouvidos. Ele tentou mantê-la trancada mas, inferno, ela foi se arrastando para fora. Não admira que ela estivesse olhando para ele como se ele fosse uma espécie de monstro do abismo, da lagoa escura.
Inferno, por tudo que ele sabia, ele era.
Ian trabalhou sua mandíbula, ciente de que ele tinha que raspar as palavras para saírem de sua garganta.
— O que você disse?
— Você fez algo comigo. Em... no sonho. — Molhou os lábios, seu rosto visível mesmo à luz do luar obscuro vindo de cima, brilhando pálido como um halo em seus cabelos. Ela o olhou suave, como algo quente e doce que você quer envolver em torno; que você quer sentir derreter sobre você como uma chuva de verão. Um pedaço de doce que você deixou em sua língua para saborear, para apreciar como o seu sabor escorria por sua garganta. Todos os raios de sol e sorrisos. Coisas que ele não queria, coisas que com certeza não merecia.
Ela parecia etérea, algo surreal... muito bom para ele tocar, mesmo que ela estivesse dentro de sua maldita mente. Sim, e você está tão bem, Buchanan. Apenas um tipo de cara aterrada.
Ele ignorou a voz sarcástica em sua cabeça e tentou fazer com que sua mente se concentrasse em torno do que ela estava dizendo. Outro truque? Isso tinha que ser. Ela estava mexendo com sua mente, mas só Deus sabia o porquê. O que ela poderia querer dele? Ele não tinha nada para dar. Nada mais que uma droga de passado e um futuro duvidoso. Se fosse um golpe, ele não poderia imaginar o que ela esperava obter a partir dele.
Como se estivesse lendo seus pensamentos, ela sussurrou:
— Eu não estou inventando isso. E desta vez, eu posso provar isso a você, Ian.
Ele sabia que estava tentando intimidá-la, soube que estava fazendo papel de asno, mas mesmo assim ele fez.
— E o que eu estava fazendo em seu sonho, baby? Será que eu tenho você amarrada a minha cama, fazendo você implorar por mim? — Ele deu uma gargalhada rouca, erguendo as sobrancelhas. — Vamos lá, Molly. Diga-me. De qualquer maneira isso com certeza será muito divertido.
Sua boca tremia, as bochechas ardentes e quentes, olhos vidrados e selvagens com um brilho de umidade, mas ele sabia que ela não ia chorar. Não, ela era... forte, ele pensou com uma sacudida, chocando-se com a felicidade que isso despertava nele. As palavras dele a tinham despertado tanto quanto o despertaram.
Viu-a agitar a cabeça de lado a lado, ouviu um baixo e tremente "não" sussurrado através da boca rosa. Seus olhos se estreitaram quando ele a estudou e percebeu que ela parecia uma mulher que acabara de rolar para fora da cama de um amante. Algo torceu de maneira agressiva e violenta seu estômago. E se ela tivesse ido e encontrado um imbecil que a agarrou hoje à noite, enquanto ele estava sozinho em sua cama, sonhando com ela?
 — Não aconteceu assim. — Suas palavras vieram em uma corrida e ela caiu contra a moldura da porta, seu corpo contra a madeira envelhecida, como se ela precisasse dele para mantê-la ereta. Mas os olhos dela mudaram, preenchendo com uma força interior que lhe despertou ainda mais a sua inocência, se isso era possível.
Ele queria que houvesse acontecido com ele, mas se ouviu dizer.
— Sim? Então foi só o que eu fiz para você neste sonho, Senhorita Stratton? — Ele queria agitá-la, tirá-la do equilíbrio, da mesma forma que tinha feito com ele. — Não há nenhuma maneira no inferno de eu ter você debaixo de mim e não foder você. Não há uma chance no inferno.
— Você fez — ela respirava baixo o olhar selvagem em seus olhos de novo. — Você... fizemos sexo — disse ela em uma corrida um pouco sussurrante. — Mas...
 — Sim? Cuspa fora, mel. — Ele sorriu e lhe deu um olhar cru, enquanto deixava o idiota dentro dele livre. — Eu estou morrendo de curiosidade.
Ela tremia, abraçando-se mais apertado, a boca trêmula, os olhos brilhantes e abertos quando ela olhou para ele. Ela piscou. Então engoliu.
— Você me mordeu, Ian.
Ele congelou, preso em seu lugar, enquanto o chão sumia debaixo dele.
— O que você acabou de dizer?
Ela engoliu em seco novamente, tremendo como uma folha, levantando uma mão para pressionar os dedos contra o lado esquerdo do pescoço, abaixo de seus cabelos.
— Você me mordeu... e eu posso... Eu ainda posso sentir as marcas.
Ian assistiu, preso dentro de um torpor tremendamente opressivo, como ela lentamente puxou a mão, girando os dedos para ele ver. E lá, brilhando sobre os dedos pálidos de Molly Stratton estava uma mancha escura, vermelha de sangue.























CAPÍTULO QUATRO

O coração de Molly martelou em uma batida dolorosa, enquanto observava Ian se aproximar, o movimento de seu corpo predatório e primitivo, como um animal. Ele mudou de uma forma que era muito natural para um macho humano, demasiado elementar, toda a energia e intensidade chocante pulsando com ele em câmara lenta, as ondas de aquecimento que a fez desejar, tremer e derreter tudo de uma vez. Ela viu seus músculos sob a seda reluzente da sua pele, quase tão graciosamente para um homem tão grande, como se a força viesse a ele com muita facilidade, sem esforço e perigosamente lisa. A fez lembrar do modo que ele tinha se movido em cima dela no sonho.
Ele se aproximou com uma mão grande, as pontas dos dedos calejados raspando sua pele e empurrou seus cabelos para trás expondo sua garganta. A segunda encontrou as marcas da mordida que ele tinha feito, os olhos queimando em uma luz quente e azul, então diminuiu, olhando... sem pestanejar. Sua respiração aumentou entre os lábios entreabertos, com uma cadência áspera, desigual.
Ela molhou o lábio inferior com a ponta da língua, uma onda de colisões quentes se espalhou sobre a superfície sensível do seu corpo, enquanto no interior, o caos reinou. Seu coração vibrou freneticamente como um pássaro preso, que poderia estourar em seu peito com seu hálito próximo, o som do rugido de seu pulso nos ouvidos como o quebrar das ondas a meia-noite no escarpado, nas falésias gastas pelo tempo. A paisagem subconsciente de suas emoções foi um cenário escuro, gótico, como céu de fumaça cinza e as rachaduras de um relâmpago estrondoso ameaçador à distância.
Tudo que você precisa é da Shelley Frankenstein na espreita das sombras para que se sinta em casa.
 Ela sacudiu o pensamento caprichoso, desejando que ele falasse alguma coisa.
— Inacreditável — ele finalmente respirou, baixo e abafado.
Molly assistiu a palavra que se formou em seus lábios, hipnotizada pela forma de sua boca, a textura e tonalidade, algo dentro dela se desfez um pouco no salgado e doce aroma de sua respiração. Sentou-se em seu paladar, como a promessa de algo proibido e doce, como um pecado. Puro, perfeita tentação. Seus dedos deslizaram mais para baixo em seus cabelos, curvando-se em torno da parte detrás de sua cabeça e roubou outra rápida olhada em seus olhos para encontrá-lo olhando para ela, seu olhar tão quente como estava, de um azul intenso.
Oh, Deus, ela gemeu silenciosamente, enquanto sua voz permanecia congelada, aprisionada dentro de sua garganta.
Seu olhar moveu-se sobre seu rosto como se fosse algo que ele nunca tivesse visto antes. Tal como Adão ao descobrir Eva, ele olhou para ela como se ela fosse uma criatura estrangeira. A revelação. A maldição. Alguma coisa ele devesse ter medo. Algo que poderia destruí-lo.
— O que você quer de mim? — Ele mostrou através de dentes cerrados que estava em meio a uma confusão e alguma emoção indefinível, seus dedos apertando levemente seus cabelos. — Como diabos isso aconteceu?
— Eu... eu não sei. — Raspou a confissão de sua garganta seca e Molly tornou-se ciente de pontinhos em meio ao turbilhão de sensações que passavam através de seu sistema. Ela podia sentir a corrida do seu sangue, atrás dos olhos, pulsando com calor tenro nos lóbulos dela, contra as partes de trás de seus joelhos. Desejo, insondável e não desejado e completamente inexplicável, considerando as circunstâncias. Mas lá estavam todos. Ela não pôde negar ou ignorar sua existência, não importa o quanto ela quisesse. Ela sentiu-se atraída pela profundidade absoluta de sua reação, como se o desejo que estava sentido se revoltasse contra o seu bom senso.
 A brisa de verão abafada soprou mais forte e o seu cheiro a cercava, envolvendo-a, fazendo-a ficar tonta... fazendo-a querer. Sua mão mudou novamente, deslizando para baixo, curvando-se em torno de seu pescoço e sua pele estava muito quente, sua carne queimava. Tão vivo e quente, incrivelmente masculino. Ela piscou e, de repente o seu corpo estava mais perto ainda. Tão perto, agora que quase tocou a testa dela, sua respiração sussurrando junto em uma corrida, agitada e frenética.
— Não há mais jogos. Eu quero uma resposta e eu quero agora. Como isto aconteceu?
— Eu... eu não tenho nenhuma idéia. — Ela podia dizer pela sua expressão sombria que ele não acreditava nela e as palavras correram de dentro dela como uma enxurrada ofegante, inchada explosão de frustração e medo. — Juro, Ian. Eu não tenho nenhuma idéia de como isso aconteceu. É por isso que eu vim aqui. Eu estava preocupada. Eu precisava ver que você estava bem.
— Para ver se eu estou bem? — Ele rosnou, cílios tão longos e grossos que faziam sombras contra a sua pele. — Ah, mulher de Cristo. Não sou eu que quase teve sua garganta arrancada, merda.
Um carro de polícia chegou rugindo de uma esquina e no instante seguinte a sirene estridente,acelerou para além do prédio e da noite. Os dois saltaram, vacilando pelo guincho estridente.
Afastando-se dela, Ian empurrou o áspero cabelo úmido para trás, os músculos do braço e do peito em flexão com a ação, chamando sua atenção.
— Eu preciso de um cigarro — ele murmurou, voltando-se e desaparecendo na escuridão atrás dele.
Ele não bateu a porta na cara dela, então Molly assumiu que não estava sendo mandada embora. Moveu-se mais profundamente nas sombras do apartamento e ela o seguiu, fechando a porta atrás dela.
Sem a luz da rua, a escuridão cobria a sala. A perda de visão fez os outros sentidos mais nítidos, o som da sua respiração ofegante enchendo seus ouvidos, a superfície de seu corpo estava tão sensível que era como se ela pudesse sentir as sombras contra sua pele. Elas caíram sobre sua carne suavemente, leves toques de um dedo, acariciando-lhe as maçãs do rosto, queixo, a linha de sua garganta.
Basta manter a calma. Não fantasie. E pelo amor de Deus, não comece a chorar de novo. Ele vai pensar que você está fora de si. Não que ele já não ache que esteja.
Respirando profundamente, trêmula, Molly piscou contra a escuridão, insegura onde caminhar, até um baixo brilho de luz derramar na escuridão de uma entrada no lado distante do quarto. Após a luz, ela encontrou a sua frente um ombro forte apoiado contra a parede oposta ao lado de uma janela na cozinha de pequeno porte. De cabeça baixa ele levantou os braços para acender o cigarro pousado entre os lábios. Ele tinha ligado uma pequena luz que brilhava sobre a pia, o brilho fraco demais para alcançar os cantos sombrios, lançando um brilho nebuloso de ouro.
Lançando um olhar curioso na direção dela, ele falou com voz cavernosa, hesitante.
— Por que você gritou meu nome ao fim? Eu a feri?
Moveu-se cautelosamente pela cozinha caiu em uma das cadeiras de pinho ao lado de uma pequena mesa, desejando que ela puxasse algo mais pesado. O frio do ar condicionado atravessou a blusa fina, congelando-a até os ossos, enquanto Ian ficou ali meio vestido, seu corpo viril e grande, coberto com um brilho de luz de suor, como se impermeável ao frio.
— Não.
— Então por que o grito? — Ele exigiu, dando uma longa tragada no cigarro brilhando, os detalhes da sala perdida sob a força de sua presença. Ela tinha a sensação de que ela poderia ter sido cercada por predadores vorazes e ainda teria permanecido indiferente ao perigo, seu foco estava centrado no tamanho, na beleza de Ian Buchanan.
— Responda-me. — A dureza de seu tom arenoso a fez recuar.
O suave brilho da luz iluminava a largura de seus ombros, sua pele brilhando como o cetim, e ainda assim, ele estava completamente intocável. Como um animal selvagem enjaulado. Bonito, mas mortal.
Molly desviou o olhar e vacilou em uma respiração instável.
— Eu não quero...
— O quê? — Ele lançou as palavras com a força de uma chicotada.
Um inibido encolher de ombros passou por dela, os olhos ainda focalizaram um remendo distante no chão da cozinha dele.
— Eu não quero que você... deixe-me sozinha. — A confissão caiu dos lábios, sem qualquer direção de seu cérebro, surpreendente e inesperada. Ela queria voltar para arrebatar o que havia dito, as palavras mais vulneráveis, mas era tarde demais. Ele já estava absorvendo-as, trabalhando em sua mente, o azul escuro de seu olhar fez mira implacável sobre ela, intensidade intransigente quando ela conseguiu uma espiada nele, sob seus cílios.
— Diga-me o que você lembrar.
Ela corou, consciente de repente do calor subindo sob a pele, queimando em seu rosto. Sua língua ficou grossa na boca, cada parte mais sensibilizada, como se estivesse vivenciando tudo muito sutilmente. O frescor do ar. A velocidade de seu pulso. A pressão daquele lindo olhar azul, a cor hipnotizante provavelmente a inveja de qualquer mulher que ele já tenha conhecido.
 — Molly — ele chamou novamente.
As palavras saíram de seus lábios em rápida sucessão, além de seu controle.
— Nós estávamos em uma floresta. Era noite. Você estava... diferente.
Um riso áspero, sem humor ribombou acima de sua garganta e ele deu outra tragada profunda no cigarro, o seu silêncio fazendo seu passeio com a necessidade de preencher o espaço desconfortável.
— Nós tivemos sexo, mas você... você não...
Sua voz vacilou, e num tom de cascalho, ele disse:
— Gozou?
— Sim. — Ela estremeceu, apertando seu corpo com a lembrança da sensação. Ela tinha sido diferente de tudo que já tinha conhecido, sendo com ele, consumida por ele.
— Acredite em mim — ele fez uma careta, a simples sugestão de uma borda irônica às suas palavras — eu sei.
Seu olhar cintilou brevemente para o bojo imodesto na sua calça jeans, e ela quis perguntar por quê, por que ele não tinha permitido se soltar quando dentro dela, mas não podia, de repente com medo do que ele poderia dizer. Ele pareceu gostar do que tinha acontecido entre eles, mas ela sabia que os homens eram criaturas inconstantes, não sendo confiáveis com as questões emocionais. Suas palavras, se quisesse ser cruel, poderia cortar muito rápido e ela já estava sentindo as defesas que ela passou tantos anos construindo, de repente parecendo frágeis e instáveis. Ela não o conhecia bem o suficiente para confiar nele. Inferno, não sabia nada dele.
E ainda, por algum motivo inexplicável, sentia-se perfeitamente segura, não só com ele no meio da noite, sem nada, mas no silêncio tranquilo como companhia. Aqueles olhos tempestuosamente escuros moveram-se sobre seu rosto, demorando-se sobre suas características individuais. Então ele abaixou a cabeça, estendendo-se para o cinzeiro à beira do balcão da cozinha. Ela soube que se não o tivesse estado observando tão de perto, ela teria perdido a sombra triste do medo que se apoderou dos ângulos ásperos de seu perfil. Ele inclinou um olhar aguçado em sua direção quando a respiração dela sugou em um suspiro, e por um único instante, ela poderia ter jurado que ouviu sua voz rouca em sua cabeça. Ouviu a pergunta silenciosa que ele tinha muito medo de perguntar.
— Não — ela sussurrou, seu corpo tremeu com uma vibração baixa.
 Ele apagou o cigarro no cinzeiro de aço inoxidável e virou na direção dela, os pés apoiados em separados numa postura agressiva, os braços poderosos cruzados sobre o peito largo.
— Não o quê?
Ela revirou os lábios.
— Você não é mal.
Ele grunhiu em resposta, distraído, e começou a passear pela sala. Ela viu os pés descalços contra o linóleo desbotado, longo e escuro, mas de proporções perfeitas com o resto dele. Seu olhar viajou até o comprimento de seu corpo, sobre a dureza de suas coxas, o trecho ondulado de seu abdômen e ele levantou os braços, empurrando os dedos para trás com a massa de seu cabelo amassado. Ela não podia fazer nada além de olhar para o poder de seus bíceps protuberantes com fascinação, de olhos arregalados. Ele estava tão perfeitamente esculpido, era como se um mestre artesão tivesse cortado ele como o David de mármore e os deuses tivessem dado vida para ele.
 Mas ele não era nenhum anjo.
 E ainda... ele não era um demônio, também.
— Eu quero dizer, Ian, que você não é mal, não importa como... fisicamente se comporta em seus sonhos.
— Sim, e como você pode ter tanta certeza? Você não me conhece. Não sabe o que eu sou capaz. Não sabe o que eu sonho em fazer para as mulheres na minha cama. — Ele parou de andar, virando a cabeça para olhar para ela, os olhos afiados e escuros, tão azuis que pareciam negros. — Ou talvez você faça.
Ela esforçou-se para ignorar a onda de luxúria que derramou através dela, grosso e quente em suas veias, mas não foi fácil. Não com ele rondando, usando nada mais do que aquele mal abotoada e desbotada Levi's. Ela podia ver a sombra de cabelo escuro de seda deslizando para dentro do V na sombra de braguilha aberta e uma onda de fome rolou através dela, tão aguda, doce e forte que ela ficou tonta e foi forçada a inclinar sua parte superior do corpo sobre a mesa para se apoiar.
O canto da boca de Ian se contorceu, com uma fração pequena do movimento, e ela sabia que teria perdido se não o estivesse olhando tão atentamente.
Merda. Ele sabia.
Isso era ruim. Ela já estava afundada nisso até a cabeça e ficando mais profunda com todos os momentos que passava em cima dessa montanha maldita. Mas ela devia a Elaina. Caramba, ela devia isso a si mesma. Ela não ia estragar tudo. Não desta vez. Ela tinha uma chance de redenção, para fazer a diferença, e ela estava indo para agarrá-la, mesmo que morresse.
Que parecia uma possibilidade provável, sua consciência murmurou.
Ele moveu-se até ela, sorrateiramente até que ficou em frente a seus joelhos, os pés apoiados no exterior dos seus, olhando para ela. Inclinado para frente, ele colocou a mão direita em cima da mesa a seu lado, prendendo-a dentro.
— Ainda posso sentir o seu sangue em minha boca — ele murmurou sacudindo o seu olhar sobre o rosto, demorando-se no bojo de seu lábio inferior. — Esse tipo de merda não é normal.
 — Não para a maioria das pessoas. Mas você não é como os outros, Ian. É isso que eu venho tentando lhe dizer. É por isso que eu usei toda a minha poupança para comprar uma passagem de avião e vir aqui.
— Eu sou um empreiteiro, pelo amor de Deus. Não um vampiro maldito.
Impaciência cortando suas feições, a sombra de cerdas nas bochechas acentuando os buracos de sua expressão.
Ela balançou a cabeça, esticando o pescoço enquanto olhava para ele.
— Eu nunca disse que você era um vampiro.
— Então por que eu... — Ele empurrou o queixo em direção a sua garganta.
— Eu só sei o que eu tenho dito. De acordo com Elaina...
— Cristo — ele resmungou, indo para longe dela. — Eu não quero ouvir mais nenhuma besteira sobre o que a minha falecida mãe lhe disse.
Ofegante, ela disse:
— Eu estou te dizendo a verdade. Eu juro.
— Sim, agora me explique.
— Eu não sei.
— Como eu sou capaz de acordar na minha cama com o gosto de seu sangue na minha maldita boca! — Ele rugiu.
— Mas eu...
— E desta vez, não minta sobre isso! Eu quero saber como isso aconteceu, Molly!
Ela bateu a mão esquerda sobre a mesa, cansada de ouvi-lo gritar com ela... de não saber como fazê-lo ouvir.
— Eu não sei como isso aconteceu! Eu juro. Eu nunca sonhei com você antes. Nada parecido com isso havia acontecendo comigo antes, compartilhar um sonho com alguém que foi o que de alguma forma, de alguma maneira, realmente aconteceu. Tudo que sei é o que Elaina disse-me, e eu venho tentando lhe dizer, mas você não quer me ouvir! Ela me levou até você, disse-me onde encontrá-lo. Queria me avisar que você está em perigo, que está sendo caçado.
— É o pesadelo — ele resmungou, com o rosto lindo, arrogante definido em uma expressão dura e obstinada que a fez querer gritar com a frustração. — Você fez alguma coisa em mim.
— Não, isso não é verdade. Pense, Ian. Você tem tido pesadelos por semanas e nós só nos conhecemos agora. Eu juro, eu não tenho nada a ver com eles. A escuridão... tudo isto tem a ver com o que está escondido dentro de você. Você sabe disso. Eu sei que você sabe. Elaina disse-lhe histórias sobre os Merrick desde que você era um menino.
Ele recuou um passo, com os olhos sangrando negro e enfiou as mãos em seus cabelos. Apertou os dedos atrás de sua cabeça, olhou para cima no teto com sua mandíbula apertada tão duro que parecia doloroso. Molly olhou para os tufos de cabelos escuros sob os braços, as linhas gritantes de sua garganta, querendo tanto se aproximar e tocar-lhe. Para colocar sua mão sobre o centro de seu peito e sentir seu coração batendo contra a palma da mão, vital, urgente e forte.
— Ian, eu sei que você não quer acreditar em mim, mas depois do que aconteceu como você pode ainda pensar que eu estou aqui para convencê-lo? Essa coisa é real. Eu tenho as marcas de mordida no meu pescoço para provar isso. Precisamos ajudar um ao outro, porque eu posso garantir que isso é mais do que eu pedi. Elaina disse-me como encontrá-lo, queria que falasse com você. Para dizer-lhe coisas que ela tem medo de ninguém mais vá. Mas ela não disse nada sobre... sobre o que diabos seja o que aconteceu hoje. Ela me disse que essa coisa dentro de você precisa se alimentar de energia, mas ela não disse...
Sua voz foi sumindo e ele baixou o olhar à sua volta, resmungando:
— Isso seria me alimentar de você? Que levaria o seu sangue?
 — Sim.
Ela engoliu nervosamente, cruzando os braços sobre o peito, resistindo à vontade de levantar a ponta dos dedos e tocar o calor formigante da mordida no pescoço, a carne macia pulsando lentamente, com pulso residual de prazer.
Seus olhos se estreitaram, estudando-a com intensidade feroz, e, em seguida, respondeu asperamente:
— Filha da puta. Você realmente gostou, não é?
 — O quê? — Ela piscou, debatendo sobre a coisa certa a dizer.
— Enfrentá-lo, Molly. Qualquer outra mulher teria corrido gritando no outro sentido agora. Teria saído de Henning no segundo que ela acordou e encontrou sua garganta sangrando. Mas olhe para você, chegando aqui, querendo falar. Para me ajudar. O que há com você? — Ele a espreitava novamente, seu corpo fechando qualquer rota de fuga. — Você tem desejo de morrer? Ou você apenas quer sair com o material duro?
Elevando-se sobre ela, a mão calejada deslizou sob seus cabelos novamente, o seu dedo áspero nivelando sobre um dos dois ferimentos puntiformes, e ela engasgou na corrida insana da sensação que dobrava através de seu centro, estabelecendo-se fortemente entre as coxas. Sexo aquecido... inchado, sensação de peso e vazio de uma só vez, seu nariz vermelho, os olhos escuros cortando para o seu próprio olhar confuso, e ela sabia que ele podia sentir o cheiro da necessidade. Que dentro dela estava a escura dor incontrolável, torcendo profundamente, agarrando a ela, fazendo-a ansiar. Fazendo necessitar de coisas que ela nem sequer compreendia. Que ela temia.
— Qual é a sua resposta, Molly?
Trêmula, ela disse:
— Seja grosseiro, se ajuda a lidar. Eu tive uma pele grossa o suficiente até agora para levá-lo. Você pode me irritar, mas não vai assustar-me. Eu não vou correr.
— E você não vai me dar todas as respostas, não é?
Seus olhos deslizaram fechando, ameaçando derramar lágrimas de emoção com o excesso de sensações em seu sistema.
— Eu queria explicar como o sonho aconteceu, Ian. Mas eu não posso.
Ele suspirou, o calor do seu corpo cobrindo-a como um raio brilhante de sol.
— Ok, eu vou ouvir. — ele disse em uma voz profunda e grossa e ela podia sentir a pressão de seus olhos em seu rosto, vê-la. — Não é como se sua história fosse divertida como o inferno. Então, vamos ouvi-lo. O que você me diz?
Com uma respiração profunda, Molly ergueu os cílios.
— Eu posso dizer sobre Elaina. Posso dizer-lhe o que ela me disse.
 — Em seus sonhos, certo? — Ele murmurou, o olhar resoluto pesando em sua boca, fazendo vibrar os lábios.
— Isso é como ela fala comigo, sim. Não me pergunte por que, pois eu não sei. É apenas a maneira que foi desde que eu era uma adolescente.
Ele prendeu aquilo como um pit bull com um osso, de repente segurando seu olhar.
— O que aconteceu quando você era adolescente?
Embaraçada, ela levou o seu olhar para longe de seu foco e sobre a mesa. No centro tinha uma daquelas velas perfumadas que refrescam o ar, com o nome dele florido e feminino. E isso com facilidade amoleceu algo dentro dela, mudou para um foco mais tranqüilo, seu corpo relaxou na cadeira, liberando a tensão, como o escape de ar suave de um balão. Ela riu silenciosamente em sua lógica, ridiculamente tranquilizada, confortada por uma parva vela, como se o fizesse parecer menos perigoso. Deus, talvez ela estivesse louca. O fato de ele possuir uma vela perfumada não o tornava uma ameaça menor à sua estabilidade. Não o fazia domesticado ou manso. Ele provavelmente só não gostava de sua cozinha cheirando a fumaça de cigarro.
Pressionando um lado do estômago, segurando a espiral de emoções selvagem, ela disse:
— O que aconteceu comigo não é importante. É o que está acontecendo com você que precisamos focar. Há algo dentro de você, Ian. Algo que você precisa aprender a controlar. Algo que vai fazer você ser caçado. Isso vai colocar as pessoas com quem se preocupa em perigo.
— Eu lhe disse antes, não há ninguém que me interessa.
— Eu não acredito. - argumentou. - Eu aposto que há alguém com quem está preocupado esta noite. Elaina disse-me que existe. E ela está em perigo por isso... esse mal que vai tentar machucar a ambos.
Ele se aproximou, apoiando as mãos no encosto da cadeira, o seu calor, o cheiro de terra em torno dela, o olhar pesado, sexual porque estava com raiva.
— E o que te faz pensar que eu me preocupo com ela ou mesmo goste dela? — Um riso duro, arenoso, deslizou além dos lábios dele, baixo e sensual como o inferno. — Confie em mim, pequena Molly-Correta, as pessoas gostam de Kendra e eu não preciso gostar da pessoa para ter relações sexuais com ela.
 — Então, por quê?
Sua cabeça inclinou para o lado.
— Por quê?
— Se você não gostava muito dela, porque dormia com ela?
Por um momento, ela achou que ele não ia responder pela forma como ele se afastou novamente dela, como se não pudesse confiar em algo que pudesse se transformar a qualquer momento. Ele agarrou a gola da camiseta preta sobre o dorso de uma cadeira próxima, em seguida passou-a sobre a cabeça, virou e seguiu até o armário à direita da pia. Pegou um copo pequeno, de vidro grosso e uma garrafa meio vazia de uísque e colocou o líquido no fundo do copo.
— Você quer saber por que eu dormi com ela? Porque eu gostei de seu corpo. Gostei do fato de que ela não pedia mais do que eu estava disposto a dar. Gostava que ela se mantivesse a parte. Eu não tenho que gostar ou me preocupar com as mulheres que eu levo para cama — disse ele sem se virar, a voz com um som arenoso. — Na verdade, eu raramente faço.
Ela engoliu o sentimento que fechava em sua garganta.
— Eu vejo.
Suas sobrancelhas levantadas quando ele se virou para olhá-la por cima do ombro.
— Você?
Molly concordou.
— A segurança emocional. Você não deixa ninguém chegar muito perto. Eu me pergunto se Kendra sentia o mesmo, ou se ela esperava que você se apaixonasse por ela.
Atirando para trás o uísque âmbar escuro, ele limpou o canto da boca com as costas de seu pulso.
— Por que diabos estamos falando dela como se estivesse morta?
Sua pergunta surpreendeu, e com isso veio uma sensação nauseante de certeza. Molly não sabia por que tinha começado a referir-se à mulher no passado, mas temia a sensação pesada que revolvia com repugnância suas entranhas. Sua testa começou com um brilho úmido de suor e ela apertou uma mão sobre o coração, o seu ritmo rápido e leve contra sua palma.
— Eu avisei que alguma coisa iria acontecer, Ian. Eu tenho um sentimento horrível que já aconteceu.
Ele não disse nada. Apenas encostou a parte inferior das costas contra o balcão e olhou, provavelmente pensando que ela era a maior aberração viva.
— Por que você acha que Elaina escolheu você? — questionou ele, sua voz profunda, baixa e áspera.
— O quê? — Perguntou ela, pega de guarda baixa pela mudança de assunto.
Ele olhou duro, como se tentando descobrir um problema.
— Por que você?
— Oh, eu realmente não sei. Eu não sei por que nenhuma das vozes que ouço vem até mim. Talvez eu seja capaz de atraí-los de alguma forma. Talvez ela não pudesse encontrar alguém que fizesse algo tão louco. — Suas palavras vieram rápidas e cortou com a frustração. — Agora, temos algo muito mais importante para falar. Você estava mesmo ouvindo o que eu disse?
— Sim — disse ele sua voz rouca. Ele tomou outro gole. — Eu estava ouvindo.
— Então você vai tentar chamá-la? — o pânico estava rastejando até sua espinha, fazendo ficar tonta... nauseada. Deus, ela tinha estado sentada ali discutindo com ele e uma mulher estava morta. Assassinada. Ela não sabia como tinha esta certeza, mas ela estava certa disso. Assim como ela estava certa de que tinha algo a ver com o homem parado à sua frente, olhando para ela como se ela fosse algo que ele queria raspar com o fundo do sapato e jogar fora.
Quando ele não respondeu, apenas ficou olhando, ela acrescentou:
— Por favor, Ian.
Suspirando, ele bateu o copo no balcão, foi até o telefone pendurado na parede ao lado da geladeira cantarolando suavemente e rapidamente digitou um número. Ele segurou o fone no ouvido por um momento, então o colocou de volta.
— Ela não está em casa — ele murmurou, olhando para ela. — O que significa que ela provavelmente foi ao seu bar favorito esta noite e fez um novo amigo.
— Ou talvez algo terrível tenha acontecido — argumentou ela, levantando o queixo.
Um som rude de impaciência retumbou na parte traseira de sua garganta.
— Cristo, você simplesmente não desanima, não é?
— Eu não tenho tempo para sentar e bater-lhe na cabeça com isso. Eu preciso que você me escute, acredite no que estou dizendo e me ajude a fazer as coisas certas, e então eu poderei voltar para casa.
Onde ela pediria seu emprego de volta, se eles decidiram demiti-la por deixá-lo assim de repente, e esperava que as vozes em sua cabeça ficassem finalmente quietas, deixando-a em paz. Dando-lhe um tempo uma maldita vez em sua vida.
— Onde fica sua casa? — Ela o ouviu perguntar através da festa de piedade que ela estava ouvindo em sua mente.
— Não é importante — ela retrucou, frustrada consigo e com toda a situação horrível. — Você vem comigo para verificar Kendra?
Ele balançou a cabeça lentamente de um lado para outro.
— Você tem que estar brincando.
— Eu não estou.
— Não há nenhuma maneira no inferno que eu vá espreitar no escuro porque você acha que o bicho-papão está lá. Caia na real.
— Ótimo. Se esse é o jeito que você quer, então eu vou sozinha.
Ela ficou em pé, caminhando em direção a sala e ele agarrou seu braço, os dedos longos mordendo sua carne pelo agarrão apertado e a girou de volta.
— Você está louca?
— Você não acredita em mim. Acho que estou fora de mim. Tudo bem. O que importa para você, se eu vou vagando no escuro?
— Você não vai a lugar nenhum — ele rosnou com a raiva crispando suas extremidades enquanto falava. - Salvo de volta de onde você veio.
— Errado. Eu estou fazendo o que tenho que fazer, por favor. O que for preciso para conseguir sua mãe fora da minha cabeça para que ela possa ir ao lugar dela!
— Cristo — ele resmungou sob sua respiração, liberando o seu braço.
Esfregou a palma da mão contra a borda irregular do seu maxilar, em seguida, disse calmamente:
— O delegado vai rir se eu for lá, quando ele descobrir que eu me deixei ficar arrastando pela noite por um pouco de dor na bunda como você.
— Não se preocupe — ela murmurou, lutando para segurar o alívio por ele ter cedido.
Ela não estava exatamente feliz de passar mais tempo com ele, quando ele insistia em ser tão idiota, mas ela não podia negar que preferia lidar com a sua rudeza a lidar com as coisas sozinha. Especialmente quando ela ainda não tinha um entendimento claro do que exatamente ela estava indo encontrar.
— Se eu estiver errada e ela está bem, então você pode rir da minha cara e me dizer para ir embora. O xerife nunca terá que saber.
Ian balançou a cabeça diante das suaves palavras ditas. A mulher era incrivelmente ingênua se ela achava que poderia sair andando pela cidade e manter-se afastada de Riley. Improvável.
Ele estava consciente de seu corpo esguio desde quando ela entrou na sala escura, a pressão de seus olhos em suas costas enquanto ela o observava através das sombras longas. Pegando seu telefone celular na mesa de café, ele voltou para ela, dizendo:
— Ele vai saber. - Ele fez uma careta com um trejeito irônico dos seus lábios. - Confie em mim. Ele é como Santa Claus. Ele sempre sabe.
Suas sobrancelhas foram puxadas juntas em uma carranca zombeteira.
— Você é amigo do xerife?
— Você poderia dizer isso — ele murmurou, pegando os sapatos antes de procurar pela sala as chaves do seu caminhão. — Estou surpreso que Elaina não tenha mencionado isso.
— Não temos chats — ela disse com um suspiro. — Basicamente, ela só me usa como um cavalo velho me importunando sobre minha vinda para te encontrar e entregar o aviso que lhe dei esta tarde.
— Hum. Isso soa como ela. Deus sabe que a mulher gostava de cavalo. - ele resmungou assim que o telefone posto no bolso começou a tocar. Abrindo-o Ian não pode acreditar no nome brilhando na tela.
— Falando no diabo.
 — Quem é?
Um riso baixo retumbou em sua garganta enquanto segurava o telefone, balançando no ar.
— O xerife.
— Isso não é engraçado — ela murmurou, franzindo o cenho.
Ele bufou, outro sorriso chutando no canto da boca.
— Diga-me sobre isso. — Batendo no botão de chamada, ele colocou o telefone no ouvido. — Sim?
— Se vista. — a voz profunda de Riley resmungou sobre a linha. - Eu preciso de você para me acompanhar.
 Seu sorriso desapareceu, substituído por uma crescente onda de apreensão.
— O que está acontecendo?
— É Kendra.
Ian fechou os olhos com força, a maldição gutural empurrando para cima de seu peito. Inferno não. Isso não estava acontecendo.
— Onde está você? — Ele não conseguia perguntar por que seu irmão foi chamado.
Riley gritou alguém para segurar, antes de dizer:
— Na Marsden Road.
— Eu estou a caminho.
Houve uma pausa pesada e, em seguida Riley disse:
— Você não vai perguntar o que aconteceu com ela?
Quando ele não respondeu, Riley rosnou:
— Ela foi morta, Ian. Assassinada.
Ele engoliu em seco, incapaz de emitir um grunhido.
— Eu estarei aí em quinze minutos — ele finalmente conseguiu dizer sufocando, antes de desligar a chamada.
Fúria rastejou por seu corpo, doentio e grosso, consumindo o calor do corpo dele a sua maneira, até que ele estava lá parado, tremendo, a pele fria e úmida. Sem querer olhar para Molly, ele esquadrinhou o quarto, finalmente viu o brilho de suas chaves no stand TV junto à janela.
 — O xerife é seu irmão, não é? — Perguntou delicadamente. — Riley?
Ele tentou acenar, mas o movimento saiu demasiado brusco, como um espasmo.
— Sim. Como eu disse, estou surpreso que Elaina deixou um pouco de informação passar.
— Ela me disse que você tinha um irmão e uma irmã, mas isso é tudo. -Ela respirou fundo, então disse calmamente. — Alguma coisa aconteceu, não foi?
Ian se virou para olhá-la por cima do ombro, perguntando o que diabos ela era, e o que diabos estava acontecendo.
— Kendra está morta.
Ela vacilou, tremendo, a cor sumindo de seu rosto como se estivesse sangrando, deixando-a pálida e fantasmagórica, com as malditas vozes que ela aparentemente ouviu em sua cabeça deixando-a um pouco confusa.
— Eu tenho que chegar lá. Riley está esperando por mim. — Sentia suas entranhas como se tivesse sido despojado ácido e lutou para manter baixo o uísque. — Onde está hospedada? — Perguntou dirigindo para a porta.
— Estou no Pine Motel. — Andou para a porta da frente enquanto ele a mantinha aberta e ficou em pé ao lado dele enquanto ele rapidamente trancava a porta.
— Pine Motel? Cristo — ele murmurou. — Aquele lugar é um lixo.
— Obrigado por esta observação notável — disse ela grossa, e ele podia ouvir a ameaça de lágrimas em sua voz enquanto ela o seguia pelas escadas periclitantes. Ele dirigiu-se para seu caminhão, o seu carro alugado azul escuro estacionado ao lado dele, o luar não era carinhoso com ele como o sol tinha sido.
Dando-lhe um brilho pior dele, esperando que assim ela o ouviria, ele disse:
— Volte lá, então tranque as janelas e portas e não responda a ninguém. Você entendeu?
Ela ergueu o queixo, abrindo a porta do carro e se colocou atrás do volante. Pareceu-lhe muito pequena dentro do carro de aluguer, muito frágil e facilmente quebrável.
— Não se preocupe. Eu sei cuidar de mim.
Ian poderia dizer que o som baixo de dúvida que ele fez em resposta ralava em seus nervos mais do que qualquer comentário falso que ele poderia ter dado.
— Quando eu te verei de novo? — Ela explodiu, quando ele começou a virar.
Ele balançou a cabeça, colocando as mãos nos bolsos da frente antes que fizesse algo estúpido, como tentar tocá-la.
— Você não vai.
 — Ian.
— Eu quero que você fique longe de mim — ele rosnou, cortando-a. — Amanhã, quando amanhecer, você coloca sua bunda no carro e voltar para o lugar de onde você veio. Você está me ouvindo?
— Não há nada errado com a minha audição.
— Não — ele murmurou — apenas com sua sanidade mental.
— Eu não sou louca. Eu queria ser. E eu também não estou partindo. Não até que tenhamos as coisas arrumadas.
— Boa viagem, Senhorita Stratton. — Ele pontuou o fim com um olhar duro de advertência e, em seguida bateu a porta de seu carro.
Ian esperou até que ela ligou o motor e conduziu para a rua. Viu as luzes traseiras do carro desaparecendo na estrada, antes de se virar e subir em seu caminhão. Sentou-se por um momento, olhando para o nada, perdido em pensamentos, imaginando se ele a veria novamente, esperando que ela fosse inteligente o suficiente para fazer o que ele disse antes que as coisas ficassem mais difíceis do que já estavam. Ela poderia acabar mal. Inferno, se ela estava certa, se algo fosse projetado para ele com o assassinato em mente, ela poderia até mesmo acabar morta.
Com um rosnado baixo de frustração, ele colocou a chave na ignição, ligou e se dirigiu para a noite.
























CAPÍTULO CINCO
Sábado à tarde


O que tinha sido uma noite de merda virou uma puta de uma opressão de dia, cada pista que eles seguiram batendo em uma parede frustrante. Até o momento em que Ian finalmente conseguiu voltar para seu apartamento, já era de tarde. Enquanto a equipe forense tinha lidado com a cena do horrível crime, ele passou a hora infernal ajudando a refazer os passos de Kendra. Riley, falou com todos que puderam encontrar sobre sua vida pessoal. Era quase embaraçoso quão pouco ele foi capaz de dizer a seu irmão sobre a mulher que ele tinha conhecido há quase seis meses. E a multidão no bar preferido de Kendra sabia menos ainda. Um casal se lembrou dela saindo com um cara loiro, mas ninguém sabia o seu nome. Uma garçonete voltando da troca o ouviu chamando-a de "gostosa" e o garçom foi capaz de descrever seus olhos.
 — Como os de um husky. Aquele azul frio, gelado. Sabe o que eu quero dizer?
Tinha havido um momento ímpar, quando Riley finalmente havia parado em frente de seu prédio para deixá-lo, a expressão de seu irmão, de intensa frustração, como se ele não conseguisse decidir o que dizer. Ou como dizer. Então, ele colocou um lado de seus cabelos desgrenhados para trás e perguntou:
— Você já foi lá em cima naquele lugar de armazenamento em Mountain Creek?
Depois do funeral de Elaina, Riley tinha transportado os pertences pessoais da mãe deles para o Colorado, armazenando-os em uma instalação nas proximidades. Em vez de vender a pequena casa onde ela morava, que tinha sido da família de Elaina durante gerações, ele havia deixado tudo em bom estado de funcionamento juntamente com alguns móveis, pois, segundo Riley, Saige estava pensando em passar algum tempo lá quando não estivesse vagando pelo mundo, em busca de seus bocados de lixo. Todo o resto tinha sido trazido para o Colorado, incluindo algumas coisas que, aparentemente, Elaina queria que ficasse com Ian. Não que ele se interessasse. Ele disse a Riley para jogar fora tudo o que estava no armazém, junto com o resto de suas coisas, que seu irmão tinha trazido. Então Riley se virou e deu-lhe um conjunto de chaves para a unidade de armazenamento, advertindo-o que ele poderia querer colocar as mãos em tudo o que ela tinha deixado para ele algum dia.
Considerando o que eles tinham acabado de passar, parecia uma coisa estranha para se perguntar, mas Ian tinha desistido de tentar descobrir como a cabeça de Riley trabalhava há muito tempo.
— Eu disse que não estava interessado em nada de Elaina — murmurou ele, abrindo a porta.
Antes que ele pudesse sair do caminhão, Riley tinha estendeu a mão e agarrou o braço dele.
— Eu acho que talvez você deva ir até lá.
— Para que diabos? — Ele resmungou, livrando-se do aperto de seu irmão.
Riley fez uma careta quando ele caiu de volta contra o seu assento.
— Se eu lhe disser, você nunca vai acredita em mim — ele disse com um suspiro duro, parecendo desgastado. — Porra, eu nem acredito nisso. Mas se as coisas... se as coisas ficarem estranhas, eu vou lá com você. Ajudá-lo a encontrar o que ela deixou para você.
Balançando a cabeça, Ian tinha saído do Bronco, batendo a porta atrás dele. Como ele andava na frente do caminhão, Riley tinha enfiado a cabeça para fora da janela do lado do condutor e gritou para Ian não ir a lugar nenhum até que tivesse ouvido falar dele.
Huh. Como se ele tivesse a energia para ir a qualquer lugar. Frustração roia-lhe até os ossos. Deitando em seu sofá, Ian jogou seu celular na mesa de café, perguntando se ele deveria tentar falar com Molly no motel, depois sacudiu o pensamento irritante. Se ela tivesse metade de um cérebro, ela já estaria na estrada agora, e o que ele diria? "Hey, você estava certa. Algum asno mutilou Kendra e deixou o corpo dela espalhado em cima de um campo para um grupo azarado de adolescentes parar por causa de um vazamento e vê-lo. Acho que eu realmente deveria ter ouvido você."
Ele estava muito doente e as crianças então provavelmente iriam precisar de terapia. Não, ele não poderia ter essa conversa inútil... nunca. Ele já se odiava o suficiente no momento, ele não precisava despejar o seu desespero em cima dela. Ela tentou avisá-lo, mas como o arrogante sabe-tudo que seu irmão sempre o acusava de ser, ele não havia escutado. Parecia que tinha passado anos afinando o talento inútil de afastar as pessoas, ignorando-as, mesmo quando elas estavam tentando ajudá-lo.
Esfregando as mãos pelo rosto, Ian se esforçou para focar sua mente em algo útil, algo que ajudaria Riley a prender o bastardo assassinato, mas seu cérebro não parava de passar as imagens do corpo mutilado de Kendra e o campo encharcado de sangue. Ele sabia que nunca iria ser capaz de apagar a imagem completamente da sua memória. Inferno, eles não poderiam mesmo ter certeza se tinha sido um homem que a matou, o dano foi tão extremo.
Se você não pode ser honesto com ninguém, asno, pelo menos seja honesto com você. Você sabe o que era, sua consciência zombava dele, arranhando-lhe os nervos como uma espada. Você soube desde o princípio.
Ian cerrou os maxilares, fazendo seu melhor para ignorar o idiota malicioso em sua cabeça, desejando poder colocar suas mãos sobre quem ou o que era o responsável. Ele podia não ter amado Kendra, mas ele a respeitou e no início de seu caso ele tinha gostado do tempo que passou com ela. Kendra Wilcox tinha sido uma boa pessoa. Engraçada, bonita, independente. Ela não merecia o que tinha sofrido. Cristo, ninguém merecia morrer assim.
Riley iria voltar no segundo em que algo surgisse e ele precisava descansar antes que as coisas começassem a acontecer, mas ele estava zangado demais para dormir, a adrenalina ainda batendo através de seu corpo, mantendo-o no limite. Se ele não podia descansar um pouco, comida seria a próxima coisa para mantê-lo bem, mas ele não poderia enfrentar um outro jantar requentado. Tudo tinha gosto de papel para ele nestes dias, seu apetite enfadara-se com a comida habitual.
Murmurando sob sua respiração, Ian fez o caminho até a cozinha, pegou a garrafa de uísque e um copo, depois voltou para o sofá, pegou o controle remoto da TV de tela plana, a única coisa no apartamento de elevado valor, se alguém se preocupasse em arrombar. Parando em um jogo de Rockies, ele ficou esparramado sobre as almofadas, tentando concentrar sua mente em RBIs e na média de lançamentos, em vez das imagens terríveis que tinha testemunhado, tentando não pensar em Kendra e uma estranha lourinha que tinha avisado a ele que alguém próximo estava em perigo.
Como um idiota, ele passou a noite inteira e o maldito dia tentando convencer-se de que o assassinato de Kendra não tinha nada a ver com ele, que ele não poderia ter evitado que isso acontecesse. Mas ele sabia melhor. Havia uma sensação de queimadura roendo em seu estômago que o fazia sentir muita vergonha para esquecer sua própria merda. Ele fez uma tentativa de afogar a emoção, tentando afogar suas emoções em uísque, mas não funcionou para nada. Em vez disso, ele continuou afundando cada vez mais em sua culpa, como estar à beira de um rio lamacento, os pés descalços afundando mais e mais nas camadas grossas de lama. Riley havia pressionado durante toda a noite para qualquer coisa que ele pudesse oferecer, mas ele mentiu, alegando que ele não tinha qualquer informação. Ele não disse a ele sobre Molly, e muito menos o fato de que ela tinha jogado em seu rosto um estranho aviso, implorando por sua ajuda.
E ele com certeza não tinha mencionado o sonho que tinham compartilhado. Em vez disso, ele fez o seu melhor para evitar pensar nisso, embora ele sempre estivesse ali, persistente no limite de sua consciência... aguardando o momento de atacar.
Como agora, a sua consciência sussurrou, e ele bebeu o uísque que bateu em suas entranhas quente, ardendo, queimando.
O esgotamento finalmente alcançou-o na sétima vez, seus últimos pensamentos centrada em Molly Stratton e com isso ele teve um sono agitado. Ele se perguntou onde ela estava, o que estava fazendo. Desejando poder tirá-la de sua mente maldita. Odiando a frustração incomoda... o pânico ilógico que queimava como ácido em seu peito toda vez que ele enfrentava a possibilidade enlouquecedora de que ele nunca iria vê-la novamente.
Apesar do calor opressivo da noite, ele dormiu, graças à bebida. Até os sonhos começarem novamente. Ian, como já era esperado, estava no calor da floresta fértil e do frenesi erótico do acampamento cigano, e tinha se preparado para fazer tudo o que podia para manter o foco na primeira mulher que ele tivesse embaixo dele. Se fosse com ela, então talvez ele não iria encontrar-se com Molly no chão da floresta úmida, tendo mais dela do que ele tinha qualquer direito.
Mas, como sempre, o destino tinha um jeito de se virar e morder-lhe no rabo.
Ian puxou-se a partir da profundidade dos níveis obscuro de seu subconsciente, abriu os olhos corajosamente para algo macio, luz bruxuleante e soube imediatamente o que estava errado. Algo ainda mais confuso do que antes. Do que os pesadelos torcidos que o tinham atormentado durante semanas.
Não houve floresta, fogueira cigana... não... nenhuma morena provocante de olhos negros para saciar seu desejo.
Em vez disso, Ian se encontrou ajoelhado sobre um tapete macio, de intricado tecido persa, o ar ao seu redor cheio de aromas inebriantes de mulher e da fumaça da lenha que rugia no fogo de um forno em algum lugar distante, o calor das chamas contra seu corpo nu. Espreguiçou na parte de trás dela, as coxas pálidas de Molly esparramadas de forma indecentemente.
— O quê? — Ouviu seu suspiro, a surpresa amolecendo sua voz rouca, borrando as bordas de sua fala, como se ela tivesse apenas percebido o que estava acontecendo novamente.
Ela provavelmente estava abrigada em uma das camas do motel irregular, levando a uma conversa com o fantasma deformado de sua mãe, só que de repente encontrava-se ali, com ele. Seu olhar percorreu seu caminho para baixo da linha clara de seu corpo, aveludados olhos castanhos alargaram-se com o choque da consciência da pura intimidade de suas posições. Ela gemeu e rapidamente cobriu-se com os braços.
Luxúria apertou a garganta de Ian, sufocando sua capacidade de falar. Ele agarrou seus pulsos, puxando os braços para longe de seu corpo, fixando-os em seus lados. O redemoinho vermelho-e-preto do tapete acentuou o brilho quente, luminoso de sua pele, enquanto seu perfume doce ficou mais forte com a ascensão de seu pulso. No topo da curva delicada dos seios, os mamilos endurecidos como bagas, exuberante, bonito e maduro. Quis trazê-los para o calor de sua boca, chupá-los até que ela se desfizesse. Queria correr os lábios em sua pele febril, tão suave, macia e deliciosa, trabalhar a sua maneira para baixo, por todo comprimento de seu corpo de dar água na boca.
— Ian, - ela sussurrou, sua voz abafada, instável. — como?
Ele balançou a cabeça, incapaz de puxar seu pesado olhar para longe dos detalhes provocantes de sua figura, cada descoberta requintada tornando um pouco mais difícil, um pouco mais profundo.
— Eu não sei.
— Onde nós estamos? — Perguntou ela, os seios subindo e descendo conforme a cadência da sua respiração ficava mais rápida e mais nítida.
— Não me importa. Apenas não se mova, não se cubra — ele rosnou, um tom arenoso na voz que ele nunca tinha ouvido antes, cascalhento e áspero.
Ele libertou seus pulsos e se moveu, esfregando-se contra ela, contra os seios perfeitos e macios, as lisas dobras aninhadas entre suas coxas, seu sexo tão macio e úmido e ele quase se perdeu lá. Havia tantas coisas que queria fazer com ela, para ter com ela. Intimidades severas, explícitas que não tinha nenhum lugar entre estranhos, no entanto ele teria tomado se tivesse tempo. Inferno, ele teria lhe dado mais de si do que ele já tinha dado a outra mulher em toda a sua vida perdendo-se nela, poderia passar dias a fio explorando os segredos do seu corpo sensual, afogando-se nas descobertas, nos pormenores de cortar a respiração.
Mas o tempo era a única coisa que ele não tinha.
Ele sabia que a cada respiração áspera e irregular, os segundos que tinham sido concedidos com ela estavam se escorregando. Tentar agarrá-los seria como lutar para que a água não escorresse dentro de sua mão. Inútil, fútil, e um desperdício de seu tempo.
A cena era muito perfeita para durar. A qualquer momento Ian esperava tê-la arrancada de sob ele, deixando-o completamente destruído.
Ele só esperava não se queimar quando isso acontecesse, quando ele a perdesse.
Desculpas insensatas por ser um asno dolorosamente presas em sua garganta, deixando um gosto amargo na boca. Ele as sufocou quando pegou o brilho nebuloso, pálido do olhar dela e disse:
— Eu quero abaixar em você. Eu quero tanto te provar, Molly. Mas eu não sei quanto tempo isto vai durar e de nenhuma maneira no inferno em que estou perco a chance novamente de foder você.
Ela não recuou diante de sua crua honestidade ou tentou rolar para longe dele. Ela apenas estava lá contra o tapete, lindamente suplicante, os braços dobrados, palmas das mãos abertas de cada lado do rosto corado, os cabelos emaranhados numa fúria de cachos dourados ao redor de suas bochechas. Os profundos e luminosos olhos pousados sobre ele, arrastando-o mais para baixo, como se estivesse caindo dentro dela, completamente sob seu feitiço.
Um tronco estourou enquanto crepitava na lareira em um berro agourento de trovão estourando em algum lugar ao longe, o pulso severo da tempestade que vem de frente, que ecoou na pancadaria violenta do coração dele. Levando seu suave silêncio como consentimento, Ian chegou mais perto, querendo fazer um berço com suas próprias mãos e esfregar seus dedos nas taças úmidas e acariciar sua pele, mas ele lutou contra a vontade, com medo de onde essa proximidade poderia levá-lo. Já era bastante assustador e selvagem esta desconhecida emoção em uma terra de ninguém onde ele sempre via o tempo de fechando em torno dela.
Depositando fundo toda sua extensão entre as coxas dela, Ian apoiou seu peso no cotovelo, depois avidamente abriu a boca sobre a ponta de seu suculento seio esquerdo, com tanta fome dela que queria comê-la viva. Rolou o mamilo, requintada baga vermelha contra a sua língua e preparou-se contra ela. Seu olhar bloqueado. Realizado por um instante único, em chamas. Então, ele ergueu a cabeça e levou o seu corpo dentro dela com uma espessa fricção de movimento, trabalhando tão duro como tinha feito na noite anterior. Seus olhos se alargaram, dentes brancos afundando na almofada suave do seu lábio inferior e Ian empurrou mais fundo.
Travando sua mandíbula, ele lentamente puxou para trás seus quadris, as sensações tão agudas que beiravam ao precipício intenso de prazer e dor. Tirou-se quase completamente para fora, seus músculos tensos, a pele manchada de suor e ardor e empurrou de volta, mais duro desta vez, de alguma forma deu mais dele para ela. Sua mão esquerda se aproximou em punho dos cachos dos cabelos dela, segurando-a firme quando ele caiu em cima. Precisando de seu gosto, ele cobriu sua boca com urgência, beijo faminto, saboreando o gutural gemido contra a sua língua um fluxo de fôlego com promessas. Embaulando a outra mão em torno de seu quadril, mordendo os dedos em sua carne, ele se alimentava dela como se sua vida dependesse disso. Cada pesado impulso possessivo alimentados com uma parte de sua alma que estava ávido por cada parte dela, como se ele pudesse quebrar e reivindicar as peças para si.
— Olhe para o reflexo — ele comandou contra os lábios num sussurro rouco, compartilhando sua respiração, seus mamilos apertados com força contra seu peito, puxando contra sua pele, mudou-se sobre ela, dentro dela.
Ela arfava, sacudindo a cabeça.
— Molly , olhe para o reflexo merda.
Seus dedos apertaram em seus cabelos, virando sua cabeça e ela olhou para a imagem explícita estampada nas janelas que pegavam todo um lado da sala.
— Eu aposto que você nunca teve esse olhar especial sobre o seu rosto antes — ele murmurou baixo, com um riso retumbante. — Não Senhorita Pequena Molly Correta. Você é muito tímida. Também rígida. Exceto comigo. Você sabe que me deixa quente?
Ela sacudiu a cabeça outra vez, ofegante e ele disse:
— Eu amo saber que sou o único homem que pode rachar a sua superfície fria, pura e fazer você enlouquecer. Fazer você gritar e pedir por mim, completamente fora de controle.
E era verdade. No momento, as unhas pequenas estavam escavadas em seu bíceps de forma dura e ele sabia que marcas crescentes seriam deixadas para trás em sua pele, uma prova de sua paixão.
Os olhos dela fechados vagueavam como a intensidade chegando mais alto, seu corpo se contorcendo, se aproximando mais perto da borda, antes dela virar de repente o rosto para longe dele. Ela estava escondendo isto, negando o corpo dela o que ele queria. Combatendo. Escondendo. Escondendo dele.
Segurando o queixo dela, Ian a puxou de volta.
— Olhos abertos, Molly. Eu quero ver isso acontecer. Quero ver seu rosto quando você gozar.
— Não...
— Oh, sim. — As palavras foram corajosas e de intensa cobiça, com prazer. — Pare de lutar contra.
— Você vai me deixar mais uma vez — ela disse calmamente, levantando seus cílios, revelando que os olhos brilhavam com lágrimas. Ao olhar em suas profundezas misteriosas a respiração de Ian parou, enquanto algo em seu peito cerrava de dor.
Nesse momento, Ian teve a estranha sensação de que, embora ela fosse à única presa no chão, ela tinha todo o poder e não havia nada que pudesse fazer para recuperá-lo. Abaixando a boca para o úmido oco de sua garganta, ele lhe disse:
— Eu não vou. Eu não te deixarei.
Ela atraiu uma respiração profunda, calafrios agarrando suas costas, mãos frias contra o calor escaldante do seu corpo e rompeu com o seu próximo golpe, o apertando, a pulsação rítmica de seu orgasmo segurando-o, recusando-se a deixar que ele partisse. Sua língua tremulou contra o calor úmido de sua pele, querendo a doçura de sua carne salgada, precisando disso desejando-a, e a próxima coisa que ele lembrava eram seus dentes enterrados no lado do pescoço, perto do ombro. Um acentuado grito rouco perfurou o ar, o barulho ensurdecedor de seu batimento cardíaco rápido enquanto o derramamento quente e inebriante de seu sangue encheu sua boca, grosso e sedutoramente rico. Isto era o que ele desejava. Esta reivindicação de ambos: seu sangue e seu corpo. Foi a única coisa que conseguiu aplacar o vazio em sua alma. A única coisa que o fazia se sentir quase em paz, como se ele tivesse a certeza a que lugar pertencia.
O prazer grosso deslizou para baixo em sua garganta, a boca trabalhando com intenção gananciosa contra sua pele, precisando de mais e mais, a fome insaciável crescendo mais do que tinha sido antes e de repente assustou-o seu poder, sua urgência. Ian lutou com o que pareciam intermináveis terríveis momentos. Pecaminoso, o prazer decadente pulsava fortemente em cada célula do seu corpo. Finalmente ele conseguiu afastar-se aterrorizado, se afundou nesse escuro, queimando destrutivamente em gratidão por essa fuga.
Não é possível... Não é possível perdê-la.
Ian fechou os olhos contra a beleza assustadora de seu sangue derramando gentilmente da punção, deslizando através do brilho translúcido da sua pele.
— Merda... merda. - ele assobiou, seus dentes fortes dentro de sua gengiva, seu gosto requintado quente em sua boca, enquanto seu corpo se chocou com o seu mais duro... mais rápido. Ele queria fugir para escapar do conhecimento desconfortável em seus ossos, mas ele manteve sua palavra, permaneceu com ela até que o calor empurrou-o em sua própria explosão violenta. Ele puxou no último segundo, estourando sobre o estômago pálido dela em ondas duras, violentas, a intensidade do orgasmo não o destruindo, o virando ao avesso. Ele olhou em todos os lugares, em nenhum lugar e em qualquer lugar, menos em seu rosto, nos olhos dela. Ele não tinha idéia do que ele iria ver lá e ele tinha pavor de descobrir.
— Ian — disse ela baixinho, sua voz engasgando com emoção. - Não saia. Por favor. Ainda não.
O queixo dele caiu, não sabendo o que dizer, como dar a ela o que ela precisava. Conforto. Calor. Cuidado. Essas coisas eram tão estranhas para ele como a cor para um cego. Você tem que dar algo para ela, idiota.
— Molly — ele murmurou, forçando-se a ver o seu olhar. - Eu... — Ele tentou formular uma desculpa, uma explicação, a expressão de alguma forma estrangulada dentro dele e ela ergueu a mão, colocou a palma de sua mão em seu rosto, fresca e macia.
— Shh, está tudo bem — sussurrou ela, o olhar estranhamente gentil. — Você não precisa dizer nada, Ian. Apenas me segure.
— Sim. Tudo bem. — As palavras simples saíram alarmantemente trêmulas, os olhos suspeitamente quentes, o zumbido estranho de emoções através dele batendo tão aterrorizante quanto eram estranhos. Houve mais do que apenas uma besta desperta dentro dele. O tecido do seu ser, sua personalidade, foi sendo deslocado, alterado, moldado em algo novo sob o poder das mãos de Molly.
Odiava-o tanto quanto ele ansiava por mais, por tudo o que ela poderia lhe dar. A parte racional de sua mente quis recuar, para escapar da leve teia de fechamento sobre a carga emocional em torno dele como uma névoa sufocante, mas ele se manteve firme, não querendo sair antes de dar-lhe alguma coisa. Ele devia isso a ela depois que tinha dado de si tão livremente, tão lindamente.
— Vamos lá — brincou ela, estendendo os braços para ele. — Eu prometo que não mordo.
O canto de sua boca se contorceu com humor amargo e ele abaixou-se sobre ela, deixou-a tomar o seu peso, a almofada deliciosa do seu corpo pressionado contra o seu próprio fez-lhe assobiar. Suas presas ainda pesando dentro de sua boca, o gosto requintado de seu sangue persistente como um dom. Mas foi o encerramento dos braços em torno dele que o desfez. Isso e o jeito que ela de repente sorriu para ele. Linda. Suave. Tímida e serena. Assim, confiante, que fundiu sua maldita mente.
Ele devia saber que era bom demais para durar.
A respiração dela chupou em um suspiro afiado no segundo que o sonho começou a mudar, o quarto se derreteu como uma viagem ácida muito ruim. Um vento devastador passou pelo bamboleio ansioso, enquanto substituía o calor do fogo, o tapete que de algum modo era a terra fértil da floresta. O ar era pesado, elétrico, a tempestade rolando dentro, dura e rápida.
— Ian! — Molly gritou, cravando suas unhas pequenas nos braços dele, olhos enormes dentro da expressão assustada de medo que rastejou pela face dela, o rubor úmido de satisfação empalideceu a um branco fantasmagórico.
Estava pronto para tranqüilizá-la de que tudo ia ficar bem, que ele não iria machucá-la, que ele iria protegê-la quando algo gritou à distância, como o uivo de um lobo, mas diferente. Mais duro, mais espesso, mais corajoso. Gutural e assustador como o inferno.
— Foda — ele rosnou, varrendo o olhar de lado a lado. Os cabelos na parte de trás do seu pescoço estava em pé, o corpo tenso, pronto para a batalha. Alguma coisa estava lá fora. Algo mal. Algo faminto.
Odiando o sentimento impotente que inevitavelmente rastejava sobre ele, pegajoso e frio, Ian ficou de pé, girando em círculo. Pânico preso debaixo da pele, cavando profundamente doloroso na fragmentação de sua confiança.
— Vá! — Ele grunhiu para Molly, quando ela tropeçou em seus pés. Seu corpo pálido brilhava como uma pérola sob o luar etéreo como fluxos de lavanda, e o apavorou quão delicada e frágil ela era. — Dê o fora daqui! — Ele rugiu, sabendo que eles estavam correndo contra o tempo, que cada momento em que ela ficasse com ele colocava sua vida em perigo.
O que quer que estivesse lá fora, estava se aproximando muito rápido. E ele a queria.
Ela balançou a cabeça levantando o queixo e em seguida os olhos, subitamente enormes enquanto olhava por cima do ombro. Ele preparou-se para o golpe antes que viesse, instintos de sobrevivência em foco. Algo pesado e espesso se chocou contra ele, levando-o ao chão, tirando o ar de seus pulmões ao mesmo tempo em que Molly soltou um grito horripilante de terror.
— Ela vai gritar assim quando eu foder sua estúpida pequena mente, assim como aquela outra cadela inútil — uma voz maligna murmurou em seu ouvido, o peso prendendo-o no chão e Ian sentiu a agitação da coisa dentro dele. Sentia seu resmungo fugindo do tórax, sangrando em um som selvagem de indignação e fúria, como o rosa escuro debaixo da superfície de sua pele febril.
— Casus — ele rosnou a palavra, surgindo das profundezas do seu subconsciente sem qualquer direção de seu cérebro.
— Venha, Merrick — ele sussurrou roucamente em seu ouvido, a classificação, o fedor de carne da sua respiração enchendo o nariz, deslizando garganta abaixo, amordaçando-o. — Dê-me uma corrida para meu dinheiro.
E no instante seguinte Ian despertou.



CAPÍTULO SEIS

Com um suspiro estrangulado Ian abriu os olhos, piscou contra as sombras que mudavam a sala, o burburinho baixo da TV abafada pela batida de seu coração, as cores da tela pintando a sala de forma nebulosa, com um brilho psicodélico.
— Cristo — ele sussurrou, esfregando as mãos pelo rosto, lutando para controlar sua respiração, o corpo liso, o peito coberto de suor, o coração batendo tão forte que por um momento ele quase acreditou que estava tendo um ataque cardíaco.
Mas então um estranho cheiro fértil atingiu seu nariz e ele puxou as mãos longe do rosto, olhando a mancha escura de sujeira sobre as palmas das mãos. Que diabos?
Com as suspeitas em cima, ele começou a levantar e sentou quando uma dor bateu em suas entranhas, viciosa e afiada, fazendo-o se dobrar. Seus lábios puxados para trás sobre seus dentes, seu corpo em posição fetal ali no sofá úmido de suor, músculos enrijecidos por espasmos após espasmos torturantes passando por ele como espirais, contorcendo-o em uma convulsão. Parecia que algo dentro dele estava tentando forçar seu caminho, socos em seu interior.
Um grito de dor foi arrancado do seu peito e ele lutava para manter-se unido, com medo de deixar vir e se render à coisa dentro dele que estava fazendo tudo o que podia para rasgar seu caminho, lutando para tomar o controle de seu corpo. É o medo dele, merda, era a possibilidade do que ele poderia tornar-se, as coisas que ele poderia fazer, a escuridão lutando a sua maneira para vir à superfície.
Amaldiçoando, Ian torce-se com outro tiro espasmódico violento que passava através dele, ardente e doloroso. O prateado de seu telefone celular sobre a mesa do café surgiu através do canto de seu olho. Riley! Era isso. Ele precisava chamar seu irmão. Precisava dele lá. Só Deus sabia o que aconteceria se ele não conseguisse segurar aquela coisa dentro dele, se não pudesse mantê-lo unido. Horríveis imagens da cena do assassinato de Kendra passou pela sua cabeça, rasgando sua mente com seu terror como uma foice, debulhada e destrutiva. Cerrando os dentes ele pulou para o telefone, chegando com a mão direita, gritando quando viu que as pontas dos dedos estavam sangrando. Garras afiadas lentamente perfuravam através de seus dedos calejados, os ossos de sua mão em expansão, espessamento da musculatura, exatamente o que tinha acontecido em seus pesadelos. Com os olhos horrorizados, viu que o sangue escorria pelas costas da mão, sobre as veias pesadas sob sua pele até o pulso de espessura, revestindo de pêlos seu braço.
Cristo, ele estava se transformando em um maldito, um monstro filho da puta!
Não. Não um monstro. Merrick.
Mal Ian pensou na palavra, o seu último sonho voltou correndo para ele e lembrou o que a criatura tinha dito. Lembrou sua ameaça contra Molly. E se tivesse sido capaz de deslizar em um sonho com ela de novo, merda, alimentando-se dela, então ela provavelmente ainda estava em Henning. Ainda perto. E em uma porcaria de perigo.
— Ele vai atrás dela — ele suspirou ofegante, agitado sabendo apenas que ele tinha que chegar nela primeiro.
Ele levantou a cabeça, o seu lábio se encrespou e um rosnar baixo e agressivo partiu de sua garganta. A próxima coisa que Ian percebeu é que ele estava correndo do apartamento para a noite anormalmente úmida, o ar se fechando contra sua pele, um ligeiro aroma de eletricidade no ar. Trovões ribombavam ao longe como uma violenta tempestade de verão rolando a sua maneira, assustadoramente lembrando do sonho com Molly. Saltando sobre o corrimão da passarela do segundo andar ele caiu abaixo, curvando-se no asfalto quente do estacionamento do apartamento, joelhos dobrados, uma mão espalmada contra o chão entre as pernas para o equilíbrio. A pista estava úmida contra as solas dos seus pés descalços, as sombras espessas da noite, misteriosamente iluminadas com um brilho fraco. A parte racional de seu cérebro sabia que ele não devia ser capaz de ver com tanta clareza, como ele sabia que o salto do segundo andar devia tê-lo ferido, mas ele saltou em movimento. Seu corpo se sentia mais vivo, mais poderoso do que nunca, a adrenalina através de seu corpo tão viciante quanto podia.
Acelerando pela rua vazia, Ian correu para a elevação iminente de árvores, enquanto se arremessava no emaranhado da floresta, sabendo que era a maneira mais rápida para chegar até Molly. Ramos arranhavam os braços e face, mas ele não deixou isto reduzir a velocidade. Os músculos fortes de suas coxas davam forças para seguir em frente, assim como eles tinham dado em seus sonhos, onde ele foi correndo em direção ao calor da fogueira cigana. Raios estalavam como a explosão ensurdecedora de uma espingarda, ecoando através da floresta, enquanto ele corria pela floresta densa. De alguma forma conseguia ver com apenas um fio prateado de luar para guiá-lo, como se fosse apenas o início do anoitecer e não a calada da noite.
Ele já havia coberto uma meia milha com velocidade surpreendente quando um austero choro familiar perfurou o ar, vindo de frente. Ele parou de funcionar, reduzindo até parar sob o peso leitoso da lua, à noite se encerrando em torno dele como um enxame de curiosos fantasmas, deslizando contra sua pele, movendo em torno das costas, de seus ouvidos, através de sua nuca. Puxando para trás os ombros, ciente de que a coisa dentro dele quis responder a esse uivo bestial, queria ganhar seu caminho para a superfície e lutar contra o inimigo, ele esperou. Sabendo que estava a caminho. Inclinando a cabeça para trás, Ian sentiu um fedor incrível com seus sentidos mais poderosos do que eram, nítidas e precisas, revelando o pulso da floresta para o predador que se escondia dentro dele.
Eletricidade brilhou no céu de tinta preta com a fúria de uma explosão quando as primeiras gotas de chuva começaram a cair encharcando sua camisa, molhando os cabelos, correndo por seu rosto e pelos braços, trilhas molhadas e frias e ele ainda estava lá, esperando, imóvel. E então, finalmente, ele viu a perseguição por entre dois pinheiros retorcidos. Terror se abatia pesadamente em suas entranhas. Nesse momento, o desamparo dos medos da infância envolveu-o em um porão frio, sufocante, da mesma forma que ocorria quando era criança, enquanto despertava à noite ao rangido da casa velha que ele tinha crescido. Ele sempre teve a certeza de que havia um monstro escondido em seu armário e com muito medo de enfrentar seus demônios ele passava horas inquietas encolhido sob suas cobertas, tremendo de terror.
Patético, que na idade de trinta e dois anos, depois de tudo o que ele tinha passado, ele poderia ser facilmente transportado de volta no tempo. Que depois de todos os anos duros vivendo de maneira áspera, desesperadamente vivendo tentando se esconder, temendo o que estava dentro dele, tinha sido apanhado por ele no final.
— Eu posso sentir o cheiro do seu medo, Merrick — A criatura resmungou, se aproximando mais, a chuva deslizando por seu corpo sem pêlos em uma corrente prateada, dando um tom pegajoso na pele acinzentada quando Ian sabia, de seu sonho, que era realmente seca ao toque. Os detalhes físicos da criatura se enquadravam perfeitamente nos de seu pesadelo. Encrespada coluna encimada por largos ombros curvados. Focinho longo e grosso, curvando-se em garras. Com cabeça de lobo, um corpo alto coberto em pele cinza dura, pálida. Com quase dois metros de altura e repleto de músculo denso, poderoso, satisfez toda expectativa de mal que ele alguma vez tinha tido, completo com seus olhos penetrantes azul-gelo.
Seu coração apertou ante a lembrança de Kendra, sabendo aterrorizado o que ela passou durante os minutos que esteve com esse monstro, antes que ela finalmente desse seu último suspiro.
— Estou surpreso que você tenha a coragem de me enfrentar - ele murmurou em uma fala arrastada, pronunciação lenta e endiabrada, as palavras ilegíveis distorcida pela forma de sua boca amordaçada. - Especialmente depois de ver o que eu fiz para a pequena e doce Kendra.
Reprimindo um rosnado baixo de indignação, Ian separou seus pés e preparou-se para o ataque inevitável que sabia que estava chegando, as garras afiadas perfurando a ponta dos dedos eram sua única arma e ele planejava usar. Ele não ia dar ao bastardo a satisfação de persegui-lo. Até mesmo se o rasgasse em pedaços, ele ia morrer firme pelo menos.
Um raio caiu novamente, atingindo uma árvore próxima e Casus saltou para o ar no mesmo instante, chutando para fora com os dois pés, o poderoso golpe bateu no peito de Ian o arremessando para trás. O estouro do ar de seus pulmões saiu rangendo e ele bateu no chão encharcado pela chuva, as agulhas de pinheiro sob suas costas de algum modo amortecendo o impacto quando o animal pousou em cima dele, prendendo-o com seu peso esmagador. Ele foi imediatamente para sua garganta, boca aberta, a saliva escorrendo daqueles longos dentes letais encrustados no interior rosa pálido de suas gengivas.
Determinado a lutar tão sujo quanto precisava, Ian levantou um joelho, batendo nas bolas do bastardo ao mesmo tempo em que alcançou seus olhos, pronto para afundar suas garras profundamente. Mas ele recuou, rosnando, e Ian ergueu a perna direita para chutar em sua cabeça, desequilibrando-o. Ele rolou pelo chão encharcado, subindo rapidamente aos pés dele, cortando com suas garras o bíceps esquerdo dele, uma vez que veio para ele, um borrão de força e velocidade sobrenatural. Ele lutou com tudo o que tinha, mas não foi suficiente. Era muito forte, muito poderoso, resistindo aos ataques dele com pequeno esforço.
Ele podia apenas mantê-lo à distância, prolongando o inevitável, incapaz de causar tanto dano como desferia com facilidade absurda, outra passada rápida da garra o atingiu ao longo das costelas, abaixo do lado da mão direita dele. Desesperado para enfrentar Casus por conta própria, ele socou contra o seu ventre com força suficiente para deixá-lo sentir a agressividade dentro dele. Mas ele não poderia soltar esse ódio, com medo do que iria se tornar... do que ele poderia fazer se ele cedesse.
O céu roncou, a chuva caindo torrencialmente enquanto a criatura vinha em sua direção em outra rajada rápida de golpes que se esforçou para desviar, evitando o corte fatal, muito letal de suas garras que balançou em direção a sua garganta. De repente Casus jogou seu peso contra ele, que bateu no tronco áspero e grosso de um pinheiro. Bufando seu mau hálito em seu rosto, ele se inclinou para frente indo de cara com ele, seus próprios olhos misteriosamente brilhantes refletidos de volta nos fundos negros claros de suas pupilas dilatadas.
— Você não está usando o talismã — ele murmurou, abaixando o olhar azul-gelo para sua garganta, como se estivesse procurando algo. Ian lutou contra a sua espera e levantou seu olhar como um processo lento, um sorriso meloso se espalhou com horror por sua boca grotesca. — Você sabe, a puta morena te chamou pedindo ajuda. Quando eu estava enterrado profundamente dentro dela, ela chorou e implorou por você... mas você não estava lá.
— Filho da puta — ele rosnou, engolindo a raiva e uma onda preto assassino atravessou seus poros, revestindo suas entranhas. Ian tentou empurrar contra seus ombros, mas sua pele estava muito escorregadia e lisa, a superfície lisa pela chuva tornou impossível de realizar a tarefa.
— Pergunto se a pequena loira vai chamar por você da mesma maneira. Patético, quando você pensa sobre isso. Como você pode ser esperado para salvá-los, quando você não pode nem mesmo se salvar?
— Você não vai tocá-la, merda! — Ele berrou, lutando para libertar-se, uma vez que derrotou os ombros com o tronco.
— Oh, sim, e quem vai me impedir? Você? — Ele jogou a cabeça para trás e riu, fechando uma garra em torno de sua garganta, por um longo momento cortando o ar. — Por favor. No segundo que eu decidir que ela morre, ela morre. É tão simples assim. Ela vai sangrar, gritando por você, e não há nada que você possa fazer para detê-lo.
Ian em uma respiração curta e trêmula agarrou sua mão, enquanto uma névoa vermelha embaçava sua visão. Ele estava construindo dentro de si uma fúria vil, viciosa, diferente de tudo que ele já tinha conhecido, surgindo da escuridão, das profundezas mortais de sua alma. Podia senti-lo correndo através dele, ganhando velocidade, ganhando poder. Desta vez, ao invés de combatê-la, ele foi com ela, soltando o ar de seus pulmões no momento em que sentiu a transformação se aproximando... quase lá.
Com um profundo rosnado gutural vibrando sob sua respiração, ele olhou a extensão prateada da garganta do bastardo, a língua dele enrolando ao redor do ponto mortal de um incisivo que se prolongava livremente. Ele já podia saborear o êxtase de matar, o sabor de seu sangue surgindo no pensamento de rasgar a carne exposta e a escuridão dentro dele foi subindo tão perto da superfície que ele podia sentir se estendendo debaixo da pele.
Mas antes que ele pudesse atacar Casus de repente se afastou dele, liberando sua presa. Sua cabeça maciça se inclinou para trás, a chuva molhando toda a sua face hedionda e cheirou o ar uma vez e outra. A mancha negra de seu lábio superior puxado para trás em um emaranhado, o estrondo sádico de som surgindo das profundezas do seu peito.
Ele olhou para trás de Ian e sacudiu a cabeça monstruosa, um riso truncado que fez a sua pele rastejar deslizando através do focinho amordaçado.
— Você não vai ter tanta sorte da próxima vez, Merrick — ele murmurou e então com um processo lento e provocativo ele se virou e desapareceu no lençol grosso da chuva abafando o céu da meia-noite.













CAPÍTULO SETE
Domingo, 1:00 da madrugada.


À beira do colapso Ian forçou-se a se manter em movimento através da floresta devastada pela tempestade, determinado a chegar ao seu destino antes que ele cedesse à onda avassaladora de fadiga. No momento em que a criatura recuou, as garras mortais de Ian tinham retrocedido atrás das pontas dos dedos com um intenso estouro de dor, dentes e ossos também voltando ao normal, à forma como tinham sido antes dele despertar do sonho. Mas com a sua perda veio um estado devastador de esgotamento, as feridas das garras de Casus queimando como fogo líquido embaixo da fúria fustigante da tempestade. Parecia demorar uma eternidade, cada passo lhe custava mais do que o outro, mas ele finalmente saiu da floresta. Piscando pela chuva torrencial, Ian se achou nos arredores da cidade, uma construção assomou diante dele, exatamente a fachada decadente do Pine Motel.
Para melhor ou pior, ele tinha feito isso por Molly.
Após o confronto com Casus, ele sabia que deveria ter ido para qualquer lugar, menos lá. Se estivesse sendo seguindo, ele o tinha conduzido direto para ela mas ele tinha que a advertir sobre a ameaça que Casus tinha feito. Tinha que ter certeza que estava tudo bem. Tinha que se certificar de que ele já não tinha feito um movimento contra ela.
E você quer ficar perto dela. Quer seu conforto. Seu toque. Quer estar perto o suficiente para protegê-la. Amaldiçoando baixinho a voz irritante em sua cabeça atravessou a estrada vazia. O cheiro do asfalto pareceu mais nítido do que o habitual, os odores espessos de gasolina e borracha de pneu preenchendo o nariz, tornando-o tonto. Ele fez o caminho através do estacionamento, pressionado a mão esquerda contra seu lado ferido, estancando o fluxo de sangue dos cortes que listravam sua carne. Momentos depois, ele estava na porta do quarto do motel que tinha o carro alugado de Molly estacionado. Uma suave luz amarela brilhava por trás da cortina desbotada.
Erguendo o punho machucado, Ian bateu na porta, a pintura verde descascando revelava a madeira frágil abaixo. Ele não sabia o que ele pretendia dizer quando ela abrisse, se ela ainda se preocupasse em abri-la para ele.
Você estava certa, há um monstro sanguinário que vive dentro de mim e outro tentou mastigar minha cabeça. Ajude-me antes que eu sangre até morrer.
Por que minha mãe tinha que enviar-lhe?
As palavras transformaram-se dentro e ao redor do frenesi caótico de dor e fúria que o torturava, mas no final, ele não disse uma maldita coisa.
Em vez disso, no instante em que ela abriu a porta, seus cabelos dourados puxado para trás em um rabo de cavalo desleixado, o rosto pálido coberto de preocupação, ele estava sobre ela, contra ela. Sua boca tomou posse plena de sua própria agressividade. Seu corpo muito maior cobrindo sua frente, mãos segurando seus braços, erguendo-a do chão. Tudo o que fez foi vê-la, cheirá-la e seus ferimentos e fadiga foram esquecidos, com o corpo vivo, acelerando extenuantemente. Não havia outra palavra para isso. Coração acelerado. Adrenalina em alta. Tórax levantando.
Ela fez um murmúrio de surpresa assustada em sua garganta, o som suave e sexy vibrou contra a sua língua, deixando-o selvagem. Ian respondeu com um grunhido primitivo e ao mesmo tempo ele empurrou-a para o quarto, fechando a porta atrás dele. Ele se separou apenas o suficiente para trancar a porta e, em seguida, ele foi em sua direção empurrando-a contra a parede mais próxima e cobrindo-a com todas as partes que ele podia. Suas mãos frias erguidas em taça para o calor terno da mandíbula dela, dedos polegares inclinando para cima em um ponto delicado do seu queixo para ele poder capturar sua boca em outro longo, empolgante e esfuziante beijo, provando, festejando cada parte dela, do suave amor-perfeito do lábio inferior exuberante, à superfície elegante de seus dentes, o curso travesso de sua língua.
Prendendo os dedos no calor dos cabelos sedosos, puxou o elástico livrando-o, pensando que ela era boa demais para ser verdade, para ser real. Ela tinha gosto de sol, como algo que ele precisava para viver, para lutar contra a escuridão fervente dentro dele, suavizando a fúria sanguinária com o calor, os pulsos suaves de luz. Ian beijou mais profundo. Querendo apenas rastejar para dentro dela. Seu desespero rangeu em necessidade enlouquecedora que não conhecia limites, sem lógica, sem restrição, seu corpo de repente queimando com febre, ardendo na pele com tanta violência e meio que esperava ver o vapor saindo da sua roupa fria encharcada da chuva.
Tinha tido a impressão obscura de um sono longo, camisa amarrotada, antes que ele tirasse em um movimento, com as pernas nuas e esbeltas abaixo da bainha desfiada. Com urgência, mordendo, Ian deslizou as mãos ao seu redor, ao longo do suave exterior dos seus seios, costelas, em cima da chama feminina dos quadris, até que trêmulo pressionou todo o seu comprimento em suas suaves coxas. Deslizando sob a barra da camisa, ele trabalhou seu caminho de volta para cima, tendo o algodão surrado com ele, mantendo a boca de Molly ocupada demais para protestar, não que ela fosse. Não, ela estava beijando ele de volta agora, sua pequena boca doce se deslocava sob a sua, tremente e deliciosa, como algo quente, selvagem e decadente, para ser devorada com o primeiro gosto, então saboreado por horas a fio. Dedos delicados, esbeltos morderam nos ombros dele, o corpo dela vibrando contra o seu em alta freqüência. Necessidade sexual, maldição, que se aproximava emparelhando com a dele.
Com outro rosnado feroz saindo fundo no peito, Ian passou a mão direita, acariciando a barriga com as costas de seus dedos e sua respiração ofegou com o que encontrou lá. Sua pele macia, flexível, ligeiramente pegajosa ao toque e ele sabia a causa. A fonte. Amaldiçoando, ele rompeu o beijo, a realidade lentamente invadiu através da névoa louca de desejo e ele se perguntou se ela carregava outras lembranças de seu sonho. Com os dedos em seu queixo, inclinou a cabeça dela para o lado, olhando para os dois furos da ferida, bem como dois mais frescos, mais baixo em sua garganta, perto de seu ombro.
Dando um passo para trás, Ian passou a olhar o corpo dela, torcendo a camisa agora úmida em torno de seu punho e colocando para o lado, expondo seus quadris, coxas e baixo ventre, bem como um par minúsculo de calcinhas de algodão rosa. Manchas leves marcavam o quadril e ele sabia que elas tinham se formado lá quando ele agarrou-a com muita força. Ele acariciou os hematomas com as pontas dos dedos, fazendo sua respiração se transformar em um suspiro agudo.
— Eu fiz isso? — Ele murmurou, sua voz grossa e com volúpia e um segmento surpreendente de arrependimento.
Ela piscou para ele, olhando como se fosse chorar, as sombras sob os olhos somente acentuando o impacto do olhar levemente brilhante.
— Está tudo bem, Ian. Eles não doem. — Ela deu um profundo suspiro, passando seus dedos embaixo dos olhos, cílios longos brilhando com lágrimas. -Quando eu acordei, eu estava tão aterrorizada que algo tivesse acontecido com você. Eu queria ir ao seu apartamento de novo, mas depois do sonho eu não sabia se aquilo estava lá fora.
— Está tudo bem — ele murmurou as palavras trêmulas e cruas enquanto deslizava a ponta dos dedos em toda a ondulação suave, feminina de seu ventre, incapaz de acreditar como sua pele era suave, tão suave. Endurecendo o queixo, ele acariciou com um dedo ao longo da borda superior da calcinha e ela parou de respirar, os joelhos tremendo, mal a sustentando. Incapaz de se conter, Ian deslizou seus dedos logo abaixo do elástico. — Eu estou aqui, Molly. Eu não vou a lugar nenhum.
Ela gemeu, inclinando a cabeça para trás. O olhar nebuloso e macio, pesado sob o brilho etéreo que se derramava da luz de uma lâmpada de cabeceira do outro lado da pequena sala, o bater da chuva contra a janela proporcionando um cenário constante de som e ritmo, a dura provocação de sua respiração. Parecia uma espécie de ninfa de madeira roubada da floresta, as ondas selvagens em torno de seu rosto enigmático, boca vermelha e inchada, incrivelmente bela, as faces coradas com uma flor selvagem, vívido da cor. Ele a queria tanto que era como uma dor física, mais dolorosa do que as feridas pungentes riscadas em sua carne.
— Se você quiser que eu pare, é melhor você me dizer agora. — As palavras sibiladas através dos lábios, rascante e grosseira com a fome.
Com os olhos baixos Ian prendeu a respiração, o seu ardor nos pulmões, aguardando sua resposta.
— Sinto muito. - ela finalmente murmurou, revirando os lábios. - Mas eu... eu não posso fazer isso, Ian.
Ele se forçou a voltar atrás, colocando distância entre eles, até que a parte de trás de seus joelhos bateram no pé de uma das camas e obrigou-o a sentar-se. Como se ela não percebesse o perigo, seguiu até ele, se aproximando até que estivesse entre suas pernas, o dorso de seus dedos nos cabelos úmidos. Ian colocou as mãos embaixo de seus quadris, agarrando punhados da camisa e apertou a testa contra seus seios. Ele adorava como ela era macia. Elegante, mas ossuda. Apenas infinitamente feminina e suave. Seu aroma apetitoso encheu sua cabeça, fazendo-o cerrar os dentes contra o desejo visceral de levantar a camiseta surrada e colocar o nariz em seus cachos pálidos, respirando goles dessa fragrância quente e feminina que fazia loucuras com ele.
Olhando para seu rosto, capturando o olhar e implorando por isso, ele não podia deixar de perguntar:
— Você tem certeza disso?
Sua boca estava apertada com pesar ao mesmo tempo em que sua pele brilhava corada com o desejo.
— Eu tenho uma regra sobre... Ou seja, eu não me envolvo com homens que encontro desta forma.
Havia uma história lá, que ele não queria ouvir. Não agora, quando ele estava muito nervoso. Ele sabia que poderia dobrar a sua vontade, seu desejo e usar contra ela, fazê-la mudar de idéia. Mas ela odiaria ser manipulada quando terminasse e ele já estava trabalhando com um déficit bastante grande quando entrava no departamento de personalidade. Só Deus sabia que ele não precisa cavar mais fundo. Ainda assim, ele não seria vencido sem argumentar.
— Você não teve problema em me tocar antes. - ele murmurou segurando-a com seu olhar.
Suas bochechas queimavam brilhantes, cílios cobriam o seu olhar.
— Isso foi um sonho — ela sussurrou. — Não foi real.
Ian lançou um olhar significativo para a garganta dela e levantou as sobrancelhas. Mas ele não iria discutir. A razão, embora lenta, foi finalmente voltando e com ela um mal-estar, um medo que ele não pôde ignorar.
Enfrente isto, Buchanan. Você colocou a segurança dela em risco, com aquele monstro assassino, a consciência dele rosnou enquanto jogava para fora.
Sua raiva repentina deve ter cruzado em sua expressão, porque ela começou a tremer, o olhar se afastando, deslocando-se e ela engasgou. Uma mão delgada mudou para o braço, pairando sobre a marcas de garras sobre seu bíceps esquerdo, as fatias de raiva manchada com sangue seco.
— Eles devem ser limpos — ela sussurrou.
Ian rolou seus ombros, tentando afastar a fome sexual ainda montada duramente. Ele limpou a garganta e havia uma borda áspera frustrada em sua voz quando ele disse,
— Eles não são sérios. Sangraram muito no princípio, mas estão quase bom.
Ergueu seu olhar para ele.
— Você precisa me dizer o que aconteceu, mas agora é mais importante começar a limpá-lo. A água quente não dura muito tempo neste lugar, mas deve ser suficiente para você tomar um banho. Então eu vou conseguir alguma coisa para passar nesses cortes.
— Eu discutiria sobre isto com você. - ele respondeu administrando sua voz em um baixo estrondo, o canto da boca se contraindo com um sorriso relutante, as mãos dele ainda apertando os quadris dela — Mas eu estou muito cansado.
Sua delgada sobrancelha levantou em desafio.
— Bom, porque eu ganharia.
Ian estudou-a por um momento, em reconhecimento ao núcleo da resistência, uma teimosia de aço que ele não teria esperado dela, ele supostamente deveria ter adivinhado, considerando que ela se impôs para ele no momento em que tinham se encontrado. Até mesmo sendo humilhada por ele depois do primeiro sonho ela ainda estava aqui. E ela ainda estando ali provava que ele não tinha sido capaz de intimidá-la para sair da cidade. Balançando a cabeça, seu sorriso mudou lentamente em um sorriso irônico.
— Sim, eu sinto algo por você. Então, eu vou ser um bom menino e fazer o que disse.
Alcançando a bainha da camisa esfarrapada, ele estremeceu quando os cortes em seu lado repuxaram com o movimento.
— Aqui. - disse ela afastando suas mãos e assumindo a tarefa. - Deixe-me ajudá-lo a tirar isso.
— Obrigado — ele gemeu, sua voz abafada debaixo da camiseta molhada que cobria seu rosto.
No momento em que livrou a cabeça, viu que tinha os olhos escuros com preocupação, aquele olhar sob a luz fraca focalizar nas marcas de garra que cortava as costelas dele.
— Deus, como aconteceu isto?
Ian bufou, olhando para a ducha quente, necessitando aliviar a rigidez em seus músculos que ele suspeitava vieram mais da luta que ele havia travado contra a escuridão, contra a fera dentro de si, do que aquela que ele havia tido com Casus.
— Tive a sorte de encontrar com meu pesadelo.
Preocupação apareceu em seu olhar.
— É ruim?
— Sim — ele murmurou, o esgotamento chegando novamente, pesando em torno de seus ombros como um garfo. — e ele ainda está lá fora em algum lugar, então eu não preciso lhe dizer para não ir para perto da janela ou da porta, sem mim.
— Eu sei. E se eu ouvir alguma coisa, eu vou bater na porta do banheiro e deixar você saber. — Voltando atrás, ela fez um gesto em direção à pequena cozinha anexa através de um arco estreito. — Eu tenho um kit de primeiros socorros que eu sempre carrego quando viajo. Vou prepará-lo enquanto você toma banho.
— Obrigado. — Estendeu a mão para agarrar seu pulso quando ela começou a se afastar e antes que ele pudesse parar, Ian ouviu-se dizendo. - Qual você gostou mais?
Ela balançou a cabeça, cachos de seda roçaram em seu ombro.
— O que você quer dizer? Qual deles o quê?
— Os sonhos? — Ele insistiu em voz baixa, rouca. - Qual deles foi melhor?
Molly ficou com a respiração rápida, audível, e o olhar dele deslizou dos olhos dela para a base da garganta onde o pulso dela tremulou em uma batida selvagem, caótica.
— Que tipo de pergunta é essa? — Ela sussurrou.
— Você sempre responder às perguntas com uma pergunta? — Perguntou ele, arqueando uma sobrancelha negra.
Ela levou o seu olhar para longe dele, focando um ponto distante nas paredes verde desbotadas.
— Nenhum deles foi particularmente simpático.
— Ai. — Com uma risada rouca, Ian esfregou seu peito com a mão livre, agindo como se tivesse sido ferido. — Esta noite será um inferno para o meu ego.
Seu olhar voltou ao seu, o seu tom acentuado com a frustração e ela disse:
— Você sabe que eu não queria dizer isso assim. Não tem nada a ver com você. Com o que aconteceu entre nós. Eu estava com muito medo...
— Mentira — ele rangeu de repente, enquanto estreitava os olhos e pela primeira vez desde que ela tinha aberto a porta para ele, ela viu aquela escuridão de amargura, que era uma parte dele, subir à superfície. — Talvez na segunda, sim, depois acabamos nos bosques. Mas você não estava com medo no começo, quando você estava debaixo de mim, naquela sala. E você não teve medo no primeiro sonho, tampouco.
— Como você sabe? — Ela exigiu, o calor em seu rosto tão intenso que ela sabia que provavelmente estava queimando.
Molly não achou que ele fosse responder, até que ele endureceu o queixo e deu-lhe duas palavras simples e rudes.
— Os sorrisos.
A voz dela estava presa na garganta quando ele soltou seu pulso e girou em seus pés.
— Você sorriu para mim. Em ambas as ocasiões. — A borda áspera tremia em suas palavras, que soaram como envergonhadas. Não é vergonha. Ela duvidava que pudesse constranger um homem como Ian Buchanan. Não, era mais vulnerável do que isso, quase quebrável.
Ela o viu agitar-se, sua arrogância subindo de volta à tona. Sua boca enrolado com um sorriso de menino, uma covinha diabólica piscando no seu rosto sombreado que o fazia parecer mais jovem. Menos severo.
— Pelo menos esse segundo sonho respondeu uma pergunta.
Havia um tom macio em sua voz quando ela disse
— Eu estou quase com medo de perguntar.
Ele estendeu a mão, aprisionando a ponta do nariz num gesto brincalhão completamente em desacordo com a fome dura ainda remanescente nos olhos azuis.
— Eu definitivamente não imaginava o quão bem você se sentiu pela primeira vez, Molly. Porque neste momento, se sentiu ainda melhor.
Molly engoliu, insegura de como responder. Obrigada? Meu prazer? Como você pode ser o mesmo homem que me mandou para o inferno para ficar longe de você vinte e quatro horas atrás? Sua indecisão não importava, porque no final tudo que conseguiu foi um silêncio sem fôlego com o rosto vermelho.
Segurando seu queixo, ele acariciou com o polegar o canto de sua boca uma, duas vezes, seu olhar focado com intensidade acentuada nos lábios trêmulos, a superfície sensível depois do beijo incendiário.
— Eu vou tomar aquela ducha agora.
Engolindo a sensação de tremor na garganta, Molly viu sua bunda enquanto ele ia embora, pensando que era totalmente injusto para um cara ser lindo de frente e costas. Foi a primeira vez que ela tinha visto ele por trás, quando ele não estava envolto em sombras e ela não podia deixar de admirar a vista. O jeans molhado estava salpicado com a sujeira, mas eles ainda abraçavam seu traseiro musculoso à perfeição, assim como suas coxas poderosas.
Seu olhar viajou mais para cima, a beleza elegante deslumbrante das suas costas, os sulcos profundos do músculo que se alinhavam a sua coluna, mais alto, elevação de ombros largos e de repente ela engasgou, incapaz de acreditar no que estava vendo. O choque bateu com a força de um chicote no instante em que ela viu a tatuagem escura intrincada entre as omoplatas. Ela não soube por que a imagem a afetou tão fortemente, ela só sabia que sentiu o seu poder como um toque físico contra os fios de seus sentidos, íntima e profunda. Era bonita e única. Uma cruz espessa, como um maltês, com quatro braços iguais, a superfície coberta com o que parecia minúsculos símbolos complicados.
— Ian — ela sussurrou, sua voz macia com espanto.
Ele inclinou um olhar curioso sobre o ombro da porta do banheiro.
— Sim?
Ela rastejou acima em seu rosto, o corpo definindo-a em fogo, deixando-a sem fôlego.
— Onde você conseguiu essa tatuagem?
Uma expressão estranha atravessou seu rosto, os olhos de um azul profundo escurecendo em sombras.
— A tatuagem? Em Los Angeles.
— Não, quero dizer o desenho. Quando conseguiu?
Ele segurou seu olhar por um momento, então murmurou:
— Não faço idéia.
E entrou no banheiro, fechando a porta atrás dele.
Caindo sobre a borda do colchão mais próximo, Molly ficou olhando para o espaço em branco, incapaz de processar a sensação estranha e perturbadora de premonição. Esse desenho tinha um significado. Ela tinha certeza disso. Ela só não sabia o que. A resposta pairou um pouco além do alcance dela, como fumaça que desliza através dos dedos quando ela tentar agarrar. Ela não acha que já houvesse visto aquela cruz em qualquer outro lugar antes, mas poderia ter sido em um dos livros do colecionador na Paper Mill. Ela tinha estado trabalhando na livraria por vários anos e muitas vezes ela passava os intervalos na seção paranormal, olhando através da espessura, textos de capa de couro. Tinha visto a tatuagem em um dos tomos raros? Foi a partir de um sonho? Sua imaginação?
Ou ela estava simplesmente fora de sua mente, tão louca quanto o lindo garanhão usando seu chuveiro pensava que ela estava?
Gemendo baixinho, Molly se inclinou para frente, os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça baixa em suas mãos.
Mesmo depois do que tinha passado esta noite, mesmo após os estranhos sonhos partilhados, as marcas de mordida, os monstros horripilantes, mesmo depois de tudo isso, ele ainda não sabia se acreditava nela sobre as vozes. Se ele acreditava que sua mãe realmente falava com ela do além, acreditava que ela poderia realmente ouvir os mortos.
Por que você se preocupa? A voz da razão interior sussurrou. Não significa nada o que Ian Buchanan pensa de você, já que logo que você termine o que veio fazer aqui partirá. Você não tem nenhum negócio com ele. Você não aprendeu sua lição na primeira vez?
Erguendo a cabeça, Molly estreitou os olhos, pensando que ela realmente odiava aquele maldita voz, não importa o quão certa ela estava.
E estava certa. Havia uma razão para a velha máxima "O que nós sempre queremos nem sempre é o que nós precisamos". A máxima certamente provou ser verdadeira quando aplicada a ela. Ela poderia querer Ian Buchanan, com mais intensidade do que ela jamais quis algo em sua vida inteira, mas ele era a última coisa no mundo que ela precisava. Rude, bruto e cruel. Duro e desconfiado. Sarcástico e malicioso, quando o humor lhe convinha, capaz de feri-la com nada mais do que sua forma contundente de dizer as coisas. Molly não tinha dúvidas de que ele iria levá-la debaixo de seu pé e reduzi-la a pó, se ela não tivesse cuidado.
Olhando o tecido da camisa arruinada, ela virou-se para jogá-la no lixo, ouvindo o barulho do chuveiro enquanto tirava um momento para se recompor. Ela ainda estava agitada, não só pelo sonho e pela tatuagem bonita, atraente, mas também pelo beijo que ele tinha colocado sobre ela quando abriu a porta.
Ele a beijou como se estivesse faminto por ela e a necessidade tinha explodido no corpo dela como um evento cataclísmico, enquanto ele explorava a sua boca com uma intimidade crua que fez querer o beijo tanto como algo mais. Mau e molhado. Como o ato da relação sexual, o sexo em si.
Ela já tinha sido beijada. Ela tinha perdido a virgindade anos atrás, antes que ela decidisse desistir da idéia de um relacionamento saudável e feliz com um homem que podia aceitá-la como ela era e todas as vozes loucas. Mas o que Ian tinha feito a sua boca era mais íntimo do que qualquer outro homem jamais havia feito ao seu corpo. Ele possuía mãos ásperas e trementes enquanto elas seguravam em seu queixo e, em seguida seu corpo, seu sabor tão perversamente delicioso como em seus sonhos, quente, rico e incrivelmente masculino.
Surpreendente pensar que depois da intimidade chocante que eles tinham compartilhado as últimas duas noites, que aquele beijo foi a primeira vez que a boca dele tinha tocado a sua de fato.
O chuveiro parou e um segundo depois Ian abriu a porta, o vapor elevou-se à sua volta, uma toalha branca enrolada na cintura magra, braços poderosos atravessavam a largura do seu peito musculoso. Os ângulos ásperos e ocos de seu rosto pareciam mais pronunciados, acentuando a sua perfeição masculina, os olhos azul-tempestade ainda mais escuros embaixo dos cílios negros. Por um momento Molly ficou muda, sua língua presa no céu da boca. Ela o tinha visto sem roupa nos sonhos que tinham partilhado. Sentira o seu corpo cobrindo-a, penetrando-a. Mas ela ainda estava despreparada para a beleza incrível dele, o físico poderoso.
Seu coração vibrou como um bando de pássaros assustados, o momento se estendeu por um tempo longo e infinito em que eles se encararam pela distância do miserável quarto de motel. Lá fora, a tempestade continuava raivosa, violenta, cruel e forte, e então finalmente disse:
— Tão impossível como tudo isto parece, eu realmente não tenho mais uma escolha. Eu desejaria como o inferno que você não estivesse envolvida, mas acho que estou pronto para acreditar em você.








CAPÍTULO OITO

— Você acredita em mim sobre Elaina? — Molly sussurrou, olhando para ele como se nunca antes pusera os olhos em um homem vestindo nada além de uma toalha. — Sobre a sua mãe? As coisas que ela me disse?
Ian olhou abaixo às fatias cruas que cortavam suas costelas e bufou.
— Sim, eu acredito em você. Sabe, quando minha mãe começou a falar sobre Merrick como se ainda estivesse vivo, ela sempre dizia que estava bem debaixo do meu nariz. Que quando a escuridão chamasse, eu o encontraria. Acho que eu deveria te-la ouvido.
— Bem, o importante é que você está ouvindo agora — ela murmurou com evidente alívio, antes de se dirigir em direção a uma das malas guardadas no canto da sala. — Nós podemos falar enquanto eu começo a limpar aqueles cortes. Você não quer arriscar ficar com uma infecção.
— Você não vai perguntar por que eu vim aqui? Porque eu vim para você? — Ele questionou, observando que ela puxou o kit de primeiros socorros.
Ela não olhou para ele enquanto iam para a cozinha pobre, como se propositadamente evitasse o seu corpo quase completamente nu, seu olhar intenso focou sobre os suprimentos que ela estava colocando sobre a mesinha.
— Eu ouvi o que disse sobre Kendra em seu sonho. Ouvi ameaçar vir atrás de mim, também. Eu imagino que você veio aqui para se certificar de que estava tudo bem. — Apontando para uma das cadeiras frágeis, disse ela em voz baixa — Você pode me dizer o que aconteceu enquanto eu trabalho.
Sentado na cadeira, Ian dobrou a toalha entre as pernas e recostou-se, sentindo-se muito bem, considerando os acontecimentos da noite. O chuveiro quente tinha ajudado, mas mais do que isso, era a mulher. Havia apenas algo sobre ela, algo que havia notado quando se conheceram. Algo que aliviou a tensão que ele carregava dentro por muito tempo, acalmando-o, ao mesmo tempo, ela o fez sentir-se insaciável e fora de controle, pronto para lutar para protegê-la, defendê-la até a morte. Estranhos sentimentos perturbadores vindo de um homem que sempre se orgulhava de desprendimento, de nunca se preocupar com ninguém, somente consigo.
Liberando uma respiração áspera, ele correu os dedos pelos cabelos molhados, alisando o rosto. Ele teria dado um membro por um cigarro naquele momento, mas ele deixou sua mochila no apartamento e sabia pelo gosto de sua boca que ela não fumava.
— Quando eu acordei do sonho - ele disse para ela - eu sabia que algo estava errado. Eu podia sentir... Caramba, eu não sei como explicar. Era como se houvesse essa coisa dentro de mim e ela queria sair. E, ao contrário dos pesadelos que tenho tido, era malditamente doloroso.
Sua testa franziu de preocupação.
— Doeu?
— Como uma cadela. - ele suspirou vendo como ela foi até a pia e lavou as mãos, em seguida voltou para a mesa e pegou um algodão embebido em álcool.
— Você lutou contra a mudança, não é?
— Sim — ele murmurou fazendo caretas no primeiro toque do algodão contra o mais profundo dos cortes no braço.
— Talvez isso seja o responsável pela dor.
Ele resmungou e respirou fundo, sentindo o cheiro de sabonete de limão que Molly tinha usado para lavar as mãos.
— Talvez.
Colocando uma algodão seco, ela perguntou:
— O que aconteceu então?
— Eu me lembrei que a tinha ameaçado no sonho e a próxima coisa que eu lembro era estar correndo para a noite, na floresta. Eu corri pela floresta como um maldito louco até que eu o ouvi. Eu parei e ele estava lá. Esperando por mim. Chamando-me. Quem infernos sabe?
Sua mão parou, a expressão em seus olhos escondidos sob a espessa franja de cílios.
— Foi... Tem a mesma aparência como no sonho?
— Oh, sim. — Sua boca torcida com um sorriso amargo. — Assustador.
Trabalhando sobre as feridas superficiais ela prestava atenção meticulosa a sua tarefa, quando disse:
— E ainda você lutou contra isto, enfrentou-o. Você não correu como a maioria das pessoas teriam feito.
Sua cabeça estava inclinada um pouco para o lado que ele estudou, querendo chegar e empurrar seus cabelos para atrás da orelha, apenas para que ele pudesse assistir os ângulos de deslocamento de sua expressão. Talvez então ele fosse capaz de entendê-la. Obter uma leitura sobre sua motivação, uma vez que ficou claro que não era uma trapaceira. Ele queria descobrir o que a fez vir disposta a arriscar sua vida, vir entregar a um estranho pequenas mensagens do além, embora para ele ainda fosse difícil entender em sua cabeça a idéia de que ela falou com o fantasma de sua mãe.
— Como você sabe que eu não corri?
Pausa, deu-lhe um sorriso rápido, suave e algo derreteu no centro do peito, tornando a queimar com um lento e doce fogo.
— Eu só sei. Não importa as dificuldades, eu não posso nunca vê-lo apenas fugindo sem lutar.
Ian rolou seus ombros, ciente de um calor estranho subindo ao redor de seu pescoço.
— Sim, bem, ele fez um bom trabalho em chutar a minha bunda.
— Então você não quis mudar? — Perguntou ela, esfregando cuidadosamente uma pomada anti-séptica em seu bíceps, os dedos frios contra o calor de sua pele. — Nem mesmo quando você lutou contra ele?
 — Alguma coisa aconteceu — ele resmungou, trabalhando seu maxilar quando o bálsamo frio infiltrou-se na ferida. — Ele ameaçou mais uma vez, me disse que estava vindo atrás de você e, depois disso, fiquei chateado o suficiente para deixar que a coisa... para deixar todo o inferno dentro de mim vir até ele. Mas, então, pareceu se apegar em algo mais na floresta.
Carrancuda, ela encontrou seu olhar.
— Como o quê?
Ian deu de ombros.
— Não tenho nenhuma idéia. Talvez fosse um animal. Urso. Leão da montanha. Fosse o que fosse, assustou o bastardo.
— E então você veio até aqui. — As palavras calmas, quase solenes.
— Sim. Eu... — Sua voz sumiu quando ela colocou uma mão ao seu lado, mantendo atenção durante a mudança da sua atenção para os cortes feios em sua caixa torácica. Ian notou que seus dedos estavam agora manchados com seu sangue e a intimidade chocante da visão estranha e perturbadora bateu nele como um golpe físico. — Você não precisa se preocupar com isso. — ele murmurou sob sua respiração, o queixo dele empurrando para os dedos. — Eu fui testado e estou limpo.
Sua mão acalmou e, em seguida, ela retomou a sua tarefa com um toque suave, escondendo por trás da queda de seu cabelo.
— Obrigada — ela sussurrou. — Com tudo o que vem acontecendo, eu não estava nem pensando nisso.
Ian agarrou seu pulso, esperando pacientemente que ela olhasse nos olhos dele. Quando ela fez, ele perguntou:
— E você?
Ela passou a língua sobre a ondulação suave do seu lábio inferior.
— E eu?
— Foi testada? — Ele arrastou a voz, calma, rouca, o olhar dela ficou mais profundo, fazendo-o sentir como se pudesse cair nessas profundidades marrons e encontrar a sua alma.
Ela arqueou uma sobrancelha delgada cinicamente e com um puxão se liberou.
— Essa é uma pergunta muito pessoal.
— Essa é circunstância muito pessoal — disparou de volta, de repente sua respiração sibilante através de seus dentes. Ela voltou para sua tarefa de aplicar uma compressa fresca. Ian aproveitou sua absorção com os ferimentos para perder-se no estudo de suas características, demorando-se sobre os pormenores individuais que, quando juntos, criaram um rosto que se não o mais bonito, foi certamente o mais fascinante que já viu. Nobre, grandes olhos castanhos. Boca cheia e rosa, seu olhar pecaminosamente angelical. Feminino nariz e queixo vistoso. Cabelos grossos, cachos de seda que imploravam pelo toque da mão de um homem.
Os detalhes eram muito delicados, doces e inocentes... mesmo na sua pureza. Ela poderia ter sido uma professora da escola dominical. Uma estudante universitária que vai para seu mestrado em ciências humanas. O tipo de garota que se casou com o namorado no colegial e teve dois filhos, morava numa casinha com uma cerca de branca e um monte de horários para coordenar, de ginásticas para prática de futebol, que vivem o Norman Rockwell equivalente do Sonho Americano.
E ainda o jeito que ela o fazia sentir não era nenhuma dessas coisas. Escuro. Irritado. Desesperado. As coisas explícitas que ele queria dela, queria fazer com ela, queria convencê-la a fazer, não tinha nada desse mundo inocente.
 — Eu fiz exame de sangue quando comecei a tomar pílulas há dois anos.
— O quê? — Ian balançou a cabeça, tentando encontrar seu caminho de volta para a conversa, o corpo vibrante, cabeça nublada, lembrando de seus dias de drogas e de algazarras. Molly Stratton era potente, como um narcótico, levantando-o, fazendo-o desejar uma correção. Ele lutou tanto para superar esse tipo de espécie que precisa do escuro, viciante desejo, ele quase podia odiá-la por arrastá-lo para lá de novo.
— Eu disse que fiz exame de sangue há dois anos atrás, quando meu médico me passou a pílula.
— Isso é muito tempo para ficar sem fazer o teste — ele conseguiu balbuciar, deslocando-se na cadeira.
— Não se você não tem relações sexuais — ela respondeu casualmente, o olhar ainda focado em sua missão.
Ian ficou completamente imóvel durante dez segundos, em seguida amaldiçoou algo quente e sujo sob sua respiração.
— Você está me dizendo que não tem sexo há dois anos?
— Bem, eu fiz o teste há dois anos atrás. Mas eu acho que foi mais ou menos três desde que eu fui para a cama com alguém. — Ela lançou um rápido olhar sobre seu rosto. — Você sabe, celibato não é crime.
— Deveria ser. — resmungou incapaz de assimilar a informação a respeito disso. Ele sabia, instintivamente, que ela não era muito experiente, mas três anos! Como isso foi possível? — Abstinência ou o celibato ou o que diabos você quiser chamá-lo não é natural. Se fosse, não nos teriam sido dadas todas as peças de trabalho que fazem a merda tão divertida.
— Isso é uma coisa que um homem diria — ela bufou abanando a cabeça.
— Graças a Deus — ele disse, completamente inexpressivo. — Se eu começar a soar como uma garota me faça um favor e atire em mim.
— Não é possível — disse ela levemente e ele podia vislumbrar apenas o sorriso que estava escondido nos cantos da boca. — Não tenho uma arma.
— Nem eu. Não acredito nelas. Mas nós sempre poderíamos pedir emprestado a Riley.
Havia uma pergunta nos olhos dela, mas ela não fez qualquer comentário e ele não se preocupou em explicar. Em vez disso, ele pegou um de seus cachos, retorcendo o fio cor de mel em torno de seu dedo.
— Sério, sem sexo há três anos é... errado.
— Assim diz o homem que confessa dormir com mulheres que ele não gosta, só assim ele pode conseguir gozar.
— Cuidado — ele murmurou, estudando-a através de seus cílios. — Você parece com ciúmes.
Ela revirou os olhos, alisando a pomada antibiótica.
— Das mulheres sem nome que você usou para o sexo sem sentido? Dificilmente.
Ian se mexeu na cadeira, não gostou do rumo que a conversa estava tomando.
— Tem sido uma rua de duas vias, Molly. Usaram-me tanto quanto eu usei-as.
— Se te faz sentir melhor acreditar nisso — ela murmurou franzindo a testa enquanto colocava o algodão e pacotes vazios em um pequeno saco plástico, — então vá em frente. Mas eu acho que você está vendendo a si mesmo e a elas, em curto prazo.
Ela começou a se afastar, mas Ian não a deixou sair, agarrando-lhe o pulso novamente, cuidando para controlar sua força.
— Eu deveria ter ouvido isso antes. — disse para ela. — Teria feito diferença. Se eu tivesse ouvido, Kendra ainda poderia estar viva.
Molly podia ver a sinceridade em seus olhos, a dor, e sabia que seu arrependimento era genuíno. Sabia que, embora ele nunca admitisse isso, Ian estava de luto pela perda da mulher que tinha sido tão brutalmente assassinada. Tinha sido noticiado em todo o local naquele dia, a especulação desenfreada sobre o que poderia ter realizado um ataque tão brutal. Puxando para fora do seu domínio, ela manteve seu tom suave e disse:
— Estou feliz que você está disposto a acreditar em mim agora.
Inclinando-se na cadeira, ele posou o cotovelo sobre seus joelhos, os ângulos do seu rosto áspero rígido com a tensão, os músculos irrigados sob toda a pele escura dourada que comprovava o poder, a força, o que poucos homens podiam reivindicar. Ele chamou a atenção como uma obra fascinante e provocativa da arte, tornando impossível desviar o olhar.
— Então fale comigo — disse ele. — Diga-me o que você sabe.
Ela jogou o saco de lixo no lixo, lavou as mãos novamente, em seguida virou-se, encostada ao balcão, os braços cruzados sobre o peito.
— Eu quase não sei por onde começar.
— Você disse que veio até aqui porque não tinha escolha. Suponho que foi por causa da minha mãe. Que você não pode ignorá-la... os pedidos para você vir e me encontrar.
— Essa é uma maneira de colocá-lo — o canto de sua boca se contorceu. — Elaina é definitivamente teimosa, bem como persistente.
— E você acreditou nela? — Ele questionou, à sombra de dúvidas remanescentes ainda visíveis em seus olhos.
Balançando a cabeça, Molly disse calmamente:
— Eu abandonei o luxo da descrença há muito tempo, Ian.
— Então, algo parecido com isto já aconteceu com você antes?
Ela assentiu com a cabeça, enganchando seu cabelo atrás da orelha.
— Eu posso falar com espíritos ou fantasmas, como a maioria das pessoas chamam, quando estou dormindo. Ou melhor, às vezes eles podem falar comigo. Mas isto, o que está acontecendo aqui, entre nós, estas duas últimas noites é um caminho que está fora do meu alcance. Muito além do normal, mesmo para mim.
Ele absorveu a informação por um momento, então calmamente perguntou:
— Quando você fez o primeiro contato com o fantasma de Elaina?
— Há alguns meses atrás, não muito tempo após sua morte. Ela então fez contato, mas demorou um tempo para ela vir por meio de forma suficientemente clara que eu pude entendê-la. — Fez uma pausa e olhar em seus olhos atentos a incentivou a continuar. — É difícil explicar como funciona. Na maioria das vezes, apenas soa como alguém gritando comigo através da água. Mas, se for persistente, as mensagens se tornam mais claras com o tempo. Não era até algumas semanas quando eu finalmente entendi o que Elaina estava tentando me dizer. Que ela queria que eu fosse encontrá-lo, avisá-lo sobre o perigo aqui e encontrar uma maneira de fazer você acreditar. A má notícia é que essa foi a parte fácil. A parte mais difícil agora é fazer você acreditar e aprender a sobreviver.
— E como eu devo fazer isso? — Ele grunhiu, esfregando as mãos pelo rosto.
Ela soltou um suspiro trêmulo.
— Honestamente, eu não sei. Eu nem sei por que isso está acontecendo ou o que causou isto. Tudo o que posso dizer é que aquele monstro não vai parar de caçar você. Não até que um de vocês esteja morto. Essa é uma das coisas que Elaina desejava ter sido capaz de lhe dizer antes de morrer. Eu acho que ela começou a temer que isso pudesse acontecer, que essa criatura, o Casus, pudesse retornar. E ela acredita que é a razão pela qual Merrick está finalmente acordando dentro de você. Por causa de sua linhagem, ele sempre esteve lá, latente. À espreita. Agora que um dos seus inimigos está perto, ele vai querer protegê-lo contra ele.
— E o meu irmão e irmã? Eles estão despertando também?
— Elaina acredita que eles irão, com o tempo. Mas, por agora, você é o único que ele quer. Você está no início, mais ela não me contou. Eu nem tenho certeza que ela saiba de tudo.
Ele se recostou na cadeira, olhando para ela.
— E isto... esta coisa, este Merrick que está dentro de mim... é mal? — Ele murmurou com a garganta seca, arranhando, e Molly soube o que lhe custou fazer a pergunta.
— Não — ela respondeu baixinho, honestamente. — Mas ...
— Não é bom. — disse ele sem rodeios cortando-a, — Eles podem ser inimigos do Casus, mas eles ainda são assassinos. Predadores.
— Eu não ia dizer isso. Eu ia dizer que eles não são mansos... — argumentou frustrada com ele por colocar palavras em sua boca. — Eles são mais primitivos do que os seres humanos. Mais viscerais. Mas eles são intrinsecamente bons. De nenhuma maneira você iria fazer algo para prejudicar alguém, a menos que mereça.
Balançando a cabeça, esfregou uma palma contra a superfície irregular do seu maxilar, sua expressão dizendo que ele queria acreditar nela, mas estava com medo.
— Você realmente acredita nisso?
— Sim. — Mas Molly entendia o seu medo. Auto-aversão trabalhando quase da mesma maneira. Como o ácido em suas veias que lentamente vai consumido você de dentro para fora, deixando apenas um esqueleto podre em sua esteira. Ela sabia tudo sobre esse tipo de tortura. Ela tinha vivido isso, contorcendo-se no seu interior fria e úmida durante anos. — Você nunca poderia machucar ninguém Ian — disse ela em voz suave, desejando que ele acreditasse e confiasse nela.
Abaixando a cabeça, virou a mão direita e olhou para a palma da mão, esfregando o dedo polegar da mão esquerda contra o seu centro, como se sentisse dor. Ela sabia que ele tinha decidido mudar de assunto, quando disse:
— Desde que me lembro das histórias de Elaina, Casus era um pedaço desagradável de trabalho. Eles não sentem dor e medo. Nem agonia e tortura. Isso é o que os torna terríveis.
— E ele está atraído por você. — disse ela, estremecendo ante a memória da criatura do pesadelo. — Elaina acredita que precisa de você, mas não sei ao certo por que.
As rachaduras violentas dos relâmpagos da tempestade estrondando eram o complemento perfeito à tensão dura da expressão dele e ela quis caminhar até ele. Queria ter aquele rosto bonito, áspero entre as palmas das mãos, acariciando as cavidades da bochechas com os polegares e pressione um beijo reconfortante em sua testa franzida. Mas ela não ousava e não porque ela não confiasse nele. Não, era em suas próprias necessidades irracionais que ela não confiava.
Ele fechou a mão em punho por um momento, então flexionou os dedos, esticando-os, como se o simples gesto pudesse liberar a tensão pesada das linhas rígidas de seu corpo.
— E agora?
— Se você quer viver precisa aprender a trazê-lo para fora. A aceitar a alteração sem combatê-la.
Seu olhar correu de volta até seu rosto, sobrancelhas desenhadas em um V profundo sobre aqueles olhos incrivelmente azuis.
— E você acha que é uma boa idéia, depois do que eu sonhei hoje? Seja lá o que era a coisa, Casus ou não, o que aconteceu enquanto eu estava lutando não era bonito, Molly. Essa coisa dentro de mim queria rasgar sua garganta.
— Você não tem escolha. — ela sussurrou. — Você irá combatê-lo novamente, Ian, e quando o fizer você precisa estar no mesmo terreno. Sua mãe diz que até ser capaz de aceitar o que você é não será capaz de derrotá-lo. E quem pode dizer que mais virá depois dele? Eu sei que isto não é o que você queria, mas às vezes, às vezes só temos de aceitar a vida que nos é dada e aprender a ir em frente.
O calor escalou seu caminho a partir do centro do seu peito, sobre sua garganta, em seu rosto, impossível de esconder dele.
— Eu não acho que você poderia tentar se alimentar de mim outra vez. — disse ela com voz rouca. — A não ser que nós estejamos fazendo sexo, como se estivéssemos nos sonhos.
Ele fez um desses bufos convencidos, arrogantes como só ele seria capaz de ser.
— Você está segura sobre isso?
— Não, eu não tenho certeza sobre coisa alguma agora. Mas do que você tem tanto medo? Ele não me matou nos sonhos. Então, o que faz você pensar que ele iria tentar me machucar na realidade?
Ele esfregou as mãos pelo rosto, como se pudesse apagar a expressão desolada caindo sobre ele como uma sombra.
— Você não viu o que essa coisa fez com Kendra.
— Mas você não é como o Casus — argumentou desejando poder fazê-lo entender. — Você é um dos mocinhos, Ian. Um dos que salva o dia, não o destrói.
Seu sorriso era amargo.
— Confie em mim, Molly. Eu nunca fui um dos heróis.
— Seu halo pode estar um pouco manchado, — ela sussurrou torcendo a boca em um sorriso. — mas você não é ruim. Eu estaria disposta a apostar minha vida nisso.
Ela podia contar, de imediato, a partir de sua expressão triste que ela tinha dito a coisa errada.
Ele olhou para ela por um momento longo, duro, e de repente ficou em pé tão rapidamente que a cadeira caiu para trás.
— Cristo, o que há com você? — Ele rosnou. — Nós apenas nos encontramos! Você não me conhece. Eu mal conheço a mim mesmo agora!
— Eu sei que você veio até aqui esta noite para se certificar de que eu estava bem, — ela apontou com uma voz calma e tranqüila. — mesmo que você não goste de mim.
Ele resmungou, seus músculos salientes sob o brilho dourado da sua pele, passou a mão pelos cabelos, em seguida deixou-o cair levemente para os lados.
— Depois desse sonho, talvez eu só tenha vindo aqui porque eu queria a chance de entrar em suas calças de novo.
— Considerando a forma que estava quando eu abri a porta, — ela murmurou imperturbável por sua raiva. — você terá um tempo duro para me vender aquilo.
— E se eu te machucar? — Ele exigiu, cruzando os braços sobre o amplo peito. — O que será então Molly?
— Você não vai.
Ele cerrou os dentes com tanta força que um músculo assinalou em sua mandíbula e, finalmente, disse:
— Isso é um risco do inferno que você está disposta a levar com um total estranho. Eu não posso ajudar, mas quero saber o por que.
Ela hesitou, o olhar se afastando por um momento, antes que se obrigasse a atender a intensidade primitiva do seu olhar.
— Por que não é importante. O importante é que eu vou ficar para ver isso até o fim.
— Mesmo Casus ameaçando você? — Ele murmurou, estudando sua expressão determinada. — Você é a única em perigo agora, Molly. Isso muda tudo.
Ela levantou a cabeça, recusando-se a recuar.
— Eu sabia do risco quando cheguei aqui, Ian. Isso não muda nada.
— Mas deveria — ele murmurou, sua mandíbula apertada, de cabeça baixa quando um clarão cruzou o chão. Outro chocante e violento estrondo do relâmpago abalou as paredes finas do motel e ela saltou, puxando seu olhar sombrio, pesado, tampando de volta seu rosto. Lentamente ele sacudiu a cabeça como se não soubesse o que fazer com ela.
— Eu acho que você está louca, Molly, mas isso não importa. Mesmo que você queira correr, eu não iria deixar. Agora não. Não depois de hoje à noite. Não há como dizer quando essa coisa, esse Casus, irá colocar as mãos em você. Até que isso acabe, — disse para ela com raiva nas palavras — eu não vou deixar você fora da minha vista.









CAPÍTULO NOVE
Domingo de manhã


Malcolm Dekreznick, Casus, que tinha roubado o corpo de Joe Kelly alto, loiro e de olhos azuis, passeou abaixo pela calçada vazia em Henning sem nenhum cuidado. Gostava do calor do dia quente de verão, e um novo par de óculos de sol protegia seus olhos sensíveis do clarão luminoso da luz do sol que refletia no chão molhado pela chuva. A tempestade de verão tinha terminado com a alvorada, a comunidade rústica da montanha ainda tranquila, mas então era manhã de domingo, muitos dos moradores participavam de cultos religiosos. Sua boca torceu em um sorriso com o pensamento de todas as suas orações e devoção piedosa, sabendo que se ele fosse escolhê-los, ele poderia terminar com a suas existências miseráveis com uma facilidade ridícula, sem nenhum esforço. Como se apagasse uma chama. Puf. E a luz se apaga.
Eles podiam orar tudo o que eles queriam para a alma imortal de Kendra Wilcox, mas isso não iria mudar seu destino. Não ia trazê-la de volta. Malcolm tinha certeza que uma vez que ele colocou as mãos sobre ela, não tinha sido difícil colocar no chão.
Atravessando a rua, um baixo ruído de satisfação aqueceu sua garganta enquanto pensava em matar.
A vadia morena tinha sido muito mais emocionante do que a "comida" animal que o tinha sustentado desde o seu retorno. Ela não só tinha tido um gosto mais doce, mas ele tinha sido capaz de uma "foda de sangue" que sempre tinha sido o modo favorito de Malcolm para se alimentar. E do jeito que ela tinha lutado com ele só tinha feito com que fosse muito mais gratificante.
Tinha sido tão longo, uma eternidade, desde que ele tinha desfrutado de uma boa refeição. Ele quase tinha esquecido como fazer, aquele momento perfeito, empolgante quando a luz amanheceu finalmente. Quando sua presa percebeu que estava olhando a face da morte ele foi capaz de se alimentar do doce medo que a inundou tão profundamente enquanto ele se alimenta de sua carne. Quase tinha esquecido da queimadura quente de prazer que dava quando eles se recusavam a ceder, tão potente e viciador. E Kendra lutou duro.
Ainda assim, ela não tinha sido suficiente. Não tinha, de fato, lhe dado o poder que ele precisava para trazer o seu irmão por aquele portal da prisão metafísica que aprisionou sua espécie, os Casus, dentro da propriedade fundamental que eles tinham chamado de Meridian. Para trazê-lo de volta do inferno que havia prendido seus parentes por século após século, quando seus inimigos continuavam a andar na terra.
Só que agora eles tinham alguma esperança. Esperança que Anthony Calder tinha lhes dado. O primeiro de sua espécie a estabelecer a ordem entre os presos Casus, Calder misteriosamente descobriu uma maneira de enviar um Casus pelo portal de volta a este reino. Era um processo difícil e drenava Calder e seus seguidores, e, embora tivesse havido sérias dúvidas de que seria realmente possível Malcolm teve êxtase quando Calder aceitou seu pedido para ser o primeiro.
Mas a sua liberdade não era o mesmo sem o seu irmão Gregory lá para compartilhar com ele. Enquanto Calder tentasse enviar outros pelo portal Gregory nunca seria escolhido. O irmão dele era considerado muito instável. Muito arriscado. O que significava que a liberdade de Gregory dependia dele.
Malcolm achava que uma vez que tivesse poder suficiente, ele deveria ser capaz de trazer alguém de volta por conta própria, rasgando-o de volta desde as entranhas do Meridian. Kendra foi uma matança inspiradora, assim como um prazer, mas ele não estava surpreso dela falhar em fornecer uma alimentação forte o suficiente. Afinal, Calder tinha avisado a ele que seria mais provável ter um Merrick para fazer o trabalho.
Por isso ele precisava de Buchanan. Malcolm poderia tê-lo matado na noite passada, com pouco esforço, mas é óbvio que o desgraçado ainda estava muito verde. Apesar de ter gostado de assustá-lo, até que Ian Buchanan fosse totalmente desperto não haveria nenhuma possibilidade de alimentá-lo. Ele não tinha nem mesmo o primeiro talismã que Calder tinha encarregado Malcolm de achar. A única coisa que poderia promover uma pechincha para a liberdade de Gregory, se a teoria de Calder se provasse errada.
A impaciência o montou duro, mas ele teve que segurar firme e mostrar moderação. Características não comuns a sua espécie, mas Malcolm reconhecia que a liberdade de seu irmão poderia muito bem depender de seu sucesso, e as regras eram simples. Se matasse o filho da puta muito cedo a alimentação não seria suficiente para fazer o trabalho. Para receber a dose cheia do poder que ele precisava e que vivia dentro de Merrick Buchanan tinha de ser com força total no momento de sua morte.
Empurrando as mãos nos bolsos de sua calça, Malcolm puxou de forma lenta, respirando profundamente e sacudindo sua frustração.
Sim, ele poderia esperar. Valeria a pena. E nesse meio tempo, ele poderia sempre entreter-se com a tarifa local. Ele tinha sido advertido interminavelmente sobre a necessidade de ter cuidado nestes tempos modernos, que sua matança não poderia ser tão evidente quanto a anterior, quando o Casus tinha governado a noite com o medo, tão poderoso como os reis de sangue. Mas ele estava determinado a deixar a mulher Wilcox em aberto, apenas para que ele pudesse pôr a mente de Ian Buchanan em parafuso.
Testemunhando a raiva do bastardo sobre sua morte tinha valido a pena o risco de uma pequena exposição. Por ora, ele ia gostar de atormentar Buchanan, enquanto apertava os parafusos, enquanto aguardava o momento perfeito para atacar. Ele fazia questão de colocar suas mãos particularmente em uma saborosa pequena loira.
E, claro, não havia esse assunto enfadonho da interrupção como na noite passada. Havia sido inesperado e ele precisava estar mais bem preparado antes de fazer sua próxima jogada. Até então, Malcolm planejava desfrutar de sua nova liberdade. O corpo que tinha tomado estava meio ruim, embora a vida ligada a ele poderia ser descrito como nada mais do que constrangedora. Você pensaria que alguém com sangue Casus correndo em suas veias teria ascendido a mais neste mundo, mas as realizações de Joe Kelly eram tão simples como o seu nome.
Não que Malcolm estivesse reclamando. Ele ainda não conseguia acreditar na sorte que tinha tido em ser o primeiro de sua espécie a ser escolhido para retornar. Nem poderia decidir se era porque seu parente tinha certeza que teria sucesso ou porque o considerava dispensável se as coisas não fossem inicialmente de acordo com o plano. E, na verdade, ele não se importou. Seja qual for a razão para a escolha de Calder, era uma chance do inferno e ele não teria recusado a oportunidade. Meridian não tinha nenhuma vida então como você poderia alimentar os prazeres da morte? Foi por isso que o Casus tinha crescido fraco, desperdiçando tantos anos de inútil luta entre si. Não eram nada até que eles finalmente começaram a ouvir Calder que tinha sido capaz de unir e trabalhar juntos para um objetivo comum. Essa meta era ser livre, assim como a vingança. E este primeiro sabor de vingança ia se provar, oh, tão doce.
Inclinando o rosto para o sol, Malcolm se aqueceu em seu fulgor morno, uma respiração profunda enchendo seus pulmões com o aroma fértil da floresta, como uma mudança refrescante da deterioração, o frio apodrecimento de Meridian. Voltando ao final do bloco, ele continuou fazendo o seu caminho através do centro da cidade, cantarolando suavemente sob sua respiração. Quando chegou à esquina seguinte, uma mulher idosa vestindo uma camiseta com "Ajude a Família de Kendra", um balde de doação seguro em sua mão frágil, aproximou-se dele com um sorriso sombrio adequadamente.
— Estamos recolhendo dinheiro para as despesas do funeral de Kendra Wilcox. Sua mãe é viúva e está precisando desesperadamente da bondade de estranhos.
— Eu ficarei feliz em ajudar — Malcolm murmurou procurando no bolso da frente e pegando um maço de notas. Ele dava uma risada silenciosa, apreciando a ironia da situação. Afinal, ele tinha tomado o dinheiro do corpo de Kendra Wilcox, quebrado e sangrando. Ou pelo menos o que restou dela.
— Obrigado, senhor. Foi uma tragédia o que aconteceu com a pobre moça. Se alguma vez houve um momento para ser de boa vizinhança, é agora. Deus te abençoe.
Olhando para a fotografia colada ao lado do balde, Malcolm sacudiu a cabeça com simpatia trocista.
— Ela era uma menina bonita. Essa foto realmente não fazer-lhe justiça.
As sobrancelhas cinza da mulher de curvaram em compaixão.
— Você conhecia Kendra?
— Oh, sim — ele demorou e começou a atravessar a rua. Olhando para trás, por cima do ombro, Malcolm se esforçou para esconder o seu sorriso, lento e satisfeito. — Você poderia até dizer que ela me ajudou a ser o que eu sou hoje.





































CAPÍTULO DEZ
Domingo, 10:30.


Em pé com as costas no balcão da pequena cozinha, Molly tomou um gole de café forte, pensando que ela poderia beber um pote inteiro e ainda estaria cansada. Ela dormiu como no inferno, mas pelo menos a tempestade finalmente mudou o seu caminho de madrugada. Eventualmente, ela conseguiu pegar algumas horas de descanso, antes de Elaina se contactar com outra mensagem. Depois disso, ela despertou com o sol da manhã brilhando em torno das cortinas de cor verde escura que pairava sobre a janela solitária, incapaz de cair adormecida.
Como ela tinha rolado para sair da cama, ela foi recebida com a vista deslumbrante de Ian Buchanan deitado de bruços sobre a cama queen vizinha. A tatuagem intrincada no topo de sua coluna imediatamente chamou sua atenção, chamando-a de alguma forma. Ela queria alcançar e afagá-lo com as pontas dos dedos, a sensação estranha de segurança correndo através de seu sangue que teria sido quente ao toque, pulsando com o calor, com um estranho poder latente, mas ela resistiu, seu instinto de auto-preservação falando mais alto. Porque uma vez que ela colocasse as mãos sobre ele, ela não achava que seria capaz de parar. Ele era muito bonito, os ombros escuros brilhando contra os lençóis brancos que cobriam toda a parte baixa dos contornos elegantes de suas costas, os braços poderosos apertados em torno de seu travesseiro, enquanto protegia a perfeição áspera de seu rosto em parte, cílios espessos deitado como manchas escuras de tinta contra seu rosto, enquanto ele dormia como um morto.
Não que ela pudesse culpá-lo. Ele mal teve tempo para descansar dos últimos dias e era óbvio que a luta com o Casus, bem como a luta interna que ele travou contra o lado Merrick de sua natureza, o tinha abalado.
Após sua declaração impressionante que ele pretendia mantê-la sob sua proteção, eles fizeram uma trégua em silêncio diante do esgotamento e tinham ido para a cama. Ian tinha rastejado entre os lençóis usando sua toalha, em seguida, puxou-a e jogou-a na extremidade da cama, deixando Molly dividida entre um grande senso de pesar por ela não ter conseguido vê-lo em estado bruto... e uma pontada de alívio por ela não ter se confrontado com esse tipo de tentação devastadora. Alcançando seu celular, ele deixou uma mensagem rápida para seu irmão, Riley, dizendo-lhe que algo tinha acontecido e que ele estaria em contato quando ele pudesse, junto com uma advertência forte para ficar atento e ser cuidadoso. Em seguida, ela apagou a luz e se arrastou para sua própria cama. Por longos minutos, ela tinha ficado ali, ouvindo o som calmo da respiração de Ian e o ritmo hipnótico da chuva batendo contra o teto fino do motel, enquanto se perguntava se iria partilhar outro sonho, se preocupando com o que o dia seguinte iria trazer.
E agora que ela tinha recebido a mais recente diretiva de Elaina, ela não podia deixar de especular sobre a forma como ele iria cooperar.
Ela ainda estava em pé ao lado da pia na cozinha, quando ele finalmente entrou, vestindo apenas o jeans sujo com os dois primeiros botões abertos e revelando uma sombra convincente que atraiu seu olhar. O peito dele estava nu, de pele escura e bronzeada no fulgor baixo da luz que entrava no quarto.
— Café? — Ela perguntou um pouco rouca, percebendo que a barba tinha crescido mais espessa durante a noite, escurecendo o queixo, acentuando a cor de seus olhos hipnotizantes. Ele balançou a cabeça, afundando seu corpo longo e esguio em uma das cadeiras, os cortes no braço e costelas estavam notavelmente melhor. Molly verteu uma xícara para ele, então agarrou o pacote de cigarros e caixa de fósforo e levou tudo à mesa onde já havia um cinzeiro e se sentou no centro.
— Onde os conseguiu? — Ele resmungou, olhando para os cigarros, sua voz ainda sonolenta, o som quente, rico e irregular, para não mencionar incrivelmente sexy.
— Não se preocupe. Eu não sai do quarto — disse ela com um sorriso ligeiro, sentando em uma cadeira no outro lado da pequena mesa e dobrou um fio de cabelo selvagem atrás da orelha. Ela já tinha tomado seu banho e usava um jeans e uma camisa. Seu rosto estava limpo e ela havia deixado seu cabelo secar naturalmente, esperando que ele se comportasse, mas os malditos cachos tinham vida própria. — Liguei para a recepção um tempo atrás e perguntei se poderia colocá-los na minha conta, depois pedi para deixarem na porta.
— Isso foi muito agradável da sua parte, — ele falou baixo, as palavras de seda um pouco tímidas para serem maliciosas. Seu olhar deslizou longe dela quando ele pegou o pacote e tirou o embrulho de plástico exterior. Um sorriso deslizou pelos lábios de Molly pelo seu tom.
 Huh. Talvez ele seja apenas excêntrico de manhã...
Ela observou ele colocar um dos cigarros entre os lábios firmes, em seguida, baixou a cabeça e acendeu a ponta e de imediato deu uma longa tragada, levando o odor característico do enxofre queimado a seu nariz. Um gemido profundo, surdo de prazer vibrou em sua garganta e apesar da sua inquietação, sua boca se contorceu no canto.
— Eu realmente não deveria incentivar esse hábito pouco saudável, mas eu pensei que você deveria acordar desesperado por um cigarro.
— Você poderia dizer isso — resmungou com uma notável dose de amargura, depois de expirar um fluxo vago de fumaça. Recostado na cadeira, uma mão repousando sobre o corte, seus olhos escuros encontraram os dela, proporcionando um olhar que era de algum modo cauteloso, ainda desconfiado, como se quisesse saber o que diabos ela estava fazendo.
Apesar de sua postura indolente, Molly podia sentir a tensão em todos os músculos longos, magros e as linhas nervosas, o corpo apertado duro, como se estivesse pronto para um confronto. Empurrando o queixo em direção a ela, murmurou:
— Você sempre olha assim pela manhã?
Ela molhou os lábios, consciente do calor subindo-lhe pela garganta, os nervos torcidos na barriga.
— Como assim?
— Como se você tivesse tido relações sexuais. — Ele se inclinou para frente, descansando os cotovelos sobre os joelhos, o cigarro apertado entre o polegar e o dedo indicador, olhos azuis dirigindo a ela um olhar desafiador. — Faces coradas, boca inchada, todos os cachos selvagens em torno de seu rosto, como se um homem tivesse enterrado as mãos, embora eu saiba que nós não compartilhamos outro sonho na noite passada. Não importa o quão cansado eu estava, não há nenhuma maneira no inferno de eu continuar dormindo e perder isso. — Ele parou por um momento, dando uma tragada preguiçosa no cigarro, antes de acrescentar: — Será esse o seu joguinho, Senhorita Molly? Você recebe um chute de fora da mente e fode todo cara que você encontra? — ele estava pronto para um confronto... ou talvez olhando para começar um.
Ela sabia que deveria dar uma resposta a fim de colocá-lo em seu lugar, mas as palavras ficaram em sua garganta, vibrando com uma combinação de raiva e se misturando em confusão e luxúria. Sem dizer nada, ela viu como ele levantou o cigarro e deu outra tragada profunda, a brasa na ponta uma centelha ígnea de cor com a perfeição de seu corpo polido. Ele chamou a luz, como os olhos, e ela ficou olhando, paralisada, consciente de que ela podia sentir o sangue correndo, uma vez que subiu em suas veias, vibrante, pesado e forte.
Ela foi capturada em tempo real, suspenso, preso. E ele sabia disso. Sabia exatamente o que suas palavras tinham feito para ela. Sabia o quão facilmente ele podia desvendar sua postura. Sabia que as imagens de suas palavras provocativas haviam sido plantadas em sua mente como uma semente.
Molly estava pronto para mandá-lo pastar por jogar com as emoções dela, quando ela pegou um estalo de luz na sombra dentro do olhar irritantemente azul. Ela finalmente percebeu o que ele estava fazendo, tentando iniciar uma discussão como forma de evitar enfrentar os seus sentimentos. Ele precisava libertar o acúmulo emocional depois de tudo o que tinha passado e ela era a válvula mais próxima.
Ela podia entendê-lo, mas não mudava o fato de que ela precisava aprender a lidar com ele sem congelar-se cada vez que algo provocante saia de sua boca sensual. Molly estava descobrindo em primeira mão, que poderia ser tão perigoso quanto bonito.
— Você está chateado — ela murmurou, tomando um gole de café, grata pela caneca não tremer em sua mão.
Por um momento, ele apenas olhou e então largou para trás na cadeira, balançando a cabeça como se ele não soubesse o que fazer com ela.
— Os homens não levantam brincando — ele finalmente informou-lhe em um processo lento, precisando falar pausadamente. — Ficamos chateados. Mas não tome isso pessoalmente. Eu acordei com raiva de tudo, esta manhã. Merricks. Casus. Mulheres sendo violentadas, assassinadas e ameaçadas. Eu estou puto com toda essa maldita situação.
— Tenha cuidado, — advertiu. — Sua raiva pode levar a outras coisas.
Ele bufou, enviando-lhe um sorriso apertado.
— Não se preocupe querida. Por mais tentador que seja olhar você, eu não vou atacá-la.
— Não sou eu que estou preocupada. — disse ela, recusando-se a deixá-lo sacudi-la mais do que ele já tinha. — Eu quis dizer o que eu disse ontem à noite, Ian. Eu não tenho medo de você. Mas até que você aprenda a aceitar o que você é, você está travando uma batalha interna contra si mesmo. Eu não acho que a raiva vai ajudar nisso.
Ele não deu uma resposta. Continuou encarando-a, como se esperasse por algum tipo de resposta... uma revelação.
Sentindo uma necessidade desesperada de mudar de assunto, Molly deixou seu café na mesa e disse:
— Eu conversei com Elaina novamente na noite passada. Ou melhor, ela falou comigo.
Balançando a cadeira em suas pernas traseiras, Ian absorveu aquelas palavras estranhas, imaginando como diabos ele acabou nisso. Queria saber como em nome de Deus, ele estava fazendo para manter suas mãos longe da mulher sentada na frente dele, embrulhada em jeans macio e uma apertada camiseta rosa-coral que abraçou a forma delicada de seus seios, fazendo com que ficasse com água na boca. Ela parecia muito quente e macia, e o deixava tão irritado como todas as merdas doidas que estavam acontecendo. Ele odiava essa necessidade, esse comichão debaixo de sua pele. Odiava o fato de que tudo o que ele queria fazer era arrancar seus jeans, abraçar seu quadril e puxá-la sobre seu colo, pressionando sua boca em um pedaço quente de pele, debaixo da orelha. Inspirando a mente dela, drogando-se com seu cheiro, enquanto a mão direita deslizava por toda a extensão suave da parte interna de sua coxa...
Dando de ombro, Ian sacudiu a imagem provocante e reorientou o seu olhar, a digitalização da pequena cozinha, pensando que o quarto de motel barato era errado para ela. O ar impregnado com cheiro acre da fumaça de seu cigarro. Molly Stratton era algo parecido com um mundo diferente, que tinha acabado de pousar ali por acaso, tão vibrante, real e fresca, mas estranha... completamente fora do lugar.
Ela passou por baixo da intensidade de seu olhar penetrante quando ele virou de volta para ela, e passou a língua sobre o lábio inferior, puxando seus olhos. Sua boca era muito doce para um homem não querer violar. Para pegar, capturar e dominar. A violência do beijo dele na noite anterior havia deixado-a inchada e escura, a cor rosa suave foi substituída por um rosa carmesim que parecia bom o suficiente para comer.
E ela não tinha tido relações sexuais nos últimos três anos. Inacreditável.
Só Deus sabia que ele ficaria feliz se ficasse mais três minutos sem tocá-la. Somente duas coisas o pararam nesta trilha. O fato de que ela não lhe disse nada na noite passada. E o conhecimento escuro, sedutor, que uma vez que ele estivesse enterrado no corpo dela, grosso, duro e profundo, seus dentes rapidamente sairiam, buscando apressadamente o rico e perigosamente viciante sangue dela.
Esfregando sua língua contra o céu da boca, como se ele pudesse recuperar o sabor selvagem e decadente, Ian ergueu o olhar.
— Então o que ela tinha a dizer?
Ela molhou o lábio inferior com a língua mais uma vez, num gesto nervoso, seu rosto ficou vermelho. Ele sabia que era do jeito que ele estava olhando para ela.
— O quê? — Perguntou ela.
— Minha mãe — alertou, limpando a garganta. — Você disse que a tinha ouvido falar.
— Oh, uh... Ela me deu um nome
— Sim? — Ele exalou lentamente. — Um nome para quê?
Deslocando-se na cadeira de novo, ela enrolou os dedos ao redor da caneca de café sobre a mesa à sua frente.
— Elaina disse que existem pessoas próximas que podem nos ajudar. Ela me deu o nome de um homem, mas quando liguei para o serviço de informação, esta manhã, eles não tinham uma lista disponível.
— Qual o nome?
— Scott. Scott Kierland. Soa familiar para você?
Ian bufou.
— Eu nunca ouvi falar dele, mas ele parece ser um canalha.
Ela franziu o cenho para o seu tom.
— É o seu primeiro instinto sempre não gostar de alguém antes mesmo de conhecê-lo?
— Quase — ele resmungou, alcançando o seu café e tomando um grande gole.
— Você sabe, — ela se aventurou com cautela, alerta que ele não ia gostar do que ela estava prestes a dizer, — se você quiser podemos conversar sobre as coisas. Pode fazer você se sentir melhor se você apenas tirar isso do seu peito.
Cortou-lhe um olhar com olhos estreitos, desconfiado e atento.
— Entender o que do meu peito?
— O fato de que você está de luto por ela. — Ele abriu a boca, mas ela se apressou dizendo — Independentemente de como você categorizava seu relacionamento, eu sei que você está chateado com o que aconteceu com Kendra. Isso não vai desaparecer só com uma boa noite de sono, Ian.
Ele colocou uma mão sobre os olhos, segurando a outra, num gesto de súplica.
— Por favor, cale a boca. Eu não tenho nenhuma vontade de sentar aqui e ouvir você analisar meus sentimentos, especialmente em relação à outra mulher. Agora não. Nem nunca.
— Tudo que estou dizendo é que é bom sentir remorso, de ser perturbado por sua perda.
Sinta remorso? Ficar chateado? Cristo. Como se um desses chavões chegou perto da auto-aversão corroendo suas entranhas como o ácido.
— O que diabos você quer ouvir, Molly? — Ele explodiu em uma corrida baixa, uma ebulição de palavras, as pernas dianteiras da cadeira batendo no chão com um estalo de som, quando se inclinou para frente. — Que eu me sinto mal sobre o que aconteceu? Que se não me conhecesse ela não estaria morta? Sim, eu admito. Agora você pode simplesmente calar a boca sobre isso?
— Você não a matou Ian — disse ela baixinho seus olhos ainda mais suaves, fazendo-o sentir-se perigosamente perto da borda.
— Eu não a avisei — ele rosnou — Se eu a tivesse escutado...
— Ela poderia ter rido na sua cara e dizer que você estava tão louco como você me disse que eu estava na tarde de sexta-feira.
— Sim, talvez — resmungou, com um suspiro pesado, apagando o cigarro no cinzeiro de plástico preto, o conjunto de sua boca sombria, sua fúria como uma coisa viva dentro de seu corpo. — Tudo que eu sei é que eu quero fazer aquele bastardo pagar.
— Eu não tenho nenhuma dúvida disso. — ela murmurou.
Ele tomou outro gole de café, correu uma mão para trás através de seus cabelos e finalmente disse:
— Então, qual é o plano?
— O plano? — Ela repetiu, como se não soubesse do que ele estava falando. — O que faz você pensar que eu tenho um?
Hah. Ele não compraria aquela expressão inocente por um segundo.
— Você é uma mulher, né?
Ela franziu a testa, movendo-se a seus pés e levando as xícaras de café vazias para a pia.
— Isto significa que... — ela perguntou sobre seu ombro.
— Significa que uma mulher sempre tem um plano — Ian disse, indo para o tom mais insuportável que ele poderia oferecer.
— Bem, como uma questão de fato — disse ela, virando e se encostado no balcão, os braços cruzados sobre o peito da camiseta de cor coral acentuando a equidade de sua pele — há algo que precisamos fazer.
Tirando outro cigarro do pacote, ele colocou entre os lábios e alcançou o isqueiro.
— Vamos ouvi-lo.
— Na noite passada, Elaina pediu para fazermos uma coisa. — Ela hesitou, depois prosseguiu. — Ela quer que a gente vá para a unidade de armazenamento onde as coisas dela estão sendo mantidas. Eu acho que Riley as mantêm em uma cidade chamada Mountain Creek. Ela não disse de onde tudo veio, mas eu estou supondo que foi enviado lá de onde ela morava.
— Deixe-me adivinhar — ele murmurou, acendendo o cigarro, enquanto a menção da facilidade com que Riley armazenou as coisas queimava através de seu cérebro, fazendo-o inquieto como o inferno. — Estou apostando que há algo que ela quer que a gente pegue. Algo que ela deixou para mim.
— Como você sabia? — Ela perguntou com voz surpreso.
— Eu tenho uma chave do local. Riley deu para mim. Ele me disse que ela deixou-me alguma coisa.
— Você sabe o que era? — Perguntou ela num tom esperançoso.
Ele olhou para a ponta incandescente do cigarro, em seguida mudou o seu olhar de volta para sua expressão curiosa.
— Não tenho nem indício.
— Você não pode chamar Riley e perguntar-lhe? Ele provavelmente poderia deixar-nos saber o que estamos procurando.
— Se eu ligar para ele, ele vai aparecer. — disse ele, sacudindo o cigarro sobre o cinzeiro. — E eu preferiria não ter de explicar quem é você e o que estou fazendo com você.
— Tudo bem. — ela concordou, mas ela ainda parecia determinada. — Nós vamos ter que ir e procurar por tudo por nossa conta, então.
— E como vamos saber o que estamos procurando? — Ele grunhiu, seu mal-estar crescendo. Qualquer que seja o inferno que estava lá, ele provavelmente não ia ser algo que ele quisesse. —Esse lugar tem que estar cheio de lixo. Eu acho que Elaina nunca jogava nada fora.
Seus olhos castanhos brilhavam com uma faísca de diversão e ele sabia que não ia gostar de sua resposta.
— Bem? — Agarrou, inalando um fluxo impaciente de fumaça.
— Eu sei que soa louco, — ela fez uma pausa, um sorriso torcendo o canto da boca. — mas ela disse que nós saberemos o que precisamos quando o encontrarmos.


Depois que decidiram que teriam mais privacidade se hospedando no motel, eles fizeram uma rápida parada no apartamento de Ian para que ele pudesse tomar um banho, trocar de roupa e pegar algumas coisas. Ele também pegou a chave para a unidade de armazenamento que Riley lhe tinha dado e, em seguida, eles foram finalmente.
Deixando o carro de aluguel em seu apartamento, eles carregaram seu caminhão, pegou um almoço antecipado de hambúrgueres e batatas fritas do restaurante de fast-food. Agora, com eles se dirigindo até a estrada de duas pistas em direção à cidade vizinha de Mountain Creek, Molly quebrou o silêncio, dizendo:
— Posso lhe fazer uma pergunta pessoal?
— Vamos lá. — ele disse, pegando seu refrigerante e tomando um gole através do canudinho. A luz do sol derramou através do pára-brisa dianteiro, brilhando azul através do vidro, tocando os fios negros de seus cabelos, o brilho quente e radiante de sol realçando a beleza áspera de seu rosto que parecia tão perversamente pecador como divino, muito lindo para ser meramente humano. Que você sabe que ele não é.
As marcas pequenas de mordida que ela tinha conseguido cobrir com uma leve camada de corretivo pulsavam como uma memória de encontro ao lado de sua garganta, e Molly estremeceu, forçando sua mente de volta à sua pergunta.
— Exatamente o que deu errado entre você e Elaina? — Ela perguntou, retorcendo-se no banco para encará-lo.
Sua expressão mudou para uma de... lamento? Afiado por aquela amargura habitual que era uma parte dele.
— Vamos apenas dizer que eu era qualquer coisa mais do que o seu menino dourado. — disse ele após um instante, sua mão esquerda apoiado na parte superior do volante, enquanto a direita se curvava ao redor da parte superior do copo de refrigerante que tinha pousado na coxa.
— Ela amava você — disse ela simplesmente. — Muito.
Ele revirou os ombros, como se estivesse jogando fora um toque indesejado.
— Sim, bem, isso não a impediu de me acusar de desperdiçar minha vida, de ser como o meu velho, que era o maior perdedor que andava pelo planeta. O inferno disto era que ela tinha razão. Ela sempre disse que esperou mais de mim, mas tudo que eu já fiz foi desapontá-la. Na época eu tinha dezesseis anos, tinha acabado de abandonar a escola e comecei a andar com um pessoal rude — uma explosão de risos retumbou em seu peito, pois estava colocando uma volta agradável sobre o que eles realmente eram. — Eventualmente, eu cansei das reclamações dela e peguei a estrada.
— Alguma vez você voltou? — Ela perguntou, lutando contra o desejo de alcançar a mão dele e trilhar das pontas dos dedos até a perfeição masculina de seu braço. Sobre o poder de seu bíceps protuberante que estendia a manga de sua camiseta cinza. Do outro lado do fio de força do seu antebraço. Contra a espessura do seu pulso.
— Depois que saí, nunca pus os pés em sua casa novamente.
— E ainda, quando ela precisava de sua ajuda, você deu. — disse ela baixinho. — Eu sei que você pagava a maioria de suas contas médicas, enquanto ela estava doente, até no momento da sua morte.
Dirigiu-lhe um olhar escuro e repentino de surpresa, as sobrancelhas puxadas juntas em uma carranca profunda sobre o azul de seus olhos furiosos.
— Quem lhe disse isso?
Molly ergueu as sobrancelhas.
— Quem você acha?
Desviando o olhar de volta à estrada, ele amaldiçoou em voz baixa.
— Eu disse a ele para dizer-lhe que o dinheiro vinha dele — ele rosnou, batendo a palma da mão contra o volante.
— Você pediu a Riley para não lhe falar? — ela murmurou, fascinada pelo jogo de emoções que cruzaram o perfil dele, a raiva como um sustento, respirando, preso lá na cabine do caminhão com eles.
— Não, eu não lhe pedi, ele nunca poderia guardar um maldito segredo nem para salvar sua vida.
— Bem, para o que vale eu penso que você fez algo muito admirável, Ian. Elaina me falou que esvaziou a poupança que você tinha acumulado desde que havia se mudado para o Colorado e começado seu negócio. Isso é um real sacrifício.
Ele mexeu os ombros, claramente desconfortável com seu louvor.
— Dinheiro é dinheiro — ele murmurou. — Eu faço o que faço porque gosto. Porque é o que me mantém fora. Permite-me trabalhar com as mãos, no meu próprio calendário. Não é porque vai fazer-me rico algum dia.
— Eu respeito isso — disse ela, perguntando se ele tinha alguma idéia de como era incrível, o altruísmo e a generosidade pura do que ele fez em um mundo cujo próprio pulso centrava sobre o dinheiro. — E pelo que eu ouvi, você é incrivelmente bom no que faz. Ela estava muito orgulhosa de você.
Ele resmungou sob sua respiração em resposta e eles caíram em um silêncio pesado, até que ele finalmente disse:
— Agora é minha vez.
Molly tinha estado olhando pela janela da frente, mas ela desviou seu olhar de volta ao seu perfil.
— Sua vez de quê?
— Para fazer uma pergunta pessoal.
Ela sabia o que ele ia dizer, mas mesmo assim ela perguntou.
— O que você quer saber?
—Eu quero saber porque você está aqui. Por que você não podia simplesmente dizer a Elaina para dar o fora e fingir que você nunca ouviu falar nos Buchanans loucos de merda. Por que você está disposta a colocar sua vida em risco por pessoas que você nem conhece.
— Não é uma história bonita. — ela avisou em voz baixa, com o olhar focado no colo, onde ela alisou o polegar sobre o brim escuro do seu jeans. Ela estava se sentindo como alguém com um resfriado, sensação lisa que enrola ao redor da parte de trás do pescoço dela, embaixo do cabelo, e soube exatamente o que era. A queimadura pelo frio da culpa. O tipo que você nunca pôde fugir. Nunca desfazer.
Ele tomou outro gole de refrigerante, colocando-o de volta no porta-copo, e pegou o maço de cigarros que estava entre os assentos. Quando passou a mão no joelho dela, ela tremia, a reverberação do ligeiro toque dançando através de seu corpo como um tremor.
— Vá em frente — ele a incitou, enquanto acendia o cigarro com o isqueiro do caminhão. — Eu posso levar isto.
Olhando para a estrada estreita que se estendia diante deles, Molly respirou fundo e procurou uma maneira de começar.
— Não foi sempre assim... as vozes no meu sono. Começou no meu primeiro ano do colegial, quando uma das minhas melhores amigas, Sara, cometeu suicídio. Eu fui ao seu funeral e a próxima coisa que eu lembro é que ela estava falando comigo toda vez que eu caía no sono.
— Isso deve ter sido muito assustador. — Seu tom de voz era baixo, pensativo, sem nenhum escárnio ou descrença que ela encontrou nas poucas ocasiões em que tentou contar esta história antes.
— Sim, foi. Eu estava apavorada e não queria ouvir, mas ela não parava. Cada noite, ela vinha até mim pedindo-me para dizer a alguém que o padrasto estava abusando dela. Antes de morrer, ela tentou dizer a sua mãe, mas a mulher acusou-a de tentar chamar a atenção, dizendo que Sara estava com ciúmes da sua felicidade. Os abusos continuaram e isso foi... foi por isso que ela finalmente tirou sua vida.
Ele amaldiçoou aquela sujeira e então disse:
— Jesus, vocês eram apenas crianças. Que diabos você fez?
Um som amargo saiu de sua garganta seca, a onda doentia de culpa derramando sobre ela como o alcatrão, grosso e pegajoso.
— Eu não fiz nada. Eu estava com muito medo que todos pensassem que eu estava louca. Fora da realidade. — Suas mãos fechadas no colo, pela mandíbula apertada ela raspou as palavras vergonhosas. — Eu queria tanto contar aos meus pais, a polícia... — A voz dela sumiu, sua garganta apertada e então ela se forçou a admitir a verdade. — Mas eu não pude.
— Ela continuou em contato com você?
— Sim. — O sorriso estava torcido com amargura quando ela se virou para ele, pegando seus olhos fechados quando ele cortou uma rápida olhada em sua direção. — E logo, eu aprendi da maneira mais difícil que eu não era louca, afinal.
Encarando o músculo que tremia na mandíbula dele, Molly explicou.
— O padrasto de Sara era um juiz poderoso em nosso município e eu soube que ninguém jamais levaria minha palavra contra a dele. Então, eu não fiz nada, e alguns meses depois uma jovem que estava na classe abaixo da nossa foi brutalmente estuprada e assassinada. Sara veio até mim, me dizendo que o juiz era o responsável. — Ela engoliu contra a bile que subiu pela garganta, piscando afastando as lágrimas quentes que queimavam seus olhos. — E eu... Eu finalmente encontrei a coragem de fazer algo e fui à polícia. Eles pensaram que eu era louca, até que eu fui capaz de dizer-lhes onde haviam escondido a corda que tinham usado para amarrar a menina. Eles acharam isto no porão dele, junto com uma mecha ensanguentada do cabelo dela que ele tinha mantido como uma recordação, doente bastardo que ele era.
Dando-lhe outro rápido olhar penetrante ela poderia dizer pelos seus olhos que ele sabia que havia mais história do que o que estava dizendo. Mas em vez de empurrá-la, ele disse calmamente:
— Assim você escuta as vozes desde então. — Não era uma pergunta, mas uma declaração.
— Eu tentei e consegui ajudar as pessoas. Mas isto. Esta é na primeira vez que vidas estiveram na linha. Eu não era bastante valente para fazer muita diferença então, mas eu não posso cometer o mesmo erro desta vez. Quando Elaina disse a primeira vez o que queria que eu fizesse, eu estava doente, com medo. Levei dias para construir a coragem de vir te encontrar, mas finalmente percebi que isso é minha chance de redenção. Desde aquela primeira vez, eu fui nada mais que um mensageiro da morte, pedindo tempo e novamente passando as palavras deles do além. Eu sinto muito e eu desejava ter contado a você. Desculpas. Explicações. Mas esta é a primeira vez desde Sara que eu tenho a oportunidade de verdadeiramente fazer uma diferença. — Ela fez uma pausa, enviando-lhe um sorriso triste quando ela disse — Por isso é tão importante para mim, Ian. Depois de todos esses anos você é a minha chance de finalmente fazer o que é certo.










CAPÍTULO ONZE
Uma hora mais tarde

Molly e Ian estavam até a cintura de caixas. A onda de calor sufocante do verão dentro da pequena unidade de armazenamento de cinco por dez, a ventilação apenas da porta que tinham deixado entreaberta na extremidade distante. Eles estavam trabalhando a sua maneira de frente para trás, abrindo caixas e mexendo o conteúdo, inspecionando cada um, antes de prosseguir. Até agora, eles encontraram de tudo, desde roupas a livros, pratos para nada, mas que tinha travado a sua atenção. Nada que saltou para eles e gritou: "Eu sou isso! Eu sou o que você está procurando!".
— Exatamente quanto tempo vamos perder vasculhar esta porcaria? — Ian resmungou, enquanto esfregando a parte de trás do braço dele em cima da face. A camisa dele estava úmida do calor, como estavam colado seus cabelos ao redor da testa, os olhos azuis escuros dele estreitaram com frustração, acentuando as linhas minúsculas, sensuais que dobraram os cantos.
— Isto não é uma porcaria. É a vida de alguém — Molly resmungou de volta para ele, cansada de sua atitude irritada, pois ele começou a reclamar após cinco minutos do início da tarefa. O benefício foi só o fato de que seu aroma rico, vital estava aumentando com o calor do seu corpo, preenchendo o espaço apertado, adicionando uma dimensão sensual a um trabalho que foi lentamente desgastando-a. — E não se esqueça que você é o burro teimoso que não quer chamar seu irmão para descobrir o que precisamos.
Grunhido em resposta, ele sustentou seus largos ombros contra a parede às suas costas e viu como ela se ajoelhou para pesquisar através de uma outra caixa. Do canto do olho, Molly podia vê-lo olhando para o rabo de cavalo que tinha puxado em cima de sua cabeça.
— O quê? — Perguntou ela.
— Você parece uma criança quando usa seu cabelo assim. — ele murmurou, soando como se fosse uma ofensa criminal.
— Xi, Ian. Eu realmente sinto muito que você se sinta assim. — ela soprou uma onda rebelde de seus olhos. Suas pernas doíam por estar ajoelhada no chão, e estava tão quente e melada, tão frustrada como ele estava, mas não ia desistir antes deles encontrarem o que estava ali. Qualquer que fosse o inferno.
Ela compreendeu o quanto era difícil para Elaina se comunicar com ela. Mas houve momentos em que Molly queria que a mulher fosse um pouco mais precisa, com a informação que ela distribuía.
Como o modo dela não mencionar que ele levaria seu sangue, uma voz enfadada disse sarcasticamente na mente dela. Ou aquele sonho todo de compartilhar coisas. Teria sido agradável ter tido alguma advertência sobre esses dois pequenos petiscos gostosos. Ter um pouco de conhecimento de antemão, não machucava.
— Eu ainda acho que isso é um desperdício do nosso tempo. — Ian resmungou de repente, interrompendo o seu discurso retórico privado. — Tudo o que ela me deixou, eu não vejo como vai salvar nossa pele. Conhecendo Elaina, provavelmente algo supersticioso, charme vodu. Algo que cheira mal, feito de olhos de cobra e de língua de lagarto.
Com a sua cabeça e ombros enterrados na caixa, tentando ver o que estava embalado sob uma camada grossa de plástico bolha no fundo, Molly gritou:
— Por que você apenas não senta e tenta parar de reclamar por cinco minutos? Eu sei o que estou procurando.
— Sim? — Ele bufou, o som sarcástico ajustando seus dentes na borda. — O que seria então?
Ela finalmente cavou seu caminho através do plástico bolha, só para descobrir o que parecia ser uma coleção de globos de neve, de todos os tipos. Droga. Ciente que esta não era a caixa, Molly empurrou o corpo para cima e virou para ele, dando um sorriso duro.
— Quando eu achar — ela ofereceu docemente — eu estarei contente em lhe falar.
— Mulheres. — ele murmurou ao mesmo tempo em que ela olhou para a outra caixa de pesquisa. Um segundo depois, ele acrescentou: — Se você precisar de mim, eu estarei lá fora fumando.
Molly deu-lhe um pequeno adeus amigável e viu como ele fez o seu caminho através das caixas, para a porta aberta, apreciando a vista do seu traseiro apertado no jeans escuro. Resmungando para si sobre a incrivelmente doce sensação morna no centro do peito, que continuava a crescer a cada momento passado com ele, imaginando se ele estava reclamando para ela ou flertando com ela e sabendo que ia pousar em nada mais do que em problemas Molly voltou à sua tarefa. Com um gemido por seus músculos doloridos, ela empurrou de lado a caixa pesada de álbuns de fotografias para passar, a fim de obter a menor atrás dela.
Quando ela achou a primeira tinha se sentido tentada a abrir os álbuns acolchoados, embora soubesse que Ian teria objeções. Ainda assim, ela teria gostado de ter uma chance para olhar as fotografias e satisfazer a curiosidade dela sobre a família Buchanan, especificamente o complicado, irritado, completamente fascinante homem que a encarava pela entrada aberta ao fim distante da unidade. Ele estava de costas, encostado no edifício em frente, um cigarro ardendo pendurado no canto da boca. Molly sabia que ele estaria lá, vendo-a, mesmo se não tivesse pegado um olhar rápido dele quando ela tinha empurrado a caixa de discos de lado. Ela podia sentir o toque de seu olhar. Seu calor. Sua fome. Sua frustração.
Ele ficou vendo-a assim durante todo o dia, mantendo-a na borda, conduzindo-a para fora de sua mente.
Usando a chave do caminhão de Ian para cortar a fita da caixa fechada, Molly virou para trás as metades superiores e quase imediatamente sentiu um arrepio estranho viajar até seus braços. Sua respiração acelerou com entusiasmo e ela rapidamente pegou vários punhados de papel de embalagem estofada, revelando uma madeira preta e lustrosa que estava em cima de uma caixa de papelão um pouco maior que de sapato. Com o coração batendo forte, Molly jogou punhados de papel no chão, atingido dentro e pegou ao acaso, transferindo-o cuidadosamente para o início de uma caixa de embalagem nas proximidades.
— Eu acho que encontrei alguma coisa! — Ela gritou.
— O que é isso? — Ian murmurou ao lado dela, e ela sabia que ele devia ter empurrado uma caixa ou duas para chegado lá tão depressa.
— Eu não sei — disse ela vacilante, levantando a trava e abrindo a caixa.
Um segundo depois ela engasgou, a ingestão rápida de ar estranhamente audível no silêncio abafado do espaço pequeno, enquanto Ian ficou quieto ao seu lado. Situado no interior, numa cama de veludo vermelho-sangue, estava uma cruz de Malta com uma gravação intricada formada a partir de algum tipo de metal preto brilhante, com uma comprida corda de veludo preto.
 — Oh meu Deus — ela sussurrou ao mesmo tempo em que Ian se levantava ao lado dela amaldiçoando. — Eu penso que é isto, Ian. O que Elaina queria que nós achássemos. O que ela deixou para você. Ela disse que eu conheceria quando eu visse. Tem que ser isto.
— Há algo dentro. — disse ele em voz baixa.
— Você está certo.
Puxando cuidadosamente o pequeno quadrado de papel, ela ofereceu para Ian, mas ele fez um gesto para que ela fosse em frente. Revelando a nota manuscrita, ela leu em voz alta.

Meu querido Ian,

Eu pedi a Riley que lhe desse esta caixa após a minha morte. É minha esperança que você use o conteúdo de forma sensata e cuide de você. Eu sei que, quando chegar à hora, você não vai desistir sem luta. Por favor, use este talismã de proteção. A cruz vai emprestar-lhe o poder de definir as coisas direito, quando o tempo do despertar começar.
Sempre saiba que eu o amo. Senti sua falta, mas acredite que eu vou sempre estar cuidando de você.

Com amor,
Mamãe


Dobrando a carta de volta ao seu tamanho original, Molly colocou dentro da parte superior da caixa e olhou para Ian. Ele olhou para baixo para o colar... o talismã... com uma intensidade feroz, como se seus segredos fossem revelados quanto mais ele olhava, como um nevoeiro rolando por trás de uma encosta coberta para revelar os seus contornos.
Seu peito esticou no algodão da camisa quando ele respirou fundo, audível, a tensão derramando fora dele com calor, ardor espinhoso contra a superfície da sua pele.
— Deus — murmurou, esfregando a palma da mão contra o ângulo de sua mandíbula. — Esta mulher nunca muda.
— O que você quer dizer?
— Ela pensa que algum colar vai me salvar. — explicou com um irônico estouro de riso trêmulo, que parecia de alguma forma danificado. — É tão parecido com ela. Sempre uma idéia bizarra e louca, uma idéia idiota após a outra.
— É muito bonito — disse ela, as palavras quase solenes. Molly podia sentir seu amargor, o seu ressentimento, como se a cruz significasse alguma coisa, algo importante que ficara entre ele e sua mãe, embora ela ainda não entendesse o que era aquilo.
— Sim, bem, ele pode ser bonito, mas isso não significa que eu quero. — Ele apertou a mandíbula, empurrando fundo as mãos nos bolsos e inclinando-se com um olhar estreito, os olhos azuis brilhantes e escuros. — Eu sei de um monte de coisas bonitas que eu prefiro não estar preso no momento.
O olhar de Molly se afastou, concentrando-se sobre o colar, o rubor rastejou a seu modo para a face dela, como o calor do fogo embaixo do fundo de uma panela, pulsando em seu rosto. A forma como ele olhou-a deixou mais do que claro que ele estava falando sobre ela.
— Molly — ele murmurou, num tom hesitante, o som baixo, rasgante de sua voz tornando-a tremula com a consciência. — Inferno. Eu não...
Não querendo ouvir uma explicação, ela retirou-se, dizendo:
— Você sabe onde eu vi esse desenho antes, Ian?
Ele soprou um som áspero de impaciência com a mudança no tópico.
— Eu quis saber quanto tempo você levaria para falar isso.
— É um jogo idêntico da cruz em suas costas. — Inclinando a cabeça para trás, ela olhou suas rígidas características. — Quando você fez a tatuagem, lhes mostrou uma imagem desta aqui?
— Claro que não. — resmungou, empurrando o queixo para o colar. — Eu nunca vi essa coisa antes.
Confusa, Molly ergueu os ombros e perguntou:
— Então como você escolheu o desenho?
— Eu não sei. Pelo menos não que eu me lembre. Há oito anos atrás, quando eu tinha cerca de 24 anos, estava uma noite cego de bêbado, e na manhã seguinte ela estava lá. — Um estouro de riso áspero retumbou em seu peito, embora sua expressão estivesse tensa. — A mulher com quem acordei ao lado jurou por tudo que era santo, que eu entrei em uma sala de tatuagem em Wiltshire, mostrei ao sujeito um quadro detalhado e lhe falei que eu o queria na base do meu pescoço.
— Uau — ela disse baixinho, sentindo como se estivesse sendo girada em uma teia bizarra do destino que crescia cada vez mais no estranho momento. — Isso é... estranho.
— Você está me dizendo — ele resmungou, inclinando um olhar cuidadoso na cruz. — E você quer saber o que é até mais arrepiante? Quando eu estava lutando contra o Casus ontem à noite, o filho da puta disse algo sobre eu não estar usando o talismã.
Seus olhos se alargaram, com surpresa.
— O Casus deve saber sobre isso de alguma forma. — ela murmurou, pegando o colar. Cuidadosamente levantou a cruz do seu leito de veludo vermelho-sangue, surpreendida pelo seu peso, bem como o seu calor. Girando sobre seus pés, ela se voltou para Ian. — Se você abaixar, vou colocá-la sobre sua cabeça.
— Sem chance. — ele murmurou, olhando para ela com um olhar cauteloso e deu um passo para trás.
Molly franziu a testa.
— Ian, sua mãe quer que você tenha isso. Eu não acho que ela teria tido todo esse trabalho se não fosse importante. Ela ainda diz que vai protegê-lo. Você não pode simplesmente deixá-lo embalado e esquecido.
Ele olhou-a com os olhos tão escuros que pareciam negros sob a sombra espessa de seus cílios, o momento penosamente longo, até que ele finalmente disse:
— Se você não quiser deixar isto ao acaso, então o use.
— O quê?
— Estou falando sério. — Ele murmurou, levando o colar ao seu alcance. — Ela vai te olhar melhor do inferno.
— Ian, — ela respirou em uma rajada de ar suave. — Eu... eu não posso. Isto é... putz, ele foi feito para você.
— Ou você o coloca ou o mantém guardado. — disse com sua voz profunda e com obstinada determinação. Seus dedos se fecharam em torno do reluzente metal preto, o cordão de veludo longo caindo graciosamente sobre a espessura poderosa de seu pulso. Molly olhou incapaz de desviar o olhar. A simples imagem do veludo sensual drapejado sobre a pele morena dourada era de alguma forma erótica. E ela apertou a mão contra o estouro estridente de consciência queimando baixo na barriga, profundo, pulsação rítmica espalhando através dela, até que ela teve que lutar contra o desejo de estender a mão e agarrá-lo.
Queria perguntar-lhe se ele podia sentir o calor da cruz, o seu poder, mas não queria que ele pensasse que ela era louca como ele já havia feito.
— Eu quero isto, Molly.
— Ótimo — ela retrucou, frustrada com ele por ser tão teimoso.
— Vire-se. — ele instruiu, sua voz rouca e baixa quando ele se aproximou por trás dela, e ela estremeceu com o calor do seu corpo.
Ele não a tocou, mas chegou perto o suficiente para que ela sentisse o seu tamanho, sua masculinidade forte, tão forte, vital e avassaladora. Ele a fez se sentir pequena, vulnerável, infinitamente feminina. Derreteu seu interior com um brilho quente, suave de calor. A fez reter a sua respiração. A fez sentir dor ao seu toque.
E, no entanto, ele não a tocou em tudo. Ele simplesmente colocou o colar na cabeça, seu calor entre os seios. Então ele murmurou para ela se virar, sua erótica respiração provocando a sensível concha de sua orelha enquanto falava.
— Ian, você realmente deve ser o único a usar isso. — disse ela hesitante, voltando-se para enfrentá-lo.
Ele deu um sorriso apertado.
— Não é meu estilo. — disse ele calmamente, com um olhar apreciativo pela forma como olhou para os inchados seios dela. — Mas parece quente como o inferno sobre você.
Uma parte dela queria sorrir em resposta, mas a parte que estava preocupada e assustada ganhou.
— Você não pode continuar correndo do que você é, Ian. Confie em mim, eu sei.
Ele arqueou uma sobrancelha com as palavras sussurradas, as curvas da boca sensual eram puramente más, a expressão totalmente masculina de arrogância.
— Eu não estou correndo, Molly. Se eu estivesse, você pode apostar seu doce bumbum que eu não estaria aqui agora. E desde que temos o que viemos pegar, vamos sair daqui.
— Espere. — disse ela rapidamente, se abaixando para retirar a caixa de sapato que tinha sido armazenada debaixo da caixa preta. — Não abrimos este.
Ela colocou a caixa ao lado da menor então tirou a tampa.
— O que há nela?
— Isso — disse ela, virando-se para ele com um pequeno diário, com capa de couro na mão, um retrato emoldurado no outro.
Molly estendeu o diário para ele, mas ao invés de pegá-lo, Ian se aproximou, olhando para a fotografia na moldura de madeira entalhada.
— Estes são eu e Elaina. — disse em uma voz calma, seus cílios grossos blindando seu olhar enquanto ele estudava a imagem. — Cara, eu era uma coisa magra. — Sua boca enrolada com um fantasma de um sorriso.
— Você estava adorável, Ian. E na verdade você está sorrindo. Eu quase não reconheci você sem uma carranca no rosto.
— Muito divertido — ele disse revirando os olhos.
— Olhe para isto... na borda da moldura. O padrão foi desgastado onde alguém manuseou. — Um terrível sentimento de tristeza floresceu dentro de seu peito enquanto ela alisava com a ponta de um dedo a moldura, imaginando quantas vezes Elaina deveria ter agarrado a moldura em seu alcance. Erguendo os olhos, ela pegou sua expressão guardada quando ela entregou-lhe a fotografia.
— Elaina deve ter sentido muita falta de você.
— Cristo — ele murmurou, esfregando o polegar contra o pedaço de madeira lisa.
Piscando, Molly lutou contra o brilho quente da emoção queimando na parte de trás de seus olhos e na garganta. Ela poderia ver o pesar cauterizado nos ângulos ásperos, bonitos da face dele. Para toda sua estrondosidade machista, havia um caroço cicatrizado, tenro no centro de Ian Buchanan. Ele poderia estar manchado e maltratado e um pouco áspero em torno das bordas, mas ele ainda era sólido, forte e bom. Ela sabia que tinha que haver algo mais por trás de seu rompimento com Elaina, algo mais profundo do que rebeldia adolescente e argumentos. Fosse o que fosse, tinha sido suficiente para mantê-los distantes, fato que ele agora lamentava. E naquele momento, algo dentro de Molly trocou em um foco mais afiado.
Ela tinha sido tocada por sua reação à morte de Kendra Wilcox, a profundidade da emoção revelada na sua expressão, quando ela estava lá ao lado dele. Deus, derreteu-a. O fez muito mais real para ela. Mudou-o do mal-humorado, bonito demais para o próprio bem, mulherengo, cínico que ela precisava proteger-se contra, em um homem com incrível profundidade e compaixão. E que o fez perigoso para ela de uma maneira que nenhuma quantidade de desejo físico jamais poderia fazer.
Ele já era uma ameaça à sua defesa, agora ele era uma ameaça ao seu coração.
Segurando o diário, ela gentilmente disse:
— Você deve levar isto, Ian. Deve haver algo aqui, algo importante, para ela tê-lo deixado com a cruz.
— Basta colocá-lo de volta na caixa com isso. — ele murmurou, entregando-lhe a fotografia. — Podemos levar tudo, juntamente com a caixa.
— E você vai ler o diário? — Ela insistiu, colocando a tampa da caixa de sapato, então empilhando em cima da caixa preta da cruz.
Esfregando a parte de trás do pescoço, Ian deu uma gargalhada baixa e instável.
— Não, mas você deve. Talvez haja alguma coisa lá que precisamos.
— Eu não sei. — disse ela sentindo-se desconfortável quando ele pegou as caixas. — Eles não foram deixados para mim. Parece que seria uma invasão de privacidade.
— Caramba, ela está na sua cabeça por meses Molly. — ele caminhou em direção à porta aberta. — Não seja uma escoteira. Parece justo que você comece a ler seu diário.
— Ian, você realmente não acha que ela pode...
— Ler a sua mente? — Acabou por ela, enquanto atirava um olhar provocante por cima do ombro, o pesar que tinha esculpido as suas características só há alguns momentos tinha desaparecido, como se nunca tivesse existido, atrás de um cruelmente sorriso sensual. Mas ela não estava disposta a esquecer.
Não, Molly iria para ele agora. Ela teria até mesmo retribuído o sorriso, se não estivesse se sentindo tão incomodada com a idéia de sua mãe bisbilhotando em sua mente, principalmente considerando a forma como ela havia pensado em seu corpo a noite passada. Grrrrr. Que embaraçoso.
— Ian, estou falando sério. — disse ela, seu tom sombrio à medida que saiu no clarão luminoso da luz do sol da tarde, o calor rolando a partir do asfalto em uma onda, ardendo sufocante. — Você acha que ela pode realmente fazer isso?
— Hmm, não sei. — Ele trocou os itens de braço e trancou a porta atrás deles. — Qualquer coisa interessante que você não quer que ela saiba? — Ele perguntou em um tom sugestivo.
O rubor que incendiou embaixo da pele dela disse mais que qualquer palavra e os ombros dele tremeram com um estrondo macio de risada. Mas em vez de arreliar, ele assumiu clemência e mudou o assunto, dizendo:
— Depois de voltar para o motel, precisamos tentar descobrir quem é esse cara, Scott. Eu ligarei para Riley e verei se ele pode nos conseguir um endereço.
Molly quase conseguiu dar um sorriso quando subiu no caminhão.
— Isso seria maravilhoso.
— Sim. Não acontece frequentemente, mas há horas em que o velho São Riley vem a calhar.
Ele riu secamente e um minuto depois estavam na estrada, viajando sob a luz brilhante do sol amarelo-limão, rodeado pela agreste beleza da floresta da montanha que abraçava a estrada estreita. Era um cenário tranquilo e idílico, estranhamente reconfortante, como se fosse à coisa mais natural do mundo para ela estar pela estrada com Ian Buchanan, o rádio tocando suavemente no fundo. Mas, quando Molly esfregou os dedos sobre a superfície da cruz com a gravação intricada, o seu poder formigou contra sua pele, quente ao toque e ela não podia ajudar, mas se preocupou com a escuridão que estava por vir.









CAPÍTULO DOZE


No segundo em que abriu a porta do quarto de Molly no motel, ele sabia que alguém estava lá. Durante o dia ele teve a estranha sensação de consciência aguda, como se ele estivesse sentindo tudo com uma intensidade que não era normal. Sons. Artesanatos. Cheiros. Cada um deles amplificado e afiado.
Embora Merrick não estivesse tentando sair, sua presença foi prolongada, aumentando suas habilidades. Suas narinas chamejaram quando ele inspirou a escuridão, o cheiro amadeirado do invasor e ele esquadrinhou o quarto, procurando algo que estivesse fora do lugar. Alcançando atrás dele, agarrou no pulso de Molly, segurando apertado, um aperto suave alertando-a para ficar em silêncio enquanto ele lentamente a puxou para o quarto. Apertou-a contra a parede interna da entrada, a parte de trás dele engessou à frente dela.
Ele podia dizer pelo seu aroma que o invasor não era Casus, mas isso não significava que ele não era perigoso. Não era uma ameaça. Porque o cheiro definitivamente não era humano.
Correndo um olhar rápido sobre o ombro, ele murmurou as palavras:
— Não se mova, Molly — e depois se moveu lentamente em direção ao centro da sala, amargamente consciente de Merrick deslocando dentro de si, exigindo mais informações. Como um animal, que queria levantar o nariz e cheirar o ar, os olhos brilhantes em alerta para o perigo. Estava-o deixando saber que não era dócil, que pretendia fazer sua parte para proteger a mulher deles. Whoa. Sua mulher?
O pensamento dissonante bateu no cérebro de Ian como um martelo, impressionando-o, e ele fez uma careta, sufocando uma maldição quando um fio de luz veio da pequena cozinha. Mantendo os braços soltos ao seu lado, ele flexionou as mãos, prontos para derrubar o que diabos estivesse prestes a entrar por aquela porta.
— Você não precisa tentar esgueirar-se para cima de mim. — veio uma pronunciação lenta e funda, preguiçosa do outro quarto. — Eu já sei que você está ai, é tão barulhento... — havia um som surdo leve, como alguém rindo silenciosamente debaixo da respiração deles — Eu venho em paz.
Parando no centro da sala, Ian rolou a cabeça sobre os ombros, mantendo o seu peso leve em seus pés enquanto murmurou:
— Se é assim, então traz sua bunda aqui e mostre o seu rosto.
Uma cadeira gritou contra o linóleo, e, em seguida, uma sombra escura caiu sobre o chão, por baixo do arco, segundos antes de um homem alto, de cabelos escuros encher o espaço.
— Quem é você? — Ian resmungou.
O estranho arqueou uma sobrancelha escura, a boca dura contraindo um pouco em um canto.
— Que encanto — ele murmurou.
Empurrando o queixo na direção do intruso, Ian disse:
— Você conhece esse cara, Molly?
— Hum... não — ela sussurrou. — Eu nunca o vi antes em minha vida.
Se ela tivesse, Molly sabia que ela teria lembrado dele. Ele era muito marcante para esquecer e se pedisse para descrevê-lo, a primeira palavra que vinha a mente era escuro. Cabelos escuros, raspados perto de seu couro cabeludo, suas características perfeitas, como algo que tinha sido esculpido em mármore. Olhos escuros queimavam dentro de espessos cílios pretos, abaixo da barra escura de suas sobrancelhas. Sua pele era escura, de ouro polido profundo com um tom avermelhado leve, atestando o que tinha de ser uma ascendência indígena, especialmente com as maçãs do rosto marcante. Ele usava uma simples camiseta branca e jeans azul escuro, com botas marrons em seus pés.
— Que diabos você está fazendo em seu quarto? — Ian exigiu com voz tensa, enquanto o estranho enganchava seus polegares nos bolsos da frente e inclinava o ombro contra o lado do arco.
— Não há necessidade de se estressar. Eu não estou aqui pela mulher, mesmo sendo tão tentadora como ela é. Eu estou aqui por causa de você, Merrick.
Molly reprimiu um suspiro, grata por ter colocado a cruz dentro de sua camiseta antes deles descerem do caminhão. Quem fosse esse cara, estava de alguma forma envolvido no pesadelo em torno deles. Até que ela soubesse de que lado ele estava, ela não pretendia revelar seus segredos.
— Meu nome é Buchanan — Ian resmungou, sua voz excepcionalmente gutural, e por um momento, Molly perguntou se a escuridão dentro dele, o Merrick, estava prestes a se libertar.
Como se impermeável ao perigo dessa possibilidade, uma explosão de um som baixo e grosseiros que poderia ter sido uma risada retumbou na garganta do desconhecido.
— Ah, mas você é mais do que qualquer outra coisa Merrick. Ainda mais do que você é humano. Então, não vamos jogar jogos de palavras. — ele falou com uma simples inflexão de um sotaque ocidental.
Cruzando os braços sobre o peito, Ian perguntou:
— E o que exatamente você quer comigo?
— Scott Kierland me enviou. Eu acredito que você pode estar familiarizado com o nome.
— Você conhece Scott? — Ian resmungou e Molly perguntou se o choque corresponderia ao dela.
O estranho inclinou a cabeça escura, com uma fração de movimento.
— Você poderia dizer que eu trabalho com Kierland. Ele me pediu para levá-lo ao Ravenswing. Ambos.
— Ravenswing? — Molly repetiu ao mesmo tempo em que Ian bufou, dizendo:
— E o que em nome de Deus faz você pensar que iria a qualquer lugar com você?
— As marcas em seu braço — comentou o homem em um ruído calmo, gesticulando com os dedos da mão bronzeada de sol para os riscos revelados sob a borda da manga de Ian. — Eu sei o que fizeram. Eles são chamados Casus, inimigos mortais dos Merrick. Se você vier comigo, vamos ensinar o que você precisa saber para sobreviver.
— Nós? — Ian agressivo.
— Os homens com quem trabalho. Somos chamados de Os Watchmen.
Ian fez um som rude sob sua respiração.
— Os Watchmen, hein? Soa como uma espécie de banda de rock dos anos oitenta.
Um lento sorriso duro se arrastou por toda a boca do desconhecido.
— Eu posso assegurar que nós não somos, entretanto Aiden é conhecido por tocar Mozart muito mal no piano. Se você é que tão inteligente quanto nós fomos levados a acreditar, você perceberá como afortunado você é de nos ter ao seu lado.
— É mesmo?
O estranho levantou as sobrancelhas escuras.
— Quem você acha que afugentou Casus a noite passada na floresta?
— Foi você? — Molly sussurrou, movendo-se ao lado de Ian, que lhe deu um olhar duro intimidador quando ele descruzou os braços. — Se você está aqui para ajudar, por que agora? Por que não antes desse maníaco rasgá-lo em pedaços?
— Molly — Ian resmungou, obviamente levando em consideração as suas palavras, mas ela simplesmente agarrou sua mão, o gesto surpreendente, assustando-o em silêncio. Por um instante, sua mão permaneceu rígida na sua mas, em seguida, seus dedos longos e quentes enrolaram ao redor dos menores, segurando firme. Sorrindo para si mesma, ela perguntou se ele já tinha realmente dado as mãos a uma mulher antes e depois virou a atenção para o estranho, que os observava atentamente, seus olhos escuros anotando tudo.
— Interferência não é o nosso caminho. — explicou. — Nosso objetivo é mantermos-nos neutros, para vigiar os que não são humanos e relatar nossas descobertas para o Consórcio. Mas nós quebramos as regras, eu acho que você poderia dizer, neste caso, porque o campo de batalha não é mais um campo, mesmo jogando. Até que você saiba como se proteger, Casus tem uma vantagem, que ficou clara na noite passada. Estes são estranhos tempos sem precedentes, e nossa unidade decidiu que os subsídios têm de ser feitos, dê o Consórcio o seu consentimento ou não.
— O Consórcio? — Perguntou ela, várias perguntas se atropelavam enquanto ela pensava sobre o que ele disse.
— É uma história complicada — ele murmurou. — Estou certo que Kierland prefere ele mesmo explicar.
— Você sabe — Ian murmurou ao seu lado. — Eu nunca confiei em qualquer um que afirma ser neutro. Normalmente significa que eles são apenas muito covardes para escolher um lado.
— Eu lhe asseguro Merrick, não somos covardes. — o desconhecido respondeu com um sorriso afiado, seus olhos cor de ônix ainda mais acentuado. Molly tremeu em reação e Ian deu-lhe um aperto de mão reconfortante.
— Eu ainda não ouvi uma boa razão para que devamos ir com você. — disse ele em uma fala calma, o tom de desafio tão grande como a sua linguagem corporal.
— Porque se você não fizer isso, você vai morrer. É tão simples. E uma vez que Casus matá-lo, ele vai atrás da sua mulher. Você está seguro até agora durante o dia, mas o que acontecerá hoje à noite? Ou amanhã à noite? A noite depois disso? Você confia em si mesmo para poder protegê-la quando ele fizer sua próxima jogada?
Virando a cabeça, Ian encarou Molly, sabendo que ele não tinha escolha. Se fosse só a vida dele na linha, provavelmente teria se arriscado. Mas ele não podia rolar os dados, onde a vida de Molly estava em jogo. Ela não merecia isso, tal como ela não merecia ser arrastada para o meio do que estava parecendo ser um pesadelo real.
Olhando para trás, em direção ao desconhecido de olhos escuros, Ian segurou o olhar fixo do homem e disse:
— Você ainda não nos deu um nome.
Dentes brancos piscaram em um sorriso duro, satisfeito.
— Meus amigos me chamam de Quinn.

******

Depois de pegar outro round de hambúrgueres e batatas fritas para o jantar, levou quase uma hora de viagem pelas estradas sinuosas da montanha, subindo para uma altitude mais elevada, antes que eles finalmente chegassem ao lugar chamado por Quinn de Ravenswing. Não havia dúvida de que o composto Watchmen, como ele descreveu, tinha sido adequadamente nomeado. Aninhado entre a base de um penhasco e um lago liso que brilhava como o óleo negro sob o luar, o maior edifício do composto possuía um teto arrebatador que se assemelhava ao arco líquido da asa de um pássaro, abaixando-se no extremo oposto, como se em um vôo curvo. Refletindo a escuridão infinita, repleta de estrelas do céu, a superfície da estrutura, grandes três andares, brilhavam como diamantes negros.
— Oh, meu Deus — Molly respirou um sopro atordoado de espanto.
— Lindo, não é? — Quinn perguntou do banco de trás do caminhão de Ian, um segmento inconfundível de orgulho em sua voz profunda.
— É maravilhoso — respondeu ela, enquanto os portões maciços que bloqueavam a entrada da garagem privada balançaram a um fim atrás deles.
— O composto é todo cercado — explicou Quinn. — Temos equipamentos de vigilância funcionando 24horas, sete dias da semana. Quem está trabalhando na sala de controle hoje reconheceu o seu caminhão. Caso contrário, não teria aberto as portas.
— Há quanto tempo você vem vigiando Ian? — Molly perguntou, olhando com olhos arregalados de fascínio pela janela enquanto se dirigiram pelo caminho que levou à construção principal, um conjunto de estruturas menores, apenas visível através da escuridão. Durante a viagem Quinn confessou que sabia, pelos Watchmen sobre suas conversas com Elaina e o motivo pelo qual ela viria a Henning, Colorado, uma vez que Ian estava sendo assistindo de perto, monitorando seu despertar. Mas ele não explicou quanto tempo Ian estava sob sua vigilância.
— A linha de Buchanan foi sempre um dos nossos interesses — sussurrou Quinn, evitando uma resposta direta. Molly estava pronta para pressioná-lo para obter mais informações, quando Ian puxou para perto de uma parada que parecia ser à entrada do prédio ou casa... desde que ela ainda não estava certa de sua função. Abrindo a porta traseira do passageiro Quinn saiu, deixando-os sozinhos dentro da cabina íntima do caminhão.
Ciente do calor do olhar de Ian no seu perfil, ela se inclinou para frente, ainda olhando com admiração para a bela estrutura através do pára-brisa. Molly virou-se e encontrou-se capturada pelo profundo brilho de seus olhos. Havia uma mensagem silenciosa nos olhos azuis que ela precisava ter cuidado, para ficar próxima a ele. Ela se perguntava se ele sentia a mesma certeza nervosa que fez que eles se preparassem para embarcar em uma nova etapa deste... ela tropeçou ao defini-lo. Viagem? Desafio? Fosse o que fosse, eles estavam chegando mais perto do fim... para o momento em que Ian teria que enfrentar o que estava dentro dele, bem como a caçar o mal.
Abaixando o olhar para sua boca perfeita, ela enviou-lhe um sorriso, pequenos tremores floresceram a partir desse nó trêmulo de emoção dentro dela. Um som baixo, entre um gemido e um grunhido visceral escorregou dos lábios de Ian e ele estendeu a mão, capturando-lhe o queixo com seus dedos calejados.
Antes que Molly pudesse se preparar, ele se apoiou no consolo e apertou sua quente e umedecida boca contra o calor delicioso da dela. A sensação quente e trêmula no poço de seu estômago acendeu em uma explosão de desejo ardente, e ela se moveu sob sua boca, desfeita pela textura de seda bruta de seus lábios. Pelo cheiro morno e rico dele, o gosto inebriante. Com apenas o toque simples de sua boca, ele assegurou perfeitamente o completo domínio sobre seu corpo, sua vontade e as marcas de mordida no pescoço que estavam desaparecendo lentamente começaram a pulsar com calor. Ela teria ido a qualquer lugar com ele, feito qualquer coisa por ele, apenas para obter mais do prazer, da escuridão decadente.
Felizmente, Ian teve o estado de espírito para perceber que não era a hora ou lugar. Quebrando o beijo, sua respiração aumentou contra sua boca, pedregoso e áspero, como se tivesse feito grande esforço físico para parar. O ar fechado em torno deles, a luxúria grossa e pesada com o calor apesar do estouro fresco do ar condicionado soprando das aberturas.
— Não importa o que aconteça, você vai ficar perto de mim — ele respirou contra a superfície sensível dos seus lábios.
— Eu vou — ela sussurrou. — Eu prometo.
Ele carimbou a impressão de sua boca contra a dela mais uma vez, forte e rápido, então se afastou. Tremendo de dentro para fora, Molly se obrigou a virar e abrir a porta, em seguida saiu para o calor remanescente da noite.
No momento que ele surgiu ao redor da parte de trás do caminhão, Ian ficou mais junto de Molly, e surpreendendo ambos, colocou a mão na parte inferior das costas dela em um silencioso gesto inconfundível de posse.
Quinn ficou apenas fora das portas abertas dupla que levavam para dentro do prédio, conversando com outro homem. Aproximando-se, Ian pôde ver o outro o cabelo ruivo caído sobre seu rosto, seu olhos verdes pálidos afiados com a consciência enquanto observava-os fazer o seu caminho em direção à porta. Ele era tão alto quanto Quinn, o estiramento das costuras de sua camiseta azul sob os músculos magros comprovavam o fato de que ele vivia uma vida física dura.
Não escapou a Ian que Molly não podia tirar os olhos do outro cara e isso irritou. Tudo o irritava. Tudo naquela mulher o afetava. Mas o que mais o irritava era o fato de perceber a reação dela a outro homem. Isso nunca tinha acontecido a ele antes, o que parecia ser algum tipo de tema distorcido no relacionamento estranho deles, esta constante descoberta de novos caminhos que ela pudesse chegar até ele.
Ele não gostava da sensação de desconforto em seu intestino que lhe dizia para jogar fora sua rotina de burro-de-ano e apenas ficar com ela. Ficar com Molly Stratton deu-lhe idéias, expectativas que não tinha uma chance no inferno de acontecer. Não que ele quisesse. Ele só queria ter relações sexuais com ela. Para tomar posse de seu pequeno corpo doce, colocá-lo sobre a primeira superfície plana que pudesse encontrar e provar seu sabor a partir do topo da cabeça até seus pequenos pés delicados. Então, ele jogaria para fora de seu corpo este comichão de uma vez por todas.
Ele teria feito isso se fosse capaz de controlar-se uma vez que ele a conseguisse embaixo dele, esparramando e penetrando. Que ele passaria despercebido por cima naquela escuridão, lisa e escuro do inferno, que se oculta debaixo de sua pele, e acabar machucando-a. Acabar afundando seus dentes em sua garganta pálida e, acidentalmente, matando-a.
Molly poderia sentar e dizer a ele que era um dos bons rapazes, até que seu rosto ficasse azul, mas não ia mudar o fato de que não confiava em si mesmo com ela, temia o que poderia fazer para a ela se a conseguisse embaixo dele.
Quando chegaram Quinn e o ruivo, o queixo de Ian estava cerrado, sua expressão puxada em um aperto, duro, carrancudo. Os olhos verdes do estranho encontraram o seu e Ian zombou:
— Deixe-me adivinhar. Kierland Scott?
— Ao seu serviço — Scott murmurou apenas com o traço de um sotaque britânico, arredondando para fora das bordas do seu discurso. O desgraçado teve a audácia de enviar a Molly um sorriso gracioso quando pegou sua mão direita, inclinando-se para pressionar um beijo delicado contra o cume de seus dedos.
— Cuidado — alertou Ian, as palavras tão baixas, que foram quase inaudíveis.
Scott apenas o olhou com uma sobrancelha arqueada, em resposta, e Molly puxou a mão de sua aderência com um murmúrio suave e um som nervoso.
— Vamos para dentro — disse Quinn, balançando a cabeça em sua postura masculina. — Eu gostaria de um pouco de café.
— Por este caminho — o ruivo apontou, o canto da boca chutando em um canto quando ele lançou um rápido olhar sobre o braço que Ian mantinha possessivamente na cintura de Molly. Cerrando os dentes, Ian abraçou mais apertado, puxando-a mais estreitamente de encontro a seu lado enquanto eles seguiam depois do idiota e Quinn fechava as portas atrás deles.
O rico e inebriante cheiro de cedro e madeira polonesa encheu o ar, e Ian olhou para cima as vigas expostas que atravessavam o teto alto do corredor, depois para o trecho do tapete bordo espesso que corria ao longo do centro do piso de madeira brilhante. Apesar do seu exterior moderno, o interior de Ravenswing transmitida nada menos do que rico conforto rústico, aconchegante e convidativo. Ela seduzia os sentidos, as cores como que acalmando seu arrojo.
Abrindo um conjunto espesso de portas duplas esculpidas em pinho, Scott levou-os a uma cozinha de teto igualmente alto, completa. Com azulejos de terracota, aparelhos pretos, linhas de armários que combinavam com as portas e uma massa brilhante onde havia panelas de cobre penduradas e três prateleiras de panelas de ferro fundido.
Duas longas mesas corriam pelo centro da sala, mas Scott fez um gesto em direção a uma mesa oval menor que estava em uma alcova próxima a janela, à esquerda, a superfície do lago brilhando visível além do vidro.
— Eu vou pegar o café — disse Quinn à Scott. — Vá em frente e comece. Acho que eles têm algumas questões que gostaria de lhe perguntar.
Ian bufou baixinho, pensando que este era o eufemismo do ano. Ele estava prestes a levantar a primeira do que ele esperava que fosse de muitas quando Molly escorregou em uma das cadeiras de madeira de espaldar alto e imediatamente disse:
— O que você pode nos dizer sobre Merrick?
— Quanto você já sabe? — Scott perguntou, dobrando seu corpo em uma cadeira alta no lado oposto da mesa, enquanto Ian fez o mesmo com a cadeira à direita de Molly.
Dobrando o cabelo atrás das orelhas, ela admitiu pesarosamente:
— Eu tenho medo, não sabemos muito, realmente.
Recostado na cadeira, Scott esfregou a mão contra a superfície de sua mandíbula, um olhar enviesado fechado em Ian.
— Eu assumo que sua mãe falou com você sobre Merrick.
Puxando seu maço de cigarros do bolso da camisa, Ian pegou um encravando entre os lábios, ao mesmo tempo Scott chegou para o balcão atrás dele e pegou um cinzeiro. Usando o isqueiro, Ian acendeu a ponta do cigarro e deu uma tragada lenta antes de responder.
— Ela falou de ancestrais que uma vez caminharam sobre a Terra. Disse que eles eram mais do que humanos. Poderosos. Primais. Algo que existia entre o homem e algo mais escuro... e... mais visceral em sua natureza.
— Ela tinha razão — Scott murmurou, olhando para o cigarro com uma intensa fome que fez Ian se perguntar se o rapaz tinha parado recentemente.
 — De onde é que eles vêm? — Perguntou ele, sacudindo o cigarro no cinzeiro.
Scott respirou fundo, como se recolhesse seus pensamentos, então começou lentamente.
— Ninguém sabe realmente de onde vieram e como vieram a existir. Mas acredita-se que viviam em toda a Europa, combinando-se facilmente com a humanidade, quando necessário, o que permitiu que o seu número aumentasse. Eles consumiam sangue para alimentar os elementos primordiais da natureza, embora eles não matassem suas vítimas. Em vez disso, eles viviam em paz, respeitando os seus irmãos humanos e alimentando-se apenas de Merricks e outras tribos ciganas que estavam cientes de sua existência. Os ciganos trocavam seu sangue pela proteção que o Merrick oferecia a esses clãs que às vezes eram agressivos com outras tribos.
Molly lançou um olhar significativo a ele, e Ian sabia que ela estava pensando no primeiro sonho que tinham partilhado na sexta-feira à noite, quando ele tinha levado ela ao chão no meio de um acampamento cigano. Suas faces coraram e ela delicadamente limpou a garganta, voltando seu olhar para Scott.
— Então havia outros clãs?
Scott balançou a cabeça.
— O Merrick, embora um dos mais poderosos, eram apenas um de muitos, as habilidades diferentes dos vários clãs eram tão amplas quanto a sua fisiologia. Alguns apenas parcialmente alteradas quando em sua forma primitiva, como os Merrick. Outros totalmente transformado, capaz de assumir a forma de um animal, semelhante àqueles de nós que compõem o Watchmen hoje. Outros não podiam aventurar-se na luz, vivendo apenas de sangue. Alguns tinham talentos que envolviam a telepatia, outros a capacidade de viver debaixo da água ou de dominar os céus. A variedade foi tão rica como diferente. E na maioria das vezes, os clãs viviam em paz uns com os outros, escondido entre os seres humanos, até o Casus entrar em cena em algum momento durante a segunda metade do primeiro milênio.
— O Casus também é um desses clãs antigos? — Molly perguntou, um suave murmúrio de agradecimento para Quinn quando ele colocou uma caneca de café diante dela na superfície brilhante da mesa.
Tomando um grande gole da sua xícara, Scott balançou a cabeça, o brilho dourado da iluminação refletindo sobre seu cabelo ruivo.
— No início, sim. Eles vieram de um clã isolado que percorria o continente europeu. Muitas das famílias dominantes acreditavam que sua linhagem não era apenas o mais puro, mas também o mais poderoso em termos de força física e habilidade e se tornaram fanáticos sobre a criação para a pureza da sua espécie. Combinaram irmão com irmã, pais com filhos. Em primeiro lugar, por causa de seu isolamento, suas ações passaram despercebidas pelo Consórcio. Mas dentro de poucas gerações, tornou-se evidente que a consanguinidade tinha trazido perigosas, imprevisíveis consequências. Ao invés de manter a pureza da linha intacta, sua biologia mudou. Tinham-se criado seres imortais de uma força incrível, mas o seu poder veio com um preço. Eles se tornaram escravos de uma fome intensa, avassaladora, evoluindo para o que hoje conhecemos como o Casus morte, morte violenta.
— Um nome apropriado — Molly sussurrou, envolvendo os braços em torno de si, como se para afastar um calafrio, mas o quarto estava agradavelmente quente.
— Sim, foi — Scott concordou, seu olhar vagou pelo rosto dela de uma forma que fez Ian querer rosnar para ele. Mordendo a língua, ele deu outra tragada no cigarro, ouvindo como o Watchman continuou com sua explicação. — O Casus começou a caçar humanos como sua principal fonte de alimento, descobrindo que ficava mais forte quando não só se alimentavam do sangue de suas vítimas, mas a sua carne também. Todos sabiam que era a morte e destruição, como uma peste negra que tudo aniquilava no seu caminho.
Exalando um fluxo pequeno de fumaça, Ian disse:
— Minha mãe costumava falar sobre a caça de Casus a Merrick.
— E ela estava certa. Eles logo aprenderam que quanto mais forte a sua vítima, maior a sua ingestão de prazer e poder quando se alimentavam. O Merrick, sendo um dos mais fortes dos clãs antigos, logo se tornou sua fonte de alimento favorito, apesar de estes continuarem a sustentar-se sem matar humanos, também. Com a intenção de proteger a humanidade e sua própria espécie, o Merrick foi à guerra contra o Casus, com a bênção do Consórcio. Os dois clãs lutaram durante anos, até que, com a ajuda do Consórcio, um plano foi finalmente criado para aprisionar o Casus.
— Que diabos é o Consórcio? — Ian perguntou apagando o cigarro, para logo em seguida pegar outro do maço. — Eu nunca ouvi falar deles antes de hoje à noite.
— O Consórcio — explicou Scott — é um corpo de funcionários retirados de cada um dos clãs antigos originais, como uma sobrenatural Nações Unidas. Sua finalidade é a de resolver litígios, para manter a paz entre as espécies diferentes, enquanto trabalham para preservar o sigilo dos clãs restante no mundo humano. Eles são uma burocracia, mais do que tudo, muitas vezes esbarrando na política e agendas pessoais, embora eles ajudem a manter as linhas de comunicação abertas entre os grupos que de outro modo evitam a interação. Os Watchmen foram formados a partir de vários clãs que muda de forma como os olhos do Consórcio e os ouvidos de todo o mundo. Agora vamos acompanhar as diferentes espécies e linhagens que ainda existem, como a Merrick, e depois apresentar um relatório com os nossos achados. Se a ação for necessária, os membros do Consórcio votarão sobre como proceder.
— Então, após anos de guerra, este Consórcio finalmente levantou sua bunda da cadeira e decidiu ajudar Merrick a capturar o Casus — Ian rosnou tomando um gole do café que Quinn tinha colocado sobre a mesa à sua frente, desejando pelo inferno que fosse uma cerveja. — O que mudou suas mentes? E como eles fizeram isso?
— E onde exatamente eles os prenderam? — Molly acrescentou
— Ninguém sabe com certeza — respondeu Quinn, seu tom seco, enquanto ele reduzia as luzes da cozinha, deixando apenas um brilho quente na alcova. Passando despercebido no assento distante a esquerda de Molly, ele sentou com a parte de trás dele à janela. — Mas acredita-se que até o final da Idade das Trevas, o Consórcio decidiu tomar medidas contra o Casus quando se tornou óbvio que estavam desenfreados, ataques violentos contra a humanidade ameaçaram a exposição dos outros clãs. Apesar das disputas internas e crenças opostas, eles concordaram em construir uma prisão, ou detenção no solo, para o Casus. Percebendo que o futuro de suas linhagens dependia da prisão de seu inimigo mortal, os líderes Merrick ofereceram-se como isca, a fim de definir a armadilha. O Casus, acreditando que eles estavam a ponto de embarcar em o que provaria a maior vitória deles e o fim do Merrick, reuniu todos os seus membros de clã e as mulheres para testemunhar o evento momentoso, entretanto nunca suspeitando o que estava vindo. Uma vez que a armadilha foi feita, o Consórcio foi capaz de criar uma espécie de portão metafísico para manter o Casus no interior, mas ninguém sabe onde. Alguns acreditam que eles foram enterrados dentro de uma montanha em algum lugar na Europa do Leste, outros em uma caverna subterrânea. Há ainda alegações de exploração do solo sob o mar. Mas a única certeza que alguém pode ter é que o Casus tinha desaparecido e seu reino de terror chegado ao fim.
— Mas como ninguém sabe onde ou como isso aconteceu? — Ian murmurou, seu tom de voz grosso com a descrença.
Scott suspirou, trancando os braços atrás da cabeça quando se recostou na cadeira.
— É preciso lembrar que estes eram tempos caóticos, por vezes, violentos. Eles não foram chamados a Idade das Trevas por nada. — ele fez uma pausa. — O plano do Consórcio era segurar o Casus armando ciladas nesta propriedade fundamental até que fossem criadas armas que não só mataria os corpos imortais, mas também seus espíritos. Uma vez que estas armas fossem criadas, tinham planejado voltar e destruir o Casus de uma vez por todas, purgar sua existência da terra.
Abaixando os braços novamente, Scott pegou o café. Depois de tomar um gole, ele continuou num tom sombrio.
— Mas os tempos negros caíram sobre os clãs. A matança descuidada do Casus tinha esparramado paranóia ao longo do mundo humano. Um grupo chamado Coletivo foi formado, composto dos guerreiros mais temidos da humanidade, o seu propósito era de caçar aqueles que não eram humanos e destruí-los. Muitos dos clãs foram massacrados, incluindo o próprio Consórcio. Seus registros foram perdidos nas batalhas terríveis que foram travadas entre os clãs e o Coletivo por séculos, até que a maioria dos clãs sobreviventes, finalmente dissolvidos, se misturaram completamente na sociedade humana. Muitos ainda criados como seres humanos, geração após geração, até que o sangue de seus antepassados primitivos tornara-se tão diluída, que foi completamente esquecido. O Merrick, cujos números tinham sido severamente dizimados depois de tantos anos de guerra, foram um dos clãs que eventualmente levou companheiros humanos.
— E assim o Casus nunca foram mortos — murmurou Molly, as mãos envolvidas em torno de sua caneca, os olhos castanhos sombreados de medo. — Eles ficaram presos nesse mundo metafísico?
— Isso foi exatamente o que aconteceu — disse Scott áspero, devolvendo sua própria caneca de volta na mesa. — Todos aqueles que sabiam onde estavam, como encontrá-los, como abrir o portão, como matar o Casus, foram abatidos. E as respostas morreram com eles. Mesmo após o novo Consórcio formado, eles não podiam descobrir a verdade. Procuraram os registros ou arquivos, que tinham sido recolhidas pelo Consórcio original ao longo dos séculos, assim como o Coletivo, acreditando que iria assegurar as respostas a estas perguntas, bem como informações sobre todos os antigos clãs, mas, tanto quanto qualquer um sabe, o grupo jamais conseguiu encontrá-los. A única coisa que todo mundo concorda é que o Casus não morreu. Acredita-se que, apesar de seus corpos de carne e osso serem eventualmente decomposto sem uma fonte de alimentação adequada para sustentá-los, suas sombras, ou espíritos, continuariam presos dentro da prisão do Consórcio.
Quinn se inclinou para frente, apoiando os braços cruzados sobre a mesa pegando de onde Scott parou.
— Mas esse não é o fim da história. Havia uma lenda cigana que foi passada através das tribos Européias, prevendo um momento em que o Casus escaparia e mais uma vez andaria na terra.
— Escaparia como? — Ian resmungou.
Quinn ergueu os ombros.
— Mais uma vez, os detalhes não são claros. Mas ele disse que o dia chegará quando o Casus, ansioso por vingança, vai descobrir uma maneira de enviar um de volta a este reino, em busca de seu inimigo mortal, o Merrick. E em consonância com o equilíbrio da ordem da natureza, os ciganos acreditavam que um Merrick subiria para a batalha contra Casus. Por causa desta lenda, os Watchmen foram responsáveis pelo acompanhamento da linhagem do mais poderoso Merrick, esperando o momento do despertar para começar. Há compostos dispersos em todos os continentes, cada um deles ocupado por Watchmen guardas que estão executando a vigilância sobre a Merrick, o acompanhamento do seu estatuto. Esperávamos que a lenda se provasse falsa, mas como você sabe o tempo finalmente chegou. Você é o primeiro.
— Por que eu? — Ian questionou em uma voz grossa.
— Faz sentido que foram despertados em primeiro lugar — Scott explicou. — A linhagem Buchanan sempre se acreditou ser uma das mais fortes. E você é o filho mais velho. Então, vi você de perto, a partir do momento que você era um menino.
— Você está brincando comigo — ele rosnou.
A boca de Scott se contorceu com seu tom.
— Nem um pouco. Seguimos você depois que saiu de casa. Assistimo-lo durante todos esses anos repugnantes em Los Angeles. Por muito tempo ficamos pensando se não queria simplesmente se autodestruir, mas então você retrocedeu e se aproximou de seu irmão. Esta decisão salvou sua vida — ele murmurou. — Ninguém poderia ter mantido o caminho que você estava e sobreviver.
— Mas por que esperar até agora? — Perguntou Molly, uma pitada de frustração nas suas palavras. — Se você sabia onde Ian estava, sabendo o que estava por vir, porque não contactá-lo mais cedo e prepará-lo?
Scott lhe enviou um sorriso lento, arrogante.
— E ele teria acreditado em nós?
— Eu não sei — disse ela, e Ian poderia dizer pela mudança sutil em sua expressão que ela estava chateada. — Mas se você tivesse tentado, poderia ter salvado a vida de uma mulher.
Scott sorriu duro e a linha áspera da mandíbula dele fechou, um ombro largo rolou em um gesto duro. Ele olhou como se quisesse amaldiçoar, mas com uma voz calma, ele simplesmente disse:
— A interferência não é o nosso caminho.
— Então você não se importa que uma mulher inocente tenha morrido? — Molly disse em toda sua fúria.
— Eu não disse isso. — Scott combateu com um ruído áspero, com a boca sombria. — Mas nós somos regidos por regras mais específicas. Aquelas que já estamos quebrando por trazê-los aqui, arriscando a segurança deste composto trará reprimendas pelo Consórcio por agir sem a sua aprovação. E até mesmo se nós pudéssemos agir, nós nem sequer sabemos onde está o Casus. Quinn podia tê-lo seguiu ontem à noite, mas ele estava mais interessado em fazer Buchanan chegar em segurança.
— Regras, hein? — Ian disse. — Engraçado, mas eu nunca fui muito por elas.
— Percebemos — zombou uma voz profunda, áspera, de um dos cantos distantes sombreados da cozinha. Olhando por cima do ombro, Ian poderia apenas fazer o esboço de um homem gigante, seus olhos dourados brilhantes sob a luz fraca.
— Permita-me apresentar o nosso colega — Scott murmurou. — Este é Shrader Aiden. Aiden, este é Ian.
— Eu sei quem são. — a sombra disse em um grunhido irritado.
Ian estava prestes a perguntar qual era o problema do cara, quando Molly, que tinha obviamente decidiu ignorar a intrusão, disse:
— Então você acha que é uma sombra do Casus real que caça Ian, e não apenas um Casus desperto dentro de um dos seus filhos vivos, da mesma forma que a parte de Merrick de Ian foi despertada?
— Infelizmente — Quinn suspirou — é exatamente o que nós acreditamos. Ele também explica por que o Casus é muito mais poderoso do que Buchanan. — fixando seu escuro olhar para Ian, ele disse — O Merrick dentro de você está lentamente despertando para o que é, percebe o seu potencial. Mas o Casus é um dos originais, o corpo que está em vigor é o que roubou de algum desavisado bastardo que tinha apenas o azar de ter uma gota de sangue Casus correndo por suas veias.
— Eu sei como ele se sente — Ian murmurou.
— É mesmo? — O homem que se chamava Shrader rosnou das sombras. — Diga-me, humano. O que é tão azarado acerca de descobrir que você não é um idiota completo?
Scott e Quinn gemeram e o homem saiu da sala, seus passos ecoando irritados sobre o que soou como um conjunto distante de escadas de madeira.
— Você tem que ignorar Aiden — Scott murmurou. — Ele não se importa muito com a humanidade.
— Eu nunca teria notado, Ian disse com uma forte dose de ironia, perguntando quanto de um problema o Watchman ia ser.
— Alguns rancores são mais fáceis de deixar do que outros — explicou Quinn.
— Eu não me importo com os seus problemas. Eu não quero que ele se aproxime dela enquanto estamos aqui. — disse Ian para eles, inclinando a cabeça para Molly.
— Ele não será um problema — disse Scott a ele. — Aiden concordou que trazê-lo aqui era a coisa certa a fazer. Ele só precisa de algum tempo para se ajustar...
— Eu não dou a mínima se ele se ajusta ou não. — ele arrebentou. — Eu não quero que ele se aproxime dela.
Como se percebendo que a conversa estava tomando um rumo ruim, Molly disse rapidamente:
— Você mencionou antes que a lenda fala de um Casus escapando e fazendo o seu caminho de volta a este mundo, em busca de um Merrick. Mas depois você mencionou despertar, como em mais de um. Você acredita que mais Casus vão escapar?
Quinn recostou-se na cadeira, balançando a cabeça.
— Para ser honesto, não temos certeza de como vai funcionar. Mas há muitos que acreditam que uma vez que uma sombra Casus faz o seu caminho, outros o seguirão. Se a crença que dos ciganos "que a natureza vai trabalhar para manter o equilíbrio entre as espécies" é verdadeira, então a cada Casus que escapar, um Merrick vai despertar. E cada vez que uma sombra entra em nosso mundo, eles vão procurar o Merrick, não só para uma alimentação forte, mas para satisfazer sua sede de vingança. Apenas poucas linhagens Casus são conhecidas, o produto de vítimas humanas que foram estupradas por esses monstros, e por simples atos de chance, conseguiu escapar com vida. Vários compostos Watchmen estão assistindo as linhagens de perto, mas até agora não houve nada de suspeito para relatar, o que nos leva a acreditar que eles devem estar usando uma linha que não estamos familiarizados. — encarando Ian, ele disse — E de todas as linhagens Merrick que nós monitoramos, você é o único que acreditamos tenha despertado até agora.
Exalando um sopro áspero, Ian perguntou,
— E o meu irmão e minha irmã?
— Se mais algum Casus escapar, não temos dúvida de que seu irmão e irmã vão ser caçados... e as peças de sua natureza Merrick despertada.
— Cristo. — ele assobiou. — Nós nem sequer sabemos onde Saige está.
— Felizmente, — Scott disse. — nós sabemos. Cada um dos irmãos Buchanan tem estado sob vigilância desde o tempo que você saiu de casa. Sua irmã, neste momento, está em outra de suas escavações arqueológicas na América do Sul. Embora ela não saiba, um dos Watchmen monitora cada movimento seu.
Ian abriu a boca, pronto para fazer uma pergunta, quando Molly de repente perguntou:
— E este Casus que está caçando Ian... ele não vai atrás deles agora?
— Matar um deles neste momento seria um desperdício de uma fonte de energia. — respondeu Quinn, chamando a atenção deles. — É melhor deixá-los vivos até que eles despertem e possam fornecer uma dose cheia de energia. Matá-los demasiadamente cedo é como apanhar fruta antes de estar madura. Mas eles precisam ser avisados do que está por vir.
— E essa coisa pode ser morta? — Ian perguntou, focando um olhar aguçado em direção a Scott.
— Sim... e não. — ele murmurou, os dedos de uma mão enrolada ao redor da caneca de café sobre a mesa. — Segundo a lenda, você não pode destruir seu espírito matando o corpo hospedeiro, entretanto você pode mandar de volta sua sombra ao chão da propriedade. Mas primeiro você tem que ser forte o suficiente para derrotá-lo, o que não será fácil. Como um dos Casus originais, vai ser mais forte do que você. Sua única esperança de sobrevivência é aprender a lutar com o verdadeiro poder de um Merrick, e é por isso que te trouxe aqui.
A voz de Molly tremeu quando ela disse:
— Será que ele vai ser capaz de se tornar um Merrick sempre que ele precise? Como isso funciona?
O olhar de Scott mudou, seus olhos verdes como que se aquecendo ao olhar Molly.
— A escuridão chama Merrick, assim é mais fácil fazer uma mudança completa na noite. Mas, como ele cresce mais forte, traços se materializarão quando necessário, especialmente quando provocado pela fome.
Ian viu como o olhar do safado deslizou pelas marcas na garganta de Molly, e ele entendeu a mensagem alta e clara. Se os Merrick queriam sangue, ele poderia levá-la independente de ser dia ou noite, o que significa que o sexo com Molly no meio da tarde não seria mais seguro do que o sexo com ela à noite.
Tanta coisa preencher.
— Você sabe que quanto mais eu aprendo aqui, menos eu me importo com essa lenda maldita. — admitiu.
— A questão, entretanto, está agora fora de suas mãos. — afirmou Scott em silêncio, o olhar vagaroso em Molly por um momento, antes de finalmente fazer o seu caminho de volta para Ian. — Você deve deixar de lado sua raiva e aceitar que as coisas estão agora fora do seu controle, Buchanan. Estes monstros não têm consciência. Assim que sua parte Merrick esteja pronta, — ele murmurou — você deve enfrentar o Casus, antes que ele destrua tudo o que você gosta.
Engolindo as palavras após a raiva e a frustração presa na garganta, Ian resmungou:
— Então você está dizendo que minha única chance de sobrevivência é deixar essa coisa dentro de mim livre?
Quinn assentiu.
— Somente a parte Merrick de sua natureza será forte o suficiente para derrotar o Casus.
— Mas mesmo se Ian mata o corpo de seu hospedeiro, — Molly recordou — você disse que só pode enviar seu espírito, sua sombra, de volta ao chão. E se eles podem sair uma vez, certamente eles podem fazê-lo novamente. Não é possível o espírito ser morto, e assim, garantir que o Casus seja destruído para sempre?
Scott balançou a cabeça.
— Não sem um dos Marcadores das Trevas.
— O quê? — Ian grunhindo.
— É o nome dado às armas criadas pelo Consórcio, o que possui o poder de matar o Casus, corpo e alma. Mas ninguém sabe ao certo se elas são apenas uma outra parte da lenda, ou se elas realmente existem. As armas estavam destinadas a ser usadas como um talismã para os que a possuem, oferecendo proteção do Casus para que eles pudessem chegar perto o suficiente para fazer a matança. Mas os Marcadores foram perdidos, se existiram mesmo, para começar, quando a onda do Coletivo de terror começou. Não é ainda conhecido nem mesmo como se pareciam. Alguns acreditam que eles foram moldados como punhais, mas...
— Não, isso não está certo, — murmurou Molly, cortando-lhe a palavra. Ela lançou um olhar interrogativo para Ian, que acenou para que ela continuasse, subitamente consciente do que ela estava pensando... e olhando para frente às reações de seus anfitriões. Deslocando o olhar para trás de Scott, ela disse — Você nos disse que protege aqueles que a usavam, né?
Os pálidos olhos verdes de Scott se estreitaram.
— Sim.
— Os talismãs, os Marcadores das Trevas, — ela disse suavemente atropelando palavras sem fôlego com entusiasmo — não eram punhais. Eram cruzes. E eles realmente existiram.
A expressão de Scott virou dúvida, enquanto um sorriso arrogante começou a enrolar a ponta de sua boca.
— E como você sabe disso?
— Porque, — disse ela, o rosto lavado com uma flor de cor selvagem — a mãe de Ian deixou um presente. — E então, indo até a gola de sua camiseta, Molly agarrou o cordão de veludo e tirou a cruz misteriosa que tinha encontrado naquela tarde.





CAPÍTULO TREZE


Scott levou-os até o terceiro andar, onde havia uma suíte reservada para eles. Ian pensou nos últimos momentos na cozinha. Sua boca torceu para cima em um canto quando lembrou da reação dos Watchmen quando Molly anunciou sobre a cruz, que eles estavam certos que era um Marcador das Trevas. Eles haviam ficado nada menos do que atordoados, quase viraram a maldita mesa sobre eles quando se lançaram à frente, querendo dar um olhar mais atento.
Molly deixou-os segurar ao explicar sobre a nota de Elaina e como ela se referia ao colar como um talismã, como uma forma de "acertar as coisas". Quinn se levantou para acender mais lâmpadas e os dois homens passaram minutos simplesmente observando-o em suas mãos grandes, estudando seus intrincados desenhos. Percebendo o olhar pesado de cansaço nos olhos de Molly, Ian finalmente perguntou se poderiam lhes mostrar os seus quartos e Scott relutantemente entregou a cruz de volta para Molly, que tinha escorregado-a sobre a cabeça mais uma vez. Antes de eles deixarem a cozinha, Ian mencionou o fato de que o Casus tinha falado do talismã para ele, o que ganhou uma nova ronda de reações surpresas. Segundo os dois Watchmen, os Marcadores das Trevas não foram criados antes de os Casus terem sido presos, o que levantou a questão de como o que estava caçando Ian tinha conhecimento de sua existência.
Com sua sobrancelha levantada em preocupação, bem como confusão sobre o desenvolvimento dos fatos, Scott havia dito que as suas malas já haviam sido retiradas do caminhão e estavam em seus quartos. Ele disse que voltariam a se reunir no café da manhã para discutir o talismã, após eles tinham que começar com a formação de Ian.
Chegando ao topo da escada, veio a mente de Ian a estranha história da lenda cigana, não sabendo o que pensar de tudo isso. Ainda havia uma parte dele com o pé atrás, sacudindo a cabeça, pensando que isso tudo devia ser algum tipo de brincadeira cósmica. Mas os cortes no braço e nas costelas eram prova suficiente de que era real. Como foi a morte de Kendra. E agora este filho de uma puta do Casus queria colocar suas mãos em Molly. Não nesta vida.
— Scott disse que as salas estavam no extremo esquerdo do corredor. — murmurou Molly a seu lado, o tom distante, como se estivesse perdida em seus pensamentos assim como ele.
— Não muito longe. — disse Ian cansado, olhando para o que parecia ser uma biblioteca a sua esquerda enquanto eles faziam o caminho pelo largo corredor em direção à porta dupla no final. A biblioteca ostentava estantes do chão ao teto em duas de suas paredes, bem como três grandes sofás de couro cor de café, uma TV LCD e uma variedade de mesas baixas em madeira escura, colocadas em toda a alcova espaçosa.
— Este lugar é incrível. — disse ela à medida que atingiam as portas de sua suíte. Agarrando a grossa maçaneta de ferro fundido Ian abriu a porta, cuspindo uma maldição bruta de sua garganta com a visão que surgiu diante de seus olhos. Ao lado dele Molly ofegou, uma mão macia segurando em seu braço como se ela precisasse dele para prendê-la na posição vertical.
Ambos estavam estranhamente silenciosos e imóveis, olhando para o padrão vermelho e preto do tapete persa espalhados no chão de madeira, idêntico ao tapete no segundo sonho que tinham compartilhado. O sonho onde eles estavam em uma sala iluminada pelo fogo, com uma parede de janelas, enquanto a tempestade lá fora se alastrava tão violenta e tempestuosa como o bater do coração de Ian.
— Eu não acredito nisso. — disse asperamente.
— Isso... isso é inesperado. — Molly sussurrou, parecendo confusa.
— Inesperado? — Ele fez um som rude com sua garganta, sacudindo a cabeça. — É louco, é o que é, Molly.
Ela inclinou a cabeça para olhar para ele, seu rosto delicado travado em algum lugar entre uma expressão de espanto e medo. Depois de puxar o lábio inferior com os dentes, ela respondeu baixinho:
— Ian, eu acho que é hora de aceitar o fato de que as coisas que acontecem aqui... entre nós... deve ser por uma razão. Que está além do nosso controle.
Ele fechou a cara, afastando-se dela, na borda do tapete. A parede de janelas familiar apareceu diante dele, enquanto duas portas duplas abertas estavam em um lado da sala, revelando quartos harmoniosos. Pedaços sortidos de cara mobília chamou a atenção dele, um sofá pequeno de dois lugares, mesa escura, centro de entretenimento alto, entretanto ele não recordou nenhum deles do sonho. Mas atrás dele, no canto perto da porta, estava a lareira vazia que tinha estado crepitando em seu sonho.
Sua bagagem, ele viu, tinha sido deixada ao pé da cama na sala à sua direita, como se eles fossem partilhá-lo. Que não iriam. Empurrando as mãos nos bolsos, Ian se esforçou para obter o controle de sua raiva.
— Para além do nosso controle? — Ele murmurou. — Deus, você se parece com ele agora.
— Ele?
Ele atirou-lhe um olhar sombrio sobre seu ombro.
— O idiota britânico lá embaixo.
— Você não gosta dele, não é?
Em vez de responder, ele passou a olhar para o tapete e balbuciou:
— Ele certamente gosta de você.
— Do que você está falando? — Ela perguntou ao seu lado, mais perto do que ele queria no momento.
Ian comeu-a a partir do canto do olho, observando o fato de que ela parecia um pouco irritada. Não que ele não estivesse acostumado a ter esse efeito sobre as mulheres.
— Não se faça de boba. — ele respondeu em voz baixa, deslizando asperamente as palavras, virando-se para encará-la. Fincou as mãos mais fundo nos bolsos para não fazer algo estúpido agora que eles estavam sozinhos, como agarrar-se a ela e nunca mais deixá-la ir. — O cara não conseguia tirar os olhos de você.
Ela não disse nada de imediato. Apenas mordeu o canto da boca, cabeça inclinada ligeiramente para o lado enquanto estudava-o através de seus cílios. Ele lutou contra o desejo incômodo de mudar seus pés, como se ele tivesse cinco anos e tivesse sido pego fazendo algo que ele não deveria.
— Eu nunca teria acreditado que fosse possível, mas você realmente está com ciúme, Ian.
Ele olhou para ela, então se virou com um grunhido desgostoso e seguiu para a parede de janelas.
— Talvez eu esteja.
— Mas... por quê? — caminhando até o seu lado novamente, ela levantou o rosto, um tremor pontuava suas palavras quando disse — Não há nada para você sentir ciúme. Depois de tudo o que aconteceu entre nós, eu penso que está óbvio agora.
Ian apertou a mandíbula.
— Cale a boca, Molly. — ele disse através de seus dentes cerrados.
— Eu não estou tentando fazer você ficar bravo. — ela sussurrou. — Eu só estou tentando falar com você.
Apertando a testa no vidro frio, ele colocou os antebraços sobre a cabeça e olhou para a escuridão, fazendo seu melhor para ignorar sua presença, o seu ciúme atípico, a voracidade, o desejo primitivo correndo por suas veias, pulsando em cada célula do seu corpo, exigindo que ele a tivesse... se alimentasse dela.
Cristo, ele não queria estar lá, mas que escolha tinha? Após ouvir as explicações de Scott, ele sabia que não havia uma chance no inferno dele bater no asno Casus como um homem e assustava o merda que ele era o pensamento de se tornar algo que não era humano.
Olhando fixamente para a noite, ele lentamente tomou consciente de uma sensação de frio na parte de trás do seu pescoço, deslizando por sua espinha como um fio de água e apertou os olhos, perguntando se ele estava lá fora. Ele o estava vendo, aguardando o momento de atacar? Iria se alimentar novamente, e em caso afirmativo, de quem? Ele não tinha ninguém em Henning exceto Kendra, embora tivesse havido algumas mulheres em cidades próximas. Mas ninguém podia imaginar o Casus descobrindo isso. Tinham sido apenas encontros, como todos os seus relacionamentos. Simples, de curto prazo, baseados na troca mútua de prazer. Inferno, ele mal conseguia recordar os seus rostos, um tão facilmente substituído por outro, que supostamente fez dele um dos maiores idiotas.
E agora, aqui estava a mulher que o tentava como nenhuma outra e ele não podia tocá-la, não poderia colocar as mãos em seu corpo, a boca em sua carne com um medo doentio do que aconteceria quando ele fizesse. Ele estava sendo punido? Testado? Ou sua sorte realmente desapareceu?
— Ian? — Sua voz era suave e rouca, com um toque de luxúria inconfundível que o fez querer explodir.
Apertando o queixo tão forte que seus dentes doíam, ele apertou os olhos como se isso pudesse bloquear o som dela, o afastar de seu cheiro quente e exuberante que estava fazendo a sua boca encher d'água.
— Cristo, Molly. — ele respirou com um gemido áspero e gutural. — Não me seduza.
Ela tocou a maior parte rígida de seu bíceps, os dedos contra o calor escaldante de sua pele.
— É sobre as mordidas? Você ainda tem medo de ferir-me?
Ele fez um aceno áspero, sufocado o som em sua garganta, que era tudo o que ele poderia lhe dar.
Com a voz um pouco ofegante, ela disse,
— Eu te disse que confio em você, Ian.
Abrindo os olhos, ele virou a cabeça para olhar para ela, perguntando como em nome de Deus, ele iria sobreviver a isso. Ele rompendo por dentro, furioso à beira de algo terrível e ela só olhava para ele com os suaves olhos castanhos, boca enrolada em um convite, sorriso cativante, como se ela não o temesse.
E nesse momento o pensamento queimou através de seu cérebro, querendo romper a casca da irritante calma e serenidade que sempre a rodeava. Apenas esmagá-la, quebrá-la, abrir... romper sua abertura e vê-la ir selvagem sobre ele, gritando, arranhando e implorando por tudo que ele poderia lhe dar. Vê-la quebrar e cair em cima dele, enquanto ele entrava tão profundamente dentro dela que ela o sentiria em todos os lugares, em seus ossos, em seu sangue e em seus segredos. Em seus sonhos e seus pensamentos. Ele queria ser aquela presença que se forjaria em seus mais profundos cantos, mais profunda do que qualquer homem jamais esteve antes.
Mas você está esquecendo que ela não se envolve com homens que ela encontra dessa maneira.
Ahh... certo. Então o que ela estava oferecendo, com aquele olhar suave, vago em seus olhos? Será que ela achava que ele poderia cuidar dela, abraçá-la, mantê-la segura através das horas escuras da noite e não se enterrar dentro dela em um prazo de cinco minutos?
Inferno, ele seria feliz se durasse dois.
— Até mesmo se eu lhe pedisse você não ficaria hoje à noite comigo? — Ela sussurrou.

As palavras suaves que saíram de seus lábios surpreenderam Molly, mas, de certa forma, ela se sentiu como se todas as vinte e quatro horas que passaram tinham sido construídas para eles. Momentos no tempo que finalmente levou à realização impressionante que ela precisava estar perto desse homem. Necessitava ficar perto dele. A dor em seus olhos quando ele olhou para a fotografia na unidade de armazenamento foi provavelmente o mais significativo. Então a maneira com que ele apertou a mão dela quando eles conheceram Quinn, bem como o seu ciúme inesperado sobre a aspereza do lindo Kierland Scott. Mesmo sua tristeza pela morte de Kendra Wilcox... e da maneira que ele voltara para ela no motel, ferido e à beira do colapso, só para ter certeza que ela estava bem. Cada um desses casos havia forjado a mudança, como o fluxo e refluxo da maré, varrendo-a, reorganizando a paisagem de suas emoções com cada onda de afluência, poderoso.
Ela ainda temia os danos emocionais que poderia causar em sua vida, mas sua cautela tinha sido esmagada pela necessidade. Não importando o que viesse depois. As advertências de Scott do que viria a seguir a tinha deixado com uma dose de realidade sombria, e pela primeira vez em... bem, no que parecia ser para sempre, Molly não quis basear as suas decisões sobre os acontecimentos que deram forma a seu passado. Ela queria viver o momento. Tirar dele todo o prazer e felicidade que ela pudesse, pelo tempo que durasse.
E naquele momento, Molly sabia que se ela não chegasse perto de Ian agora, enquanto ela ainda podia, ia se arrepender para o resto de sua vida. Eles estavam começando um novo capítulo neste drama e ela queria estar ao seu lado durante todo o tempo. Queria ajudá-lo... segurá-lo... não sabia o que viria quando ele fosse forçado a confrontar o mal que estava sobre eles. E ela não tinha dúvida de que este dia viria, provavelmente mais cedo do que todos eles estavam esperando.
Ele não respondeu à sua pergunta, mas Molly podia ver a resposta escrita nas linhas de seu rosto. Podia vê-lo retirar-se, fechando-se, provavelmente chateado pelo quanto ele tinha revelado. Ela sabia dos seus próprios demônios, mas quais eram os dele?
— Por que você ainda tem medo de ficar perto de mim, Ian? Depois de ouvir o que eles tinham a dizer na cozinha, você sabe que o Merrick não é mal. Eles não matam os inocentes.
— Você esteve nos meus sonhos, Molly — resmungou, sua expressão selvagem, olhos cor de um mar tempestuoso, raivoso, belo e perigosamente selvagem. — Não pode ser tão difícil para você descobrir.
— Sim, eu sei tudo sobre as suas necessidades. — disse uniformemente, pouco disposta a recuar. — Você está certo. Você tem razão. Eu estive em seus sonhos... vi as coisas que o excitam. Senti-os. Experimentei-os em primeira mão. E eu ainda estou aqui, em pé ao seu lado. Não quer dizer alguma coisa?
— Ele me diz que você está muito malditamente confiante para seu próprio bem. — ele zombou. — No caso de você não perceber isso, há uma grande diferença entre sonho e realidade, Stratton.
— Não tem que ter. — disse ela, seu tom calmo, que pareceu irritá-lo ainda mais.
Ela podia ver o músculo batendo na lateral do queixo, sentir as ondas furiosas de energia pulsando dele, violenta e intensa, e, ainda assim, ela quis empurrá-lo ainda mais. Quis empurrar seu controle irritante, até finalmente deixar ir e dar no que eles tanto queriam. O momento a fez lembrar um leão antes de um rugido, o fogo furioso, a intensidade das chamas queimando o seu rosto, enquanto sua beleza primitiva a encantava... fascinava sua mente. Ela nunca experimentou drogas, nenhuma vez em toda a sua vida, mas Molly perguntou se era isso que sentiria... esse desejo insaciável de sentir o fogo hipnótico contra sua pele, ao mesmo tempo sabendo que poderia acabar por destruir-se no final.
— Jesus, você não entendeu? — Ele rosnou, a maldade de seu tom puxando-a de seu devaneio, fazendo-a recuar. — Não há nada agradável sobre o que eu quero de você, Molly. A coisa mais inteligente que você pode fazer é ficar o mais longe de mim.
— Isso é besteira. — ela disparou de volta, as palavras caindo pesadas na sua língua. A emoção vibrou em cada célula do seu corpo, espinhosa e quente, uma combinação estonteante de frustração e nostalgia, combinada com o gelo do medo de que ela nunca seria capaz de chegar até ele. — Você não me assusta, Ian. A única coisa que me assusta é saber que, aconteça o que acontecer entre nós, você irá cair fora quando isto terminar. E você irá cair fora, não é? Mesmo se você quiser ficar, vai se desviar de mim, da mesma forma que você se afastou das outras pessoas em sua vida que sempre se preocuparam com você.
— Sim, correr é a minha especialidade. — ele respondeu em um tom baixo e feio, dando um passo mais perto, o calor do seu peito tocando o dela, o poder furioso dele, como algo vivo, respirando contra o seu corpo. — Mas então eu tenho certeza que Elaina disse tudo sobre isso. Riley, ele é o cara assentado em nossa família. Sempre fazendo a coisa certa, caminhando reto e correto, como um maldito santo. Mas eu sou apenas o egocêntrico, o parafuso solto que funciona tão bem como o meu pai. Nunca espere que eu esteja lá ou faça a coisa certa, para ficar e salvá-la porque você vai acabar decepcionada, Molly. Inferno. —ele rosnou — Você provavelmente vai acabar morta.
Molly mordeu a língua, lutando contra o impulso de gritar na cara dele. Ela estava tão malditamente cansada de ouvi-lo se colocar para baixo, quando ela sabia que ele era muito mais do que o babaca egoísta que se fazia ser. Não é perfeito, não. Mas ela sempre foi cautelosa com a perfeição. Perfeição não era real. Não era honesto. A perfeição era uma ilusão de que poderia girar em você na queda de um centavo, como um imóvel, praia intocada apenas horas antes da fúria de um furacão.
Ian Buchanan estava irritado, áspero e machucado por dentro, mas ele também era corajoso, forte e honesto. Ele teve a força para se levantar de uma existência infernal e fazer algo de si mesmo. Tinha cuidado da mãe que ele tinha feito o seu melhor para esquecer, sem querer qualquer tipo de reconhecimento em troca. E agora ele estava determinado a manter Molly de lado, para protegê-la, quando ele temia a atração entre eles... medo da escuridão que ele carregava dentro.
Não, ele não era perfeito. Mas ela tinha a estranha sensação, batendo no centro do peito, lhe dizendo que ele podia... só podia... ser dela.
Com um leve tremor em suas palavras, ela finalmente conseguiu dizer.
— Você pode não ter fé em si mesmo, Ian, mas eu tenho.
Ele se afastou dela, em direção à janela de novo empurrando para trás as mãos nos bolsos enquanto ele olhava para fora nesse campo infinito da noite, a água do lago a enrolar sobre a praia como algo tentando rastrear o seu caminho fora da escuridão.
— Cristo, Molly. — ele murmurou, sua voz tão baixa que ela mal conseguia ouvi-lo. — Você tem fé em todo mundo.
— Isso não é verdade. — argumentou, a sua raiva crescendo como a lava em construção dentro de um vulcão, preparando-se para entrar em erupção com uma fúria explosiva. — Eu parei de acreditar nas pessoas há muito tempo. Eu não lhe disse antes, tudo o que aconteceu quando Sara morreu.
Virando a cabeça bruscamente para o lado, ele olhou para ela através dos seus cílios.
— Eu estava saindo com seu irmão mais velho. Meio-irmão de Sara. Ele foi meu primeiro namorado, primeiro beijo, primeiro amor. — disse ela, as palavras roucas caindo num ritmo agitado de fôlego. — Ele foi meu primeiro em tudo. Quando o espírito de Sara veio até mim, me falando sobre o juiz, eu cometi o erro de confiar nele. Ele agiu tão preocupado comigo, assim pareceu. E ele falou-me para manter silêncio, sem dizer nada, convencendo-me que ele estava com medo do que as pessoas fariam... que eles podiam até tentar me comprometer. — um riso baixo e frágil estremeceu em sua garganta e ela colocou os braços ao de redor si e abaixou seu olhar, focando os músculos fortes de sua garganta, a seda escura de sua pele. Ela engoliu, depois nervosamente molhou os lábios, odiando a vergonha que sentia do sabor amargo de suas lembranças, sabendo que ela nunca seria capaz de se afastar.
— Ele jogou com meus medos perfeitamente. — explicou ela, obrigando-se a colocar a história para fora. — E no final, depois que tudo explodiu e o juiz foi preso, ele veio até mim, me chamando de louca e cadela estúpida. E então ele me disse que sabia o tempo todo sobre o fato de que seu pai estava abusando de Sara, mas se manteve em silêncio. Ele disse que Sara era culpada por agir como uma vagabunda e tentar seu pai, que era apenas um homem. Eu acho que ele culpou a mãe de Sara, por desmantelar o casamento de seus pais e ele pensou que sua filha estava recebendo o que merecia.
— Cristo.
— Então uma menina perdeu a vida porque eu era muito ingênua. — ela sussurrou, suas palavras grossas com nojo. — Porque eu estava assustada, perdida e era estúpida. Por todas aquelas semanas mantive minha boca fechada, fazendo o que ele queria que eu fizesse.
— E é por isso que você me disse ontem à noite que você não se envolve com homens que você encontra assim.
A questão não era ela. Ele sabia que estava certo. Ela assentiu com a cabeça, virando para olhar para fora, a extensão infinita da noite, a lua pouco visível através das copas altas dos pinheiros que se alinhavam do outro lado do lago.
— Eu aprendi uma feia lição sobre confiança no dia que ele me contou a verdade e eu nunca esqueci.
Respirando fundo, ela olhou para trás, caindo suavemente a confissão de seus lábios:
— E eu usei essa lição como uma desculpa para fechar-me durante anos, vivendo em meu próprio mundo, onde nada podia me machucar. Se eu não tenho que confiar em ninguém, nem esperar nada deles suas ações não podem me afetar. É por isso que eu disse a mim mesma que tinha que lutar contra o que estava entre nós. Mas eu não posso Ian. Eu não quero mais.
Indo para mais perto dele, Molly colocou a mão em seu braço, desejando que ele virasse na direção dela. Pegasse-a em seus braços. Segurasse-a.
— Já namorei desde então, mas sempre foi difícil. Os indivíduos não compreendem nada a respeito de alguém como eu. E quanto mais eu tentava esconder, maior o problema quando a verdade vinha à tona, até que eu finalmente desisti. É por isso que eu não tenho um relacionamento há tanto tempo. Mas você já sabe o meu segredo um pouco louco. E ainda assim você está aqui. Você ainda me quer. Você não acha que isso significa alguma coisa, Ian? Que talvez tudo isso esteja acontecendo por uma razão? Sua mãe? Os sonhos? Eu não sei como explicar isso, mas é como...
— O destino? — Ele rosnou.
Ela balançou a cabeça diante de seu tom.
— Estou falando sério, Ian. Chame-lhe como quiser. Destino. Sina. Estúpida sorte. Eu não sei o que é, e não me importo. Eu só sei que tenho tanto medo de estragar isto, eu não posso continuar tentando me convencer de que você é um erro. Não sinto você como um erro. De alguma forma estranha, maravilhosa, sinto você como a melhor coisa que já aconteceu para mim.
Durante muito tempo, ele apenas ficou ali, olhando para ela, o desejo em seus olhos escuros tão intenso, tão profundo, selvagem e poderoso que ela queria gritar para ele agarrá-la. O canto de sua boca tremia de emoção, seus olhos azuis iluminados com o brilho suave da emoção e ele ergueu a mão direita, tocando o rosto dela, travando uma lágrima em seu polegar.
E então, de um fôlego para o outro, a sua expressão endureceu como uma nuvem de tempestade bloqueando o calor promissor do sol e deu um passo para trás, sua voz profunda e fria, cortante como aço.
— Eu nunca fui a melhor coisa que aconteceu para ninguém. — ele murmurou. — Portanto, não vá desperdiçar sua chance comigo, Molly. Você vai se arrepender se o fizer.


































CAPÍTULO QUATORZE
Ravenswing, Segunda à tarde

Treinamento com o Watchmen era uma merda. Nas últimas sete horas, Ian tinha estado recebendo chutes como um jumento repetidas vezes, até que ele finalmente caiu no chão tantas vezes que suspeitava que a sua parte traseira agora era uma sombra pintada de preto e azul. Ele também estava quente e doido, e com um humor do capeta. O que estava ficando pior a cada chute e soco que ele recebia do bastardo que lutava com ele.
Uma vez que Quinn tinha acabado com ele, Aiden Shrader assumiu, fazendo as duas últimas horas algumas das mais doloridas que Ian tinha experimentado. Ao contrário de Quinn, que tinha sido mais interessado em mostrar a Ian como lutar contra algo que não era humano, bem como prepará-lo para o momento em que seu corpo seria alterado para sua forma Merrick, Shrader parecia determinado a bater cada vez mais no seu amor próprio. Pelo menos dois centímetros mais alto do que Ian, o cara era enorme, com músculos derramado em cima de músculos e uma atitude esperta, que dirigia a todos ao seu redor. Seus cabelos cor de caramelo caiam em ondas desordenadas abaixo do queixo, olhos castanhos penetravam dentro de um cara que pegasse desprevenido quando quisesse.
Ambos os antebraços de Shrader eram tatuados do pulso ao cotovelo, os desenhos de uma mistura de símbolos pagãos celtas que também abrangia as costas dos seus dedos. Ian conhecia pela memória, porque ele tinha enfiado os dedos em seu rosto muitas vezes para contar. O único ponto brilhante na parte da tarde foi quando ele tinha arrebentado o lábio de Shrader e acertar um olho.
Eles estavam dançando em torno um do outro no último minuto ou assim, para obter fôlego, quando o Watchmen veio de repente duro e rápido, a maior parte do corpo de Ian batendo no chão. Uma nuvem de poeira engoliu os seus membros emaranhados quanto cada homem lutava pelo domínio, os corpos rolando sobre o monte de areia que se usavam para o treinamento. Eles estavam fora da vista da casa principal, atrás de uma garagem longa em forma de L que abrigava uma impressionante coleção de carros.
O mundo girou enquanto rolavam lado sobre lado e a próxima coisa que Ian soube é que ele tinha uma boca mordendo apertado seu antebraço. Ele rugiu pela ardente queimação de dor, incapaz de acreditar na verdade, que o desgraçado o tinha mordido.
— Que diabos foi isso? — Ele rosnou, olhando Shrader quando o cara se mudou para um agachamento ao lado dele, limpando com as costas de uma mão tatuada sua boca. O Watchman mandou um lento e arrogante sorriso, o brilho luminoso da luz do sol da tarde bateu em dentes pontiagudos que pareciam ser um jogo sinistro de presas.
— Estava dando-lhe um gosto do que você vai encontrar — ele falou em um tom jocoso.
— O lobo vai na minha bunda? — Ian murmurou, sentando-se. Depois de inspecionar o dano, ele limpou o sangue da ferida da mordida contra seu jeans, xingando o tempo todo em uma cadeia quente, palavras em voz baixa. Quinn tentou mostrar-lhe como transformar as suas presas e as mãos para a formação, permitindo a Merrick deslizar as garras livre, mas Ian não tinha sido capaz de fazer acontecer a vontade, o que significava que ele não poderia retaliar na mesma moeda.
— Eu não sou um lobo. — Aiden fez uma careta com nojo, curvando os lábios. — Pareço um lobo sangrento para você?
Ian estudou-o com os olhos entreabertos.
— Se não é lobo, então o que diabos você é?
— Aiden é um gato. — Quinn esclareceu com uma risada gutural, aparecendo de repente a sua direita, cerca de quinze metros de distância, como se tivesse acabado de cair do céu. Ele obviamente tinha tomado banho, a poeira e a sujeira do campo de treinamento lavados. Seus jeans estavam limpos, como a camisa branca que pendia solta aberta em deferência ao calor, revelando a dura musculosa de seu torso.
Ian estava a ponto de perguntar-lhe de onde ele tinha vindo, quando Aiden apontou o dedo para Quinn, a fala arrastada,
— Isso é gatinho grande para você, menino voador.
— Idiotas. — Ian resmungou, pensando que eram ambos loucos. — Aqui é como um jardim zoológico porcaria. — acrescentou ele em voz baixa.
— Menos os bares e gaiolas, é claro. — Quinn falou com um riso silencioso.
Carrancudo, Ian dirigiu-lhe um olhar afiado.
— Como diabos você ouviu o que eu disse dessa distancia?
— Nós não somos humanos, Merrick. — murmurou o Watchman, arqueando uma sobrancelha meia-noite, seus olhos escuros brilhando de diversões. — Por um acaso nós vemos ou ouvirmos ou movemo-nos como um? — Ele lançou um olhar significativo no antebraço ferido de Ian. — Ou lutamos como um?
Ficando em pé, Ian rangeu os dentes contra a dor nas costelas, perguntando quantas Shrader conseguiu trincar.
— Então você está dizendo que você tem... o quê? — Ele resmungou — Audição sobre-humana?
— É definitivamente melhor do que de um ser humano — Quinn concordou, andando em direção a eles, sua longa marcha tratou de encurtar a distância. — De que outra forma você acha que eu sabia que Molly veio para o Colorado? Eu estava vigiando você na última sexta-feira no canteiro de obras.
Empurrando as mãos para trás com os fios úmidos de suor de seu cabelo, Ian voltou a pensar na primeira conversa que tivera com Molly.
— Você ouviu-me falar sobre Elaina?
— Isso é certo.
— E você ouviu nossas conversas no motel? — Ele exigiu, sua irritação crescente, considerando-se que essas eram algumas conversas muito pessoais.
O canto da boca de Quinn estremeceu e sacudiu a cabeça.
— Eu posso ter mais audição que a maioria dos seres humanos, mas não consigo ouvir através das paredes.
Grunhido em resposta, Ian varreu a área, à procura de sua camisa, lembrando que ele a tinha tirado em um ponto durante a tarde.
— Se você não estava ouvindo, então como você sabia que estávamos familiarizados com o nome de Scott?
— Temos acompanhado o seu telefone celular. — Quinn disse, empurrando as mãos nos bolsos. — Nós sabemos que ela chamou o serviço de informações. — Havia um brilho curioso nos olhos escuros quando ele disse — Estou certo ao assumir que sua mãe lhe deu o nome?
— Sim. — Ian finalmente avistou a camisa pela garagem e foi buscá-la, limpando as gotas de suor de seu rosto em seu caminho de volta para os dois Watchmen. Shrader, que como Ian, só usava calça jeans, tinha alastrado seu grande corpo sobre o solo empoeirado, um braço jogado sobre seus olhos, seus pés descalços cruzados nos tornozelos, olhando para todo o mundo como se ele estivesse dormindo. Ian sorriu com satisfação desagradável à vista, esperando que tivesse cansado o bastardo.
 Ele tinha acabado de usar a camisa para enxugar o sangue escorrendo das marcas de mordida que Shrader havia deixado em seu braço, quando Quinn fez um barulho silencioso de riso, dizendo:
— Você deveria ter visto o rosto de Kierland quando dissemos a ele que Molly sabia o seu nome. Depois de ouvir no estaleiro, meio que percebemos que a sua mãe era a pessoa que havia passado. Ele definitivamente não estava muito entusiasmado com a idéia de um fantasma manter informações sobre ele.
Um sorriso duro quebrou sobre a boca de Ian, mas a sua satisfação desapareceu logo que Quinn voltou para o tema original da conversa.
— Você não percebeu os seus sentidos melhorarem? Tornando-se mais intensos? — Na sua carranca, o Watchman acrescentou. — É porque o seu Merrick é agora uma parte de você. Mesmo que você ainda não esteja em condições de aceitar a mudança completa, alterar a sua fisiologia, melhorando suas habilidades, fazendo-o mais forte... mais perspicaz do que um macho humano.
— Isso é o que você quis dizer na noite passada. — resmungou, atirando a camisa manchada de sangue sobre um ombro suado. — No motel. Quando você disse que eu sou agora mais Merrick do que humano.
Quinn assentiu.
— Isso é certo.
— Até que ponto isso vai chegar? — Ele perguntou, odiando o toque frio do medo subindo na sua espinha. Ele queria um cigarro, mas deixou sua mochila na sala que tinha dormido na noite passada. Não que ele realmente tivesse dormido. Ele tinha muito medo de cair no sono, medo de sonhar com Molly novamente... sabia exatamente o que aconteceria se ele o fizesse.
— Não se preocupe. Você ainda vai ser como um homem quando não está na forma Merrick — Quinn garantiu-lhe, como se ele se importasse com que ele se parecia. Aquele não era o problema. Era a idéia de andar constantemente com esta queimadura feia da fome em seu intestino, tirando suas entranhas, que o assustava. — Mas você vai reter muito da força e capacidade aumentada de sua linhagem primitiva, Quinn passou a dizer — o tempo todo.
Filho da puta.
— Chega de conversa. — murmurou de repente Shrader, deslocando-se em pé em um movimento fluido de esforço que fez Ian saber que o cara estava mesmo sentindo uma pontada de dor. Com um olhar deliberadamente sarcástico nos olhos, ele piscou para Ian com um sorriso afiado, predador. — Agora que eu já tive a minha soneca, eu estou pronto para derrubar o que restou de você, Buchanan.
— Como isso soa divertido. — Quinn oferecendo em um aparte, depois de olhar a expressão selvagem de Ian.
Shrader empurrou os cabelos para trás de seu rosto, em seguida atou os dedos juntos estralando-os.
— E eu acho que ele precisa de uma boa refeição ou ele não vai ser merda que valha a pena aqui no domínio de formação, seja hoje, amanhã ou depois disso. Este é apenas um desperdício do nosso tempo.
— O que significa isso? — Ian exigiu com uma voz ríspida, enquanto algo inquietante torcia em seu intestino.
Revirando os olhos, Shrader explicou.
— Não importa quão bom você é em luta sangrenta, você está muito fraco. Até que você tenha se alimentado corretamente, você não será capaz de ir duas rodadas com o Casus.
— Alimentar corretamente? — Ele resmungou, sabendo muito bem do que o homem estava falando.
— Não há algo que você quer? — Shrader falou, seus olhos de gato cor de avelã brilhando.
— Você está falando de sangue. — disse Ian categoricamente, a garganta apertada, boca seca... enquanto o som de seu pulso rugia em seus ouvidos. Já se passara quase dois dias desde que ele tinha sonhado com Molly e ele sentia cada minuto que passou, a fome cada vez mais forte a cada segundo que passava.
— Fora o sangue. — Quinn disse ao seu lado.
— O que quer dizer com fora o sangue?
— Você não pode apenas beber. — Shrader murmurou, soando desgostoso por sua ignorância. — Bem você pode, mas você não é um vampiro, portanto você provavelmente não iria querer.
— Então, explique. —Ian resmungou, forçando as palavras através de seus dentes.
— Você precisa de sangue e sexo. Quando você está Merrick, as fomes são combinadas em uma necessidade primitiva, assim você as quer juntas. É por isso que, nos velhos tempos, os machos Merrick não acasalados tinham acordos com os ciganos. Só ir para a cama com uma mulher não vai fazer qualquer coisa por você, mas se você alimenta-se enquanto está transando, —uma explosão de riso rugiu profundo no peito de Shrader —vamos apenas dizer que seu Merrick vai ser um menino muito feliz.
— E até que se alimente adequadamente, —Quinn acrescentou —você não estará forte o suficiente para o seu Merrick sair completamente livre. Suas presas ainda libertarão se há uma oportunidade para a nutrição, mas caso contrário você será incapaz de fazer a transformação. Comida é só para sustentar seu corpo. O Merrick que vive em você precisa do sangue.
— Ele está certo. —A voz profunda de Scott, de repente retumbou às suas costas. —Isso precisa acontecer, e isso precisa acontecer agora.
Virando-se, Ian fechou as mãos em punho ao seu lado quando se viu perante os olhos de Molly e Scott em pé juntos, lado a lado, como se fossem os melhores amigos do mundo. Enquanto ele passava o dia fora treinando feito um burro, Scott tinha ficado na biblioteca com ela, passando por cima o diário de sua mãe e examinando a cruz. A idéia dos dois sozinhos na casa fazia um calor rastejar em volta de seu pescoço que não tinha nada a ver com as temperaturas escaldante das montanhas... e tudo a ver com a posse, enquanto o seu intestino se retorcia com a cáustica queimação do ciúme.
Molly olhou para seu rosto por um momento, e, em seguida, arrastou seu pesado e luminoso olhar para baixo de seu corpo, como se fosse algo saboroso que queria deslizar em sua boca e saborear por horas a fio. Lembrou-se de que ele não era o tipo de homem para ser trazido de joelhos por uma mulher. Mas quando sua língua tocou o centro de seu lábio superior, seu foco centrado em seu duro abdômen coberto de poeira, ele quase bateu no chão. E ele sabia exatamente o que aconteceria se ele o fizesse. Com os joelhos enterrados na areia, ele iria chegar para ela, puxando-a para ele e enterraria o rosto no V aninhado entre suas coxas doce, engoliria em golfadas desesperadas seu perfume, quente e feminino.
Inferno, em outra vida ele teria caído a seus pés, implorando por tudo o que ela estava disposta a dar-lhe. Sexo. Amor. Companheirismo e compaixão. Mesmo compromisso e confiança. Coisas que ele nunca poderia aceitar dela neste mundo, não importa o quanto ele quisesse.
E além do sexo, coisas que ele nem sequer sabia como lhe oferecer em troca.
Deixava-o maluco o fato de que não podia confiar-se a tocá-la, quando ele queria tanto que realmente feria. A dor persistiu destrutiva em suas entranhas, em seus músculos, Deus, mesmo sua pele coçava ante a sensação dela contra ele, enrolada em volta dele.
— Como ele está? — Scott perguntou ao Watchmen, a expressão calma de Ian empurrando fora de seu inferno pessoal.
— Ele é bom, eu vou admitir isso. — falou Shrader, surpreendendo-o. — Todos esses anos de boxe o fez forte e rápido em seus pés para um humano, mas ele ainda tem muito a aprender.
— E ele ainda está tentando lutar com os punhos, — Quinn acrescentou. — em vez de manter os dedos soltos, do jeito que estaria com suas garras.
— Você não vai usar a cruz? — Molly perguntou após a breve pausa, piscando para ele por causa da claridade. Ela levantou uma mão para proteger os olhos do clarão luminoso da luz do sol e Ian sabia que estavam todos olhando para ela, tão cativados como ele pela linha feminina e sensual dos movimentos de seu corpo. Seu olhar caiu para a visão de seus seios pressionados contra a blusa de algodão azul-escuro que ela usava, o contorno de seus mamilos apertados contra o material macio, fazendo-o querer rosnar. O som primitivo, predatório, rugiu profundo no peito e levou tudo que tinha para sufocá-lo e segurá-lo dentro.
Ao invés de responder sua pergunta, Ian fez outra.
— O que você está fazendo aqui? — Ele murmurou, quando o que ele realmente queria perguntar era o que estava fazendo todo o dia com Scott.
Chegando até ele ela agarrou sua mão direita, virou-a e colocou a cruz no calor da palma da mão suada.
— Você vai precisar disso. — disse ela baixinho.
Ian fez uma careta, a expressão nasceu de sua reação a seu toque, tanto quanto da cruz.
— Eu lhe disse que eu não quero essa maldita coisa.
— O treinamento é importante, — disse Scott — mas você precisa descobrir como usar esse Marcador como uma arma. Eu tentei tudo que eu posso pensar, mas não funciona para mim.
— Eu não sei o que fazer com ele. — argumentou.
Os olhos verdes pálidos de Scott estreitaram-se.
— Talvez não, mas você nunca vai descobrir se não tentar. Para todos nós, ele só trabalha para uma Merrick, o que significa que posso estudar a porcaria o dia todo e não vai fazer nada.
— As entradas do diário de Elaina revelam que ela tinha ouvido fragmentos da lenda, assim como histórias sobre como o Casus foram presos. — explicou Molly, olhando contra a luz do sol da tarde, os raios brilhando em seus cabelos, fazendo com que suas mãos coçassem para chegar e tocar o seu peso de seda e depois puxá-la contra o corpo coberto de suor, levando-a para o chão coberto de poeira.
Ele podia ver os lábios se movendo e deu-se o equivalente a um tapa mental, forçando sua mente a prestar atenção ao que ela dizia.
— Ian, ela também explica como ela entrou de posse da cruz.
Era evidente, a partir de sua expressão, que ela esperava que ele fosse surpreendido pela notícia. Querendo saber o que era, ele acenou para ela ir em frente e dizer-lhe.
— Saige deu a ela.
—Minha irmã? — Ele murmurou, percebendo que de todos os cenários possíveis, não foi o que ele esperava.
— Elaina escreve sobre como Saige estudou antropologia porque compartilhava sua paixão por histórias sobre sua linhagem, sobre a Merrick e a Casus. Saige vem pesquisando o assunto há vários anos, fato que Kierland pode confirmar, pois foi vê-la. Segundo sua mãe, sua irmã entrou em posse da cruz no ano passado, depois de estar em uma escavação arqueológica na Itália.
Ele cortou o discurso, olhando desconfiado na direção de Scott.
— Então por que vocês não sabem sobre ela?
O Watchman revirou os ombros e estremeceu.
— Meu irmão, Kellan, foi atribuído a ela no momento, mas ele era... digamos apenas que facilmente distraído pelas principais atrações locais.
Ian bufou, abanando a cabeça.
— Então, ao invés de vigiar a minha irmã, do jeito que ele deveria estar fazendo, ele estava se divertindo?
Scott balançou a cabeça.
— É por isso que o retiramos da missão e o trouxemos de volta para casa, uma vez que percebemos que não estava cumprindo com suas obrigações. Mas nós não sabíamos até agora que ele havia perdido algo tão importante.
— Onde ele está agora?
— Em Henning, vendo o seu irmão.
— E quem está cuidando de Saige? — Ian exigiu, imaginando o quanto sua irmã sabia do que estava acontecendo. Ela sempre foi tão obstinada quanto era voluntariosa quando eles eram crianças. Fazia anos desde que ele a tinha visto, mas ele poderia imaginar que ela tinha se transformado num inferno.
— Um Watchman chamado Paul Templeton que está na América do Sul com ela. Ele não faz parte do nosso complexo, mas ele é um dos melhores que há. Ela está em boas mãos.
— É melhor que ela esteja. — alertou. — E com tudo o que está acontecendo, é melhor que este Templeton faça um trabalho melhor do que seu irmão.
— Kellan ainda é jovem. — Scott suspirou. Ele ainda tem muito que amadurecer, mas é bom no que faz.
Shrader bufou, o que lhe valeu um olhar duro de Scott, bem como um apertão no braço de Quinn.
Sorrindo, o Watchman levantou os braços num gesto de rendição.
— Hey, pare. Eu não disse uma palavra.
— Ian. — murmurou Molly, chamando a sua atenção de volta para seu rosto enigmático, as sardas polvilhadas sobre o nariz mais proeminente na luz do sol, fazendo-a parecer impossivelmente jovem, fresca e inocente. — Sua mãe acreditava que a cruz foi o primeiro Marcador das Trevas a ser encontrado. Ela também fala sobre as histórias que se lembrava de sua bisavó contando, sobre um clérigo "Braço de Fogo" que celebrou o poder para destruir o Casus para toda a eternidade.
Esfregando a rigidez muscular na parte posterior do pescoço, perguntou:
— Como isso funciona?
Ela movimentos os ombros em um encolher perplexo.
— Esse é o problema. Ela não sabia. Nem ela nem Saige puderam encontrar alguém que sabia como ele poderia ser usado.
Ian inclinou um olhar em direção a Scott.
— Alguma idéia?
— Não sei. Como eu disse, estudei o dia todo, mas eu não encontrei nada de útil.
— Braço de Fogo? — Ian repetiu, tentando pronunciar as palavras em seus lábios enquanto ele olhava para a cruz, como se a resposta estivesse revelada em seus desenhos detalhados. Estava quente contra a palma da mão, do jeito que tinha sido ontem, quando ele colocou no pescoço de Molly. Mas não era quente como fogo. A sensação era mais como apertar sua mão contra areia ensolarada. Quente, mas tolerável.
Ele olhou para Scott novamente.
— E você realmente não tem idéia do que supostamente devo fazer com ele?
Scott balançou a cabeça, as linhas profundas em torno dos olhos e da boca revelando sua frustração.
— Acredite em mim, até desejo eu fiz.
— Parece que você vai ter que descobrir isso. — murmurou Quinn ao seu lado, olhando para a cruz, igual a Ian. Até Shrader se aproximou para dar uma olhada.
Um sorriso torto, aflito, torceu a boca de Ian.
— Eu odeio cultivar a negatividade, rapazes, mas eu não tenho a menor idéia do que fazer com essa coisa.
— Você vai descobrir isso. — disse Molly com voz macia, o sorriso suave tocando em seus lábios fazendo-o cerrar os dentes.
— Por que você não vai lá dentro se limpar? — disse Scott um momento depois. — Vamos jantar em uma hora e, em seguida, falar sobre as coisas.
Fechando os dedos ao redor da cruz, Ian deu a eles todos um curto "até depois" e partiu em direção à casa, meio apavorado que Molly não o seguisse, ficando atrás com Scott... enquanto ficava ainda mais apavorado com que ela faria.
E então, com base em uma respiração profunda, ele pegou seu cheiro logo atrás dele, mas ela permanecia em silêncio, sem dizer uma palavra. Não disse nada até que ele entrou em sua suíte e estava prestes a entrar no quarto que estava usando, quando tocou em suas costas, seus dedos frios contra o calor, queimando sua pele suada.
— Ian?
— O quê? — Ele resmungou, ciente do fato de que soava como um total bastardo.
— Você vai continuar me evitando? — Perguntou delicadamente. — Você se afastou de mim na noite passada e nós não nos falamos todo o dia.
Ele reprimiu um rosnando de frustração.
— Eu não tive que te evitar, Molly. Estive ocupado começando esta merda de treinamento.
Ela puxou a camisa manchada dele para longe do seu corpo e acariciou o ombro dele, o toque dela suave, delicado, embora carregado de uma profunda saudade que ele ficou surpreso ao reconheceu. Ele nunca tinha tido antes sintonia com uma mulher o suficiente para perceber ou mesmo compreender essas coisas, até Molly. Havia algo o conectando a esta mulher, algum tipo de consciência primitiva, intensa, penetrante e isso aumentou toda a sensação. Isso fez com que ele estivesse hipersensível a cada respiração dela, cada gesto, cada sombra de emoção que atravessou seu rosto, a necessidade poderosa transmitida através do simples toque da mão dela contra seu corpo.
Calmamente, ela disse,
— Você vai falar comigo, então?
— Eu não estou tentando ser um idiota, Molly. Só não é uma boa idéia. — ele murmurou, deslizando a cruz em seu bolso traseiro. Ela tocou um lugar sensível em sua coluna e só assim ele ficou duro.
— Por que não? — Perguntou ela.
Sim, por que não? Sua consciência perguntou sarcástica.
Ian se virou para encará-la, seu olhar revolvendo avidamente sobre a inchada boca rosa, lembrando-se de seu sabor. Como ela se sentia sob seus lábios, e ele queria gritar... ferver ... se enfurecer contra a injustiça da constatação de que a única coisa que ele precisava para fazer seu mundo perfeito, ele não poderia ter. Ele queria socar o punho através da parede. Queria algo para rasgar com suas mãos nuas. Mas acima de tudo, ele queria afogar-se nela, fazer brilhar os pulsos de calor que ardiam dentro dela, que ele podia sentir acender toda vez que chegava perto. Sentir seu corpo através do toque da sua pele, seu hálito, seu gosto... as coisas dentro dele que tinha estado congeladas por muito tempo entravam em ebulição.
Ele começou a se mover para frente e agarrou-a, quando as palavras de Shrader correram de volta para ele, sua respiração passou através de seus dentes com um silvo.
"Você precisa de sangue e sexo. Quando você está Merrick, as fomes são combinadas em uma necessidade primitiva, assim você os quer juntos."
Correndo através dele, grosso, carnudo e primitivo, como uma coisa física que tinha substância dentro de seu corpo... que tinha sua própria vontade. Ian fechou os olhos, tentando bloquear a tentação física. Mas ele ainda podia vê-la em sua mente. A boca exuberante o rubor facial. A extensão tenra da garganta exposta enquanto ela inclinava a cabeça para trás para olhá-lo. Poderia lembrar de como o sabor era quente, o sangue dela deslizando por sua língua como uma droga, queimando de prazer em sua barriga.
Você está perdendo, imbecil. Significativamente.
— Eu estou tentando entender, Ian — disse ela, seu tom de voz mais nítido do que antes e ele abriu os olhos para ver o derramamento lento da frustração sobre sua expressão. — Para dar-lhe o espaço que você precisa, sem exercer pressão sobre você em algo que não está pronto para dar. Mas você não pode continuar me evitando. Isso é ridículo. Eu ouvi o que disseram lá fora... sobre você precisar de sangue a fim de liberar o Merrick. O que eu ainda estou fazendo aqui se você não vai me deixar ajudá-lo?
— O que você quer de mim?
— Eu quero que você pare de correr cada vez que me vê. — ela explodiu, seus aveludados olhos castanhos brilhantes e luminosos, com uma constante mudança de emoção. — Fale comigo, me diga o que está se passando por sua cabeça, porque eu juro por Deus, Ian, eu não tenho a menor idéia!
— Eu não posso. — ele rosnou de repente, pisando para trás, o olhar selvagem, furioso em seus próprios olhos alertando que ela não avançasse. Eu quero dizer Molly, que não posso lidar com isso agora.
Parecendo uma gata enfurecida, ela aproximou-se, forçando-o a recuar um passo... e depois outro.
— Como diabos você não pode? Você vai lidar com isso, porque eu não vou deixar você fugir de mim novamente. Eu não entendo, Ian. Do que você tem tanto medo?
Do que ele tem medo? Cristo, a lista ia crescendo mais a cada dia, cada vez que ele tinha que estar em sua presença, a cada segundo que ele não estava. Ele ficou com medo pela forma como ela olhou para ele. Da forma como ela o fazia se sentir. Do fato irritante que ele não podia controlar-se com ela. Que lhe devia uma explicação, caramba. Sabia que ele devia. Mas tudo o que podia dizer era:
— Não vai acontecer.
Ele se afastou dela, pronto para fugir e bater a porta atrás dele, quando ela disse:
— Então você é o maior covarde que eu já conheci.
— É isso que você acha? — Ele perguntou, sem enfrentar, com as mãos crispadas, flexionadas de seus lados, enquanto o pulso ecoou em seu crânio com um ensurdecedor rugido.
Suavemente, ela disse:
— O que mais eu deveria pensar Ian?
— Droga, eu sei que você não é estúpida. — ele rosnou. — Você sabe que eu estou tentando protegê-la.
— Será que você está tentando me proteger? Ou a você?
Voltou-se devagar, com propósito deliberado, o olhar mais uma vez estabelecendo-se avidamente sobre aquela provocante boca cor de rosa. Um gosto, uma voz estridente sussurrou pela névoa nebulosa de luxúria na mente dele. Simplesmente um gosto. Não vai machucá-la. Ela estará perfeitamente segura. Você não vai a qualquer lugar perto de sua garganta.
Ian ergueu a mão, colocando no queixo, o polegar pressionado contra o canto dos lábios, acariciando sua pele.
— Você sabe mesmo o que você está perguntando, Molly?
Ela piscou para ele, sua respiração entrando em uma corrida dura, doce.
— Eu só quero que você deixe vir e faça aquilo que se sente bem. Eu quero que você pare de lutar. Para parar a luta que você precisa. É hora de parar de negar a si mesmo. Hora de parar...
Antes que ele mesmo tomasse a decisão consciente de agir, estava sobre ela, contra ela, tomando sua boca com um escuro e agressivo beijo, levando-a ao chão... fixando-a lá com o peso do seu corpo contra o dela. Suas mãos encontraram as cavidades delicadas dos cotovelos, deslizando para cima até seu antebraço, até que ele tinha capturado os pulsos de ossatura fina, prendendo-os contra o brilho reluzente do piso de madeira. Ela o incitou com seus gritos ofegantes, as coxas separadas, convidando-o contra seu corpo em silêncio, pedindo-lhe para pressionar mais perto... mais perto.
— Molly... — ele arquejou contra o calor úmido de sua boca, perdido nisto, incapaz de parar... de abrandar. Alguma coisa estava rolando em cima dele, através dele, incontível e feroz como uma força poderosa da natureza. Tudo o que ele sabia era que precisava senti-la embaixo dele, a suavidade da sua pele, o calor decadente e o gosto da sua carne. Ele beijou sua bochecha e o ponto delicado de sua mandíbula.
— Sim, Ian. Deus, sim.
— Não, não fale — ele disse, tentando de alguma forma encontrar força para ficar longe do terreno perigoso de sua garganta, onde sua pulsação corria em um ritmo pesado. Ele soltou-lhe os pulsos e mudou-se para trás, escarranchando suas coxas, de modo que pudesse passar as mãos na frente do seu corpo, sobre os seios femininos, a extensão trêmula da barriga. — Cale-se, Molly. Apenas... não diga nada. Tenho que me concentrar... para mantê-los juntos.
O som das palavras, no momento em que deixaram seus lábios, fez Ian perceber que estava brincando com fogo, com o destino tentador, como oferecer um bife cru através da jaula para um leão com a mão e esperando sair ileso. Você pode esperar tudo que você quiser, mas as chances não eram a seu favor. E pelo santo inferno não era ele que pagaria o preço, era ela. Ok. Você está no controle. Você pode fazer isso.
Ela olhou para ele com os olhos pesados e escuros, mas sem medo, sem raiva, somente um olhar ardente refletindo a sua fome por ele, ampliando a dele até rodear seus corpos, se espalhando, preenchendo o espaço, queimando com sua presença. Desamparado embaixo de seu poder, Ian voltou sua atenção para desnudar o seu corpo ardente, poder olhar ávido seu corpo pela primeira vez fora dos seus sonhos. Fechando suas mãos no material azul escuro da blusa ele arrancou, rasgando-o e enviou os botões para o ar, deslizando pelo chão, logo em seguida fez o mesmo com o laço branco delicado de seu sutiã. E rapidamente, ele a teve.
Seus seios eram... perfeitos, a visão dos mamilos rosa escuro acertando-o como um pontapé no peito, expulsando o ar de seus pulmões. Tremendo, curvado para baixo, Ian pressionou o rosto úmido no seu estômago tremente. Sua respiração quente correndo contra sua pele, uma corrente baixa de palavrões caindo silenciosamente dos seus lábios, quando ela passou os dedos entre os fios úmidos de suor do seu cabelo, acariciando-lhe, fazendo-o querer rosnar em arrogante desafio, ao mesmo tempo em que silenciosamente ele implorava por mais.
Seu cheiro era cada vez mais forte, tornando-o louco, com água na boca pelo gosto de seus lábios e ele foi de repente sobre ela, apoiando-se em seus braços dobrados e pegou um dos mamilos framboesa entre os lábios grossos, trabalhando a carne endurecida contra o céu da boca. Desesperado para provar tudo dela, ele mudou-se ansiosamente para o outro, deixando-o molhado... inchado, depois arrastou sua boca para baixo, pelas delicadas costelas, através do recuo raso do seu umbigo, até que ele beliscou a curva tenra de seu quadril.
Suas mãos calejadas seguravam em sua cintura, acariciando as pétalas suaves de sua pele, e então ele estava trabalhando freneticamente em seu jeans, arrancando-o, empurrando-o para baixo junto com a calcinha branca rendada, cada ação movida por uma primitiva urgência, que devia ser assustador para ele, mas ele já estava longe demais para se cuidar. Ele conseguiu, com sua ajuda, obter uma perna livre, em seguida rapidamente caiu mais baixo, ombros forçando seu caminho entre as coxas delgadas dela, espalhando-as, exigindo que ela abrisse para ele... abrisse espaço para ele.
Um grito ofegante rompeu do peito de Molly enquanto as mãos dela acariciavam o calor liso e ardente dos ombros dele, em seguida os tendões tensos em seu pescoço, antes de encontrar os lugares sensíveis atrás de suas orelhas, ao mesmo tempo ela ofegava baixinho o nome dele uma e outra vez. Molly tocou tanto dele como ela poderia conseguir, seu corpo contorcendo-se debaixo dele com sensual abandono carnal e Ian pressionou a testa contra o seu osso do quadril direito, as palavras saindo do peito em uma corrida, áspera e grossa.
— Cristo, Molly, você está me matando.
— Não. — ela sussurrou, parecendo confusa. — Não... Eu só quero ... eu quero ...
— Você só quer me levar para fora da minha mente. — ele gemeu, seus lábios se movendo contra a suave curva de seu quadril e para a carne macia de sua coxa. — Eu tentei tirar você da minha cabeça, mas eu não consigo parar de pensar em você. Não posso parar de querer saber o que você está fazendo. Não consigo parar de pensar em cada maldita coisa que eu quero fazer com você. Está me deixando louco.
— Não tem que ficar, Ian. Você não entende isso? Você é o único que está fazendo isso difícil. Eu estou aqui, oferecendo tudo o que você precisa... o que quiser.
Ele levantou a cabeça, passando seu pesado olhar sobre o trêmulo corpo pálido, os raios de ouro do sol, derramando através da parede de janelas, fazendo sua pele ter um brilho luminoso. A fez brilhar como uma pérola, brilhante e suave, a mais intoxicante mulher que ele já tinha visto.
— Eu não te vou foder. — disse ele, sua voz grossa com luxúria. — Deus sabe que eu quero, mas eu não posso. Não enquanto eu não confiar no que eu faço com você. Mas isso... isso não vai me impedir de tomar isso.
Ela piscou, olhando entre cautelosa e intrigada.
— Tomar o quê?
Apesar de sua fúria e frustração ele não poderia ter tudo o que queria dela. O canto da boca de Ian se contorceu no nervosismo latente do seu olhar de pálpebras pesadas. Ela queria o que ele era, mas ela ainda estava tímida. Podia ver nos olhos dela, ouvir na cadência de sua respiração irregular, e isso aumentava a sua própria necessidade, fazendo com que ele a quisesse mais do que qualquer coisa que ele nunca quis antes.
Lentamente ele disse:
— Você já teve um cara abaixado em você, Molly?
Seus olhos se abriram comicamente e ela balançou a cabeça bruscamente, um rosa quente subindo do peito, ao longo de sua garganta, florescendo descontroladamente em seu rosto.
— U-uma única vez.
— Você gostou? — Ele perguntou em voz baixa, segurando-a com seu olhar, em silêncio, ordenando-lhe para não desviar o olhar.
Ela balançou a cabeça, molhando os lábios, a cor mais quente em seu rosto ardente. Luminoso.
— Não... não realmente.
— Por que não? — Ele perguntou, seu tom casual completamente em desacordo com o modo íntimo com que se apoiava em seu cotovelo entre as coxas indecentemente esparramadas, e colocou as pontas dos dedos contra os macios cachos dourados no topo do seu sexo, acariciando-os em um processo lento, com toque possessivo.
Ela piscou os olhos ofegante e, finalmente, conseguiu balbuciar uma resposta.
— Eu não posso a-acreditar que estou lhe dizendo isso, mas era... um t-tipo desajeitado... e um pouco... um pouco embaraçoso.
O canto de sua boca se contorceu mais uma vez, sua inocência derretendo-o com ternura, ao mesmo tempo em que o empurrava perigosamente perto do limite, limite brutal da fome que ele estava fazendo o seu melhor para evitar.
— Se você teve tempo para pensar em ter vergonha, então ele não estava fazendo certo, meu anjo.
Ela mordeu o lábio inferior, ofegante, quando ele deliberadamente varreu com o polegar o calor úmido de seu clitóris.
— O que você quer dizer?
— Quero dizer que se um homem sabe como fazer isso direito, — explicou ele em um profundo murmúrio rouco, lutando para se manter calmo — então sua mulher não será capaz de pensar em nada.
Ele passou mais para baixo, acomodando-se nos cotovelos, até que a fenda exuberante estava a apenas alguns centímetros de sua boca, brilhante, cor de rosa e insuportavelmente gostosa.
— Deus, olhe para você. — disse ele com voz rouca, os ombros impedindo-a de fechar as coxas quando ela endureceu com timidez, um murmúrio incoerente de pânico caiu de seus lábios. Puxando em uma respiração profunda o seu cheiro apetitoso, Ian usou seus polegares para abrir mais, revelando o centro doce e rosa que se lembrava tão vividamente de seus sonhos. Então ele cedeu ante a urgência motriz que tinha o estado montando duro desde o momento em que ele fixou seus olhos nesta mulher e sofregamente pôs a boca em seu centro morno, encharcado.
Seu puro sabor, uma mistura doce e salgada, explodiu sobre seus sentidos, de alguma forma ainda melhor do que ele imaginava, e todos os seus anos de experiência e habilidades adquiridas foram perdidos naquele momento, o atordoamento o colocando sob um dilúvio avassalador de fome e instinto insaciável, agarrando a necessidade. Através do rugido animal em seu cérebro, Ian podia ouvir o pequeno e sufocado grito de prazer sair dela, enquanto seu corpo pálido se contorcia abaixo dele. Sua boca funcionou com ela, desesperada por seu sabor.
Uma vez que a ouviu gritar, ele precisava de novo... e de novo, até que ela não pudesse mais aguentar. Ouviu o áspero e erótico choro derramando de seus lábios em sucessão interminável, cada um só acionando a sua própria necessidade em um grau perigoso, mortal.
O primeiro clímax se chocou com ela sem aviso, arqueando-a como um fio elétrico vivo quando ele bateu, a arremessando em algum lugar desconhecido, escuro, infinito. Ian sabia que era uma tentação se atrever a tomá-la de tal forma íntima, mas não conseguia parar... não podia negar o desejo selvagem afiado em seu sangue, que exigia que ele obtivesse o máximo dela como pudesse antes de tudo desabar em cima dele. Não houve dúvida de que ela merecia mais do que isso, mais de um homem que só poderia se dar pela metade. Que tinha que controlar-se como um animal faminto e o conhecimento amargo enrolou pesadamente sobre seus ombros.
Tempo de se retirar, asno, antes que você vá longe demais.
Certo, certo. Apenas um pouco mais, ele prometeu a si mesmo, sua língua pressionando duramente contra o clitóris quando ele agitou dois dedos dentro dela. Ela convulsionou em torno dele em um outro clímax, muito violento, e Ian fechou os olhos, prometendo a si mesmo que ele iria se mover... sair... em um momento. Ele só precisava sentir os músculos exuberantes prenderem os dedos um pouco mais. Só precisava do quente e inebriante perfume enchendo sua cabeça. Precisava do sabor doce contra a sua língua.
Apenas um pouco mais... um pouco mais... E então de repente ele sabia que era tarde demais, que ele tinha levado longe demais. Seus dentes explodiram a partir de suas gengivas em fogo, queimando, e ele congelou com medo até de respirar quando abriu os olhos devagar.
— Chega... basta de me torturar com orgasmos. — ela engasgou, indiferente ao perigo, e ergueu-se lentamente nos cotovelos, seus cachos pálidos pairaram sobre um olho, o peito arfante com a força da sua respiração irregular. Ela parecia tão adorável quanto sedutora. Molhando os lábios com a ponta cor de rosa de sua língua, ela olhou para ele com um fantasma de um sorriso brincando em sua boca provocante e sedutoramente disse:
— Você provou que é o mestre, Sr. Buchanan. Eu me rendo. Estou oficialmente destruída. Totalmente e completamente à sua mercê, e se você não vier para dentro de mim agora, eu não vou me responsabilizar por aquilo que fizer com você.
Ele estremeceu inconstante em seus joelhos, os movimentos diminuíram... foram realizados com excruciante controle, enquanto os músculos tremiam em tensão difícil de controlar.
— Não. — sussurrou ela, de repente vendo o pânico em seus olhos, seu escurecimento com uma miríade de emoções. — Não me deixe. — disse ela entrecortadamente, sentando em uma corrida desastrada de movimento, a blusa esfarrapada pendurada nos ombros, emoldurando o peso feminino dos seios delicados e do trêmulo tronco. Ela chegou para ele, colocando o rosto quente na sua pequena mão fria, os olhos como uma piscina de lágrimas. — Confie em mim, Ian. Vai ficar tudo bem. Apenas deixe-me provar isso a você... deixe-me levá-lo dentro de mim. Por favor...
Um pouco mais, Buchanan. Apenas um pouco mais.
As palavras eram guturais e baixas, vindas de algum lugar profundo escuro e mortal dentro dele e de repente ele entendeu o que estava acontecendo.
Seu Merrick ia atraí-lo para tomar o que era necessário, como um completo estranho dizendo "Aqui criança, experimente um pedaço de doce."
— Porra, não! — As palavras romperam de sua garganta, como a explosão de uma arma e ela se encolheu, enrijecendo, suas mãos foram descendo lentamente do seu rosto.
— Ian? — Seus olhos se inundaram de lágrimas e ela agarrou os pedaços irregulares da blusa, cruzando-os sobre os seios. — Por favor... não faça isso. Não se afaste de mim. Temos que encontrar um caminho através disto. Eu posso te ajudar. Eu sei que posso.
Ela estava errada. Ninguém poderia ajudá-lo, especialmente ela. Mas ele não conseguia pronunciar as palavras para explicar. Inferno, ele não podia sequer olhar para ela. Não sem o diabo tentar. Sem liberar a parte de si mesmo que ele não confiava. Esse medo o assustou, armando o inferno dentro dele.
No final, tudo o que podia fazer era virar as costas para ela.
E correr.




















CAPÍTULO QUINZE
Henning, Quinta de manhã


Sacudindo a cabeça em sua loucura, Rachel Potter andou mais para dentro da floresta, o pinheiro crepitante como uma cama de conchas quebradas sob os pés. Segundos antes, um coelho tinha corrido de seu esconderijo atrás de uma árvore grossa, fazendo seu salto, e ela levantou as mãos como se para repelir um ataque. Não que ela realmente estivesse em perigo, a menos que a bola de pêlos sarnenta estivesse planejando mordiscar suas botas e agredir suas unhas. Ela teria rido do absurdo da reação dela se não estivesse tão insultada pela sua perda de dignidade. Afinal, ela não era um daqueles tolos desmiolados que entravam na floresta por conta própria, não sabendo que sua bússola é pó compacto.
Ainda assim, após o ataque horrível na noite de sexta-feira passada, Rachel não tinha planejado vir sozinha hoje, mas o amigo que tinha arranjado para acompanhá-la não tinha aparecido no café da manhã. Ela teria ido outro dia, mas tinha havido um problema com seu filme e esta era sua última chance de obter as fotos que ela precisava para o seu curso de fotografia de verão.
O ancião, o cone de corda trançado pelo qual ela tinha caído de amores em sua última caminhada, ia ser a peça central que coroaria a tarefa, a iluminação de hoje estava perfeita. Ameaçadora, as nuvens de tempestade rasgavam no horizonte, enquanto feixes de luz do sol radiante de ouro abriam caminho através da escuridão opressiva, pintando a floresta com eixos manchados de cor. Se ela pudesse captar o efeito atmosférico, as fotografias não só estavam levando-a para um A, mas mais do que provável para uma cobiçada bolsa no Instituto de Arte. Considerando a importância que a bolsa tinha para o seu futuro, Rachel não tinha outra opção a não ser ir sozinha, esta manhã. E de qualquer forma, ela não estava realmente com medo. Talvez um pouco assustada, mas ela ainda se sentia mais segura lá do que quando cercada pela agitação da cidade. A Natureza era seu santuário, onde se sentia segura, protegida, em paz. Diferente da cidade onde era cercada de pessoas que sempre a mantinham em guarda, olhando por cima do ombro, imaginando que coisa psicótica iriam fazer a seguir. Pessoas eram barris de pólvora imprevisível neste mundo, mas a natureza... a natureza era seu refúgio. Nem sempre era gentil, mas nunca deixava você para baixo. Claro, isso pode ser perigoso se você não respeita seu poder, mas não era cruel. Não mata pelo simples prazer de matar.
Pelo menos... era assim que ela sempre sentiu, até agora. Eram aquelas histórias de maldição que se alastrava através das montanhas, como um incêndio, colocando todos no limite, que mexia com a cabeça. Ela pensava que os meios de comunicação tentavam propositalmente incutir o medo nas pessoas, mas era óbvio que a propaganda conseguiu envenenar a sua maneira seu subconsciente, pegando-a no seu aperto frenético. Ela tinha ouvido rumores de que havia uma adolescente desaparecida que poderia vir a ser a segunda vítima, apesar de seu corpo ainda não ter sido encontrado. E houve alguns que acreditavam que algum tipo de monstro havia massacrado Kendra Wilcox, mas Rachel não acredita em qualquer uma das histerias sobrenatural.
Pelo menos, ela não tinha pensado que fazia, até que um ruído súbito a sua esquerda a fez vacilar, enquanto empurrou um grito de medo pela garganta dela. Caminhando com a correia da câmara em seu ombro, ela repreendeu-se por permitir a sua imaginação levar a melhor e se forçou a continuar se movendo mais profundamente na floresta.
Cinco minutos depois, ela fez seu caminho para a árvore, com um sorriso aliviado curvando no canto da boca e tinha acabado de alcançar a bolsa da câmera, quando um galho de repente estalou trás dela. Girando, Rachel nervosamente varreu a área, buscando a fonte, enquanto o coração dela batia alucinado dentro do peito, o pânico chamejando trazendo o medo imediatamente a vida. Mas nada estava lá. Pisando para trás, ela olhou de um lado para o outro, aquela sensação estranha de estar sendo observada cada vez mais forte, engolindo-a.
Tremores frios de medo seguraram ao redor de sua garganta, dificultando sua respiração, até que os pulmões dela estavam trabalhando em suspiros duros, afiados. Outro estalo, este partiu de uma direção diferente e ela rodou de novo, rapidamente, enquanto alcançava depressa o bolso de parte de trás e puxava a faca pequena que seu pai havia lhe dado quando ela começou a caminhar sozinha.
— Quem diabos é você, eu não tenho medo de você! — Ela gritou, mas o tremor de suas palavras dizia o contrário. A corrente de ar veio por trás dela, como o movimento de um corpo próximo ao dela, e ela gritou, girando ao redor, quase tropeçando quando ela procurou pela floresta selvagem, olhos frenéticos.
— Juro por Deus, é melhor ficar longe de mim ou eu vou chamar a polícia! — Ela gritou, sabendo que era um blefe. Ela havia perdido seu estúpido celular em uma festa uma semana antes e tinha estado muito ocupada com trabalho e escola para obter um novo.
— Vá em frente e tente. — uma voz profunda e aveludada de repente falou logo atrás dela — E deixe-me saber como ele funciona para você.
Girando, tão assustada que quase perdeu o seu lanche, Rachel encontrou-se cara a cara com um homem.... ele não era um monstro. Nenhuma besta abusiva ou espantosa criatura morta da noite. Ele era apenas um homem alto, de fácil olhar, tipo Adonis de cabelo de ouro. O tipo que teria roubado a sua atenção, se ela passasse por ele na rua, mesmo ele sendo um pouco "certinho" para seus gostos. Ele nem sequer segurava uma arma em suas mãos. Nenhuma faca ameaçadora para o futuro ou bisturi apertado maniacamente na mão dele.
— Você é... você é apenas um cara — ela sussurrou, antes de notar o azul estranho, gelado de seus olhos. Eram do tipo que você via em um animal, não em um ser humano, e o choque arrastou o corpo dela em uma lama espessa e viscosa, mergulhando em seus poros. Ela deu um passo desajeitado para trás, seguido rapidamente por um outro, o cuidado de conservar a faca na sua frente. — Só um cara. — ela repetiu, como se dizer isso em voz alta pudesse de alguma forma torná-lo realidade.
— Tem certeza, meu anjo? — Sua cabeça ligeiramente inclinada para o lado enquanto ele falava, enquanto ele combinava com seus passos, lentamente, perseguindo-a, aqueles olhos brilhando estranhamente iluminado com algo que parecia horrivelmente com a alegria.
— Eu n-não sou um anjo. — balbuciou, tremendo tanto que seus dentes batiam.
— Quer saber um segredo? — Perguntou ele, inclinando com um sorriso lento, sensual que a fez gemer. Como se ele gostasse do som infantil, uma risada, baixa e áspera saiu da boca bonita, e sussurrou — Nem eu.
Ela sabia que ele era o maníaco, então. Sabia exatamente o que ele faria com ela. Tantas perguntas inundaram sua mente, mas tudo que conseguiu dizer foi:
— Por quê?
Suas mãos erguidas crisparam-se em frente da camisa cara dele, o branco nevado do material contra os tons dourados fundos da aparência dele, e ele começou a se desfazer do primeiro botão, então o próximo, lentamente enquanto explicou calmamente.
— Porque eu sou o caçador, e você, meu doce... você é a presa.
Rachel abriu a boca para gritar, para pedir ajuda... mas antes do primeiro som escapar de sua garganta, ele pulou para frente, pegando-a em um aperto mortal, uma mão sobre a boca, enquanto ele fazia baixos sons suaves em sua orelha. Ela queria lutar com ele, cortá-lo, mas não teve mais do que um punhado de segundos antes de ele facilmente lhe tirar a faca. Sua câmera escorregou de seu ombro quando ele forçou-a no chão sob os galhos retorcidos das árvores, os seus membros antigos alcançando para o céu como uma multidão de braços erguidos em oração, mas ela sabia que ninguém poderia salvá-la agora.
Seu devastado grito ecoou pela floresta, um bando assustado de aves levantou vôo no céu da manhã, mas não havia ninguém para ouvi-la.








CAPÍTULO DEZESSEIS
Ravenswing, Quinta à tarde


Esta tinha sido uma semana do inferno. Não que Ian estivesse esperando chá e rosas. Mas, Cristo, neste momento, não ia ser nada difícil para o Casus matá-lo. Ferido da cabeça aos pés, seu corpo uma dor só, latejante pulsar de dor, e com um humor negro.
Limpando o suor de seus olhos, ele reprimiu um grunhido gutural, determinado a ignorar um lampejo, liso visceral do ciúme deslizando através de seu sistema quando ele pensava sobre quanto tempo estava sendo gasto entre Molly e Scott. Ele soltou uma respiração afiada, rolou o pescoço e focou em seu oponente sorridente.
Grande gatinho meu rabo, ele pensou com um grunhido em silêncio. Ele aprendeu por si mesmo exatamente que tipo de forma tomava Aiden Shrader quando ele andou fora na noite de ontem para fumar um cigarro. Ele encontrou-se cara a cara com um tigre de quatrocentos e cinquenta quilos, seus olhos dourados brilhavam com humor quando ele tropeçou para trás em choque e caiu em sua bunda já ferida como um idiota.
Agora, enquanto Ian enfrentava o Watchman arrogante, ele estava consciente que seu Merrick fervilhava debaixo de sua pele, furioso por não poder colocar suas mãos... ou suas garras... no sujeito. Shrader veio até ele em um borrão de velocidade, mas Ian estava pronto. Equilibrou o seu peso nas esferas de seus pés e girou no último segundo, pegando a parte superior do corpo do Watchman, quando ele passou. Segurando tão apertado quanto ele podia, considerando-se que ambos estavam encharcados de suor, Ian usava todo o seu peso para impeli-lo para a parede da garagem, esperando nocauteá-lo.
— Você pode continuar tentando bater seu cérebro, mas não vai adiantar nada — Quinn disse de cima do telhado da garagem, onde havia se sentado pela última hora, observando o treinamento. — Eu tenho dito para Aiden há anos que ele não tem nenhum.
Um rosnado baixo cresceu do Watchman em seus braços, e Ian pode sentir o poder dentro do corpo de Shrader, seus músculos enrolando, ondulando sob sua pele. Ele esforçou-se para obter um melhor controle sobre ele, mas no instante seguinte, Shrader torceu fora de seu domínio, girou e chutou em linha reta logo abaixo de seus joelhos.
Ian caiu. Duro. A dor explodiu em sua cabeça como se o crânio tivesse rachado contra o chão poeirento. Ele expulsou um estouro de ar severo e antes mesmo que ele soubesse o que estava acontecendo, Shrader tinha uma mão sobre sua boca. Então, com um movimento rápido do pulso, o Watchman sacudiu a cabeça para o lado.
A próxima coisa que Ian soube, é que ele estava piscando, olhando contra a claridade da luz do sol brilhante sob o céu de verão azul cristalino, as nuvens de tempestade desde a manhã passaram, deixando uma outra onda de calor recorde em sua vigília. Ele ficou surpreso ao descobrir Shrader, Quinn e Scott ao redor do seu corpo de bruços. Eles olhavam para ele com diferentes expressões que variaram de decepção e descontentamento a de puro desgosto.
— O que você fez comigo? — Ele murmurou, perguntando quanto tempo ele esteve fora.
— É um truque muito simples, se você sabe como fazê-lo. — Shrader falou. — E por falar nisso, você perdeu. Novamente.
— Não me diga. — ele resmungou, lutando para se levantar e sentar. Sua cabeça girava, seu estômago rugiu como se não tivesse comido em dias.
— Eu pensei que alguém que fez tanto combate como você seria capaz de me dar mais competição. — acrescentou Shrader, curvando seu lábio. — Mas você está provando ser tão fraco quanto qualquer outro ser humano que já enfrentei.
Esfregando o nó na parte de trás da cabeça, Ian retrucou:
— Você está tentando me irritar?
 A pronuncia lenta de Quinn era tão seca como o vento da montanha.
— Ele é tão óbvio?
— O que é óbvio é que você é o burro mais teimoso que eu já conheci. — Scott resmungou, falando pela primeira vez.
— Vá para o inferno. — Ian resmungou, movendo-se lentamente para seus pés. Atordoado, ele apoiou uma mão contra a parede da garagem, perguntando se ele ia perder o almoço que tinha comido cinco horas atrás.
— Ele poderia estar vendo você agora. — Scott sussurrou em voz baixa. — Vendo você ter sua bunda chutada. Ele vai pensar que você é tão fácil de matar, tão patético. Supunha-se que você deveria melhorar e não piorar.
Ian quis argumentar, mas era verdade. Ele estava ficando cada dia mais fraco, até que sentiu que tinha sido amarrado a parte traseira de um carro e arrastado pelo deserto.
Embora ele finalmente tenha dormido de pura exaustão, felizmente sem qualquer um dos sonhos recorrentes, como aqueles que ele tinha experimentado no fim de semana, ele se sentia lento, pesado, como se estivesse com uma forte gripe. Seus braços e pernas estavam pesados, seus músculos com cãibra de cada soco e chute que ele levava durante os longos dias de treinamento.
"Você sabe o que você precisa, seu obstinado bastardo. E ela está lá na casa... apenas esperando por você."
Sacudindo o pensamento perigoso, destrutivo, Ian tentou em um processo lento, acalmar a respiração, mas ele podia sentir a fúria violenta por parte do seu Merrick em suas entranhas, furioso e irado, exigindo libertação. Mais do que pronto para tomar o assunto em suas próprias mãos. Ele queria liberdade, naquele instante, mas estava muito fraco para lutar e sair. Havia tanto tempo desde o último sonho, quando o Merrick tinha tomado sangue, que a necessidade se tornou como um parasita, drenando os dois... e Ian sabia que algo tinha de ser feito. Ele só não sabia o quê. Ele combatia a fome há tantos dias que não havia chance no inferno dele ter seus dentes em Molly e não se transformar em um maníaco, voraz em sua fúria.
"Portanto, se esse for o caso, você precisa encontrar outra mulher...."
O pensamento dissonante escorregou através de seu sistema como algo viscoso e frio, mas não foi a primeira vez que ele ouviu. Tinha havido alguns momentos ao longo dos últimos dias que Ian tinha considerado realmente entrar em seu carro, dirigir até uma cidade vizinha e encontrar um bar. Pegar uma mulher. Se mover de volta a seu lugar com ela, o tempo todo esperando como o inferno que o Casus não o estivesse seguindo, quando ele já tinha sido advertido que era "sintonizado" com ele, como uma espécie de sistema de rastreamento sobrenatural. E então o que ele faria? Cruzar os dedos e esperar que ela não percebesse quando ele afundasse um conjunto de dentes em sua garganta?
"Sim, planejamento, ótimo, Buchanan. Você é um estrategista e tanto."
— Calado. — ele murmurou sob sua respiração, imaginando se o fato de estar falando com as vozes em sua cabeça era uma indicação de que ele realmente perdeu a cabeça.
Empurrando-se para longe da parede, ele murmurou:
— Eu estou caindo fora.
Ele não tinha dado mais do que alguns passos antes de Scott agarrá-lo por seus ombros, girar em torno dele e bater-lhe as costas contra a garagem.
— Você não vai a lugar nenhum até que eu fale. — o Watchman resmungou.
Furioso, pois estava muito cansado para ficar cara-a-cara com o idiota, Ian rosnou:
— Estivemos conversando durante toda a maldita semana. Que diabos você quer de mim?
Scott deslocou para frente, ficando bem no seu rosto, sua expressão geralmente descontraída puxada em uma carranca.
— Eu quero que você pare de lutar contra, porque não é só perder o nosso tempo, é colocar a vida de pessoas inocentes na linha. Se você não parar de besteira, você nunca será capaz de derrotar o Casus. Ele vai rasgar você em pedaços antes mesmo de você perceber e depois ele vai para a cidade atrás de Molly. É isso que você quer?
A raiva construiu dentro dele tão rapidamente, que ficou surpreso de não cair com a força de sua fúria.
— Deixe-a fora disso.
— Por que deveria? — O bastardo exigiu em um emaranhado desafiador.
— Porque ela não é problema seu!
— Não, você só...
A voz de Scott sumiu de repente com um deslocar de seu olhar agudo sobre o seu ombro, e Ian mudou sua posição, tentando ver o que tinha captado a atenção do homem. Seus olhos se estreitaram e o sangue subiu quando viu Molly vindo em sua direção a partir do outro lado da garagem em forma de L. Ela parecia muito suave e doce para ter desembarcado no meio desse pesadelo macabro, como um delicado amor-perfeito sendo atirado em um vale de urtigas, ou um cordeiro jogado impiedosamente para os lobos. Esse núcleo vulnerável de ternura o chamou, fez algo dentro de Ian apertar com dor. Fez querer levá-la em seus braços e protegê-la até seu último suspiro, se não fosse pelo fato de que ele não era o herói neste pequeno trama, mas uma das coisas pelas quais ela precisava de proteção.
E, no entanto, ela realmente não o temia. Podia senti-lo, cheirá-lo, e era o que o fascinava mais do que tudo. O jeito que ela poderia ser tão inegavelmente delicada, e ainda, tão forte e destemida.
Por alguma espécie de acordo tácito, Quinn e Shrader afastaram-se para interceptá-la, deixando-o a sós com Scott. Parecia que ela estava discutindo com eles, o seu olhar preocupado foi novamente para onde ele estava com o britânico, que tinha lançado seu domínio sobre ele e agora estava casualmente sustentando seu ombro contra a parede ao lado de Ian. Molly procurou em seu rosto qualquer sinal de que ele queria que ela viesse a ele, sua esperança e preocupação dolorosamente óbvio, e ele trabalhou para manter a sua expressão neutra, embora ele pudesse sentir seus músculos faciais contraindo-se sob a pele. Depois do que tinha quase acontecido na segunda-feira, ele a tinha evitado por dias, saindo do seu caminho para se certificar de que ele nunca estivesse sozinho com ela, e ele podia sentir sua frustração, bem como as feridas de dor que ela tentava duramente esconder. Ela lhe dera nada menos do que a dolorosa brutal honestidade, e ele retribuiu se afastando dela. Não uma, mas duas vezes. Ele continuou esperando que ela entrasse tempestuosamente em seu quarto, tarde da noite, lhe desse um tapa no rosto e o mandasse para o diabo. Mas ela não fez nenhuma dessas coisas.
Ian não sabia se sentia alívio... ou irritação por ela não exigir que ele parasse de agir como um imbecil.
"Você não sabe. Talvez ela tenha mudado de idéia e aberto os olhos para o que você realmente é. Talvez ela nem sequer queira mais você. Talvez ela tenha encontrado alguém."
Travando sua mandíbula, ele lutou contra o desejo de ir com ela, enquanto seu Merrick uivava sua fúria alto dentro de sua mente, o som ecoando contra seu crânio. Ele não queria nada mais do que correr para ela, levá-la ao chão, e se alimentar pouco a pouco do corpo delicioso. Alimentar-se até que ele fosse forte o suficiente para quebrar o seu caminho e sair, e finalmente enfrentar o Casus, pondo um fim a este pesadelo de uma vez por todas.
Ela olhou o seu caminho mais uma vez, seus olhos e sombras escuras, enquanto puxava o lábio inferior suculento por entre os dentes da forma como ela fazia quando estava chateada. Ou quando ela estava chegando, ele se lembrava, queimando de desejo selvagem, que rasgou através dele. Então ela mudou o seu olhar de volta para Shrader, que já havia se tornado íntimo dela, e acenou para o que ele estava dizendo. Um momento depois ela se virou, deixando o Watchmen acompanhá-la em torno do fim da garagem e de volta para a casa.
— Se você quer manter seus olhos, — Ian rosnou quando ele notou a direção do olhar de Scott. — pare de olhar para ela.
Apesar de sua raiva latente, o canto da boca de Scott contraiu em um meio sorriso.
— Sim? E o que você faria sobre isso, Buchanan? Se eu a quisesse, você não poderia me parar. Você está tão fraco agora, você não poderia atravessar um saco de papel.
— Quer tentar? — Ele estava quase esperando que o cara dissesse que sim. Apesar de todas as horas que ele passou treinando essa semana o britânico arrogante ainda não tinha ido treinar com ele e Ian se perguntava por que.
Com o vento chicoteando os fios vermelho escuro de seu cabelo sobre a testa, Scott se inclinou com um sorriso arrogante.
— Não vou dizer que eu não sou tentado, mas temos assuntos mais urgentes.
Ian arqueou as sobrancelhas.
— Sim? Como o quê?
— Seja um asno o tempo que quiser, mas isso não o vai salvar de ouvir o que tenho a dizer.
— Então desembucha.
Por um momento Scott simplesmente olhou para ele, e então finalmente chegou ao seu ponto.
— Quando chegou aqui, havia marcas de mordidas no lado da garganta de Molly, mas eu estou supondo que você não teve o suficiente de seu sangue, se for o caso, considerando o quão fraco é o seu Merrick. Porque elas foram feitas por parte de sua natureza Merrick, pois se recuperou rapidamente. E desde então, apesar de tudo o que te disse, apesar de deixar claro que você tem que alimentar Merrick, para que se liberte, e somente depois disso acontecer você vai ser forte o suficiente para enfrentar o Casus e levá-lo para baixo, pondo fim à seus assassinatos, apesar de tudo isso, não vi nenhuma marca de mordida de novo sobre ela. Eu perguntei por que a Molly.
Fúria enrolou nas costas das orelhas de Ian, agarrando-se no interior da garganta.
— Não é problema seu, raios. — ele rosnou por meio de seus dentes cerrados.
— Isso foi exatamente o que ela disse. — o Watchman rugiu esfregando a palma da mão pela barba em seu queixo, um breve piscar de diversão em seus olhos, embora em termos políticos.
— E eu ainda estou querendo saber por que você acha que esse assunto tem a ver com você. — ele murmurou, desejando que ele virasse fumaça da pior maneira.
Os olhos verdes de Scott se estreitaram com a impaciência.
— Você tem que alimentar-se dela. Se não, de uma maneira ou de outra, você vai acabar por perdê-la. Seja para o Casus, ou porque você teve que tomar o que você precisa de outra mulher. Você não quer passar por isso.
Ian enfiou as mãos nos bolsos da frente, com fala arrastada.
— E eu aqui pensando que você só podia estar esperando para tê-la só para si.
— Eu não teria coisa melhor. — Scott admitiu em um deslizar áspero de palavras, seu olhar fechado. — Deus sabe que ela merece mais do que você, mas eu estou tentando fazer o melhor para todos.
O lábio de Ian fez um pálido arremedo de sorriso.
— Sim, você é um verdadeiro santo.
— E você é um bastardo real. — Scott revidou. — E um morto, se você não puser sua cabeça pra funcionar seu burro. Eu sei que você não quer nada disso, Buchanan, mas não é algo que você pode simplesmente fugir. É hora de aceitá-lo. Pare e faça a coisa certa.
Fincando os pés no chão de areia, de textura quente, esforçou-se para envolver sua mente em torno da resposta. A coisa certa? Jesus, ele nem mesmo sabia o que era mais. Manter as mãos fora dela, não importa o quão louco ele ficasse? Ou afundar suas presas em sua garganta quente, bonita, e colocar em risco sua vida?
— É óbvio que você mordeu Molly antes. — Scott resmungou. — Faça novamente e desta vez leve o tempo que você precisar. Então enfrente esta coisa e acabe com isto.
Ian revirou os ombros num gesto firme, surpreso ao ouvir-se dizendo:
— Você não sabe o que diabos você está falando.
— Não? Então, me ilumine.
Querendo acabar com a conversa ele se forçou a dizer.
— Eu não posso.
O Watchman fez uma careta.
— Eu vi as marcas no pescoço. Não foi minha imaginação.
— Elas estavam lá por causa de um sonho. — ele empurrou as palavras por entre os dentes cerrados.
Scott olhou para ele com desconfiança.
— Que sonho?
Ian hesitou e o britânico fez um som impaciente.
— Se eu vou ajudá-lo, você tem que jogar limpo.
— Molly e eu... quando nos conhecemos, — ele respirou fundo — as duas primeiras noites, nós compartilhamos sonhos. Intensos.
— Vá em frente. — Scott murmurou, empurrando o queixo para frente.
— O que você quer ouvir? — Ele rosnou. — Nós tivemos sexo, eu mordi, bebi seu sangue e por um triz não podia parar na segunda vez que isso aconteceu. Eu não vou arriscar novamente. Eu não serei responsável por sua morte.
Scott olhou para ele por um momento, estudando o seu rosto, seus olhos, então disse calmamente:
— Você vai ter que confiar em mim quando digo que não vai acontecer. Eu posso não ser Merrick, mas lidamos com nossos próprios anseios. Acredite, eu sei como o desejo destrutivo pode ser, mas... você será capaz de controlá-lo.
Perfeito. Ele nunca foi capaz de controlar qualquer coisa em toda a sua vida, razão pela qual ele se tornou tão bom na corrida. Ele não podia acreditar que poderia fazê-lo agora, quando algo tão importante como a vida de Molly estava na linha.
— Você já ouviu falar de algo parecido acontecer antes? Duas pessoas compartilhando sonhos como esse?
Pensando no assunto, o Watchman abanou a cabeça lentamente.
— Não. — ele finalmente admitiu, soando derrotado. — Nunca.
A impaciência de Ian chamejou com força devastadora, quente em baixo da pele dele.
— Então o que significa isso?
— Quem sabe? Poderia ser o seu poder. Ela obviamente tem alguma habilidade psíquica, para poder ouvir os mortos do jeito que ela faz. Então, novamente, poderia ser algo que vem de você. Sua mãe tinha... dons especiais. Dicas da precognição, acreditava-se. O que muitos se referem como "a visão". Ou pode ser uma combinação dos dois. Inferno poderia estar relacionado com o Merrick despertando dentro de você. Até mais do que o início do despertar, não há como dizer com certeza.
— Ótimo. — ele murmurou, levantando o braço para esfregar a tensão na base do pescoço. — Você foi de muita ajuda.
— Eu estou tentando ser. — Scott resmungou. — Se você tivesse acabado de me ouvir. Eu sei que é difícil tomar algo parecido com isto na fé, mas eu estou te dizendo a verdade. Você não vai machucá-la. A coisa mais inteligente que você poderia fazer é ir a Molly agora, rastejar aos seus pés por tratá-la tão mal a semana toda e depois levá-la para a cama e se alimentar dela antes que seja tarde demais.
— Obrigado pelo conselho. — ele zombou — Mas eu vou fazer isso quando estiver bem e pronto.
— Sim, bem, você deixe-me saber que plano idiota está tramando — o Watchman resmungou as palavras duras com uma raiva silenciosa, fervendo — e, entretanto, apenas finja que não há consequências para suas ações. Quanto mais você esperar, mais pessoas inocentes vão pagar com suas vidas por causa de sua obstinação.
— O que você está falando?
Scott cruzou os braços sobre o peito largo, seu tom sombrio enquanto ele explicava.
— Vim aqui para encontrá-lo por uma razão. Kellan me ligou há pouco. Seu irmão tem um outro assassinato em suas mãos. O desaparecimento de uma adolescente foi relatado pelo pai um par de dias atrás. Eles pensaram que ela poderia ter fugido, mas esta manhã alguns caminhantes encontraram seus restos mortais em um canyon, cerca de dez quilômetros de Henning. A história é apenas citada agora nos noticiários, e as autoridades estão chamando de um outro possível ataque de animais. Mas Kellan disse que se parece com o modo de um Casus matar.
Ian podia sentir a cor de seu rosto fugir, enquanto as imagens horríveis da cena do assassinato de Kendra surgiam em sua mente.
— Por que ele iria pegar uma criança? — Ele resmungou. — Eu nem sequer conheço nenhuma adolescente, e de nenhuma maneira no inferno eu iria me envolver com uma.
— Isso não muda o fato de que essa coisa precisa se alimentar. Só porque você e Molly vieram se esconder aqui, onde não pode chegar a você, não significa que ele vai sentar e esperar por você para fazer uma aparição. Ele provavelmente está usando animais em sua maior parte, mas precisa de carne humana para mantê-lo saudável, para construir a sua força, da mesma forma que necessita de sangue. Se não puder colocar suas mãos sobre alguém que está ligado a você, ele vai levar o que ele puder pegar. — Ian começou a andar para longe, mas Scott agarrou seu bíceps tenso, puxando-o de volta.
— Não entende, Buchanan? Você está tentando controlar uma situação que não pode ser controlada, e tudo vai explodir em seu rosto. É hora de lidar com ela, antes de toda a sua vida acaba por ficar fodida.
— Abra os olhos! — Gritou ele, de repente, empurrando os ombros do bastardo, querendo uma luta, necessitando. — Isso já aconteceu. E vocês estão todos sentados aqui como um bando de burros, sem fazer nada!
Era óbvio que Scott quis empurrá-lo para trás, mas lutou contra, as mãos fechadas ao seu lado enquanto ele rosnou:
— Temos nosso trabalho para fazer e você tem o seu, Merrick. Não acho que esses assassinatos vão sair dos noticiários. Teremos que lutar contra tudo isso.
Ian começou a raspar uma resposta mordaz, quando pegou o perfume de Shrader perto novamente. Virando, ele viu o homem fazer o seu caminho em direção a eles, menos Molly e Quinn. Shrader usava uma expressão sombria e Ian sabia que mais más notícias estavam a caminho.
Quando o Watchman chegou, ele olhou Ian e murmurou:
— Molly me enviou com uma mensagem. Ela cochilou durante algumas horas após o almoço e ouviu sua mãe novamente. Isso é o que ela veio aqui para lhe dizer.
— E? — Ele murmurou, perguntando o que diabos tinha Elaina para dizer.
— Molly disse que era difícil de entender. Ela não sabe se a conexão com Elaina está enfraquecendo, mas ela só podia entender parte da mensagem. Algo sobre o Marcador chegando ao poder máximo quando o Casus está próximo.
Scott mudou-se para o lado de Ian.
— Se isso for verdade, então isso explica por que você não foi capaz de ativar o poder da cruz.
Ian balançou a cabeça concordando, enquanto olhava para um pedaço de terra poeirenta, uma vaga idéia cintilando nos cantos de sua mente, lentamente tomando forma como uma imagem se materializando na neblina.
— Há mais. — resmungou Shrader, a expressão áspera com a brutalidade.
— O que é? — Scott perguntou.
— Kellan chamou na linha segura de novo. — explicou o Watchman. — Uma mulher foi relatada como desaparecida em Henning. Uma jovem estudante de arte. Saiu para o bosque esta manhã para tirar algumas fotografias e deveria estar de volta para trabalhar em um dos mercados locais, ao meio-dia, mas ninguém ouviu falar dela. Depois das notícias recentes sobre a adolescente, a cidade inteira está em pânico, acreditando que esta estudante de arte é a terceira vítima.
A idéia que tinha começado a germinar no cérebro de Ian, de repente desapareceu, substituída por uma onda de horror doentio que varreu através de seu corpo, destruindo tudo em seu caminho. Ele não podia pensar, não podia falar. Tudo o que podia fazer era ficar ali, seus músculos se enrolando e flexionando conforme o sol do verão batia em seu rosto. Uma onda vil, devastadora, rolou acima da sola dos seus pés enquanto ele pensava nas mulheres que perderam suas vidas, e tudo por causa dele. Por causa desta coisa dentro dele. Shrader enfiou as mãos nos bolsos, em seguida inclinou um olhar fechado na direção de Scott.
— Kellan disse ainda para marcar uma reunião. Que no momento que você estiver pronto para se dirigir para a cidade, basta chamá-lo.
Scott parecia nada satisfeito com esta segunda notícia, com a boca comprimida em uma linha dura e plana, o sol implacável acentuando a sombra sob os olhos, assim como os sulcos profundos marcando sua boca.
— Vamos? — Shrader perguntou.
Ao mesmo tempo, Ian resmungou:
— Que reunião? — Seus olhos cortaram para trás e para frente entre os dois homens, não gostando da sensação estranha que subia pela parte de trás do seu pescoço, como uma mão fria contra a sua pele, mantendo-o no local, advertindo-lhe que o que eles estavam escondendo, ele não ia gostar.
Scott olhou para ele por um momento, seu olhar sombreado escuro com raiva e frustração e alguma emoção indefinível, e então ele finalmente voltou sua atenção para Shrader.
— Sim. — disse ele, em voz baixa, áspera. — Nós não estamos chegando a lugar nenhum aqui. Eu não queria ir, mas eu não acho que temos outra escolha. Chame Kellan de volta e diga-lhe que estamos em posição agora.
— Pelo amor de Deus, que encontro? — Ian falou através dos dentes cerrados, odiando a maneira que continuavam falando ao seu redor, tornando óbvio que ele estava sendo deixado no escuro de propósito.
— Vou explicar quando chegarmos lá. — Scott disse já indo embora. — Tome um banho e esteja pronto para ir em quinze minutos.
Ian se manteve firme, determinado a não se mover até que lhe dissessem o que diabos estava acontecendo.
— Eu não vou a lugar nenhum até que você me diga o que é isso tudo.
Olhando para trás, por cima do ombro, Scott apertou os olhos contra o clarão luminoso da luz do sol.
— Eu chamei por alguém que pode nos ajudar.
— Alguém? Que tipo de alguém? — Disse, tristemente consciente de que esta era a merda correndo para fora dele. — Se eles não são inimigos, então porque não são eles que vêm até aqui?
— Porque seria uma péssima idéia. — bufou Shrader, antes de lançar um olhar interrogativo para Scott.
Ian respirou fundo, lutando para manter-se calmo, o ardente queimar do sol contra os ombros nus o complemento perfeito para a raiva latente em suas veias.
— Por quê?
Caminhando de volta para ele, Scott não parou até que ele estava próximo ao seu rosto, cara a cara com ele.
— Eu sei que você não vai gostar, Buchanan. Eu sei que você gosta quando dizem a todos para onde ir, mas você só vai ter que confiar em mim.
— Não nesta vida. — ele rosnou, esboçando na boca um sorriso falso.
Os segundos se estenderam lentamente com Scott olhando-o, ambos recusando-se a ceder... a recuar, até que o Watchman deu um passo para trás, o peito subindo e descendo com uma série de duras e profundas respirações. Quando ele finalmente falou, ele não fez qualquer oferta de ameaças, não deu qualquer explicação. Em vez disso, ele falou o que ele sabia que Ian não tinha uma chance no inferno de resistir, e respondeu baixinho:
— Se você quer que ela viva, então faça isso por Molly. Porque esta pode ser sua última chance para salvá-la.






CAPÍTULO DEZESSETE


Enquanto Quinn e Shrader ficavam com Molly em Ravenswing, Ian dirigia seu caminhão para Henning juntamente com Scott, que insistia em andar com ele. Ele não tinha perdido mais fôlego para pressionar o Watchman a responder pois sabia que não ia conseguir, e Scott não tinha oferecido a ele todas as informações, bastando dizer-lhe que a reunião foi marcada para ocorrer. Enquanto o Watchman recostou no banco e fechou os olhos, Ian passou a unidade de trabalho sobre as coisas em sua mente, em busca de uma solução... algo que pudesse pôr fim a tudo isso sem afundar seus dentes na garganta de alguém. Ele sabia que precisava fazer alguma coisa, caramba... mas o quê? Qual era a resposta? Ele sentiu como se estivesse pairando bem na frente dele, provocando-lhe, mas não importava o quanto ele tentasse, ele não poderia agarrá-la.
Apesar das estradas sinuosas da montanha, fizeram o percurso rápido enquanto desciam de Ravenswing, o sol ainda pairava no céu como uma bola ardente para além do crepúsculo de lavanda quando chegaram ao estacionamento compartilhado por Nate, um lugar usado para reuniões em Henning e o Mountain Inn Motel. Houve alguns momentos inquietos quando ele saiu do caminhão e viu Aubrey Rodgers, uma mulher com quem ele havia saído brevemente no ano anterior, vindo em direção a ele com um sorriso brilhante e graciosa boca pintada de vermelho-cereja. Sabendo que a cada segundo que passava em sua companhia colocava sua vida em risco, Ian fez o possível para se livrar dela rapidamente. Ele era um homem marcado, como o beijo da morte e, entretanto, ele poderia contar que ela estava ferida pela dispensa curta dele, mas era melhor do que se arriscar a ser vista com ele.
Felizmente, não havia ninguém no estacionamento para testemunhar a sua breve discussão, e ele seguiu um Scott pensativo pelo asfalto aquecido pelo sol, em direção ao motel até a escada de metal pintada que levava para o segundo andar dos quartos. Ian não poderia ajudar, mas preocupava-se sobre a sorte de merda que tinha colocado Aubrey em seu caminho. Ela nem sequer vivia em Henning, assim quais eram as probabilidades? Ele não a tinha visto em meses, e então bam! Lá estava ela. Seu olhar desconfiado se dirigiu ao cume espesso da floresta, que começava do outro lado do motel, e ele se perguntava se o Casus poderia estar lá fora. Ian esperou como o diabo que ele estivesse apenas sendo paranóico, mas não conseguia sufocar o sentimento desconfortável em sua garganta que lhe dizia que Aubrey Rodgers havia sido parafusada pelo dedo inconstante do destino.
Você está exagerando, homem. Ninguém viu. Ninguém estava olhando.
Eles chegaram ao corredor e Scott virou à direita, descendo a passarela de concreto liso, em seguida virou à esquerda na esquina. Parando em frente à segunda porta, ele levantou o punho para bater na porta verde escuro com uma pancada forte. Ian ficou com as mãos enfiadas nos bolsos, perguntando no que eles estavam entrando enquanto lançava um olhar inquieto sobre seu ombro, em direção à floresta novamente, incapaz de afastar a estranha sensação de que estava sendo vigiado. Ao som da fechadura sendo aberta, ele balançou a cabeça para trás e olhou a tempo de ver a porta sendo aberta por uma versão mais escura, um pouco mais jovem do homem ao seu lado. O cara tinha grossos cabelos vermelhos escuros, que pareciam quase negros, olhos numa invulgar mistura de azul e verde, e Ian sabia que ele devia ser o irmão de Kierland, Kellan. A semelhança entre os dois homens era inconfundível e, enquanto Kierland era uma polegada mais alto do que ele, Kellan era mais musculoso que seu irmão, com uma configuração que poderia pertencer a um jogador profissional de futebol.
Com seus olhos de cor ímpar piscando de curiosidade, o jovem Watchman se afastou para dar passagem, em seguida fechou e trancou a porta, e disse,
— Morgan já vem. — Virou-se e estendeu a mão para Ian, o aperto firme balançou e com o mesmo traço de sotaque britânico que seu irmão, ele sacudiu a cabeça em direção a Scott, falando — Eu sou o irmão mais novo deste imbecil, mas não use isto contra mim. Meu nome é Kellan.
Antes de Ian pudesse responder, Scott perguntou:
— Teve problemas para chegar aqui?
Kellan voltou sua atenção para seu irmão e abanou a cabeça.
— Nenhum. Tudo foi tranquilo.
Ian se afastou deles, olhando em volta em busca de pistas que pudessem revelar o que estava acontecendo, mas o quarto parecia intocável, a única bagagem que ele podia ver era uma mochila surrada colocada junto à parede. Ele podia ouvir o som de água corrente vindo do interior, revelando a presença de uma terceira pessoa, o cara chamado Morgan que Kellan tinha mencionado, e só podia supor que era quem haviam vindo encontrar.
Mal-humor sombreava como uma presença gótica dentro do espaço limitado, o mobiliário apenas uma cama queen-size, cômoda e mesinhas de canto, juntamente com uma mesa e uma cadeira. Embora houvesse duas lâmpadas, permaneceram desligadas, a única fonte de luz provinha do derramamento do crepúsculo que fazia o seu caminho em meio às cortinas inclinada, revelando uma vista deslumbrante sobre a densa floresta que se estendia até o lado da montanha .
Alcançando o maço de cigarros que ele tinha colocado no bolso de sua camiseta, Ian inclinou um olhar cuidadoso para Scott, que tinha tomado posição contra a porta fechada, como se quisesse bloquear a única rota de fuga. Eles esperam que ele fugisse, então? E em caso afirmativo, por quê?
Indo no bolso dianteiro da calça jeans para o seu isqueiro, ele disse,
— Você não acha que é hora de você me contar o que está acontecendo aqui?
Antes que o Watchmen pudesse responder, a porta do banheiro abriu e uma mulher apareceu. Ela parou na porta, quando seus olhares foram capturados, um braço levantado, pressionando uma toalha de mão branca em seu rosto, sua pele refrescante como se ela tivesse acabado de lavar-se. Ian atraiu uma respiração profunda e sabia, de imediato, que não era humana. Cheirava semelhante ao Watchmen... só mais suave, mais doce. Alta e magra, com olhos cinzentos e sombrios num rosto em forma de coração que parecia como se tivesse sido esculpido em porcelana fina, ela era inegavelmente bonita. Embora tivesse uma figura de assassino, usava uma simples camiseta e jeans, mal vestida para a sedução e, no entanto, bastou um olhar para ela e Ian sabiam exatamente o que tinha por baixo.
Impulsionada por um crescimento rápido, surpreendente de fúria, seu cigarro apagado caiu de seus dedos, esquecido, e ele pulou para Scott, pegando-o pela frente da camisa. Torcendo o punho no algodão macio, Ian levantou o Watchman fora do chão, em seguida, ele o bateu na porta com um estalo, duro retumbante.
— Filho da puta. — ele rosnou.
Os olhos verdes de Scott olharam de volta para ele com intensidade, sem pestanejar, a sua expressão estranhamente vazia, como se um véu tivesse sido puxado sobre o rosto, removendo qualquer vestígio de emoção.
— Fique bravo comigo o quanto quiser Buchanan, mas você não nos deixou escolha. Você não vai se alimentar de Molly e a contagem de corpos está subindo.
— Eu não vou fazer isso. — A escuridão, as palavras ásperas foram arrancadas de sua garganta, sem direção consciente de seu cérebro, nascida completamente do instinto de uma parte do que ele se recusou a olhar muito de perto. Ele não queria pensar, ele não poderia continuar com esse plano. Só Deus sabia que a mulher era bonita, e aparentemente pronta, mas isso não importava.
Esforçando-se para tomar uma respiração profunda, estremecendo, Ian agarrou sua raiva com o que restava de seu controle e libertou Scott. Afastou-se olhando em volta da sala, avaliando os outros dois, tentando conseguir uma leitura sobre as suas emoções e fazendo o seu melhor para esconder as suas próprias. Enquanto Kierland lutava para esconder sua raiva latente sob uma máscara de indiferença, o seu irmão simplesmente pareceu intrigado, como se estivesse assistindo um drama fascinante de entretenimento. A postura de Kellan era casual, ombros largos encostados na parede às suas costas, braços musculosos cruzados sobre uma camiseta desbotada do Led Zeppelin. Mas era a mulher, Morgan, que era mais fácil de ler, era óbvio o alívio dela no relaxamento de sua expressão, como se tivesse sido concedido uma prorrogação.
— Esta é sua última chance de fazer o que é certo. — disse Scott em voz baixa, quebrando o silêncio. — Se você não quiser mais sangue de mulheres inocentes em suas mãos.
— Eu sei que vai ser difícil para um canalha hipócrita como você, — Ian zombou — mas faça-me um favor e dispense o caralho do discurso: "Abra os olhos, Merrick. Eu estou tentando fazer-lhe um favor."
Kellan assobiou baixinho, os olhos arregalados quando ele olhou para trás e para frente entre eles, enquanto a mulher simplesmente permanecia na porta, escutando atentamente o argumento.
— Tudo o que eu estou pedindo é que você seja sensato e pense no que está sendo oferecido aqui, antes de deixar o seu temperamento tirar o melhor de você — acrescentou Scott, colocando os dentes de Ian na borda. — Morgan percorreu um caminho longo como o inferno para vir aqui, e devo-lhe muito.
Puxando um cigarro, Ian rapidamente acendeu a ponta com o isqueiro e deu uma tragada, afiado, duro, fazendo seu melhor para ignorar a forma como a maldita mão tremia.
— Eu não acredito nisso — resmungou, dando outra tragada profunda, não parando até que a fumaça queimou seus pulmões. Ele precisava que queimasse em aguda dor para se centrar, enquanto se focalizava nisto para impedia a raiva e a frustração de dominar. — Eu não sabia que vocês eram alcoviteiros além de tudo.
— Eu te trouxe aqui para se alimentar dela. — Scott grunhiu, seu ar de indiferença calma escorregou um pouco, permitindo que a sua própria frustração aparecesse. — Você está com medo de ferir Molly, mas Morgan é uma de nós. Você pode tirar o que precisa dela sem se preocupar em ferir, e depois ir a caça desse bastardo e pôr fim a esta coisa, de uma vez por todas, antes que mais pessoas inocentes percam a vida.
Apesar da sua fraqueza, Ian podia sentir seu Merrick subindo dentro dele, sedento de sangue, inegavelmente tentado pela oferta que estava sendo colocada a seus pés e, no entanto, dolorosamente consciente do que significaria aceitar. Não havia dúvida de que Kierland sabia exatamente como torcer a faca, sabia, assim como Ian e Merrick sabiam que as suas opções eram limitadas. Ou tomar Molly... e correr um risco impensável, ou tomar de outra pessoa, e ao fazê-lo, cortar todos os laços com ela para sempre. Porque uma vez que ele fizesse isso, não haveria chance no inferno que Molly Stratton iria querer estar perto dele novamente. Não depois que ela ofereceu-se para ele tão livremente e ele recusou virando as costas para ela.
Pelo amor de Deus, iria estar a milhas dele novamente.
— Eu não as matei. — ele fervia, precisando de uma saída para sua raiva visceral, animalesca, incapaz de contê-la. Apagando o que restava do seu cigarro em um cinzeiro de plástico, ele tomou um passo agressivo para Scott, que ainda estava de costas para a porta.
— Talvez não. — o Watchman falou, observando-o de perto, suas sobrancelhas desenhadas em um V profundo sobre o verde pálido de seu olhar. — Mas você não tem feito muito esforço para salvá-las, tem?
A próxima coisa que Ian sabia, era que estava batendo com o punho na mandíbula de Scott e vendo como a cabeça do homem girava para o lado. Com reflexo relâmpago, Scott respondeu com um soco de rachar contra as costelas já feridas de Ian, arrancando um urro gutural de seu peito, ao mesmo tempo Ian conectou com um direto rápido embaixo do queixo do bastardo.
— Porra! Vocês dois precisam relaxar! — Kellan resmungou quando ele entrou na briga e tentou separá-los, enquanto os socos continuavam a voar. O som de um punho batendo contra cartilagem fez um som grosso, fazendo o jovem Watchman gritar para ambos irem para o inferno. Eles bateram na mesa, jogando a luz no chão, em seguida bateram na parede oposta, derrubando uma paisagem emoldurada quando Scott errou o rosto de Ian e enviou os dedos ensanguentados direto para a parede.
Eles estavam muito aprofundados na sua ira, e no final foi Morgan quem finalmente conseguiu separa-los se colocando entre eles, os braços estendidos pressionado contra o peito arfante. Nenhum homem se mexeu, com medo de bater-lhe por acaso, e por isso ela foi capaz de detê-los, enquanto gritava para que parassem de agir como um casal de adolescentes.
— Tudo bem, tudo bem — Scott ofegou, recuando até encostar contra a parede, sua respiração irregular com ele curvado para frente, apoiando as mãos sobre os joelhos. Olhando para cima através dos cabelos escuros caídos sobre a testa, ele finalmente disse — Esta não foi a minha primeira escolha, Buchanan. Confie em mim. Tentei várias vezes fazer com que você fizesse a coisa certa, esta semana. Eu disse a você hoje para levar a sua bunda até em casa e levar Molly para a cama. Mas você recusou, disse que nunca vai acontecer e eu aceito a sua decisão. Eu não concordo com ela, mas eu finalmente percebi que você nunca vai mudar de idéia. Isto torna esta a sua única opção. Pegue o que Morgan oferece, o que ela está disposta a dar, porque se você não fizer isso, você nunca vai ser forte o suficiente para enfrentá-lo e aquele maníaco bastardo vai continuar as apanhando, uma por uma.
Ian mudou seu olhar para Morgan, os olhos cinza enormes quando ela olhou... estudando-o. Não houve dúvida de que ela era uma das mulheres mais bonitas que ele já tinha visto, mas não mudava o fato de que ela não era o que ele queria.
— Por quê? — Ele murmurou, enquanto um suor frio de um desconfortável pânico eclodiu sobre a sua pele. — Por que você veio aqui?
— Eu não sou uma prostituta, se é isso que você está pensando. — disse ela, sua voz suave, mas forte. — Eu sou um soldado, o mesmo que estes dois. Eu, entretanto, sou uma mulher, que é o que você precisa. Eu também compreendo o quão importante você é, assim como é importante que você tenha todas as vantagens possíveis quando tiver que lidar com o Casus. Sendo esse o caso eu queria que você tivesse uma escolha.
Cristo. Então, ela estava ali para se sacrificar pela causa. Empurrando os dedos doloridos através de seus cabelos, Ian silenciosamente amaldiçoou baixinho, pensando que suas boas intenções seria a fudida morte dele.
Morgan estava oferecendo-lhe a resposta perfeita para uma situação de merda, e ainda assim ele simplesmente não podia levá-la, pois o simples fato de tocá-la significava perder qualquer chance que poderia ter com Molly. E não importa o quão improvável que o futuro parecesse, era algo que ele não iria, não podia jogar fora.
Pigarreando, ele tentou explicar.
— Não é que você seja... isto é, não seja apreciada, mas eu temo que você desperdiçou seu tempo vindo aqui.
Em vez de discutir, ela o surpreendeu com um leve sorriso.
— Não vou dizer que estou surpresa. Depois que ele explicou a situação entre você e sua mulher, — disse ela empurrando o queixo para Kierland — eu disse-lhe que você não iria até o fim, mas o burro nunca escuta.
— Você concordou em vir aqui. — disse Scott raivoso, olhando para ela enquanto mudava de posição, inclinando os ombros contra a parede à sua volta.
— Mas não para você — ela resmungou, tomando um lugar ao pé da cama. Com os braços delgados cruzados sobre o peito, ela se virou para Scott. — Eu concordei porque há uma guerra iminente e eu estou disposta a fazer o que precisar para garantir a vitórias do lado correto.
— Confie em mim, eu sei exatamente o que você está disposta a fazer. Por que outra razão você acha que eu chamei você e não alguma outra mulher? — Kierland rugiu, seu tom amargo surpreendeu Ian, tornando-se óbvio que estes dois tinham algum tipo de história.
— Oh... — ela sussurrou, lançando um tom sedutoramente baixo a sua voz. — Isso foi golpe baixo, Scott. Mesmo para você.
— Basta ignorá-lo. — Kellan suspirou, dando-lhe um olhar de desculpas. — Você sabe que ele adora mexer com você, Morgan.
— Ele não está chegando a qualquer lugar perto de meus botões. — ela murmurou, mudando a sua atenção para Ian, suavizando sua expressão. — E por que vale a pena, eu acho que você deveria ter um pouco mais de fé em si mesmo. Seus sentimentos são fortes o suficiente para mantê-lo fiel a ela, mesmo quando você sabe que pode significar sua morte. Eu não sou do tipo que aposta, mas eu colocar tudo que eu tenho sobre o fato de que você nunca poderia machucá-la. Mas ninguém pode dar-lhe a prova, até que você descubra sozinho. É algo que você só vai ter que aceitar pela fé cega.
Passeando pela sala, Ian mudou-se para a janela, olhando através das cortinas vendo o céu que estava escurecendo, sua atenção focada em suas palavras, trabalhando-as em sua mente. Havia algo lá que chocoalhava sua memória, lembrando-o do momento no domínio da formação, durante a sua discussão com Scott, quando uma vaga idéia começou a se formar na borda de sua consciência.
A voz de Scott veio do outro lado do quarto, interrompendo seus pensamentos.
— Eu sei que você não quer, Buchanan, mas é hora de enfrentar o que tem de ser feito.
O queixo de Ian caiu no chão, enquanto a imagem em seu cérebro começou a se cristalizar, crescendo mais clara... mais nítida, vários fragmentos de conversa dando voltas e mais voltas em sua mente.
O Marcador vai chegar ao poder quando o Casus estiver perto....
Aceitar a fé cega...
Tempo para enfrentar o que tem de ser feito...
Quando o Casus está perto...
Filho da puta! Ele tinha sabido que havia algo de significativo na mensagem que Shrader tinha entregado a pedido de Molly, mas não sabia o que era até esse instante, quando foi atingido pelo choque da compreensão um grunhido baixo batendo em seu peito. Ele tinha a resposta, caramba, e era a solução mais simples de todas.
Simples? Mais suicídio, a sua consciência rosnou.
É verdade, mas era melhor do que fazê-lo dia após dia, lutando contra a tentação constante para ter Molly, com medo de que ele iria acabar por matá-la, sem solução lógica à vista. Ele não estava indo se alimentar dela, e ele não estava indo se alimentar de ninguém. O que significava que ele poderia ficar por aí e não fazer nada ou ele podia finalmente conseguir sair e tomar algumas medidas.
E finalmente ele sabia exatamente o que fazer.
Virando-se, empurrou suas mãos maltratadas em seus bolsos e disse calmamente:
— Eu estou saindo.
Scott fez um som baixo de frustração, seus olhos verdes piscando com impaciência.
— Correr de volta pra Ravenswing não vai resolver nada. — vociferou Scott.
Ian puxou os ombros, sabendo sem dúvida, que o Watchman não ia gostar de seu plano.
— Eu não vou voltar para o composto.
Scott olhou para ele como se tivesse enlouquecido.
— Você está indo para casa? — Ele rosnou. — Se você voltar para seu apartamento, ela ainda estará em perigo. Molly sabe onde você mora, Buchanan. Ela vai vir atrás de você.
Ele balançou a cabeça.
— Você está certo, mas não é para lá onde estou indo.
— Então, onde você está indo? — Kellan perguntou, raspando a palma da mão contra sua barba.
Respirando fundo, Ian disse:
— Eu vou voltar para o começo.
Kellan enviou um olhar cômico de confusão para o seu irmão.
— Que diabos isso significa?
Mas Ian podia dizer que Scott sabia exatamente o que ele quis dizer. Quando o olhar verde pálido perfurou-o com intensidade, o Watchman disse lentamente:
— Você vai voltar onde Elaina estava. Voltar para a Carolina do Sul, não é?
Ian balançou a cabeça.
— Molly não conhece a casa lá, então ela não pode seguir-me. E você me disse outro dia que essa coisa está sintonizada comigo. Que ela saberia se eu estava aqui e eu saberia de volta, saberia onde eu fui. Que onde quer que eu vá, o Casus vai me seguir. É com isso que estou contando. E quando isso acontecer, vou usar o Marcador para pôr um fim nele.
Para fazer este trabalho, ele precisava estar longe o suficiente para que Molly não pudesse chegar até ele, precisava levar esta coisa para seu próprio chão e enfrentá-lo lá. Embora eles falassem sobre sua infância, ele nunca disse a ela onde cresceu. E ele sabia de suas conversas que Elaina não tinha falado com ela sobre sua educação, muito menos sobre onde eles viviam, o que significava que ela não sabia sobre a casa. Riley disse que Saige estava pensando em usá-la, mas graças ao Watchmen, ele sabia que ela ainda estava na América do Sul. O que significa que sua casa de infância estava vazia... só esperando. Assim, ele voltaria para o lugar onde ele primeiro ouviu as histórias dos Merrick e Casus e esperava que esta coisa fosse até ele.
Algo no intestino de Ian disse a ele que não iria demorar muito.
E talvez... apenas talvez, o Marcador que ele carregava no bolso seria suficiente para salvá-lo, mesmo sem a força de seu Merrick.
O queixo de Scott estava cerrado e ele forçou as palavras através de seus dentes.
— Mesmo se você conseguir que a cruz funcione, vai ser fácil para ele matá-lo na forma humana e você não será capaz de mudar, porque você ainda não terá se alimentado. Você pode matá-lo, Buchanan, mas ele vai acabar levando você com ele.
— Se você não ouvir falar de mim dentro de poucos dias, então você saberá o que aconteceu. — ele murmurou. — E não importa o que aconteça, mantenha um olho sobre o meu irmão. Não o deixe pendurado para fora com o vento. Ele é um duro filho de uma cadela, mas se mais dessas coisas estão a caminho, então ele vai precisar de sua ajuda.
Com isso dito, Ian virou para a porta, até as próximas palavras de Scott o fazerem parar.
— E o que você vai dizer a Molly? — O Watchman perguntou.
Curvando os ombros, Ian enfiou as mãos nos bolsos.
— Eu não posso chegar perto dela agora. Eu não vou lhe dizer nada.
— E ela vai te odiar por isso.
Era o mais provável, mas não podia pensar nisso agora. Ele não podia pensar nela, ou ele ia sair de sua mente.
— Então, o que eu devo dizer a ela? — Scott rosnou.
Trabalhando o queixo, ele disse:
— Diga a ela que eu disse que ia para casa.
— É isso? — O Watchman sussurrou, sacudindo a cabeça.
Ian poderia pensar sobre um milhão de outras coisas que queria dizer para ela, mas não conseguiu.
— Diga a ela que ela fez o que veio fazer aqui e agora é hora de seguir com sua vida.
Banal, ele reconhecia, mas o que mais ele iria dizer?
Como se sentisse a sua determinação, Scott amaldiçoado baixo em sua respiração, então disse calmamente:
— Você é a melhor esperança, espero que você saiba o que está fazendo, Merrick. Se não, você está indo se encontrar com o inferno.
— Então eu vou estar em casa. — Ian falou, e com um sorriso duro se virou, abriu a porta e saiu para a noite que caía.
























CAPÍTULO DEZOITO
Quinta à noite


Com uma música suave tocando em seu rádio, Aubrey Rodgers fez seu caminho para casa até o trecho estreito da estrada, seus faróis cortando duas rígidas vigas através da escuridão. Ela cantou baixinho, batendo uma mão contra o volante do seu Honda no ritmo perfeito com a música, sua mente estava a milhas de distância, encravada no homem que encontrou mais cedo naquela noite no Nate. Quando ela viu pela primeira vez Ian Buchanan, no estacionamento do shopping center, tinha tanta certeza de que ele estava à espreita. Ele tinha aquele olhar predador em seus escuros olhos azuis o que ela havia aprendido a reconhecer e tinha chegado ao amor durante os dois meses que eles ficaram juntos no ano passado. Dois meses que tinha deixado seu corpo murcho, dolorido pelo apetite sexual voraz dele, mas mais vivo do que alguma vez tinha sentido na vida inteira.
Aubrey não ficou surpresa ao vê-lo hoje à noite no bar. Se alguém tinha um motivo para beber, era Ian. Ela tinha ouvido falar sobre o que havia acontecido com Kendra Wilcox e ela tinha estado pronta para consolá-lo, mesmo sabendo que ele não a quereria por mais tempo do que o necessário para pôr para fora a tensão e o sofrimento dele.
Ele enviou-lhe um sorriso apertado quando ela se aproximou dele, seus saltos desconfortáveis clicando contra o asfalto arenoso, esperando que não estivesse a ponto de se fazer de boba e isso até que o segundo homem tinha saltado do caminhão de Ian. Aubrey tinha hesitado por um momento, sabendo que Ian não era de se socializar. Quando ele ia para um bar, ele ia sozinho, embora ele raramente deixasse desse jeito. O desconhecido tinha sido mais fácil de olhar, embora não mais amigável do que Ian, como se ela estivesse interrompendo algo importante. Ele se afastou alguns passos, fazendo uma chamada em seu telefone celular, permitindo alguma privacidade com Ian e eles conversaram por um momento, a conversa tinha sido inábil e plana. Havia sido dolorosamente óbvio que ele não estava interessado em qualquer consolo que ela tivesse para oferecer e ela quis chutá-lo nas pernas por ser um idiota, mas abafou o impulso. Em vez disso, ela tentou mostrar-se fria quando ele lhe disse que tinham de se encontrar com alguns amigos. Ela disse adeus, entrou no bar e depois assistiu através de uma das janelas da frente como ele e o homem de cabelos vermelhos tinham se dirigido para a porta ao lado, em direção ao motel.
Bastardo. Ela podia imaginar exatamente com que tipo de "amigos" tinha se encontrado.
— Asno arrogante. — ela murmurou baixinho, odiando que ele ainda detinha o poder de fazê-la fraca nos joelhos. Quando seu breve romance tinha terminado, ela decidiu, com mais uma garrafa de tequila compartilhada com um grupo de amigas, que homens como Ian Buchanan eram o equivalente sexual de chocolate. Mesmo quando você sabe que eles irão te fazer mal, quando confrontada com a tentação você nada podia fazer além de desejar comer.
Na sequência de uma longa curva na estrada, quando Aubrey tinha acabado de se abaixar para acionar a música mais alta, um homem entrou no meio de sua pista, apenas um punhado de metros à frente do seu carro. Gritando, ela puxou o volante em reação, enviando o carro em duas rodas, uma vez que perdeu o controle ao lado da estrada. A extremidade dianteira bateu na vala rasa que ladeava a estrada, mandando o carro para baixo, antes de ele bater e parar rangendo contra o pesado tronco de uma árvore.
Pendurada de cabeça para baixo, presa pelo cinto de segurança, Aubrey lentamente abriu os olhos, consciente de uma dor diferente de tudo que já tinha conhecido, pulsando de uma extremidade de seu corpo para a outra. Ela queria gritar, mas havia muito sangue em sua boca, escorrendo pelo rosto, nos olhos, manchas na sua visão como tiras de carmesim de terror. O motor ainda estava funcionando, o cheiro de gasolina enchendo o ar da montanha. Ela sabia que tinha que sair do carro antes que ele explodisse em chamas, mas ela não conseguia se mexer.
Faça isso! Ela silenciosamente gritou. Move seus braços, porra! Mas eles permaneceram flácidos... inúteis... quebrados, as mensagens se perderam em algum lugar nas profundezas de sua mente. Ela teria medo de ficar paralisada, se não fosse pela dor excruciante que a agarrava pulsando de agonia.
E então ela viu algo abaixar-se para baixo na terra, além da janela do motorista quebrada ao lado. Piscando pelo sangue que escorria em seus olhos, Aubrey viu o olhar mais pálido que já tinha visto. Olhos de Anjo. Perfeito, lindo e azul.
— Socorro. — ela gemeu, fazendo uma oração silenciosa de agradecimento por ser salva.— D-dói.
— Não por muito tempo. — ronronou um loiro lindo, estendendo a mão para ela, um sorriso lento, tenro que se derreteu pela boca sensual dele, apenas alguns segundos antes das mãos transformarem-se em aterrorizantes garras mortais. Elas rasgaram através do cinto de segurança, a seda cara do vestido novo, antes de cortar sem esforço através de seu seio direito. O grito que estava enterrado dentro forçou seu caminho para fora, doloroso e arranhando a garganta dela, deitando fora da boca quando sentiu ele agarrar seu cabelo.
No momento seguinte, Aubrey Rodgers foi retirada do carro ao calor fértil da noite, e entregue ao inferno.



CAPÍTULO DEZENOVE
Laurente, Carolina do Sul, sábado de manhã


Ian sentado no piso de madeira sem nada mais do que um par de jeans, encostado na parede, suas longas pernas flexionadas e olhando através da janela da sala de estar suja. Embora a umidade estivesse subindo, o piso ainda estava frio em sua bunda, enquanto observava o corte deprimentemente cinza do céu ficando laranja, o sol nascendo no horizonte como uma fênix. Golpeou-o como uma analogia estranha, mal ajustada, considerando-se que nada iria renascer aqui. Nenhuma segunda chance na vida. Este era o fim, uma conclusão, o ato final de um pesadelo macabro que teve, olhando para trás, um tempo para chegar.
A cerveja gelada estava empoleirada em seu abdômen, a garrafa gelada contra a sua mão e, ainda, uma espessa camada de frustração cobria seu corpo, pegajosa e úmida contra a sua pele. Não importava quantas cervejas ele bebesse a realidade ainda era uma lâmina cega, sombria, que cortava o seu caminho através de seu intestino, implacável e sem misericórdia.
Ele sabia que tinha feito a coisa certa ao vir para casa onde ele cresceu, mas ele ainda se sentia mal sobre a forma como fez isso. Ele deveria ter dito adeus a Molly ao invés de deixar Scott, aquele idiota, entregar a mensagem. Mas, Deus, e ele não pensou que pudesse ter se controlado estando em frente a ela. Não quando sabia que provavelmente teria sido a última vez que a via.
Loucura, que depois de passar tantos anos sem sentir nada, um tumulto de emoções agora invadiram seu sistema, tão cruel, deixando-o sugar o vento enquanto ele lutava para lidar com eles. Não, ele sabia que não poderia ter dito adeus, porque se tentasse, jamais teria feito isso. Teria se agarrado a ela, e Molly teria sido dele. Ele teria acabado levando-a... não importando o quanto se importava com ela e ele sabia que se importava, mas não confiava na escuridão fervendo dentro dele. Então, tinha fugido como um ladrão na noite, assim como seu velho.
"E agora você nunca verá a pequena Senhorita Molly Stratton novamente. Feliz, idiota?"
A maldição afiada sibilou por seus lábios e Ian arremessou a garrafa de cerveja contra a parede oposta, a ruptura violenta do vidro quebrado foi o complemento perfeito para o seu mau humor.
Inclinando a cabeça contra a parede, ele empurrou as mãos em seus cabelos. Segurando as vertentes úmidas de suor, fechou os olhos, mas em vez de se acalmar, visões de Molly suave, com seu radiante sorriso estava enroscado em sua mente. O olhar luminoso cada vez que ela olhava para ele. Não queria magoá-la, caramba, mas não tinha escolha.
Ainda assim, ele odiava se sentir como se a tivesse traído, o sentimento pesado, azedo de culpa sentado em seu intestino, como algo rançoso, fazendo-o doente. Esfregou as mãos pelo seu rosto golpeado, como se a simples ação pudesse enxugar sua frustração amarga, e admitiu não saber o que o futuro traria, mas tinha que encarar o fato de que havia jogado fora a melhor coisa que tinha acontecido com ele.
Não que isso importasse. Inferno, ele provavelmente não iria sobreviver ao fim de semana, assim que diferença fazia se ele nunca iria vê-la novamente? Mesmo se ele sobrevivesse, ele não saberia onde procurar por ela. Como o teimoso bastardo que era, ao percebeu que ela significava algo para ele, não perguntou onde ela morava. Ele não tinha sequer olhado em sua bolsa a sua carteira de motorista.
Não, ele tinha reconhecido desde o início, que esta mulher era perigosa para a sua paz de espírito então era melhor não abusar da sorte e assegurar que, quando eles cortassem os laços, se era ela ou ele, não poderia ir rastejar mais tarde atrás dela.
No chão a poucos metros de seu quadril, seu celular vibrou de repente com um zumbido baixo que roçou em seus nervos já desgastados, mas Ian ignorou, tal como tinha feito desde que deixou o Colorado. Seria outra mensagem de Riley, altercando e delirando, querendo saber por que não tinha entrado em contato. Ele pode lidar com isso mais tarde.
Ele esteve ouvindo o rádio no seu caminho para o aeroporto na noite de quinta-feira,e tinha ouvido a notícia sobre uma outra vítima de Henning. Com uma sensação de enjôo em seu intestino, Ian tinha chamado o Departamento do Xerife e, embora Riley estivesse na cena do crime, ele havia conversado com o operador que lhe disse que o nome da mulher era Aubrey Rodgers. Mal conseguindo falar sobre a sua raiva, ele deixou uma mensagem para Riley, dizendo que se ele não desse notícias depois do final de semana, que entrasse em contato com um homem chamado Kierland Scott. Ele sabia que, se algo acontecesse a ele, Scott seria capaz de dar ao seu irmão as respostas que precisava.
Não que Ian planejasse morrer sem uma luta. Ele trouxe sua faca, a que carregava em Los Angeles, nos círculos em que ele andava quando esteve lá, e era bom com uma lâmina. Se a cruz não funcionasse e ele não pudesse enviar o sacana para o inferno, ele pelo menos planejava destripá-lo, retornando a sua bunda sádica de volta ao chão segurando o Casus. Mas, mesmo assim, mesmo se ele sobrevivesse ao fim de semana e conseguisse derrubar o Casus, ele não sabia o que o futuro traria. Não havia se alimentado, não no plano de alimentação de Merrick, então de que modo ficaria? Será que a fome escoaria dele a tal ponto que simplesmente desapareceria? Ou iria ultrapassá-lo completamente, transformando-o em algo tão feio e vil como o monstro que ele tinha vindo ali para matar?
O desejo não havia diminuído com a distância que ele colocou entre ele e Molly. Acima de qualquer coisa, ele a almejou mais. Ela estava sempre lá, no fundo da sua mente, como uma úlcera na boca que não conseguia parar de cutucar com a língua. Uma constante, uma dolorosa lembrança.
Fechou os olhos novamente, mas não para dormir. Ele não tinha dormido a noite toda, muito preocupado em não sonhar, embora não tivesse um sonho compartilhado com Molly em quase uma semana. Ele só podia agradecer a Deus por ter dado um tempo depois do segundo sonho que fez amor com ela.
As palavras impressionantes tropeçaram em seu cérebro, fazendo-o tenso, mas ele manteve os olhos fechados, decidido a ignorar a realização inquietante de ter usado esse termo em particular ao se referir ao sexo. E o inferno que era, não podia negar. Se não se importasse com Molly Stratton, teria se alimentado a partir de Morgan, teria deixado o Merrick enfrentar o Casus com o Marcador das Trevas, e talvez tivesse uma chance de sobreviver. Mas ele não tinha. Ele tinha escolhido enfrentá-lo como homem.
"E agora é tarde demais para olhar para o que você fez, idiota."
— Calado. —murmurou, convencido de que tinha realmente caído no fundo do poço, se ele podia se sentar em uma casa antiga e só falar para si mesmo. Forçou sua mente a ficar em branco, existente nesse estado vago entre exaustão pura, dormente e em estado de alerta, quando um som fora chamou sua atenção. Carrancudo, abriu os olhos e rolou a seus pés, hematomas remanescentes de sua briga com os Watchmen puxaram um gemido de cascalho de sua garganta.
Ele deu um olhar afiado para fora da janela, mas o jardim estava claro. A casa estava no meio daquilo que tinha sido terra local, com nada além de campos e árvores como vizinhos. A estrada chegava até a volta e ele podia ouvir o motor de um carro se aproximando. Carrancudo, Ian perguntou quem diabos estaria chegando. Ele duvidava que o Casus estivesse vindo conduzindo até a porta da frente, em plena luz do dia, mas com a semana que ele tinha tido, supostamente coisas estranhas podiam acontecer. Estava prestes a voltar e pegar a faca que tinha trazido, assim como a cruz, apenas para estar seguro, quando o carro parou. Ele ouviu uma porta bater e um segundo depois avistou os pálidos cachos louros do lado de fora.
Não. Inferno não.
Rasgando, abriu a porta tão forte que a arrancou das dobradiças e saiu para a varanda da frente, seu coração batendo descompassado enquanto ele olhava Molly fazer o seu caminho em direção a ele. Seus olhos estavam escondidos atrás de um par de óculos escuros, a boca em uma linha dura que parecia deliciosa, apesar de sua raiva óbvia.
Cruzando os braços sobre o peito para não chegar até ela, ele rosnou:
— Como você me encontrou?
— Eu ficarei feliz em responder suas perguntas — disse, sua voz suave afiada com a raiva, baixa pela ebulição — mas podemos entrar primeiro? Eu não me sinto confortável em estar no aberto. O Casus... Kierland disse que iria segui-lo.
Ele não fez comentário sobre a notícia, mas se afastou, dizendo:
— Entre.
Passou por ele, e ele teve de cerrar os dentes para evitar inclinar-se e capturar essa boca bonita e irritada. Seu perfume encheu sua cabeça, quando fechou a porta o melhor que pode e voltou para seu rosto. Empurrando as mãos nos bolsos, ele perguntou de novo:
— Como você me encontrou Molly? Elaina disse? — Ele rosnou furioso por sua mãe ter colocado-a no caminho do perigo não uma, mas duas vezes.
— Ela não precisava.
— Então, explique. Agora!
Ela tirou os óculos, conectando-os sobre o botão de cima da blusa. Ian poderia dizer que ela tinha chorado e a culpa enrolou como uma víbora em sua barriga, pronta para atacar.
— Você quer ouvir uma coisa engraçada, Ian? Ninguém, esta semana inteira, nunca se preocupou em perguntar-me onde eu moro. Nem você. Nem Kierland. E então eu desci para o jantar na quinta-feira e descobrir que você tinha partido. Assim. — Ela estalou os dedos com um movimento acentuado, irritado. — Nem uma palavra, ou mesmo uma nota. Não, nada. E tudo que Kierland pode dizer é que você tinha voltado para casa. Que eu estaria segura se quisesse ir para a minha. Tudo ia ficar bem se eu apenas fosse para casa! — Ela estava gritando, derramando a ira de sua fúria em uma corrida, tremendo da cabeça até os dedos dos pés. — Bem, adivinhe, Ian? Eu sei que isso vai vir como um grande choque para você, mas eu estou em casa!
Ele olhou para ela como compreendendo lentamente e sacudiu a cabeça.
— Você está brincando comigo.
Ela fechou os olhos, puxando uma respiração profunda de seus pulmões, sua pele tão pálida parecia um fantasma. Quando ela levantou o peso grosso de seus cílios de ouro, ela disse em uma voz macia, rouca:
— Eu me mudei para Laurente três anos atrás.
— Eu não acredito nisso.
— É verdade. Eu trabalho em uma livraria local. Foi lá que eu conheci Elaina.
— Você sabia quem ela era! — Ele falou através de dentes cerrados, sua fúria escura, o calor escaldante queimando-o de dentro para fora. — Você sabia antes dela morrer e você nunca me contou!
Seu sorriso era pequeno e infinitamente triste, e então começou a explicar.
— Eu não a conhecia bem. Era uma cliente. Ela entrava e comprava livros. Às vezes eu sugeria títulos. Gostávamos de bate-papo, mas nunca... nunca sobre nada disso. Eu nem sabia que ela tinha filhos. Então, algumas semanas depois que eu ouvi que ela tinha morrido, ela me visitou pela primeira vez em meus sonhos.
— Cristo. — ele sussurrou. Quando ele disse a si mesmo para esperar o inesperado, isto com certeza não era o que ele tinha em mente.
— Eu não sei como ela sabia sobre o meu sonho. Nós nunca falamos sobre eles, eu juro. Eu apenas pensei que era esse tipo de mulher doce, gentil, que estava sozinha.
Molly poderia não ter tido pista sobre Elaina, mas Ian teria apostado o braço direito que sua mãe sabia sobre Molly. Devido ao seu talento, poder ou qualquer inferno que fosse. Era por isso que ela tinha procurado Molly? Ela teria sabido que ele não seria capaz de resistir a ela? Que ele ia cair completamente sob seu feitiço?
— Por que você não me contou?
— Eu não sei. — ela sussurrou, balançando a cabeça lentamente, revelando sua mágoa em seu olhar líquido. — Você nunca perguntou, por exemplo. Não depois daquela primeira noite, quando eu ainda estava tentando convencê-lo a acreditar em mim. E eu pensei que se lhe dissesse que eu a tinha conhecido, então você acreditaria que eu realmente estava tentando aplicar um golpe. Mas depois, eu ainda mantinha para mim, porque no fundo eu acho que sempre soube que você estava pronto para fugir. — disse ela hesitante, olhando ao redor da sala. — E acho que eu esperava que quando você o fizesse, que talvez... apenas talvez, viesse para cá. — Ela fez uma pausa, em seguida ergueu o queixo, dizendo. — Você já se alimentou?
— Não. — ele murmurou, sem saber se Scott havia dito a ela sobre Morgan.
— Saiba que fico feliz, não que os meus sentimentos signifiquem muito para você.
Ela estava usando o seu coração, em pé diante dele, tão forte e tão malditamente vulnerável. Ian queria correr para ela, cair de joelhos e implorar para lhe dar outra chance. Mas ele não podia. Mesmo que ele não tivesse medo de magoá-la, ele não teria sabido como dar o que ela precisava. O que ela queria. Algo dentro dele havia sido preso, apreendido, desligado por muito tempo e agora ele não podia abrir. Não foi possível acessar a parte de si mesmo que iria mostrar seu carinho, a ternura. Que lhe permitiria tratá-la como ela merecia ser tratada. Em vez disso, ele retrucou:
— Não há nada para ser feliz, Molly. Se eu tivesse sido capaz de ir para uma outra mulher, as coisas seriam muito mais simples agora.
— Por quê? Por que você confia em si com uma delas, mas não comigo? Isso não faz nenhum sentido, Ian.
— Porque eu não as quero do mesmo modo que eu quero você. — admitiu em uma voz instável. — Confie em mim, Molly. Isso faz um inferno de uma diferença.
Ela olhou ao redor da pequena sala espartana de novo, o sofá e a mesa eram só os móveis que ficaram. Quando seu olhar pousou na garrafa de cerveja quebrada, ela balançou a cabeça, envolvendo os braços em torno de si.
— E então você veio aqui para fazer o quê? Sacrificar-se?

— Eu não planejo morrer sem uma luta. Eu vou fazer tudo que eu posso para o Marcador funcionar, apesar de eu ainda não ter a menor idéia do que fazer com ele. Se eu não puder, então eu retalharei o intestino do bastardo e o mandarei para o inferno de onde ele veio.
— Quando eu disse a Shrader para informá-lo sobre o funcionamento do marcador, quando perto do Casus, eu não achei que você estava indo fazer algo tão estúpido!
— Esta é a única coisa para fazer. Pessoas estão morrendo. Você está em perigo. Isso precisa chegar ao fim.
— Então você deveria ter se alimentado e tratado de lidar com ele no Colorado.
Sua mandíbula endureceu e ele murmurou:
— Você sabe que eu não posso fazer isso.
— Não Ian. Ninguém sabe disso. Você é o único que acredita nisso. Todo mundo sabe exatamente o que precisa acontecer aqui.
— Eu quero que você saia Molly.
— Bem, adivinhe? Estou aprendendo rapidamente que nem sempre podemos ter o que queremos.
Perguntando como ela conseguiu se unir, Molly olhou para o homem que a reduziu a este estado trêmulo de caos emocional. Ele parecia cansado, abatido, as linhas de seu rosto áspero gritante com a barba. E ele ainda conseguia deixá-la sem fôlego, estava tão impossivelmente bonito. Mas havia uma qualidade assombrada nele que não tinha estado lá antes, e ela sabia que era a fome que o desgastava. Ela ficou tão zangada com ele, mas se machucou por ele também.
As lágrimas quentes qeimavam no rosto e teve que ranger os dentes. Ela secou as trilhas molhadas, desejando que conseguisse controlar a emoção rasgando por dentro, deixando-a crua, mas era impossível. Olhando para trás, era difícil acreditar como ela reagiu fortemente após Kierland lhe dizer que Ian tinha ido embora. Ela gritou, histérica, jogando coisas e acertou-o quando ele tentou puxá-la em seus braços e acalmá-la. Ela tinha o golpeado com seus punhos, rouca, sufocando os soluços que soava como uma selvagem, um animal ferido, até que finalmente desmoronou contra ele, esgotada. Mas as lágrimas não pararam, e continuou a chorar pelo que pareceu horas.
Quando ela finalmente conseguiu se recompor, Scott entregou a mensagem de Ian para ela. Então disse que Ian ia voltar para o início, nunca suspeitando que ela pudesse entender o que aquilo significava. O estouro de riso seco que tinha quebrado fora de seu peito o havia assustou, mas ela estava demasiadamente cansada para explicar. Ela simplesmente pediu-lhe que chamasse um táxi para o aeroporto, a primeira hora na manhã. Então, tinha ido lá em cima, se enrolado em sua cama e dormido.
Quando ela acordou as seis, encontrou Quinn pronto para agir como seu motorista. Seu carro alugado já havia sido pego no apartamento de Ian durante a semana, por isso era Quinn ou um táxi, e ela tinha sido muito espremida para discutir. Antes que tivesse saído, ela tentou falar com Kierland, implorando-lhe para ir até Ian, para ajudá-lo, mas o Watchman ficou tão teimoso como sempre, dando-lhe a interferência do "isso não é a nossa maneira". Ela tinha estado tão furiosa que lhe deu um tapa, algo que ela nunca tinha feito antes e depois o chamou de babaca e saiu da sala, deixando-o com Quinn. Eles fizeram a longa viagem para Ravenswing em silêncio forçado, e ela tinha voado para casa em um vôo no início da tarde, pegou um táxi do aeroporto até seu apartamento.
Voltar para o começo. Ela sabia exatamente o que isso significava, antes mesmo de Elaina vir em seu sono e dizer-lhe que Ian estava indo para casa. Sua mãe estava aterrorizada por ele, e não culpava Molly. Ela estava apavorada.
Mas ela também estava irritada. O orgulho dela queria que marchasse para longe dele, voltasse para seu carro e o deixasse para lidar com este pesadelo por conta própria. Era o que ele merecia por ser um tolo, estúpido e cego.
Mas seu coração não iria deixar e ela estava morrendo de raiva em algo mais poderoso... impossível negar.
— Assim você e Kierland tiveram um entrosamento emocional? — Perguntou ele, inclinando-lhe um olhar sombrio.
— Por que você se importa? — Ela respondeu com uma risada trêmula. — Você me deixou lá com ele, Ian. Você dificilmente tem o direito de ser ciumento. Esta atitude inteira é um chute no saco.
— Sim, bem, basta lembrar que você veio me procurar Molly, não o contrário. Você poderia ter ignorado as vozes em sua cabeça e dizer para ir ao inferno. Poderia nunca ter posto os pés no Colorado, mas veio.
Seu temperamento explodiu quente e furioso.
— Eu deveria saber que iria agir como um completo idiota.
Ele deu um passo a frente e ela podia dizer pela sua expressão que ele estava indo tentar intimidá-la para sair.
— Eu não vou ficar aqui e discutir com você. Eu não quero sua ajuda e não preciso disso. Tudo que quero é que você se vire, entre em seu carro e encontre um lugar seguro para ficar, até isto acabar.
— Por mais que você mereça isso, não vai ser possível que eu faça
— Eu posso fazê-lo ir, Molly. — alertou em uma voz baixa e áspera. — Confie em mim. Não vai ser bonito e você não vai gostar.
Ela forçou um sorriso lento pelos lábios, sabendo que, se ela o deixasse se afastar agora, ia perdê-lo. Para sempre. Vá em frente, Ian, ela sussurrou, ficando firme enquanto ele se aproximava. Faça seu melhor para ser grande e mau e assustar-me. Mas eu poderia poupar-lhe o trabalho e avisar que agora não vai funcionar.
Seus cílios abaixaram sobre seus olhos azuis enfurecido, sua voz um sussurro grave que sabia que era para assustá-la, mas só a fez estremecer com a consciência sensual.
— Eu poderia forçá-la.
Ele quis dizer que poderia forçá-la a partir, mas ela escolheu um significado diferente, determinada a romper com ele.
— Você poderia tentar, Ian. Mas é difícil forçar alguém a fazer sexo com você quando está disposta.
Levando as mãos dos bolsos, ele apertou-as em seus lados.
— Eu quero que você se vá. Agora. — ele rosnou e Molly podia sentir a força predatória da sua ira explodir contra seu rosto. Mas ela também podia sentir o seu tormento, sua frustração.
— Se você quer-me por para fora, creio que vai ter que me levar a força daqui. — ela o alertou, tentando por seu tom de voz mais sexy, mais provocador. — E isso significa que você vai ter que me tocar.
— Maldição. — ele fervia, parecendo pronto para explodir com fúria... com luxúria. Seus músculos estavam tão rígidos que ela podia ver a sua definição perfeita sob o brilho dourado da sua pele. — Não faça isso, Molly.
— Eu não estou fazendo nada. — ela murmurou. — Pelo menos não algo que não deveria ter sido feito há muito tempo atrás. Eu deveria ter chegado nua e me arrastado para a sua cama em Ravenswing. Mas eu estava tentando respeitar a sua decisão. Esperando que ouvisse seus instintos, sentimentos. Esperando como louca você perceber que a coisa certa a fazer era me levar para a cama e tomar o que precisa de mim. Mas não, você tinha que ir e decidir ser o idiota nobre que não quer arriscar me machucando. Bem, adivinhe Ian? Você não tem mais uma escolha. Eu estou tomando a decisão por você.
— Você não entendeu? — Ele rosnou, erguendo as mãos num gesto agressivo, puramente masculino de raiva. — Não há nada em mim que seja nobre!
Ela balançou a cabeça, dizendo:
— Cale a boca e despeje a história deplorável em algum outro idiota. Eu estou em você, Ian. Eu sei tudo sobre você. E se não vai me tocar, então eu tenho certeza como o inferno, que vou tocar você.
No instante seguinte, Molly fechou a distância restante entre eles e com as mãos trêmulas, enrolou os dedos ao redor da cintura da calça jeans desgastada, raspando no botão de cima da braguilha.
— Que diabos você está fazendo? — Ele resmungou, agarrando seu pulso com um apertão tímido.
Molly olhou para ele, pronta para gritar.
— O que parece que estou fazendo? Eu estou pegando o assunto em minhas próprias mãos, Ian. Você não vai me tocar? Bem. Mas eu vou tocar em você. — Baixou os olhos para o vulto enorme em sua calça jeans. — Melhor ainda. — ela disse as palavras com voz rouca. — Eu vou fazer mais do que tocar.
—Sem chance. — Ian rosnou, erguendo as mãos para os lados de sua cabeça. Ele segurou-a assim, pressionando o calor de suas palmas e apoiou a testa contra a dela. — Cristo, Molly. Você não entende?
— Eu não preciso que você minta para mim. — ela disse suavemente, enquanto agarrava os pulsos grossos dele com as palavras sendo despejadas dela trêmulas, emocionadas. — Eu o conheço. Eu estivesse dentro de sua cabeça. Eu sei o que você está disposto a dar. Eu sei o que você precisa tomar. Você quer sexo, e eu quero dar a você. Você precisa de sangue, e eu estou disposta a dar isso, também. Porque ao contrário de você, eu sei que não há a menor chance de realmente me machucar. Eu me importo com você e eu preciso estar aqui para ajudá-lo através disto, Ian.
— Você não está me ajudando. — Ele levantou a cabeça e forçou-se a afastar as mãos. — Você está me distraindo. Há um inferno de uma diferença.
— Eu poderia ser útil, se você me deixasse — argumentou, piscando para ele, os olhos brilhantes de lágrimas.
— O que você quer de mim, Molly?
— Eu quero que você pare de lutar. Eu quero que você pegue o que precisa.
O que ele precisava? Ele precisava de tudo, tudo aquilo que ela tivesse. Ele a queria disposta e descoberta, espalhada, indefesa de todas as formas possíveis que havia. Queria ter o seu corpo contra o dele e ter seu sangue em sua boca, enquanto dirigia-se nela. Queria que ela implorasse agarrando às suas costas, sua paixão selvagem e sem limites.
Ele queria ficar dentro dela, desbloqueá-la e deixá-la aberta, forçando-a a dar-lhe qualquer coisa que ele desejava, mais do que o corpo dela... mais do que o sangue. Algo que ele nem mesmo poderia colocar um nome e, no entanto, Ian sabia que quando a reclamasse prendê-la-ia com mão de ferro e mataria qualquer coisa que se atrevesse a tirar isso dele.
— Eu quero tudo, Ian. Tudo o que você pode me dar. — ela acrescentou em uma corrida emocionada. Cristo, ela realmente quis dizer isso.
Tremendo, Ian olhou para ela, vendo a verdade em seus olhos, farejando-a, absorvendo-a através de seus sentidos e algo de repente estalou dentro de sua cabeça, como se ele pudesse ouvir o último de seus laços se rompendo.
Antes que ela pudesse tirar o fôlego seguinte, ele estava sobre sua boca, beijando-a como se sua própria vida dependesse disso. Quente. Úmido. Delicioso e de tirar o fôlego e tão bom que ele não conseguia o suficiente. Com as mãos em seu rosto, o beijo ficou quase agressivo, afiado com fúria e escuro desejo perigoso. Ela suspirou, segurando as mãos pequenas em seus ombros suados e escorregadios, ele mordiscou seu lábio inferior, obrigando-se a parar antes que ele tirasse sangue.
Mas ele sabia, naquele momento, que tinha finalmente chegado ao seu limite.


CAPÍTULO VINTE


A respiração dele saiu dos pulmões em um ritmo duro, ofegante quando a pegou, apertando contra o seu corpo e Molly queria gritar pela selvagem antecipação, ao mesmo tempo ela derreteu com alívio. O dor de uma semana de saudade que sentia como se fossem anos chiou através do toque de sua boca contra a dela. Verteu como um derramamento lento, doce como mel, enquanto o desejo brilhou como um arco de energia elétrica, furioso e rápido, o ataque duplo contra seus sentidos vertiginoso e deslumbrante. As mãos dele agarraram sua cintura, os dedos longos mordendo em sua carne quando ele a segurou contra ele. Ela enrolou as pernas em torno de sua cintura, um grito rouco saiu de sua garganta enquanto ela encostava-se à protuberância incrivelmente dura, por trás das calças jeans.
— Você pode acabar se machucando — ele arquejou contra sua boca, levando-a para baixo do corredor sombrio, enquanto um berro estrondoso do trovão soou ao longe. — Caramba, você sabe, Molly.
— Eu sei exatamente o que vai acontecer — ela suspirou, a barba escura arranhado contra as palmas das mãos, enquanto segurava seu rosto. — Então faça o seu pior. Você não vai assustar-me.
— Você continua me empurrando — ele resmungou — e isso não é uma boa coisa agora. Confie em mim.
— Por quê? — Ela perguntou beliscando o queixo, beijando o caminho de sua orelha. — Se eu empurrá-lo, você vai direito sobre a borda. E adivinhe? É onde eu quero que você esteja. Então apenas cale a boca e me leve para a cama.
— Eu estou sujo. — ele resmungou, percorrendo uma porta à sua esquerda, para um banheiro escuro, a única luz que derramava dentro vinha de uma janela retangular pequena que estava no alto da parede. — Eu tenho que ficar limpo. Eu não vou ficar com você pela primeira vez encharcado de suor.
— Tudo bem, mas nós apenas estamos indo para acabar suados de novo — disse ela enquanto ele a colocava de pé. Com os dedos trêmulos, Molly tirou a blusa quando ele afastou a cortina do chuveiro e ligou a água. Seus óculos não estavam à vista, provavelmente em algum lugar no chão entre o banheiro e a sala de estar, mas ela não se importou. Tudo o que importava era ficar com as mãos sobre ele antes que ele pudesse mudar de idéia. — Eu vou com você.
Chutando as sandálias, ela tirou o sutiã e estava chegando até o zíper de sua calça quando ele se virou e avistou o corpo seminu. A fome cobriu todos os ângulos ásperos do rosto, fazendo-o a olhar de uma forma perigosa, escura e predatória. Mas ela não estava com medo. Um rosnado profundo, grosseiro, vibrou em seu peito e ele tirou a calça. Ela olhou fascinada, atordoada com a beleza chocante e primitiva dele, então a agarrou, puxando-a para o chuveiro, com jeans e tudo. Vapor quente engoliu-os em uma cortina nebulosa, tornando-o parecido com alguns sátiro primordial que a havia roubado da floresta para encantá-la, mas ela planejava fazer algum encantando primeiro.
Com as costas voltadas para o spray de água quente, Molly caiu de joelhos. Ela passou as mãos até os fortes músculos de suas coxas e piscou para ele, enquanto sua respiração se apressou em rajadas violentas, seu rugido pulsando através de suas orelhas.
— Venha aqui. — sussurrou ela, curvando as mãos em torno de seus quadris e puxando-o para ela.
— Merda. — Ian resmungou mas empurrou para frente e a cabeça inchada de seu pênis cutucou o canto da boca de Molly, quente, delicioso e quase explodindo de necessidade. Ele era tão incrivelmente belo que por um momento ela só conseguiu olhar, deslizando suavemente seus dedos trêmulos ao longo do comprimento espesso, rígido, impressionada com seu poder... o seu calor.
— Cristo, não me provoque — ele suspirou e Molly teve misericórdia dele, abrindo a boca quando ele sufocou um grito escuro, gutural, o som provocativo, a coisa mais erótica que já tinha ouvido.
E então ela se perdeu nele... no salgado e quente doce sabor. Ele era grosso... incrivelmente grande, a ponta ameixa grande e suave, se ajustando apenas quando ela estendeu todo seu lábio. Ele tinha um rico gosto de terra e sexo masculino perfeito, e ela acariciou com a língua em cima da abertura lisa naquela cabeça larga, desesperada para obter mais do seu gosto. Mais suspiros saíram como um rosnado de prazer de garganta dele que ele achou tão difícil de conter. Gemendo, ela tomou mais um centímetro e o quadril resistiu, pés grandes espalhados para manter o equilíbrio, com as mãos apoiadas contra a parede às suas costas ele armou para frente, enquanto a água do chuveiro corria em suas costas.
Mesmo com ela ajoelhada diante dele em uma posição submissa descarada, Molly nunca tinha me sentido mais poderosa... ou mais bonita, como naquele momento.
— Merda. — ele rosnou de novo e ela ergueu o olhar, vendo a sua mandíbula rígida quando ele olhou para ela através da sombra escura de seus cílios, o azul intenso dos olhos queimando com uma luz sobrenatural, contendo a sua respiração. As mãos dele encontraram os lados de seu rosto, segurando-a, agarrando-lhe, e ele empurrou para frente, dando-lhe mais alguns centímetros... depois outro. Ambos sabiam que ela não poderia tomar tudo dele, mas ela estava desesperada para ter tanto quanto pudesse. Ela empurrou para frente, puxando-o mais fundo, acariciando-o com sua língua. Suas mãos flexionadas contra o rosto dela e Molly podia sentir a onda de energia que rugia através dele, violenta e intensa.
— Eu quis isto no segundo em que fixei os olhos em você. — ele confessou, as palavras tão baixas eram quase silenciosas. — Quando você saiu do carro no local da construção. — Ele acariciou seu polegar contra o canto da boca, esfregando a extensão tenra dos lábios dela e sussurrou: — Você pode pegar mais?
Ela assentiu ávida, ele tremeu, o calafrio que correu pelo corpo duro dirigindo sua selvageria. Molly perguntou se era assim que Ian se sentia; ao mesmo tempo, ela ficou maravilhada com a sua capacidade de lutar contra ela, para se conter.
— Relaxe sua garganta. — ele murmurou e sua mão quente arrastou toda a sua mandíbula, as costas dos seus dedos acariciando a coluna trêmula da garganta, persuadindo-a a fazer o que ele disse. Seus olhos espremidos enquanto ela fechava a boca sobre ele, se movendo em um ritmo decadente, seus cílios grossos, escuros contra a beleza áspera de seu rosto. Ele fez um som baixo, puramente masculino que estremeceu todo o seu corpo grande e poderoso e abriu os olhos, olhando para ela com uma expressão feroz de necessidade. E então ela viu a necessidade chegar a algo mais sombrio... mais primitivo, vendo o ardor de pânico nos olhos, ao mesmo tempo em que aumentou através de seu corpo. Ele bateu as mãos contra os azulejos, puxando os quadris para trás quando rosnou:
— Chega!
— Não. — ela suspirou, apertando os lábios contra a cabeça inchada, colorida. Ele fez um som baixo, rugindo, e o ar se encheu com o som penetrante de algo ralando afiado contra as paredes de azulejos do chuveiro.
Molly sabia, mesmo sem olhar, que as garras do Merrick tinham deslizado livres das pontas dos dedos dele. Olhando para cima, ela viu os lábios recuarem sobre seus dentes, os pontos de suas longas presas brilhando branca na luz fraca do sol. O vapor frisado em sua pele, o calor do seu corpo como uma febre, ardor contra os lábios e sua cabeça caiu para trás sobre seus ombros, sob o spray de água. A posição da coluna forte arqueada, o fio de sua garganta, seus músculos trêmulos e um sentimento de amor profundo rompeu dentro dela, teve que sufocar a sensação, líquidos quentes de lágrimas.
— Mais tarde. Eu virei em sua boca depois. — resmungou, sacudindo a água do seu rosto enquanto olhava para baixo austero, a intensa expressão fazendo-a estremecer. — Preciso de você na cama. Agora.
Ele não disse mais nada, embora seus olhos estivessem selvagens com emoção, revelando tudo o que ele não conseguia colocar em palavras. Seu medo. Seu desejo. Sua necessidade. Ele fez uma série de respirações lentas, profundas e, em seguida, se empurrou para longe da parede, chegando para ela e Molly percebeu que ele tinha puxado para trás as garras em seu corpo, embora ela ainda pudesse ver as suas presas através de seus lábios entreabertos. Apanhando-a, ele apertou-a contra o peito e levou-a para o quarto, jogando-a, jeans molhado e tudo, em um colchão que havia sido coberto com um saco de dormir aberto, a etiqueta que ainda balança em seu canto.
— Não é nesta parte onde você tem que correr e gritar? — Ele murmurou, ajoelhando-se na extremidade da cama. Correu o olhar pesado até o comprimento de seu corpo trêmulo, devorando com os olhos, ao mesmo tempo passou a língua sobre a ponta afiada de um incisivo mortal.
Sair gritando? Ele honestamente achava que ela iria fugir dele? Como se pudesse...
— Honestamente, Ian. Parece que eu quero fugir de você?
Ele estremeceu, seus músculos retendo o fôlego ondulando e flexionando, como se estivesse prestes a explodir em ação.
— Então tire sua calça jeans, — ele rosnou — ou você não vai gostar do que eu vou fazer com ela.
Molly se apressou a fazer o que ele disse, lutando com o jeans úmido, chutando-o com sua calcinha. A combinação de desejo e ternura correndo em suas veias era tão grande que ela sentiu-se tonta.
— Deus, basta olhar para você. — Ele colocou uma mão em cada tornozelo e dobrou os joelhos, forçando as pernas para fora em seus lados, até que ela ficou aberta na pose mais erótica que poderia ter imaginado. Olhando para o seu sexo com uma intensidade, uma fome intensa, Ian correu a ponta de um dedo através de suas dobras, deslizando através da fenda úmida. Em seguida, ele torceu dois dedos para dentro dela, pressionando-os profundamente enquanto ela se contorcia embaixo dele, a sensação de ser preenchida pulsando através de seu corpo, um grito agudo empurrando de sua garganta.
Com os olhos aturdidos, Molly o assistiu puxar os dedos de seu corpo, sua pele brilhante com seus sucos e tocou a língua neles. Um som escuro, áspero retumbou em seu peito e ele levou os dedos completamente molhados em sua boca.
— Ian. — ela suspirou com a voz se arrastando em um soluço sem fôlego quando ele abaixou a cabeça entre as pernas.
— Abra mais. — ele rosnou e então lambeu, deslizando sua língua por meio das pregas encharcadas, circulando a abertura tenra dela, antes de mergulhar comendo-a com uma avidez faminta.
Arqueando, Molly gritou:
— Eu quero você dentro de mim. Agora.
Ele deu outra lambida longa, prolongada, coletando mais de seus sucos em sua língua, em seguida se moveu mais alto, enquanto lambia seu clitóris... mais alto, mergulhando a língua em seu umbigo. A cabeça dele virou e seus olhos se encontraram no espelho antigo que estava acima da cômoda na parede distante. Era uma vista tão erótica, sua pele pálida contrastando com o brilho escuro de seu corpo. Curvas macias para músculos duros, poderosos.
Quando Molly pegou seu reflexo, era quase como olhar para uma estranha. Aquela mulher não podia ser ela. Olhos selvagens, pele corada, boca inchada e vermelha. Ela se achou exótica, sexy. Não era como um rato tímido. Aquela mulher no espelho parecia alguém que podia conquistar o mundo e tomá-lo sob o salto de seus pés.
— Você é linda — disse Ian com um gemido baixo e ela se virou para olhar em seus olhos, sua boca em seus seios, lábios tocando uma ponta sensível enquanto ele falava, ela sabia que a queria. Ele lambeu avidamente seus mamilos com lentidão, saboreando as curvas, antes de tomar profundamente um em sua boca, chocando-a com o seu calor. — Cristo, Molly. Eu tenho desejado saborear sua pele por dias.
— Ian... agora, — ela implorou, totalmente desfeita pela profundidade da emoção latente revelada em seu olhar, pelo toque reverente dos seus lábios contra sua carne com fome. Ela não se preocupou por estar implorando, sabendo apenas que se não o tivesse dentro, naquele exato momento, ela ia gritar como uma louca, como a criatura selvagem e primitiva que tinha surgido das profundezas mais escuras da sua alma.
Lutando para manter algum traço de controle em suas mãos, Ian rastejou sobre ela, prendendo-a sob seu corpo. Ele tentou se segurar duramente, mas não podia. Prendeu a respiração quando entrou, empurrando contra a sua resistência, incapaz de acreditar que poderia se sentir tão bem. A realidade foi ainda melhor do que ele sonhou. Ela estava mais quente. Mais apertada, mais perfeita do que qualquer coisa que já tinha conhecido. Jamais imaginou algo assim. Músculos delicados agarraram em um aperto possessivo, ganancioso, e, ainda assim, ela era infinitamente suave... tenra.
— Você está bem? — Ele rosnou, o esforço físico de falar quase impossível. As presas mortais do Merrick estavam pesando dentro da sua gengiva e ele podia sentir que no fundo a escuridão interior rolava bem abaixo de sua pele, seus sentidos para matar a fome estavam intensos, explícitos.
— Eu estou no paraíso — ela sussurrou, o som suave e tímido acariciando toda a extensão de sua coluna vertebral, como o toque leve de seus dedos.
— Você mal pode me levar. — resmungou, colocando sua força para trás no esforço incansável de colocar seu eixo de espessura muito grossa na abertura minúscula e delicada de seu sexo. Ela era quente e lisa, facilitando o seu caminho e, no entanto, ele sabia que tinha que ser cuidadoso para não machucá-la.
— Isso não é verdade. — argumentou, sem fôlego. — Eu posso ter todo você, Ian. Tudo o que você quiser me dar.
— Mentirosa — ele falou carinhosamente, aninhado na curva suave de seu ombro. Ela era tão macia, tão quente, doce, e ele queria afundar seus dentes de tal maneira que podia sentir o desejo de vida dentro dele, como uma respiração, um rosnado. Era seu Merrick. Acordado e pronto para sair e brincar, lentamente privando-o do controle. — Aconteça o que acontecer, Molly, não tenha medo de dizer-me se eu te machucar.
Ela pegou o rosto bonito dele em suas mãos, forçando-o a encontrar o seu olhar mais uma vez, o tormento nos olhos dele rasgando seu coração.
— Você não vai, Ian. Vai ficar tudo bem. Eu prometo.
Ele balançou a cabeça, ao mesmo tempo em que seus quadris empurravam, dirigindo aquele calor grosso, ardente, mais profundamente no núcleo de seu corpo, a sensação aguda, selvagem, maravilhosa, mistura de prazer e dor.
— Você é tão pequena. — ele gemeu, sua voz rouca... tensa. Abaixou a cabeça, esfregando a boca contra a dela, o peito contra as pontas de seus seios endurecidos, os mamilos sensíveis. Seu quadril rolou e ele empurrou mais... mais rápido, flexionando seus músculos, o suor umedeceu o calor de sua pele. — Molly.
Ela virou a cabeça, expondo a garganta, sabendo do que ele precisava... o que ele ainda estava tão aterrorizado de tomar. Com as mãos enfiadas através do espesso cabelo úmido, Molly puxou-o para ela. Sua língua rodou com fome contra o estiramento da pele sensível e ela contraiu em resposta, ondulando ao redor dele, o fazendo resistir.
— Eu não posso controlar isso. — ele murmurou quase inaudível as palavras na espessura sedutora da manhã. Tremendo, ele arrastou os pontos de seus dentes contra sua carne vulnerável.
— Por favor. — ela ofegante pediu... implorou, consumida por sua própria necessidade furiosa. — Por favor, Ian.
Um soluço quebrou da garganta dela, o corpo se retorcendo em chamas, desesperado para a conclusão, e ele a apertou mais, uma baixa vibração primitiva percorreu sua forma dura.
— Molly. — ele respirou contra sua pele, beliscando a sua garganta. O peito arfava, empurrando os quadris contra ela, o corpo empurrava fortemente e então ele fez um som áspero contra a sua garganta e afundou seus dentes profundamente.
O prazer levantou de forma tão violenta, que a fez gritar. Ela estava ciente do som longe de tecido rasgando e percebeu que ele tinha enterrado suas garras no saco de dormir, o poder de seu Merrick ondulando sob sua pele. Ele mergulhou nela tão duro que a empurrou pelo colchão, os movimentos primitivos e selvagem. O atrito era tão liso e quente de tirar o fôlego, não conseguia encontrar o seu caminho através do frenesi caótico de prazer.
Sua boca trabalhou nela com calor, fome intensa, a profundidade puxando seu ventre, as pontas de seus seios... e ele gemeu contra a garganta dela, o som totalmente masculino que a desfez completamente. Arranhando na superfície lisa de seus ombros, Molly se esforçou para segurar em um mundo que estava girando violentamente fora de controle.
Ele pressionou para baixo, ancorando-a no lugar e ela adorou. Tudo isso. Faixas do poder provocador dele cobrindo-a, consumindo-a. Faixas da queimadura de seus dentes em sua garganta, adicionando um nível mais profundo para a ruptura, as ondas de êxtase implacável bateu nela. Prazer derramou sobre sua pele como uma cintilante chuva de verão, deslumbrante.
Ele se uniu para formar um brilho líquido de felicidade em sua barriga, em seguida, disparou para fora, inchado, subindo mais alto e mais alto, rolando por ela em uma onda grossa, atordoante que foi crescendo... e crescendo. De repente, ele puxou sua presas, jogando a cabeça para trás e um rugido profundo, gutural subiu acima do seu peito, seus quadris empurrando profundamente, deixando-o totalmente nela. Molly olhou para ele, enquanto assistia a escuridão, a beleza furiosa do seu orgasmo quando ele chegou ao fundo dela. Então foi atirada ao clímax mais violento, o melhor clímax de sua vida. Por muito tempo, momentos intermináveis, as ondas escuras de prazer corriam e ela se debatia sob ele, gritando, chorando, segurando-se nele enquanto ele a cobria com sua dureza e calor, cada músculo em seu corpo rígido pela força de sua libertação, o peito arfante quando ele ofegou.
Tremendo da cabeça aos pés, Ian apertou-a contra ele, incapaz de deixá-la ir. A onda de alívio que ele sentiu era tão forte, calafrios irromperam sobre a superfície de seu corpo, enquanto os pulsos residuais de prazer tremiam em seus músculos. Ele sabia que era errado mantê-la aqui com ele, mas não podia deixá-la ir. Queria apenas mais alguns momentos com ela. Apenas um pouco mais...
Fazendo um balanço de sua condição mental, ele foi forçado a aceitar que ela tinha o destruído, aniquilado suas barreiras e cicatrizes, as paredes impenetráveis que o mantinha junto por tantos anos. Ela não os tinha escalado, ela tinha passado direto através deles, deixando apenas escombros em seu caminho. Deixando-o totalmente aberto para ela, completamente desfeito.
Nunca tinha sentido nada tão explosivo em toda a sua vida, e de repente percebia que vinha de dentro dela. Tinha sido brutalmente íntimo. Incrível e se ele fosse completamente honesto tinha de fazer de novo... e mais uma vez, deveria ter medo disso tudo. E ainda com Molly ele sentiu... como sendo certo.
Ela tinha sido perfeita. E agora ele tinha que mandá-la embora.
Tanto o homem como Merrick rosnaram sua fúria, mas Ian sabia que não tinha nenhuma escolha.
Como se sentindo sua tensão, ela agitou embaixo dele.
— O que há de errado?
Rolando ao seu lado, ele a puxou contra seu peito, pressionando a cabeça dela debaixo do queixo, sabendo que tinha que dizer as palavras sem ficar perdido no fundo dos seus olhos luminosos.
— Eu estou... alimentado. — ele murmurou, esforçando-se por suas palavras. — Está feito. O Merrick... ele está em mim, Molly. Pode sair agora, está chegando a hora de enfrentar essa coisa. Mas eu tenho que fazer isso sozinho. Eu quero que você vá. Saia daqui. Vá para um lugar seguro até que isto acabe.
Seus cachos escovando seu queixo quando ela balançou a cabeça.
— Não. — ela sussurrou.
— Merda. Você tem que confiar em mim para lidar com isso.
— Eu sinto muito Ian. —disse suavemente. — Mas eu não posso fazer isso.
Emaranhamento a mão em seus cabelos, ele puxou a cabeça para trás, dizendo:
— Você me disse que confiava em mim.
Ela piscou para ele, tão bonita que doía só de olhar.
— Isso foi antes de você fugir de mim.
— Você sabe por que eu parti. — resmungou, lutando para encontrar as palavras para explicar a forma como ele se sentia. — Eu me importo com você, Molly. Deus sabe que eu tentei lutar, mas eu não pude parar esse sentimento. Eu não posso pará-lo. E eu não posso deixar você ficar aqui, onde vai estar em perigo.
Molly detestava fazer isso a ele, mas não se importava de jogar sujo para conseguir o que queria. Não quando sua vida estava em risco.
— E se eu o deixar, como você sabe que não iria me encontrar? Não viria atrás de mim em primeiro lugar?
Ele olhou para ela com um fogo em seus olhos irritados.
— Ficar com você é a coisa certa a fazer. — disse ela, ressaltando o ponto, sabendo que ele não gostaria de mandá-la embora, quando não podia ir junto. Ele estava condenado se fizesse, e também se não o fizesse. E ela estava apavorada, mas não importava o que acontecesse, sabia que estava mais segura com ele.
Sua mandíbula travou e então ele gemeu, puxando-a de volta contra o seu peito. Ela podia sentir a tensão correr com raiva por ele, bem como a preocupação, mas não havia outra escolha possível. Nenhuma maneira no inferno que ela sairia de carro deixá-lo-ia sozinho sem a menor idéia se ele iria viver ou morrer.
Ela aconchegou-se, contanto em permanecer pressionada contra o calor do seu corpo para o resto de sua vida. Erguendo a mão, colocou-a sobre o seu coração, capturando a batida com a palma da mão.
— Posso lhe fazer uma pergunta, Ian?
Ele jogou uma coxa pesada sobre as pernas dela e puxou-a mais contra ele.
— O que você quer saber?
— O que realmente aconteceu entre você e Elaina? E eu não quero ouvir sobre a criança problema que supostamente era. Eu quero saber o que era tão importante que o manteve afastado por tantos anos.
Ele ficou em silêncio por tanto tempo que achou que não fosse responder. E então, finalmente disse:
— Ela sempre foi um pouco estranha. Apenas um pouco... fora do eixo, com suas histórias selvagens e estranhas crenças. Mas quando eu cheguei à adolescência, ela ficou...
Sua voz foi sumindo e ela acariciou seu peito, esperando que ele encontrasse as palavras certas.
— Ela ficou intensa. Começou a gastar todo o seu tempo a pesquisar coisas sobre os nossos antepassados, trazendo pessoas à sua volta que ela pensava que poderia ajudá-la a conseguir as respostas que precisava. Alguns deles eram apenas excêntricos, mas alguns... alguns eram totalmente malucos e começamos a ficar com as cabeças confusas. Eu não queria que ela trouxesse esses estranhos em nossa casa, em torno do meu irmão e irmã. E Elaina foi se afundando cada vez mais, levando-a ao ponto de obsessão. Eu a avisei para me deixar de fora, mas ela não desistiu.
Ele parou por um instante, afagando uma mão abaixo do comprimento de sua coluna, e ela podia sentir a tensão nele, o seu coração trovejando sob a palma da mão.
— Quando ela trouxe um grupo para casa uma noite, — ele murmurou, as palavras baixas... trêmulas com a emoção. — pedindo-me para deixá-los realizar algum tipo de cerimônia para manter contato com a "escuridão" dentro de mim, eu não aguentei e decidi ir embora, já tinha falado que faria isso. Perguntei se Riley e Saige queriam vir comigo, mas ambos recusaram, com muito medo de deixá-la. — Um riso áspero, quebradiço, rompeu de sua garganta. — E eu era egoísta o suficiente para deixá-los para trás. Eu fugi com as minhas coisas no meio da noite e nunca mais voltei. Nunca mais coloquei os pés nesta casa outra vez, até ontem.
Deslocando para trás, Molly olhou para cima, levantando a mão para a linha dura da curva de sua mandíbula.
— Eu sei que deve ter assustado você. — ela sussurrou. — Teria me assustado também. Ela deve... tudo o que posso pensar é que ela deve ter ficado com medo por você quando começou a envelhecer. Receosa do que o futuro traria.
— Talvez. Tudo o que sei é que eu tinha que ficar longe dela ou eu ia ficar louco.
— Então você cuidou dela de longe. — disse ela simplesmente e ele rosnou em resposta.
— Por todo o bem que me fez. Acho que só foi para mostrar que não importava o quão longe ou quão rápido você corre, tudo alcança você no final.
— Destino?
— Ou o inferno. — ele rugiu. — Eu só... Eu não posso acreditar que ela nunca me disse que temia o Casus que voltaria um dia.
— Talvez ela não quisesse que você a visse com medo.
Lamento escureceu seus olhos quando ele suspirou.
— Talvez.
— E agora? — Perguntou ela, ouvindo a chuva que começou a cair em um ritmo constante contra o teto. A manhã nebulosa estava se derretendo em uma tempestade estrondosa, o ar denso de umidade pegajosa e fechado.
Ian rolou nas costas, a cabeça apoiada em uma palma, a outra puxando ela para o lado dele. Olhou para o teto com uma intensidade acentuada, como se pudesse encontrar as respostas nas sombras salpicadas de chuva.
— Agora vamos esperar. — disse ele.
— Por quanto tempo?
— Não muito tempo. — ele murmurou e ela sabia que ele sentia isso também.
Alguma coisa estava vindo, rolando com a tempestade.
Ele puxou-a mais estreito em seus braços e ela aconchegou a cabeça no seu ombro quente e firme.
— Adoro dormir ao som de uma tempestade. Por alguma razão é suave, não importa quão violento seja.
— Você deve tentar descansar um pouco. — ele murmurou, escovando os cabelos para trás de seu rosto.
— Não há chance. Eu também sou nerv…
Antes mesmo que ela terminasse a palavra, ele revirou a sua volta. Deslocou-se entre suas pernas e empurrou dentro dela com um golpe profundo de urgência, como se não pudesse ficar sem fazer parte dela.
— Eu acho que não consigo dormir assim. — brincou ela, sentindo o amor dele por baixo com as mãos enquanto corria as palmas pelos músculos fortes de suas costas. Amou a sensação dele enterrado tão profundamente dentro dela.
Ele recuou, em seguida subiu novamente, lentamente, molestando-a até que arrepios subiram por seu corpo.
— Não se preocupe, Molly. — ele sussurrou, as palavras escorrendo quente no interior sensível da sua orelha. — Até que eu tenha terminado com você, estará tão cansada que a única coisa que será capaz de fazer é dormir.
Seu derramamento de riso macio em meio a um gemido ofegante em seguida foi substituído por um choro de prazer, gritos de êxtase, rolando através dela mais uma vez, ele impulsionando em seu corpo com habilidade cruel, quebrando-a.
Fizeram amor durante as longas horas da manhã e da tarde, enquanto a tempestade rolava, perdidos no escaldante deslumbre da paixão que queimava e os uniam, fazendo o seu melhor para não pensar no que viria pela frente.
Mas eles sabiam que a cada momento que passava, o mal estava se aproximando.
E quando chegasse, alguém ou algo iria morrer.















CAPÍTULO VINTE E UM
Laurente, Sábado a Noite



Enquanto as folhas balançavam sob a suave brisa úmida, Malcolm DeKreznick descansou os ombros contra o tronco robusto de um salgueiro chorão antigo e correu as costas da mão pela boca. Seus lábios estavam úmidos, escorregadios e olhando, ele podia ver a mancha vermelha de sangue que havia deixado em seu pulso. A menina da fazenda que há pouco tinha matado tinha sido doce e ele jurou que ainda podia saborear seus gritos persistentes em sua língua, assim como doces.
Ele descobriu, em primeira mão, que a hospitalidade do sul era realmente tão encantadora como eles alegavam.
Malcolm tinha encontrado o seu petisco emergindo na lagoa do pai há umas horas atrás, e tinha sido incapaz de resistir, sabendo que precisava da sua energia para a batalha que vinha. Sorrindo ele lambeu os lábios, percebendo que nunca tinha conseguido o seu nome. Mas isso não importava. Quem tinha sido já não era importante. Ela pertencia a ele agora, para sempre, assim como os outros. Aquela lavagem morna, precipitada de vida que fluía dela, levada tão sem esforço, havia se tornando algo todo seu. Tinha estuprado tanto a alma dela, como seu corpo e tinha amado isto. Ansiava isso. Era o que sua espécie tinha nascido para fazer. Por isso Malcom havia lutado tanto para voltar, só assim ele poderia experimentar isto novamente... e novamente.
Apenas uma mancha escura marcava o seu prazer. Ele não tinha percebido que teria competição tão cedo. Mas ele recentemente descobriu que mais dois de sua espécie já tinham sido enviados através do portal, de volta a partir de Meridian, exatamente da mesma maneira que ele. O conhecimento não fez bem a Malcolm. Ele queria o Marcador de Buchanan e não teria escrúpulos sobre matar os parentes se eles tentassem levar isto dele. Calder estaria furioso, entretanto Calder já ia estar bravo com ele por matar tantos, tão depressa. Malcolm tinha sido incessantemente alertado sobre a necessidade de ser conservador, mas a escolha tinha sido tirada de suas mãos.
Depois de Kendra Wilcox, a fome tinha crescido muito forte, muito rápido. Ela inchava dentro dele cada vez que uma mulher passava por seu olho, estimulando-o, impossível de resistir. Esta é sua... leve-a... leve-a. É o que você foi feito para fazer. É seu direito, o seu prêmio. Você não ficou sem por tempo suficiente?
Ainda assim, ele tinha tentado controlá-la. Ele havia se alimentado de um cervo no domingo, mas isto foi antes dele ser forçado a assistir Buchanan e sua mulher saírem com o Watchman, arrancados de seu alcance quando ele tinha planos inspirados por eles. Mesmo a partir de seu lugar dentro da floresta, Malcolm tinha percebido o talismã da pequena loira delicada quando tinha deixado seu quarto de motel e na sua frustração, a fome tinha consumido-o. Para satisfazer seu desejo, ele precisava do completo e gratificante efeito do seu poder, sua dominação sobre a sua presa. Precisava de uma mulher com ele, chorando, implorando por sua vida. Precisou ver aquele derramamento de medo no momento que ele mostrava seu verdadeiro eu. Não havia nada parecido no mundo.
Mais tarde, ele tinha rasgado a adolescente na garganta, fazendo com que parecesse uma matança selvagem, mas ele sabia que Buchanan iria perceber a verdade quando ele ouvisse falar sobre isso. Malcolm queria que Merrick entendesse que ele não estava indo apenas brincar.
O vento aumentou, soprando as nuvens baixas em todo o brilho da lua etérea, escurecendo o céu e os lábios cobertos de sangue enrolando em um sorriso acolhedor. A doce noite de pecado era a sua hora favorita, quando a escuridão caia... e os medos surgiam. Quando as sombras acariciavam com seus dedos gelados pelo comprimento da espinha... fazendo as almas mais endurecidas às vezes olharem sobre os seus ombros com receio de que algo se escondia dentro da meia-noite negra.
Era tão divertido jogar com o medo da humanidade mas Malcolm estava ficando cansado de presa fácil. Ele queria Merrick e hoje ele finalmente ia buscá-lo.
Espreitando dentro das sombras da noite, Malcolm tinha visto Buchanan colocar as malas em seu caminhão na noite de quinta-feira. Uma vizinha intrometida tinha pisado fora de sua porta, querendo saber aonde ele iria dizendo que seu irmão o procuraria. Buchanan tinha gritado as palavras Carolina do Sul e Malcolm sorriu, pensando quão doce era o homem que estava correndo para casa para uma mudança.
Não que ele precisasse que Buchanan contasse para onde estava indo. O bastardo poderia ter tentado fugir e se esconder nos lugares mais longínquos da terra e mesmo assim Malcolm teria sido capaz de rastreá-lo. Mas ele estava feliz com sua escolha. Ele nunca foi à Carolina do Sul, mas imaginava que iria desfrutar de uma mudança de cenário e tinha.
Depois que assistiu Merrick entrar carro, tinha lidado com Aubrey Rodgers e decidiu voltar ao condomínio de Joe Kelly, arrumou uma mala e foi para o aeroporto. Ele poderia ter levado o caminhão de Kelly, mas ele não queria desperdiçar o tempo que seria necessário. Calder havia garantido que ele saberia como agir no mundo moderno, uma vez que ele encontrasse o seu anfitrião e estava certo. Malcolm tinha conservado todas as memórias mundanas do pobre Joe, tão patética quanto elas eram. Ele poderia ter ainda entrado em seu escritório e feito o trabalho inútil dele. Não que ele precisasse. O dinheiro nunca ia ser um problema. Calder já tinha cuidado disso e muito bem.
Atraindo uma respiração funda de ar úmido, fértil e perfumado aos pulmões Malcolm mal podia conter sua excitação considerando suas perspectivas para o futuro. A antecipação estava tão madura no intestino dele, ele quase podia sentir seu sabor. Depois que ele terminasse de destruir Buchanan e tivesse o Marcador, ele iria libertar seu irmão. Então, com Gregory a seu lado ele planejou a gravação de um caminho de destruição através deste mundo moderno que ninguém nunca tinha visto. E ninguém o poderia parar.


































CAPÍTULO VINTE E DOIS


À tarde preguiçosa caiu e a noite chegou, trovões ribombavam à distância, marcando o início de uma tempestade de verão. Isso era normal para esta época do ano, Ian sabia, mas sentia como um aviso pelo que estava por vir.
Ele não tinha nenhuma dúvida, o Casus chegaria hoje à noite. E ele sabia que Molly podia sentir também, como algo pesado e grosso no centro do peito que se conhecia a cada lenta e profunda respiração.
Depois de compartilhar uma refeição fácil de sanduíches e batatas fritas eles se sentaram no chão da sala, cada um com uma cerveja gelada que ele havia comprado na cidade ontem, quando tinha ido se abastecer do essencial. Olhando para o seu perfil a partir do canto do olho, Ian lembrou que tinha passado muito tempo ao longo da semana passada perguntando sobre o que nela o fazia ficar com tanta fome, e não apenas no sentido físico. Não apenas por seu sangue, dando água na boca. E não apenas para o sexo, embora sexo com ela fosse além de qualquer coisa que ele já havia experimentado.
Quando a levou para baixo dele pela segunda vez naquela manhã, fez uma pausa saboreando, abrandado, para desfrutar de cada momento, de cada pulsar de sensações. Ele empurrou para cima em seus braços e viu quando empurrou dentro dela, olhando o jeito que penetrou na boca macia de seu corpo, seu pênis escuro e brutal, as dobras tenras dela encharcadas, brilhantes e rosadas. Perdera-se na cadência da sua respiração, no toque de suas mãos... no gosto da boca e na suavidade de sua pele.
E nas horas calmas da tarde, com a tempestade se enfurecendo, quando ela tinha dormido aninhada em seus braços, exausta das horas de excesso físico que ele a submeteu, ele finalmente chegou a um entendimento do que a tornava tão especial... tão diferente.
Ele tinha a resposta, havia ficado um pouco terrificado por reconhecer isto. Mas soube, bem no fundo, o que tinha acontecido a ele. E agora que ele entendia, perguntava-se se não tinha estado correndo todos esses anos procurando por algo especial. Por isso. Por Molly. Por uma pessoa que tinha a capacidade de se introduzir dentro dele, fazendo sentido suas trevas... seu caos, ao mesmo tempo excitando-o de maneiras que ele nunca poderia ter imaginado, levando-o a níveis de prazer que ele não tinha sequer percebia que existia.
Engraçado como ele tinha formado um círculo completo, voltando à sua casa de infância, para esse milagre acontecer. Tinha que agradecer sua mãe, dentre todas as pessoas, por trazer Molly para sua vida e mostrar-lhe o que significava realmente cuidar de outra pessoa.
— Você ainda pode sentir o cheiro da madressilva neste lugar. — ele murmurou, puxando uma respiração profunda do perfume familiar que ele sempre associava a sua casa.
Ela enviou-lhe um sorriso curioso e ele explicou.
— O perfume favorito de Elaina era madressilva e encheu a casa com isso. Velas e potes de flores secas. Loções e perfumes. Eu juro por Deus, Riley gostaria de ir à escola sem cheirar a menina metade do tempo.
Ela riu, fazendo-o querer puxá-la para seus braços e beijá-la, só assim ele poderia provar o som doce e sexy nos lábios. Mas ele resistiu, imaginando o que se passava por sua cabeça. Ela não insistiu com ele para nada. Nenhuma explicação sobre seus sentimentos... sem promessas. Nenhuma conversa sobre o futuro e ele estava pronto para explodir. O que ela estava esperando?
A necessidade de tocá-la aumentou e Ian deixou sair ao pegar na mão dela, maravilhado com o quão pequena e delicada sentiu no seu entender, o seu medo por ela como uma coisa viva dentro dele, borbulhante debaixo de sua pele.
— Você está por medo de mim, não é? — Ela perguntou, sua voz suave.
— Cristo, Molly. Por que diabos você acha que eu vim aqui, em primeiro lugar? — Ele resmungou. — Eu estava puxando este bastardo para longe de você, e então você apareceu. — Olhou para o céu escuro, pela janela da frente e disse — Ele está vindo. Hoje à noite. Eu posso sentir isso.
— Eu posso sentir isso também. Mas vou ficar bem. Eu sei que vou. Não importa o quão poderoso seja o Casus, ainda não é páreo para você.
Ian balançou a cabeça em sua fé nele, uma explosão de riso áspero saiu do peito.
— Eu arruinei sua vida, Molly. Você não vê isso? Você devia estar tentando fugir de mim tão rápido quanto você pode, mas está em pé diante de mim, me aplaudindo.
— Ian, pare de olhar para trás. — Molly disse a ele, apertando sua mão. — Você não estragou nada. Você deu a minha vida de volta. Não importa o que aconteça, eu pertenço a você, então não perca seu tempo tentando se livrar de mim.
— Eu já tentei. — ele disse em um tom irônico. — Você pode ver como isso funciona.
Um sorriso brincalhão surgiu em sua boca.
— Então o que você vai fazer agora?
— Eu sei — ele murmurou, inclinando a cabeça para trás, vendo-a debaixo de seus cílios, provocando-a com seus belos olhos azuis, uma das visões mais bonitas que já tinha admirado. Molly adorava vê-lo tão... confortável, tão à vontade dentro da sua pele..., bem como com ela, como se estivesse muito mais perto de estar em paz. — Quem sabe? Talvez, se eu tiver sorte, eu serei capaz de enfiar algum juízo em você.
— Você é bem-vindo para tentar — ela brincou. — Eu duvido que vá adiantar, mas Deus sabe que eu vou gostar dos seus esforços.
Um som agudo de riso surgiu em seu peito e sorriu, perguntando se ele já havia ficado à vontade assim antes com uma mulher. Ela duvidou e isso fez suas entranhas acender com um brilho incandescente.
— O quê? — Perguntou ele, esfregando o polegar sobre os pontos delicados da mão, que ainda segurava.
Molly colocou sua cerveja no chão e ergueu a mão livre, conectando o seu cabelo atrás da orelha.
— Eu estava pensando que esta não é a maneira como você costuma gastar seu tempo com as mulheres. Falando. Arreliando.
Ele olhou para ela por um momento, ofegante, então tocou seu rosto com as pontas dos dedos.
— Você está certa. — ele murmurou em uma voz profunda e aveludada. — E eu sou um bastardo egoísta para desfrutar de ter você aqui comigo quando eu sei que você está se colocando em perigo. Mas eu não posso deixá-la. Eu quero ter tanto tempo com você como eu possa, Molly, mas estou com medo de te perder.
— Não vai acontecer — ela sussurrou, completamente desfeita pelas suas palavras impressionantes. Ela quis jogar os braços em volta do pescoço e pedir-lhe que a amasse, mas ela lutou contra o impulso, com medo de como ele iria reagir. Em vez disso, ela provocou um sorriso em seu rosto. — Mas eu não acho que você tem um arsenal escondido em qualquer lugar por aqui. Talvez uma Beretta para descarregar nele? Espingarda? Uzi?
Ele riu baixinho, sacudindo a cabeça.
— Não que eu saiba.
— Elaina não acreditava em armas? — Ela perguntou, seu tom casual, quando Ian sabia que o que ela estava realmente fazendo era perguntando por que ele não acreditava nelas.
— Vamos apenas dizer que meu pai, antes de fugir, era apaixonado demais por elas. Provavelmente não teria sido tão ruim, se não tivesse sido tão igualmente amante da Turquia Selvagem.
Mesmo agora, Ian poderia ainda se lembram do terror que ele sentiu quando tinha despertado uma noite ao som de uma discussão entre seus pais. Espreitando através da porta do quarto ele viu seu pai segurando uma arma na cabeça de sua mãe, gritando para os demônios "irem embora".
Ian sabia que ela tinha falado sobre os seus antepassados novamente o que sempre deixava seu pai com raiva. O rosto de Elaina tinha ficado coberto de lágrimas, o olhar nos olhos de seu pai eram tão frios como o metal da arma que ele tinha segurado preso contra sua cabeça.
Ele quis correr em seu socorro, mas ele estava apavorado, ali paralisado de medo, como se seus pés estivessem pregados no chão de madeira fria. Finalmente, seu pai havia empurrado Elaina longe e pegou as chaves do caminhão, saindo de casa. Ele se afastou na noite, cego, fúria de bêbado... e nunca o tinha visto de novo. E a partir daquele dia, Ian nunca tinha sido capaz de tolerar a visão de uma arma... e nem a sua mãe.
— Ei, você aí? — Ouviu Molly perguntar baixinho e deu-se uma agitação mental ao sentir o peso doce de mulher em seu corpo, sentada sobre seu colo. Seus braços erguidos ao redor de seus ombros, os lábios pressionados em um ponto de sua mandíbula e mordeu de volta com um gemido rouco. Sentia-se... incrível, como se ela tivesse se derramado sobre ele, cobrindo-o com uma onda quente e doce de carinho. Envolveu-o em algo belo, terno e puro. Sua garganta ficou presa com a emoção, mas ele passou os braços em volta dela, puxando-a para mais perto, abaixando a cabeça para que pudesse enterrar o nariz na massa quente e sedosa dos cabelos, a respiração dela em seu corpo... no seu coração... em sua alma.
Ele tinha um maldito medo de perdê-la, ele nunca iria deixá-la.
Ficaram assim por muito tempo, momentos intermináveis, balançando suavemente em conjunto, apenas com o som do estrondo do trovão como pano de fundo, até que um grito agudo e gutural rasgou toda a noite, o som estranho vindo da frente da casa. Molly ficou rígida em seus braços e Ian agarrou seus ombros, ajustando-a com ele.
Movendo-se sobre seus pés, ele disse:
— Chegou a hora.
— Oh, Deus. — Molly ofegou, a voz grossa, os olhos úmidos com as lágrimas repentinas enquanto ela observava-o mover em direção a sua mochila. Ele parecia tão calmo... tão concentrado, como se não estivesse prestes a enfrentar a experiência mais assustadora de sua vida.
Ele se inclinou para baixo, retirando a cruz e uma faca longa, mal olhando a faca estendeu-a para ela dizendo:
— Quando cheguei aqui, eu não planejava que as coisas funcionavam do jeito que elas vão. Agora que eu estou alimentado, o Merrick deve ser capaz de prender este idiota e se Deus quiser, a cruz irá matá-lo. Mas se algo der errado, o Casus vai vir atrás de você. Use a faca, Molly. Faça o que tiver que fazer e então dê o fora daqui.
— A cruz vai funcionar, Ian. Ela vai.
— Eu queria dizer o que eu disse — ele grunhiu, esperando que ela pegasse a faca, antes de colocar a cruz sobre a sua cabeça. Ela brilhava contra o centro de seu peito, apenas o jeans de cintura baixa pairava sobre seus quadris. Seu corpo parecia magro, escuro e perigoso, a pele dourada esticada sobre o poder duro ondulante de seus músculos. — Se algo der errado, você sai daqui, entra em seu carro e vá embora. Dirija direto para o aeroporto e volte para Scott. Ele vai cuidar de você, Molly.
— Ian. — ela suspirou suavemente. Ele parecia tão vital, tão forte e poderoso, ainda mais do que quando ela pôs os olhos nele apenas uma semana atrás. E, no entanto, ela estava apavorada por ele, sabendo que ele estava prestes a enfrentar algo tão mau e vil, que não pertencia a este mundo.
— Simplesmente faça Molly. A única coisa que importa aqui é que você fique a salvo. É por isso que eu trouxe aqui este desgraçado. Não importa como isso acabe eu quero você segura.
Ela assentiu com a cabeça, tremendo de medo e viu como ele fez o seu caminho em direção à porta. Ele estendeu a mão para a maçaneta e seu nome estourou em seus lábios.
— Ian!
Ele olhou por cima do ombro.
— Sim?
— Eu não me importo como, faça o que for preciso, — ela sussurrou — mas chute o rabo dele e volte para mim.
Por um momento, ele apenas olhou para ela, aqueles olhos escuros em um turbilhão de emoções devastadoras, enquanto permanecia totalmente imóvel. Então ele tomou uma respiração profunda, trêmula e murmurando disse:
— Vou voltar porque vale a pena Molly e eu quero que você saiba que te amo.
Ele segurou o olhar nela, lendo a surpresa em seus olhos encharcados de lágrimas, no tremor de seu corpo e então lhe deu um sorriso lento, mau e saiu para a noite.
Na varanda dianteira, Ian respirou profundamente e logo encontrou o Casus, seu cheiro sujo e grosso pendurado no ar. Rodeando. Mas ele estava pronto. Pronto para lutar para salvar a vida da mulher que ele amava mais do que ele alguma vez poderia ter imaginado. Sua fé tinha mudado e ele podia ver agora que não era o seu controle que o tinha mantido seguro enquanto ele se alimentava a partir dela pela manhã, permitindo-lhe parar antes que tivesse tomado demasiado sangue. Foi porque ela era tudo para ele e ele ia fazer o que fosse necessário para protegê-la.
Ao invés de lutar contra a escuridão que vivia dentro dele, como vinha fazendo há muito tempo, Ian estava finalmente pronto para abraçá-la. Para se entregar ao seu poder, confiando nele não só a sua vida, mas também a de Molly.
Girando o pescoço sobre os ombros, ele desceu os degraus da varanda, para o quintal da frente, as lâminas de grama úmida fria sob seus pés descalços. Uma estranha e misteriosa calma propagava através dele, seu corpo rígido... apertado, os sentidos em perfeita harmonia com todos os sons... cada fração do movimento nas árvores em frente. O perfume do Casus aumentou e ele poderia dizer que estava se aproximando. Seus dedos flexionados ao seu lado e ele esperava com impaciência o Merrick subir dentro de si, a cruz quente contra seu peito, aquecendo com o poder. E ainda, quando a criatura pisou do abrigo da floresta, um mau sorriso malicioso curvando sua boca... Ian ainda estava ali como um homem.
Que diabos? Tomando uma respiração profunda, Ian chegou a essa parte da sua natureza primitiva, cavando profundamente nos recessos mais fundos do seu ser. Podia senti-lo lá, rolando através de seu corpo como a criatura primordial que era, mas não importa o quão desesperadamente ele tentasse, ele não poderia chegar a uma profundidade suficiente para agarrá-lo. Não poderia se apossar dele e puxá-lo para a superfície.
O que em nome de Deus estava esperando?
— A qualquer hora. — ele resmungou sob sua respiração, fazendo um movimento frustrado de ombros e o Casus chegou mais perto, seu corpo cinza grotesco movimentando-se como algo saído diretamente do fundo gelado de um pesadelo. Ian se manteve firme olhando para frente, seu pálido olhar azul-gelo ardendo na sombra da escuridão e foi como olhar para o próprio inferno, sentindo as chamas empolar a pele, derretendo peça por peça em um processo lento e tortuoso.
Elevando seu nariz para o ar úmido da tempestade, Casus puxou uma respiração profunda, buscando, e um som gutural imediatamente vibrou em sua garganta como um ronronar demoníaco.
— Mmm. Eu posso sentir sua putinha loira dentro da casa.— ele murmurou, as palavras saindo estranhas da sua boca deformada. — Tenho que admitir, eu estava esperando que ela tivesse te seguido até aqui, Buchanan. Eu me diverti tanto com suas mulheres rasgando-as em pedaços, e não estava pronto para deixá-la deslizar por entre meus dedos. Eu tinha planejado localizá-la depois que tivesse terminado com você, mas isso vai ser muito doce, com você aqui para ver a nossa brincadeira.
O lábio de Ian enrolou com um rosnado profundo, desumano, crescendo acima do peito em resposta aos insultos do bastardo, e percebeu Merrick finalmente buscando a liberdade. Ele quase sorriu com a satisfação selvagem, até que a primeira onda de dor rasgou através dele, afiada, como se estivesse sendo virado do avesso. Suas costas arqueadas, os braços arremessados para fora ao seu lado, empurrando seus músculos em espasmos, como se estivesse sendo eletrocutado e, em seguida, ele rasgou livre em uma força violenta, numa explosão de raiva.
Sangue correu de suas mãos enquanto garras afiadas trespassaram as pontas dos dedos, as gengivas pungentes com suas presas lançadas em um assobio sibilante. Ele balançou violentamente, rangeu os dentes com a mudança enrolando das solas de seus pés, alterando o seu corpo em uma embreagem de dor angustiante. Ossos expandindo, músculos salientes... ampliação, a ferocidade da transformação tão aterrorizante enquanto o libertar era de alguma maneira estranha, maravilhosa. O peito arfava quando a fase final da mudança fluiu através dele, seus ossos faciais rachando, alterando a forma do nariz, achatando contra o rosto como um animal.
— Merrick. — resmungou a fera e, com um rugido de fúria primitiva, Ian saltou pelo ar, batendo seu corpo violentamente contra o Casus e caiu no chão rolando pelo gramado escorregadio. Rosnando o Casus fincou as garras em suas costas, um uivo surgiu de sua garganta. Ele deveria ter sido capaz de deixar Ian aos pedaços, mas suas garras deslizaram sobre a pele sem romper a superfície, e Ian balançou a cabeça atordoado ao descobrir que a cruz realmente iria protegê-lo.
— Talismã. — zombou Casus, de olho no Marcador, uma vez que empurrou seus pés. Assistiu como Ian fez o mesmo, flexionando suas longas garras sinistras em seus lados, o olhar azul-gelo queimando com ódio.
Pronto para trazer esta coisa para um fim, Ian agarrou o calor da cruz e em seguida puxou, quebrando o cordão de veludo. Segurou o metal quente apertado entre o polegar e os dedos, imaginando como deveria fazê-lo funcionar. Como ele pretendia usá-lo como uma arma? Meio que esperava que ele se transformasse em uma espécie de punhal ou estrela ninja. Algo que ele pudesse jogar. Que explodisse em chamas como uma bola de fogo. Mas ele não fez nenhuma dessas coisas.
— Não há nenhuma maneira que você possa ganhar — sussurrou a criatura, o seu corpo deformado movendo ao seu redor em um círculo lento, e Ian espelhando seus movimentos, tomando cuidado para mantê-lo na frente dele. Cerrando os dentes, se perguntou quanto tempo deveria esperar antes de empurrar o Marcador no bolso e contar com suas garras e dentes para rasgar o monstro em pedaços.
— Eu esperei muito tempo por isso. — rosnou Casus, seus dentes brilhando ao longo da luz pálida do luar através das brechas das nuvens pesadas. — Séculos de tempo para me preparar... pensar em nada mais além de como vai ser bom matá-lo, Merrick. Não pense que um pouco de metal vai me parar agora.
Vamos lá... vamos lá... Ian pensou, esfregando o polegar contra a superfície gravada da cruz, esperando por um milagre.
— Mas eu não vou matá-lo imediatamente. — ele continuou, seus lábios finos torcidos em um sorriso malévolo. — Eu vou deixar você sangrando e quebrado, mas respirando, apenas o tempo suficiente para você assistir como me familiarizo com a loira. Então você vai me dar o que eu preciso.
Ian deixou a raiva tomar conta em uma onda viciosa, visceral, ampliada pelo poder do Merrick, e um rosnado profundo, gutural arrancou de seu peito, ao mesmo tempo em que o Casus atacou. Veio a ele em uma rajada de golpes, batendo-lhe com as mãos em garras e Ian lutou para manter sua posição.
Cortando de volta para ele com a mão livre, Ian atacou em seu intestino com suas garras, desenhando um spray de sangue quente, mas ele continuou chegando. Precisando de ambas as mãos para lutar contra o seu ataque, ele tentou retirar a cruz do bolso de trás, quando o Casus bateu com suas longas garras curvadas em seu pulso. Embora o golpe atordoante não rasgou a pele de Ian, bateu com força suficiente para retirar a cruz de sua mão, jogando-a sobre a grama. No instante seguinte, as garras do Casus romperam profundamente em seu peito, fazendo-o gritar de dor.
— Minha. — ele rosnou, levando-o ao chão, o impacto brusco empurrou o ar de seus pulmões. Ian se esforçou para mantê-lo fora, mas era quase impossível. Apesar da força do seu Merrick, o Casus era maior, mais forte. Ele agarrou a sua garganta, os braços balançando quando seu Merrick usava todo o seu poder para segurá-lo à distância, mas não foi suficiente. Seus dentes afundaram profundamente em seu ombro, rasgando a carne, músculo e rachando o osso. Ele rugia com a dor excruciante explodindo através de seu corpo, incandescente, roubando seu fôlego enquanto as presas letais rasgavam novamente... e novamente.
Com os olhos arregalados, Ian encarou a morte de frente, segurando o olhar da criatura, enquanto o seu coração despedaçava de agonia por saber que ele falhou em proteger Molly. Então o Casus de repente jogou a cabeça para trás e soltou um grito horripilante de sofrimento. Incrédulo, Ian viu como Molly se afastava lentamente deles, os olhos enormes no rosto fantasmagórico, a faca que ele havia deixado enterrada no ombro largo da besta.
— Vá para dentro! — Gritou ele, ao mesmo tempo Casus virou-se e a socou com um golpe poderoso de seu braço longo, enviando-a longe. Ian rugiu o nome dela, lutando para obter os seus pés debaixo dele, enquanto o sangue escorria pelo seu corpo, seus ombros uma bagunça, mutilado e ensanguentado. Casus saltou para Molly, fixando-a no chão e Ian balançou para frente, rangendo os dentes contra a dor, mas o mundo balançou antes que ele pudesse alcançá-la e ele se viu deitado de bruços no quintal.
Os gritos de Molly encheram o ar, seu corpo preso embaixo do monstro e Casus olhou por cima do ombro, enviando-lhe um sorriso lento, malicioso.
— Não morra ainda, Merrick. Ainda não. Eu quero que você aproveite o espetáculo.
Cerrando os dentes, Ian se arrastou sobre a grama encharcada de chuva, determinado a alcançá-la, protegê-la ou morrer tentando. Ele tinha coberto não mais do que um punhado de metros, quando um flash de metal brilhou no canto do olho e ele chegou com sua mão direita, dedos sangrando, agarrando desesperadamente a terra úmida. Quando seus dedos tocaram o metal quente, ele agarrou a cruz, segurando em sua mão, presa contra a palma e o poder do Marcador finalmente surgiu. A sensação de bolhas, como uma sacudida impressionante de eletricidade, de imediato atravessou seu braço, acendeu e irradiou através de seu corpo, transformando a cruz em um objeto ardente e Ian rugiu pela dor que o queimava. No instante seguinte, uma rajada forte de energia passou no meio dele e disparou para os pés sobre uma onda explosiva de raiva que o levou em direção à criatura, o seu corpo de Merrick poderoso colidiu com Casus e jogou-o ao chão.
A queimadura na palma de sua mão ficou mais quente, como se estivesse derretendo sua pele. Ian usou suas garras para atacar a carne de Casus, mas ele torceu o corpo escapando, caindo sobre suas mãos e pés e indo para longe de Ian como um animal encurralado, seus olhos pálidos chocados com grande medo.
— Volte aqui, seu covarde sangrento. — Ian resmungou com uma voz muito profunda e gutural para pertencer a um homem. Com o canto do olho, viu Molly cambalear sobre seus pés, a enchente devastadora de alívio correndo por ele tão intensa que quase caiu de joelhos. Ele estava indo para levá-la em seus braços e nunca deixá-la ir, segurando-a pelo resto de sua maldita vida, tão logo ele tratasse de acabar com o desgraçado que estava tentando escapar dele. O vento da noite subiu, levando o cheiro espesso do medo de Casus a seu nariz e Ian foi em direção a ele, o calor na palma da mão irradiando-se através de seu antebraço, como se fogo líquido fosse derramado sob sua pele.
Rangendo os dentes contra a sensação de ardor feroz, ele respirou profundamente e podia jurar que cheirava ... madressilva. Que ...
"Você veste a marca, Ian."
As palavras suaves foram sussurradas em sua cabeça como uma brisa fresca, suave, ele puxou para trás os ombros, mantendo os olhos em Casus, se esforçando para entender.
"Você usa a marca ...."
A marca? A cruz foi chamada de Marcador. Ele segurou-a em sua mão. Mas usá-la? O que isso significa?
E, em seguida, a resposta bateu em seu cérebro com uma sacudida de consciência, e ele sabia exatamente o que tinha de fazer. Atacou Casus, jogando-o ao chão, seus corpos rolando na grama enquanto o grito de Molly pedindo para ele ter cuidado encheram a noite. A besta agarrou-o com suas garras mortais, mas não quebrou sua carne, suas garras simplesmente deslizaram em sua pele, a proteção do talismã mais uma vez o manteve longe do perigo. Mas ainda mais surpreendente foi o fato de que seus ferimentos não pulsavam de dor, como se eles nem sequer existem.
Rosnando, Casus lutou para prendê-lo com seus pés, mas Ian era mais rápido. Torceu o corpo e foi para a base de seu pescoço grosso, no ponto exato entre os ombros onde Ian tinha uma tatuagem de cruz, e fechou o marcador contra o seu corpo. Um som encheu o ar, como o óleo batendo numa panela quente, e, em seguida, uma bola de fogo ardente envolveu seu braço e sua mão atravessou a pele de Casus, afundando em seu corpo.
Braço de fogo. Puta merda.
Segurando o braço em chamas entre eles, Ian assistiu maravilhado como o corpo cinza de Casus começava a brilhar a partir de dentro, como se iluminado com lava derretida, o laranja brilhante queimando abaixo de sua pele, enquanto levantava bolhas na superfície. Seus membros sacudidos com espasmos violentos, como se tivesse sido atingido por um raio, e Ian apoiado com os pés na grama úmida, trabalhando para manter o equilíbrio. A onda de calor escaldante derramando por seu corpo, mas ele foi travado contra Casus, incapaz de se afastar, o fogo intenso crescendo mais quente ... brilhante. Um grito sobrenatural saiu do peito da criatura em um fluxo interminável, truncado, horrível e austero, e em seguida seu corpo finalmente irrompeu em uma explosão impressionante de luz pulsante.
A onda do choque jogou Ian para trás com a força de um tiro de canhão. Lançado através do ar, seu corpo caiu no chão, um escalonamento de dor ricocheteou através de seu crânio.
E então tudo ficou escuro.

































CAPÍTULO VINTE E TRÊS


Quando ele acordou o cheiro de carne queimada e enxofre encheu seu nariz, enquanto uma estranha cacofonia de sons zumbiam, martelando em sua cabeça.
— Ian, caramba. Acorde — grunhiu uma voz profunda, acima dele, seguido por um grande tapa de uma mão áspera em seu rosto. — Vamos, abra os olhos.
A voz áspera soou estranhamente familiar, e ele lutou para abrir suas pálpebras. Com uma careta contra a dor maçante, latejante, ele olhou para cima em um par de olhos azuis, uma sombra mais escura do seu próprio.
— Riley? — Ele murmurou, perguntando se ele estava tendo alucinações. O que seu irmão estava fazendo na Carolina do Sul?
O vento chicoteava os cabelos escuros sobre a testa de Riley, o olhar sombrio com preocupação, quando ele perguntou:
— Você está bem? Nada quebrado? Isso foi uma explosão do inferno.
— Molly? — Ian ofegou, incapaz de formular o resto da sua pergunta através do nó de medo que asfixiava sua garganta. Ele tentou sentar-se, mas Riley deslizou seus ombros contra o chão.
— Calma, calma ... ela vai ficar bem. — Seu irmão lançou um olhar rápido sobre o ombro largo, em seguida voltou-se dizendo: — Ela não acordou ainda.
Ah, merda.
— Largue-me — ele tentou gritar, mas as palavras de raiva saíram como nada mais do que um grunhido rouco. Terror foi pressionado em cima dele, como um peso incrível contra o peito, tornando difícil respirar... pensar.
— Ian, apenas torne isso mais fácil, cara.
— Agora — ele finalmente conseguiu rosnar, balançando os punhos em direção ao rosto de Riley. Seu irmão puxou de volta, xingando baixinho pois quase não conseguiu escapar do golpe.
— Tudo bem, apenas fica frio. Ela vai ficar bem — ele murmurou, mas Ian já estava rastejando em sua direção, a cabeça latejando, enquanto a mão direita queimava como o diabo. Mas tudo o que importava era chegar até ela... segurá-la. Ele tentou ficar em pé, mas escorregou na grama úmida, batendo os joelhos, e através da nuvem de fumaça ainda persistente ao longo do jardim da frente, ele viu o cabelo vermelho escuro de Kierland Scott.
Ian arrastou-se pela grama, em suas mãos e joelhos, os seus movimentos desajeitados e desconexos, enquanto a respiração seca de seus pulmões com uma cadência dolorosa raspava. Parecia demorar uma eternidade para cobrir a distância, cada segundo suas entranhas rasgavam com medo, e então ele finalmente estava lá, ajoelhado ao seu lado. Ela estava deitada encolhida no chão, sem vida, e o ruivo Watchman ajoelhado ao seu lado, pressionando a garganta dela, verificando o seu pulso. A boca de Scott estava se movendo, mas Ian não pôde entender o que ele estava dizendo. O som de sua própria pulsação encheu sua cabeça, furiosa e violenta, como uma tempestade fustigante e ele estendeu as mãos instáveis para ela, pairando sobre seu corpo, com medo de tocar... medo de que ele acidentalmente a machucasse se fizesse isso.
— Molly — ele murmurou, a única palavra quebrada de emoção. Ian não conseguia entender o que estava errado com sua voz, até que ele percebeu que estava embargada pelas lágrimas. Elas estavam quentes em sua garganta, ardendo nos olhos, trilhas salgadas deslizando pelo seu rosto, misturando com a sujeira, suor e sangue.
Scott o alcançou por cima do corpo dela e o agarrou pelo ombro, sacudindo-o, e Ian empurrou o olhar atormentado para o Watchman, esforçando-se para ouvi-lo.
— Ela vai ficar bem, Buchanan. Ela desmaiou pela explosão, mas ela está voltando agora. Ela está vindo.
"Isso é bom... isso é bom. Assim adquira um pouco de compostura, homem. Deixe de gritar e se reúna."
Ele não sabia se as palavras foram provenientes do idiota residente em sua cabeça ou se era Riley resmungando novamente, mas ele puxou uma respiração profunda em seus pulmões, concentrando-se em seu rosto... e de repente ela estava piscando para ele com um lento, doce e amável sorriso trêmulo na boca preciosa.
— Ian — ela sussurrou, sua voz arranhada por causa da fumaça e, em seguida, ela baixou o olhar e o sorriso caiu imediatamente, substituído por um olhar horrorizado de pânico quando viu a mancha vermelha de sangue que cobria a parte superior de seu corpo. — Oh meu Deus, você está ferido!
— Não, eu estou bem... Eu estou bem. — Caindo para trás em sua bunda, Ian chegou para ela, puxando-a em seus trêmulos braços, segurando-a muito apertada, mas ele não podia ajudar a si mesmo. Desabou sobre ele todo o medo, a raiva e a dor que ele tinha sentido, até que a enrolou em seu peito, pressionando os lábios ao lado da garganta, onde seu pulso correu a um ritmo feroz, martelando. E nesse momento, tudo no mundo que tinha escorregado em uma loucura de repente parecia certo.
— Jesus — ele respirou contra sua têmpora, enquanto suas mãos percorriam suas costas e braços, buscando a garantia de que ela estava bem. — Nunca me assuste assim novamente. Eu juro, você levou cinquenta anos da minha vida.
— Eu estou bem, Ian — ela murmurou, tentando fazer sua própria busca em seu corpo. — Você é o que está coberto de sangue.
— Eu juro que não estou machucado. Só me deixe te abraçar.
Fechando os olhos, Ian a balançou em seus braços, a cabeça enterrada na curva de seu ombro, estremecendo com o medo recuando lentamente, deixando um sentimento trêmulo, alegre no peito dele, como também uma doçura, uma estranha queimação de felicidade em seu intestino. Seus olhos estavam quentes, um burburinho rompeu áspero de sua garganta e sinceramente não sabia se estava rindo ou chorando ou fazendo as duas coisas.
Molly ergueu a mão para a superfície áspera do seu rosto, molhado pelas lágrimas, enquanto um sorriso radiante floresceu sobre sua boca.
— Ian... meu Deus, estou tão orgulhosa de você. Você fez isso!
Ele apertou um beijo macio em seu rosto, sua voz engatando quando ele disse calmamente:
— Não, querida, não fui eu. Elaina... Elaina fez isso.
Choque fez seus braços enrijecerem.
— Sua mãe? Mas ... como?
— Eu vou explicar mais tarde, — ele sussurrou no ouvido dela — quando estivermos sozinhos.
Molly não esperaria para exigir uma explicação, mas quando ela seguiu o olhar de Ian, finalmente percebeu que não estavam sozinhos. Um suspiro caiu de seus lábios quando viu Kierland e Quinn, bem como um homem gigante e assustador que ela nunca tinha visto antes. Eles estavam a uma curta distância, os seus olhos treinados sobre ela e Ian.
— Você veio — ela sussurrou, olhando para Kierland na descrença chocada, incapaz de envolver sua mente em torno do fato de que ele e Quinn estavam realmente lá. — Eu não posso acreditar. Você quebrou as regras.
— Pensamos que era hora de mandar para o inferno as regras — o Watchman falou, enquanto um sorriso tocou no canto da boca. — Um pequeno ser humano me informou não muito tempo atrás que quando algo é importante, nós temos que fazer o que sabemos ser certo, mesmo se significar quebrar uma ou duas regras. — Acontece que ela sabia de quem ele estava falando. Ele enviou um olhar sombrio sobre o jardim destruído, observando a terra queimada e, em seguida, voltou o olhar verde pálido para trás em sua direção e disse — Mas eu tinha medo que até que eu percebesse isto, estivéssemos atrasados demais para ajuda aqui. Chegamos a tempo de testemunhar a explosão.
— Ainda assim, é o pensamento que conta — ela murmurou, dando-lhe um sorriso trêmulo. Molly podia sentir a queimadura ligeira de ciúme proveniente de Ian enquanto falava ao bonito Watchman, e ela afagou-lhe carinhosamente com a mão ao longo dos músculos tensos do braço que prendiam sua cintura, silenciosamente tranquilizando-o. — Não está certo, Ian?
Ele grunhiu em resposta, puxando-a contra o peito em um apertão descaradamente possessivo.
— Então o que você está fazendo aqui? — Perguntou ele, empurrando o queixo em direção ao desconhecido amedrontador, com cabelos pretos desgrenhados e uma carranca escura. O homem tinha os braços cruzados sobre o peito coberto com uma camiseta, e Molly olhou as tatuagens que circundavam seu bíceps esquerdo, antes de levantar seu olhar curioso para um tom estranhamente familiar de profundos olhos azuis, perguntando quem era ele... e como Ian o conhecia .
— Entramos em contato com ele — respondeu Scott, empurrando as mãos nos bolsos da frente da calça jeans que tinha manchas escuras nos joelhos, por ele ter se ajoelhado sobre os restos carbonizados que cobria o quintal. — Nós fomos para lhe dizer que você estava vindo lutar contra o assassino daquelas mulheres e perguntar se ele queria vir para ajudar seu irmão. Mas, quando chegamos ao seu apartamento, ele já estava preparado. Parece que ele ouviu de um de seus vizinhos que você estava vindo para cá e já tinha decidido vir e descobrir o que estava acontecendo.
— De jeito nenhum — sussurrou Molly, de repente, percebendo quem o desconhecido era. — Eu não acredito que você é o Santo Riley.
Um estrondosa carranca bem apertada surgiu sobre o rosto do homem quando ele encarou Ian, murmurando:
— Eu lhe disse para parar de usar esse apelido.
Ian riu como resposta.
— Mas serve tão bem.
— Sim, bem, ria agora — Riley resmungou — mas quando você chegar em casa, você e eu teremos um inferno de uma longa conversa. Se eu soubesse na época que você estava pensando em fazer algo tão estúpido, eu juro, eu teria trancado sua bunda louca em uma cela e o mantido lá.
— E talvez seja por isso que eu não lhe disse — Ian respondeu, revirando os olhos.
— Seu asno estúpido. — Riley explodiu, e Molly podia ver na expressão desfigurada, cansada, que ele estava verdadeiramente abalado pelo fato do irmão dele ter estado em tal perigo extremo. — Você desapareceu, não retornou minhas ligações, e enquanto isso eu tenho cadáveres surgindo em todo o lugar. Você tem sorte que eu não lhe dou o chute que você merece por não me contar o que estava acontecendo.
— Bem, você vai ter que segurar esse desejo. — Ian suspirou, passando um sobre Scott — Porque há algo que eu preciso dizer a vocês.
Scott levantou suas sobrancelhas, sua expressão revelando seu interesse.
— Pouco antes de ele morrer eu vi... ou algo assim, as suas memórias ou o inferno, eu não sei. — Ele respirou fundo, lutando para fazer sentido as aglomeradas informações através de seu cérebro, enquanto Molly acariciava seu peito com um gesto doce, suave. — Mas eu sei o que está por vir. Eles querem os Marcadores.
— Os Marcadores? — Scott murmurou, sacudindo a cabeça. — Para destruí-los?
— A lenda diz que não podem ser destruídos — murmurou Quinn, falando pela primeira vez.
Ian deu de ombros.
— Tudo o que sei é que ele queria, mas eu não consegui ver por quê.
— O que eles querem, — Scott murmurou — não pode ser bom. Antes do que imaginamos, vamos ter uma guerra em nossas mãos.
— Eu também vi que não era o único. Mais de sua espécie já estão aqui, eles querem as cruzes, o mesmo que ele.
— Jesus. — Scott sibilou, esfregando as mãos pelo seu rosto, antes de empurrá-las de volta através de seu cabelo. — De quantos outros estamos falando?
— Eu não tenho certeza, mas eu tenho a sensação de que ele não estava feliz em ter competição. O que o forçou a se mover mais rápido do que você pensou que seria. — Ian disse-lhes. — O que significa que Saige é vulnerável na América do Sul com apenas um Watchman de proteção. Ela precisa ser trazida para o Colorado. Imediatamente.
Scott balançou a cabeça.
— Eu vou me colocar em contato com Templeton. — ele murmurou e então surpreendeu Ian, dizendo. — Quando podemos esperar você e Molly de volta a Ravenswing?
Ian o olhou com olhos penetrantes, perguntando o que diabos ele queria.
— O que faz você pensar que nós vamos voltar?
Scott cruzou os braços sobre o peito, sua expressão determinada, como se preparando para uma discussão que ele não pretendia perder.
— Você faz parte disto, gostando ou não. E você é o único que lutou contra um desses bastardos e ganhou. Tanto quanto me dói dizer isso. — ele murmurou, dando-lhe um sorriso duro, — Nós precisamos de você, Buchanan.
— Ele está certo. — Molly sussurrou, olhando para ele com um olhar deslumbrante de orgulho brilhando nos olhos dela. — Você tem que voltar, Ian.
— Você, também, Molly. — Scott acrescentou com um leve burburinho de riso. — Não pense que você ficará fora da batalha tão facilmente.
Ela piscou, enviando ao britânico um olhar suave de confusão.
— Mas... eu sou apenas humana.
— Não é verdade. — bufou Ian, puxando seu rosto para trás em direção a ele com o toque dos dedos sobre o queixo. — Você é diferente de qualquer uma que eu já conheci. Inferno, Molly, você enfrentou esse filho da puta psicótico e nem piscou os olhos.
Ela sorriu para ele como se tivesse acabado de dar-lhe um elogio profundo, seu olhar amoroso bateu no estômago de Ian e ele decidiu que a conversa já tinha ido longe demais.
— Você é necessária. — Kierland dizia com convicção firme. — Vocês dois são.
— Falaremos sobre isso amanhã. — Ian murmurou, fixando Molly a seu lado para que ele pudesse se levantar. Ele tomou sua mão, ajudando-a e em seguida voltou-se para os outros. — Agora, não querendo ser rude, vocês precisam dar o fora.
Riley riu e Quinn meneou a cabeça arrasado:
— O que aconteceu com a lendária hospitalidade do sul que você ouve sempre falar?
— Você quer hospitalidade? — Ian resmungou. — Experimente um hotel.
— Tão sutil como sempre. — Riley riu, dando um passo mais perto e estendendo a mão. — Aqui. Acho que isso pertence a vocês.
Ian tomou a cruz de seu irmão, espantado ao ver que parecia inalterada, tão perfeita como estava antes de ter derretido na palma de sua mão. Mas, então, seu poder foi certamente um dos milagres. Apesar de sua dor de cabeça persistente e o sangue que cobria a maior parte de seu corpo, seus ferimentos não estavam mais lá, como se o Marcador tivesse milagrosamente os curado. Ele não poderia explicá-lo, mas não estava indo para discutir a sua boa sorte.
Eles se despediram em uma rodada rápida, concordando em se encontrar novamente na manhã seguinte. Então Riley e os Watchmen voltaram para o carro alugado que haviam deixado estacionado do outro lado da casa e Ian levantou Molly em seus braços, carregando-a para dentro.
Ela tentou dizer-lhe que podia caminhar sozinha, mas ele pressionou sua boca em seu rosto, dizendo:
— Eu preciso te abraçar, então pare de reclamar.
Muito cansada para discutir, ela colocou os braços ao redor de seus ombros e aceitou sua confissão suave, permitindo-lhe levá-la para o quarto. Eles tomaram um longo e persistente banho juntos, lavando a sujeira da noite terrível, tocando um ao outro com as mãos trêmulas, e então ele levou-a para o quarto, colocando-a sobre o macio saco de dormir.
Quando Ian colocou seu muito lindo corpo ao lado dela, Molly sentiu que havia algo que ele queria dizer, e seu coração acelerou no peito como um pássaro preso quando ela se perguntou o que seria... quase muito amedrontada esperando ouvir o que ela gostaria. Que era Ian dizer que a amava. Que ele iria sempre amá-la. Que passaria a vida com ela. Para sempre.
Deitou-se sobre ela, prendendo seu corpo sob o calor e a força do seu e olhou-a com olhos ardendo, queimando com um fogo interior, como se um pouco do Merrick ainda permanecesse dentro dele.
— Antes de eu ser distraído por este seu pequeno corpo delicioso. — ele rosnou em uma voz profunda e áspera. — Eu estou querendo saber se você pode explicar o que diabos pensou que estava fazendo esta noite. Você sabe no que estava se colocado?
Molly franziu a testa, pensando que não era a declaração romântica que tinha esperando.
— Eu não sou um cão, Ian. Eu não recebo ordens.
Ele bufou.
— Confie em mim, eu notei.
— Escute aqui. — ela murmurou, eriçada em seu tom. — Só porque você se transformou em algum Merrick cascudo e salvou o dia, não significa que você pode começar a ir agindo todo confiante agora, como um homem das cavernas.
— Cascudo? — Ele murmurou, olhando como se estivesse tentando lutar contra um sorriso no canto da sua boca, uma contração afetuosa de um adorável sorriso de menino.
Molly estreitou os olhos, pensando no que ela ia fazer com ele. Felizmente, ela teve algumas idéias realmente boas.
— Mmm. — ela murmurou, passando as mãos sobre a força dura protuberante do bíceps dele, o achando perfeito... não importava que forma ele usasse. — Para ser honesta, eu poderia me acostumar realmente a todos esses músculos que você estava usando.
— Típico. — ele falou, o peito vibrando profundo com um fio de um riso baixo enquanto ele se acomodava mais profundamente entre suas coxas afastadas, seu pênis um peso pesado quente contra sua carne mais tenra. — Eu deveria ter sabido que você só buscava meu corpo.
Ela abriu a boca, à beira de lhe dizer que ela queria mais do que isso, queria tudo o que ele tinha para dar, quando algo a deteve.
Seu humor desapareceu ao perceber que ainda estava com medo. Não é de tornar-se vulnerável, mas de assustá-lo... de fazê-lo retrair-se novamente, quando sabia que desta vez iria destruí-la.
Como se ele lesse o pensamento dela, apertou seu corpo por muito tempo mais fortemente contra a dela, o musculoso peito amortecido contra os sensíveis seios inchados. Com os antebraços apoiados de cada lado dos seus ombros, o áspero rosto bonito ficou pouco acima dela, olhos escuros e deliciosamente intensos olhando para ela. Mantendo o seu olhar, Ian empurrou lentamente o pênis em seu corpo, forjando seu caminho com uma pressão firme, a pressão implacável que lhe roubou o fôlego.
— Sinto muito, Molly.
— Por quê? — Ela suspirou, o coração batendo forte... mais rápido e mais rápido, agilizando as faixas em direção a um futuro desconhecido.
— Você merece muito mais do que posso dar a você. — ele sussurrou com uma voz profunda, tão perto que podia sentir o coração batendo contra o seu quando ele virou o quadril, movendo-se contra ela, arqueando seu corpo, joelhos levantados enquanto ela buscava ter mais dele. — Eu sei que você merece o melhor, mas não posso... eu não posso desistir de você.
— Oh, Deus. — ela suspirou, com a voz trêmula e seus olhos cheios de lágrimas. Ela estava quase com medo, a esperança florescendo dentro dela, ameaçando transbordar.
Ele fez um som áspero na parte traseira de sua garganta e pressionou sua boca contra sua bochecha, beijando as lágrimas, e depois se mudou para baixo, o beijo na coluna da garganta trêmula. Sua língua roçou ternamente contra a mordida sensível que ele tinha feito mais cedo naquele dia, e seus músculos internos mais rigorosos, ondulando em torno dele, fazendo-o resistir.
Ele resmungou baixo em sua garganta e então estava saindo dela, suas mãos fortes a virando... a dirigindo em posição. Quando ele terminou, ela se viu em suas mãos e joelhos, apoiada nos cotovelos dobrados, e estava tão excitada que mal conseguia respirar.
— Você disse que ajo como um homem das cavernas. É muito parecido com isso? — Ela gemeu, sentindo-o ainda maior neste ângulo enquanto ele empurrava de volta para dentro com uma estocada, grosso, desesperado.
Sua cabeça balançou de um lado para outro.
— Não... não... — ela ofegava e um baixo, devastadoramente sexy estourar de riso masculino encheu o seu ouvido quando ele curvou seu corpo sobre o dela como um refúgio, duro, bonito, pressionando um beijo de boca aberta em seu pescoço, seu hálito quente contra a sua pele.
— Sabe — ele estrondou em uma voz grossa — nós realmente temos que fazer algo sobre isso, você tem propensão a mentir, Molly. — Suas mãos encontraram as dela, fechando em torno, quando ele tocou a boca ao lado da sua garganta , seus lábios sensuais movendo-se contra sua pele enquanto falava. — Mas não se preocupe, querida. Eu vou ter cuidado com você.
— Não ouse!
Sua risada foi baixa, um rosnado profundo, visceral quando ela empurrou para trás de encontro a ele, e ela podia sentir o seu controle escapulindo, sendo arrancado de suas mãos.
— Molly. — ele gemeu contra sua orelha, sua respiração batendo em seus pulmões em um ritmo profundo, estremecendo, e teve a estranha sensação de que ele estava lhe pedindo algo. Implorando. Pedindo com urgência a condução de seu corpo no dela, o colchão batendo na parede com a força poderosa e primordial de suas pressões. E então a resposta de repente floresceu a partir de algum lugar profundo dentro dela, saindo em uma onda de incandescência brilhante, de consciência.
Molly relaxou abaixo dele, amolecendo, e com uma respiração profunda, abriu-se e convidou-o para os lugares secretos de seu coração, de sua alma, onde nenhum homem jamais esteve. Lugares emocionais que pertenciam a ninguém mais, exceto a Ian. Ela procurou o punho duro, poderoso com os lábios e apertou um beijo carinhoso nos dedos golpeados, tentando dizer-lhe como se sentia, esforçando-se para receber as palavras sobre o protuberante engasgar de emoção na garganta.
— Ian... Eu, oh, Deus, eu te amo... Eu te amo.
Um som áspero e gutural saiu do peito de Ian com suas palavras, tremores selvagens e crus, e seu corpo caiu pesadamente sobre o dela, apertando, cambaleando violentamente, empurrando seus quadris duro contra ela, martelando estocadas que moveram o colchão. Molly gritou, lançada naquela escuridão, caos furioso de êxtase bateu nela, até que o aperto quebrou em ondas de felicidade, consumido-a... puxando-a para baixo em um quente e lânguido estado de esquecimento. Prazer rico, primoroso, derramou pelo seu corpo, pulsando em seus dedos das mãos e dos pés, e a próxima coisa que ela percebeu foi que Ian a estava segurando em seus braços, ambos deitados de lado, sua respiração ofegante e quente contra seus cabelos enquanto ele murmurava:
— Você é minha, Molly.
Ela absorveu as ásperas palavras trêmulas, conservando-as, prendendo-as em seu coração como um tesouro. Mas quando ele adormeceu, ela percebeu que, apesar de sua declaração apaixonada, ele não tinha feito uma. Embora ele disse-lhe com o seu corpo, Ian tinha ainda de repetir as palavras que havia lhe dito antes de sair para enfrentar Casus.
E Molly não podia ajudar, mas se perguntou se iria ouvi-las novamente.

























EPÍLOGO
Cemitério de Laurente, Terça à tarde



Enquanto eles desciam o caminho de paralelepípedos, Ian apertou a mão de Molly na sua, enquanto a puxava mais íntimo para o lado dele. Tinha sido uns poucos dias significativos e esta era a última parada deles antes de ir ao aeroporto onde eles pegariam um vôo de volta para o Colorado.
Depois que ele segurou-a perto através das longas horas de escuridão na noite de sábado, Molly tinha acordado domingo de manhã para o prazer, a espessura do corpo decadente de Ian empurrando para o dela. Eles passaram uma hora mergulhados no quente e provocante desejo insaciável, a cada vez que eles ficavam juntos de alguma forma era mais quente do que a passada... e então eles tomaram banho, vestiram-se e se encontraram com os outros na cozinha, onde donuts e café esperavam. Kierland finalmente exigiu uma explicação de como Molly acabou na Carolina do Sul com Ian, já que ele ainda não sabia que ela morava em Laurente. Então, a conversa girou em torno das coisas que Ian tinha aprendido com o Casus e o que eles deveriam fazer com essas descobertas. Também discutiram em contratar Ian, no que ele concordou por enquanto, já que ambos estariam agora vivendo no composto. O meio-dia se aproximou, os homens tiveram que ir para o aeroporto... e Ian tinha levado Molly de volta para a cama.
Foi então, enquanto estavam nos braços um do outro, os corpos lisos, aquecidos, repletos com o pulso prolongado de prazer que ele explicou a ela o que tinha acontecido desde o dia que tinha deixado o Colorado. E, embora ele ainda não tivesse repetido a sua confissão impressionante, Molly se recusou a perder a esperança. Cada vez que ele a levou para debaixo de seu corpo, procurou as declarações dela de amor com determinada intensidade, rasgando suas defesas, se recusando a permitir que ela mantivesse as palavras dentro, como se precisasse delas para facilitar algum anseio novo inexplicável. Molly seguia agarrada à esperança de que um dia suas próprias defesas cairiam, e ele abriria seu coração para ela novamente.
Na segunda-feira, eles finalmente conseguiram chegar a seu apartamento e arrumar a roupa, em seguida fez arranjos para uma empresa de mudança para lidar com o resto de suas coisas, bem como o seu carro. Era terça-feira agora, e seu vôo sairia em pouco mais de três horas, mas havia guardado a tarefa mais importante por último.
Quando chegaram ao final do caminho, estavam em frente ao túmulo de Elaina e Molly apertou a mão trêmula de Ian, oferecendo-lhe incentivo silencioso. Eles não entenderam como Elaina tinha sido capaz de dizer a Ian como usar o Marcador contra Casus. Tudo o que sabiam era que ela salvou sua vida e depois de tantos anos amargos, ressentidos, Ian tinha feito finalmente as pazes com o seu passado.
Segurando o buquê de rosas brancas na mão livre, ele se ajoelhou e colocou-o na base da lápide, olhando para as palavras simples esculpidas no granito liso. Molly inalou e limpou com a parte de trás do seu pulso os olhos lacrimejantes quando ele estendeu a mão carinhosamente sobre o nome de Elaina, tocando com seus dedos longos. Quando ele se endireitou, voltando para o lado dela, uma brisa fresca soprou misteriosamente através das árvores, correndo contra o seu corpo quente. O ar frio rodeou em torno deles, inflando suas roupas, e ambos ficaram completamente imóveis, os olhos arregalados com a maravilha que o ligeiro aroma de madressilva encheu o ar. Então a brisa suave desapareceu tão depressa quanto tinha chegado, deixando-os ali de pé sob o sol escaldante do verão.
Um silencioso agradecimento? Um eu te amo?
Ambos, Molly pensou, inclinando-se para pressionar um beijo carinhoso na boca de Ian.
— Eu acho que isso significava muito para ela — ela sussurrou com um sorriso suave, apesar de ter sido incapaz de controlar o fluxo quente de lágrimas.
— Significa muito para mim também — disse ele, puxando-a e enterrando o rosto em seus cabelos. Ele segurou-a por um momento longo, interminável, o corpo vibrando com uma frequência baixa de emoção e Molly acariciou as costas largas, oferecendo-lhe conforto.
— Eu não tenho direito de fazer isso com você — ele sussurrou de repente, a respiração das palavras em seus cabelos. — Mas eu não posso lutar contra isso. Eu sei que os próximos tempos vão ser um inferno, Molly. Este é o começo de algo que vai durar só Deus sabe por quanto tempo e você não merece ficar presa no meio de uma guerra sangrenta, mas eu não posso... eu não posso me afastar de você. Após todos estes anos, eu finalmente sei qual é o meu lugar.
— E onde é isso? — Ela perguntou, a voz tentando engatar a respirar em seu caminho através de uma explosão deslumbrante de esmagadora alegria.
— Onde quer que você esteja. Sempre onde você está, porque eu... eu te amo, e não posso viver sem você. — ele murmurou, sua voz áspera com a emoção profunda e a beijou no rosto... no canto da boca, o toque pungente dos seus lábios poderosos mostrando como ela era linda. — Lamento, as palavras não vêm fáceis pra mim, Molly, mas eu juro que é verdade.
Ian beijou-a então, longo, profundo e com fome, roubando sua respiração, reduzindo-a em um enlouquecido estado desesperado de desejo que só ele poderia aliviar. Ele rosnou baixo em sua garganta, forçando-se a quebrar o beijo devastador, segurou o rosto encharcado de lágrimas em suas mãos ásperas, olhando profundamente em seus olhos enquanto acariciava com seus polegares o calor florescendo sob sua pele.
— Eu preciso de você — disse ele, despejando as palavras em uma corrida — e se você me der uma chance, eu juro que nunca vou fazer você se arrepender. Eu farei tudo ao meu alcance para te fazer feliz, dar-lhe a vida que merece. Eu vou ser o seu parceiro, seu amante, seu marido e pai de seus filhos, e irei sempre ser fiel. Você não terá nunca de duvidar de mim, Molly. Eu juro. — O canto de sua boca se contorceu com uma tristeza, um sorriso torto, carinhoso, fazendo-a derreter com a ternura que ele pressionou um beijo em sua testa, dizendo. — Eu gostaria de poder dizer tudo de forma bonita e poética, como você merece, mas sabe que não sou assim. Tudo o que posso lhe dar é o meu coração e prometo que ele sempre será seu.
— Ian — ela sussurrou, desfeita pelas suas palavras, nunca imaginando que iria se abrir de tal maneira romântica, lhe tirando o fôlego. — Eu não sei o que dizer.
Um tremor percorreu seu corpo, derretendo o dela, de modo que eles estavam juntos em um nó de calafrios, tremores de emoção.
— Diga que você vai me dar uma chance — ele gemeu, colocando as palavras roucas na curva sensível do seu ombro enquanto erguia-a do chão.
— Eu vou dar-lhe qualquer coisa. — Ela riu meio soluçando, meio desfeita pela forma como ele apertava-a contra seu corpo, sua possessividade a segurando tão apertado e sabia que ele nunca iria deixá-la ir. — Tudo o que você quiser, Ian.
Ele sorriu como um diabo, com os olhos brilhantes e luminosos, e então tomou sua boca em outro lento, profundo e íntimo beijo, antes de se mover, dizendo:
— Por que você me ama, Molly?
— Porque eu te amo — ela disse suavemente, delicadamente. — E porque eu acredito em você, Ian. Sempre.
Um som áspero, desesperado de necessidade rugiu acima de seu peito e Ian começou a calcular o quão perto era o hotel mais próximo. Eles tinham que pegar um avião, mas mais importante do que isso, ele precisava encontrar um lugar onde ele pudesse tê-la. Onde poderia colocá-la em baixo do seu corpo e mostrar a sua mulher o quanto a amava.
Rapidamente girando sobre seus pés, Ian cruzou a sua mão, puxando-a atrás dele quando enfiou a mão no bolso e entregou o telefone celular dele.
— Faz-me um favor e ligue para a companhia. Diga-lhes que vamos precisar de um vôo para mais tarde.
— O quê? Por quê? — Ela ofegou, quase correndo para acompanhar os seus passos que iam em direção ao carro. — Ian, o que está acontecendo?
— Nós precisamos ir a um lugar — disse ele, pronto para oferecer uma oração silenciosa de agradecimento quando se lembrou que havia um hotel a apenas três quarteirões de distância.
No instante seguinte, Ian varreu-a em seus braços, apertando seu corpo macio contra a violenta pancada do seu coração, tão cheio de felicidade e amor. Ele não sabia que carregava tanto lá dentro.
Com um sorriso quente e mau de antecipação, ele curvou sua cabeça, sussurrando suas intenções na concha delicada de sua orelha e, ao som rouco de sua risada alegre, Ian a abraçou apertado... e começou a correr, não das sombras do seu passado, mas para um futuro brilhante, deslumbrante.

FIM






Instinto Primitivo 01

- À Beira da Súplica

Rhyannon Byrd

 

 
 

Livro disponibilizado da lista do PRT

Pesquisa: Safire

Tradução do inglês: Milla Nebias

Revisão inicial: Milla Nebias

Revisão Final: Cris Skau

Formatação: Ana Rosa

Logo/arte: Bia Costa

 

 

 O primeiro livro da minha nova série Instinto Primitivo. Situada dentro de um mundo onde criaturas paranormais vivem escondidas entre humanos que simplesmente os desconhecem, a trilogia de abertura desta série Dark, conta a história provocante dos irmãos Buchanan, começando com o acidentado, deliciosamente sexy Ian Buchanan.

Ian é o último menino mau, que se encontra lutando contra uma tentação perigosa e incontrolável quando a psíquica Molly Stratton vem para a cidade, afirmando receber mensagens do fantasma de sua mãe... e um aviso de que sua vida está prestes a mudar para sempre. De repente, Ian deve abraçar sua violência, uma fome visceral para proteger Molly de um mal antigo que misteriosamente voltou ao nosso mundo, fazendo com que a escuridão que habita dentro dele desperte. A primitiva escuridão que testará os limites do controle de Ian, enquanto prova para a humanidade que a única esperança é o futuro.

Estou emocionada por estar compartilhando a história de Ian e Molly com você, e espero que você venha a amar este romance perversamente sedutor, tanto quanto eu.

Tudo de bom, Rhyannon

 

O LIMITE DA FOME

 

A fome está chegando....

 

"Haverá tempo, haverá tempo

Para preparar um rosto um rosto

Para enconrar os rostos que você conhece..." T. S. Elliot

 

 

 

Comentário da revisora final

O livro é muito bom, mostra a luta entre o que você acha correto e o que você deve fazer para salvar sua vida, a vida das pessoas que ama e dos inocentes. Ian luta constantemente contra sua "fome" por Molly. Ela é persistente, nada de frágil na nossa mocinha.
Tem cenas bem quentes, mas não é o fator principal da história. Estou ansiosa pelos outros.

O próximo conta a história de Saige, irmã do nosso TDB Ian, e o escuro e sexy Michael Quinn.

 

 

 

   

INSTINTO PRIMITIVO
 

Instinto Primitivo – 00. À Beira da Paixão – Pégasus Lançamentos (distribuído)

http://www.4shared.com/document/MCxEyIfH/Rhyannon_Byrd_-_Instinto_Primi.html

Instinto Primitivo - 01. À Beira da Súplica – Pégasus Lançamentos (Distribuído)

http://www.4shared.com/document/N8lUDFzY/Rhyannon_Byrd_-_Instinto_Primi.html

Instinto Primitivo - 02. À Beira do Perigo - Pégasus Lançamentos (revisão inicial)

Instinto Primitivo - 03. À Beira do Desejo - Pégasus Lançamentos (revisão inicial)

Instinto Primitivo - 04. Toque de Sedução - PRT

Instinto Primitivo - 05. Toque de Rendição - PRT

Intinto Primtivo - 06. Toque de Tentação - PRT

 

 

 

 
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